O amanhecer de cada sol 5.
Chegando no refeitório. Pegamos comida e sentamos em uma mesinha mais afastada, ao fundo. Nao queria ninguem perto da gente. Queria conhecê-la, toca-la, beija-la...
Eu estava sonhando acordada.
Jan: E então, Theresa, me conte sobre você.
*Eu? Eu estou completamente apaixonada por você, inclusive, nossa, você é a coisinha mais linda que já vi na vida.*
- ah, o que quer saber?
Jan: qual sua idade?
- tenho 18 anos. E você?
Jan: tenho 20.
*Meu deus, por que ela nao me beijaria? Preciso que ela me beije. Ok, ta aleatório. Preste atenção na conversa, Theresa!*
-nao parece que tem 20.
Jan: nao? Parece q tenho quantos?
- uns 17...
Jan: entao eu to mt bem.
- ô se tá...
Ela me olhou e riu novamente. Outro tiro que tomei. A cada sorriso dela era uma pontada no coração que eu levava.
Precisava descrobir mais sobre ela, tudo, aliás.
*Perguntar se namorada é demais? Acho q nao... Se for, foda-se*
- você namora?
Jan: não mais... Por que?
- é porquê...
Lee: oi gente, sumiram...
Porra Leticia sai daqui, que porra.
- oi, ue. Sumimos nada.
Lee: Janaina ne?!
Jan: sim, prazer.
Lee: prazer é todo meu. A Theresa já tá tentando te trazer pro grupo?
Jan: grupo?
Isssoooooo Letícia!!! O grupo!!! Tinha esquecido completamente. Ela sendo do nosso grupo vai automaticamente ser "minha" até o final do semestre. Nossa que maravilha.
- muito bem lembrado Lee, ja estava me esquecendo.
- então, Janaína, temos que fazer um trabalho pra uma espécie congresso que será apresentado em junho. E gostaria muito que você fosse do meu/nosso grupo.
Jan: por mim tudo bem.
Meu deus preciso desse corpo no meu corpo. Que menina linda socorro!
Por fora:
- muito bem entao.
Por dentro:
AAAAAAAAAAAAH QUE DELÍCIA, menina gostosa da porra. Quero!
O resto do pessoal chegou pra almoçar, de vez em quando eu trocava alguns olhares com a Janaína, que pra ela nao parecia ser muita coisa. Pra mim ja era um alimento extremamente importante pra me ajudar a suportar os tiros que eu tava levando quando ela sorria, ou fazia cara de safada, ou simplesmente me encarava por mais de 5 segundos.
No final da aula. Fui correndo pra saída pra não perder ela de vista e ela estava novamente 2 passos na minha frente.
Eu desesperada procurando por ela de novo e ela:
Jan: procurando alguém? Theresa!
- que susto, não...
Jan: parecia q tava.
- talvez eu estava.
Encarei ela. Senti uma coisa tao forte. Com certeza eu estava molhadinha. E algo me diz que ela tambem tava.
Viemos andando juntas até a saída.
Jan: onde vc mora?
- No Rosário.
Ela olhou com uma cara tipo "ai, mais uma riquinha"
Jan: tem cara msm.
- nao entendi.
Jan: nada.
- e você?
Jan: moro perto do centro.
- tem cara mesmo.
Ela me olhou com uma cara de brava. Minhas pernas com certeza tremeram de tanto tesão.
- vai embora de que?
Jan: hoje eu vou de onibus, to tentando achar alguma van que venha pra cá.
Ai meu senhor. Era minha chance de ter essa lindeza no meu carro.
-posso te levar.
Jan: me levar?
- sim, se você quiser, nao vai ser incomodo algum.
Jan: nem pensar. Nao precisa se incomodar de forma alguma.
- não é incomodo. É um prazer.
Jan: obrigada, mas nao precisa.
- por favor, Janaína.
Eu praticamente implorei pra leva-la pra casa. Gente o que ta acontecendo comigo. Nao era nem caminho... Mas nossa. Ela é tão... Tao... Ai dels.
Jan: meu deus. Ok Theresa.
- pera aí que ja to chegando.
Fui buscar o carro na garagem da facul. Quando tava saindo a galera ja olhou, como sempre. E ela tambem, quando parei na frente dela, abaixei o vidro, ela fez uma cara tipo "serio???"
- entra.
Jan: meu deus.
Ela entrou. Fechou a porta com muito cuidado.
