Ficamos comendo e a Maria o tempo todo nos servindo e auxiliando... percebi que não era uma forma esnobe da família do Gui em ter a Maria naquela posição... mas era a Maria que tinha uma coisa com ela... ela amava servir... e não era, realmente, uma posição humilhante... aliás era lindo ver ela nos auxiliando... Depois do lanche a Maria foi organizar a cozinha e eu fui ajudar... ela me expulsou de lá bem brava... eu sorri e quando estava saindo, dei meia volta e a surpreendi, dei um beijo na bochecha dela... os olhos dela se encheram de lagrimas e ela sorriu apenas...
Guilherme> Eita Biel... ninguém beija a Maria... ela não deixa nem eu!
Maria> Mentira... o único que consegue me beijar é você porque me pega a força... mas ele eu deixo sim...
Nossa era realmente uma linda declaração...
Guilherme> Poxa Biel o que você fez enquanto eu estava no banho hein? Lavagem cerebral?
Gabriel> Gui a inveja é muito feia viu...
Maria> Boa seu Gabriel...
Sorri... fomos dormir... desejei boa noite pra Maria e entrei com o Gui no quarto... ele queria simplesmente namorar mas eu disse que não que a Maria tava ali... e que ia dormir no apartamento e que por isso eu não iria de forma alguma fazer nada com ele que ela pudesse ouvir... ele fez cara de menino triste, mas aceitou... dormimos de conchinha juntinhos... eu adoro isso... adormeci instantaneamente. Contudo, mal eu adormeço eu sinto o Gui me chamando... gemi e afundei a cabeça no peito dele... não queria me levantar... era cedo... o Gui riu...
Guilherme> Biel... já são seis horas amor...
Gabriel> Você disse que ia de sete horas... (falei choramingando)
Guilherme> Falei que íamos de cinco!
Gabriel> Foi não! Foi não! Eu sou bom de matemática viu...
Ele deu uma gargalhada alta e me abraçou...
Guilherme> Você não sabe o bem que me faz... não sabe!
Eu afundei mais ainda a cabeça no peito dele e falei...
Gabriel> Mais 15 minutos!
E ouvimos a batida na porta...
Maria> Seu Guilherme sua avó já ligou perguntando se já saiu...
Jesus, que horas a avó do Guilherme acorda? Com as galinhas?
Guilherme> Já acordamos... sairemos em 20 minutos diga a ela...
E se levantou me erguendo e sob meus protestos fomos pro banheiro... O banho foi muito rápido... rápido mesmo... ignoramos nossas excitações e saímos já arrumados... eu estava de azul royal, quase a cor de meus olhos, com bermuda jeans clara e uma sandália de fivela! Quando entrei na cozinha a Maria já tinha aprontado tudo...
Maria> Uau! Seu Gabriel assim vai conquistar até os peões...
Gui olhou feio e falou...
Guilherme> Melhor trocar de roupa! (seco)
Ela me olhou e piscou o olhou...
Maria> Não temos tempo seu Guilherme... tomem rápido o café e vamos embora ok...
E assim fizemos. Quando foi 20 para as sete estávamos todos dentro do carro... já organizados. O Gui e eu na frente e a Maria atrás... fomos no carro do Gui...
Gabriel> Vamos no teu carro e o de tua avó?
Guilherme> Ela manda alguém vir buscar depois!
E assim fomos... a viagem foi divertida... escutamos música... rimos com a Maria... no caminho a Jú ligou e antes que o sinal se perdesse falou que iria com o Bruno... não sei como ela conseguiu, mas iria está lá... achei arriscado... vai que ela faça algo que a avó do Gui não aprove! Quando chegamos na fazenda eu realmente fiquei impressionado... gente era uma entrada enorme... com portão de madeira gigantesco rodeado por uma construção de tijolos aparentes que formava um arco... era lindo...
Gabriel> Gente que lindo!
Tinha cavalos entalhados na porteira enorme...
Guilherme> Verdade... sempre fico impressionado!
Entramos... e a estrada era de pedra com palmeiras imperiais fazendo um corredor... palmeira gigantescas... que aladeavam até a casa enorme... no chão... com uma escada pequena de apenas 5 degraus... mas moderna... toda branca com vidros pra todo lado... era linda... o telhado era azul... fabuloso... Quando Gui estaciona o carro uma senhora loira está parada na porta de entrada... firme... com olhar negro inconfundível! Vestia uma saia reta até o joelho e uma blusa branca toda bordada. Nos dedos anéis enormes...