Jan: é seu?
- sim, nao é lindo?
Jan: caralho.
- foi um presente do meu pai.
Jan: cara, eu nao sei o que dizer, nunca conheci alguem assim de perto. Só em novelas.
- alguem assim como?
Jan: rico a ponto de ganhar um carro importado de presente de aniversário, ou qualquer outra coisa.
-ue. Isso é bom ou ruim?
Jan: nao sei. É bom ou ruim?
- pra mim, é maravilhoso.
Ela então ficou em silêncio. E eu sem entender o que ela quis dizer... Dava pra perceber que ela se sentia totalmente desconfortável.
Ela tava meio que assustada, nao sei bem. Queria mudar essa impressão.
- tem algum compromisso pra agora?
Jan: tenho.
- o que?
Jan: mais tarde tenho que ajudar minha tia na lanchonete.
- tem quanto tempo?
Jan: umas 2 horas.
- é tempo o bastante pra mim. Vamos tomar um açaí comigo?
Jan: é melhor não, ja estamos quase chegando na minha casa...
-Janaína...
Jan: ok, Theresa.
Parei o carro num açaí que tem perto de uma praça que amo ficar com a Clair e com o Fred. É onde tem o melhor açaí que ja comi. Precisava mudar a segunda impressão distorcida que ela teve de mim.
Garçonete: boa tarde como posso servi-las.
- Boa tarde, Júlia. Sou eu, a amiga da Clair.
Júlia: aaah sim, Theresa. Tudo bem?
Ela olhou pra Janaína, depois pra mim.
Júlia: o de sempre?
- sim por favor, capriche bem!
Julia: pode deixar
Jan: já é de casa hein?!
- gosto de coisa boa, e aqui, só tem coisa boa.
Jan: sei.
Ela olhou pra Júlia, que realmente era uma coisa muito boa, mas nao era disso que eu tava falando.
- e entao, faz pouco tempo que terminou?
Jan: como sabe?
- você ainda tem a marca da aliança. E a forma como falou "nao mais". Da pra perceber que é recente.
Jan: tem mais ou menos 1 mês e meio.
- entendo, você o amava?
Acho q fui longe demais perguntando isso, mas, quando vi ja tinha perguntado.
Ela abaixou a cabeça, alguns segundos depois me olhou fixamente nos olhos.
-desculpe, nao precisa responder
Jan: tudo bem, eu o amava sim. Mas nao estava me fazendo bem. Só percebi isso pouco tempo antes de terminar.
- entendo, muito bom que percebeu.
Ficamos em silêncio por alguns segundos. Um pouco sem graças.
Quando a Júlia chegou com as vasilhas no momento certo, obrigada Júlia!
-muito obrigada Júlia!
Júlia: sem problemas. Qualquer coisa é só chamar.
Ela piscou antes de virar as costas.
Júlia é loirinha, muito lindinha. Mas não chega perto da Janaína nem em sonho.
Jan: seus olhos e seus cabelos são extremamente lindos. Estou quase que "infeitiçada".
Eita porra menina, NUNCA iria imaginar que ela diria isso... se meu corpo tremeu? Imagina!
- digo o mesmo sobre você, toda.
É claro que eu não perderia a oportunidade ne?!
Ela ficou extremamente sem jeito. Pra quebrar o clima eu disse.
- meus olhos são do meu pai. Meu cabelo é da minha mae. Tirando a cor dele, que é do meu pai.
Ela riu, e olhou bem no fundo dos meus olhos. Me arrepiei todinha.
Jan: comigo tambem é quase isso, sou uma mistura dos meus pais, mas tenho mais traços da minha mae.
- seus pais devem ser os pais mais lindos desse mundo.
Jan: talvez são os segundos.
Nos duas rimos.
Ela me contou a história dela, e descobri que ela é sobrinha da Martha, dona da ONG e melhor amiga da minha mae.
Tambem contei minha historia pra ela. E ja pude perceber que sua impressão sobre mim mudou bastante.
A levei pra casa e quando chegamos na porta. Foi aquele dilema. Tento o beijo ou nem...
Antes que eu pudesse terminar de pensar ela me deu um beijo na Buchecha.
Jan: obrigada por hoje e desculpa por ter sido uma idiota no começo. É que foi um choque.
- tudo bem, sem problemas, até amanhã.
Eu estava sonhando, aquela boca gostosa ficou a 1cm da minha boca. Ai meu deus..