Era a avó do Guilherme. Desci do carro e olhei ao redor... era uma imensidão aquela fazenda... tinha um jardim todo pavimentado pela pedra... aquelas pedras que chamamos aqui de seixo. Era lindo... parecia as ruas de Olinda... tinha canteiros com grama verde em todo lugar... e vários tipos de plantas... a casa enorme era toda branca... e pesadas portas de madeira completavam a imponência daquele lugar... imponência esta que se materializou numa senhora com coque loiro cuidadosamente feito e uma roupa impecavelmente talhada... ela estava com uma bengala curta preta de cabo dourado! Rígida! Sóbria... e muito amedrontadora...
Guilherme> Biel não se deixe intimidar!
Eu olhei pra ele... ele só podia ta brincando! A mulher era uma mistura de Ana Wintour com Odete Roitman
Gabriel> Mas sou naturalmente tímido!
Maria> Pois esqueça... com dona Aída só funciona se você for firme... ela só gosta de gente decidida... não deixe ela te amedrontar filho... não deixe a bruxa...
Guilherme> Maria! (falou sério e ela se calou) Biel seja você mesmo... você é uma pessoa justa e mesmo tímido se saiu muito bem... mas caso ela vá te provocar, responda como sempre respondeu mim, certo pequeno?
Balancei a cabeça... eu estava louco de pavor! Ouvimos a batida da bengala no chão lívido. E então me senti perto do precipício... Descemos do carro... primeiro o Gui depois eu desci e abri a porta pra Maria que me agradeceu falando que não precisava... subimos os poucos degraus até um piso enorme de ladrilho que antecedia a porta de entrada... bancos de madeira e jarros ficavam de um ponto a outro...
Aída> Guilherme qual foi o problema de tanta demora? (seu ar era simplesmente sério... parecia familiar)
Guilherme> Muita coisa vó... (e abraçou-a dando-lhe um beijo enorme na face)
O beijo que o Gui deu em Dona Aída fez com que eu percebesse o quanto eles se adoram... ela tocou a face dele e seus olhos eram puro amor... beijou o Gui no rosto e apalpou os cabelos...
Aída> Tem que cortar filho...
O Gui riu...
Guilherme> A senhora sempre diz isso...
E olhou pra mim...
Aída> Quem é? Pensei que fosse trazer um amigo... você é menino ou menina?
E então já estava no precipício... A voz dela era muito nova... muito bonita e ao mesmo tempo aguda... e realmente irritante. Bom... embora quisesse me dar bem... francamente eu perdia o sentido quando tinham aquela dúvida! Quando eu era pequeno era frequente me confundirem com meninas... eu odiava... e então saiu...
Gabriel> Bom dia senhora! Na realidade uma pessoa com 1.80 de altura sem indícios de seios e com a voz naturalmente grave além do pomo de adão acho que representa a figura masculina. (falei com um sorriso nos lábios... não estava bravo...)
Ela me olhou de cima a baixo e deu um leve sorriso... A Maria passou por nós e por trás de dona Aída fez sinal de positivo pra mim...
Aída> Então é o senhor Gabriel...
Guilherme> Vovó... por favor! Seja boazinha...
Maria> Essa aí boazinha? Sei...
Aída> Maria... leve as coisas dos dois pra o quarto do Guilherme... (ela me pegou pelo braço) vamos filho... eu quero te conhecer melhor!
Guilherme> Vovó... (o Gui tava suplicando?)
Aída> Guilherme já tomaram café-da-manhã?
Guilherme> Sim já...
Aída> Então vamos pra varanda da sala de teu avô pra tomar um café bem passado com alguns biscoitos... você aceita Gabriel?
Ela me conduzia com um braço e o outro apoiava na bengala... queria entender como é que me conduzia tão bem precisando daquela bengala... nos sentamos numa mesa grande toda branca com cadeiras confortáveis de vime branco...
Aída> Guilherme peça pra Maria providenciar o cafezinho filho... vá...
O Gui me olhou apreensivo... ele estava visivelmente preocupado comigo... passava as mãos no cabelo e nervoso andava de um lado pro outro...
Aída> Anda filho... enquanto isso eu e esse rapazinho vamos nos conhecer melhor...
O Gui deu de ombros e foi saindo da sala, antes ele me olhou nos olhos e soltou um beijo pelas costas da avó. Queria me dizer o quanto estava do meu lado. Achei lindo... e só retribuí porque não queria levar uma bengalada!
Aída> Antes do Guilherme voltar eu quero te informar que o piano está na sala de jantar principal e ela está lacrada... falei pra ele que estava preparando a sala pra o aniversário dele e eu o proibi de entrar. O piano é muito bonito e fiquei impressionada com o bom gosto de ter escolhido uma peça clássica. Geralmente a maioria dos jovens de sua idade só pensam em bobagens. Por isso, de antemão eu quero falar que achei muito simpática sua ideia... e repito, fico impressionada como alguém jovem como você teve tanta sensibilidade. Sua mãe é uma pessoa impressionante e realmente gostei muito dela. Infelizmente não pudemos nos conhecer hoje pois ela tinha outros compromissos, mas estou realmente querendo conhecê-la. Você é bem diferente do que eu imaginava ser... para o meu neto simplesmente falar que conheceu uma pessoa especial e que essa pessoa é um grande amigo... pensei que fosse mais forte... como os outros amigos dele... que também lutasse ou fosse ligado de alguma forma ao esporte, mas me surpreendi quando ele falou que você tem 16 anos... e vendo você agora, assim... bem me veio à cabeça rapaz só uma coisa que não entendo. Que afinidade uma pessoa como o Guilherme teria com um pianista clássico... adolescente... sensível e, pelo visto, educado... sim porque a maioria dos amigos do Guilherme já teriam arrotado umas dezenas de vezes... (parou e me olhou nos olhos) Porque você ta dando um presente dessa natureza pra meu neto. Assim, Gabriel.... Quero saber a natureza dessa amizade.
Tudo certo? Não! Pergunta errada pra quem não sabe mentir... e nem quer! Senti o chão faltar... e naquele momento uma pergunta muito difícil eu teria que responder... ela me fitava de forma incisiva... não sabia qual a natureza de seus pensamentos... o porquê de ter me feito aquela pergunta... se era desconfiança de minha relação com o Gui ia além da amizade ou se era apenas uma especulação pra saber se as minhas intenções iam além da amizade e as do Gui não... o que ela então poderia restar apenas olhando o território pra proteger o filho de um possível ataque de um rapaz apaixonado... só que ambos eram mais que amigos... e ambos sim, estavam apaixonados... suspirei e quando ia abrir a boca...
Maria> Dona Aída... o cafezinho!
Aída> Tão rápido! (ela falou meio desapontada)
Salvo pelo gongo... ou pelo menos, mais tempo pra pensar no que responder sem mentir... olhei pra Maria e ela estava também apreensiva... parecia que havia ouvido tudo...
Maria> O Guilherme foi pro quarto dele ajeitar as coisas que o moleque da baia descarregou lá... esses meninos tão mais preguiçosos que nunca dona Aída...
Aída> Diga depois o nome do rapaz que dou-lhe um corretivo!
Maria nos serviu café e trouxe uma bandeja enorme cheia de biscoitos de vários tipos, como vários doces e geleias... além de uma comporta de chocolate que eu conhecia... e amava...
Maria> Gabriel... vai querer o que?
Gabriel> Torrada com creme de chocolate...
Dona Aída apertou os olhos... nossa parecia o Gui olhando... se não fosse pelo cabelo...
Gabriel> Mas te respondendo à pergunta... (falei antes que perdesse a coragem)
Maria tossiu e me olhou de olhos abertos...
Gabriel> O Guilherme pra mim é a pessoa mais importante que tenho hoje... igual a minha mãe! Igual a meu pai que faleceu quando tinha 6 anos de idade e que até hoje sinto muito sua falta! Mas a presença do Guilherme tapou esta lacuna... não substituindo o amor que sinto por meu pai... mas aliviando, pois é a primeira presença masculina que tenho na vida... e sim, ele é um modelo pra mim... (acho que ela tava pensando que o Gui era um modelo de pai...) e quanto a não ser do “mundo do Guilherme” dona Aída... ele é mais sensível do que a senhora possa crer que é! Ele gosta do mesmo estilo musical que eu... se emociona com muita coisa... é humano... sincero... franco... bem parecido com o meu mundo mesmo! Então não somos tão diferentes ao ponto de não ter surgido uma amizade daí... ah, esqueci de dizer... sou massagista e todo atleta precisa de um... esse, entre outros tantos, é mais um ponto em comum...
Sorri. Ela apenas me analisava... vi Maria sorrir também...
Maria> Quer mais café dona Aída... pra desengasgar!
Aída> Maria cozinha!
Gabriel> Obrigado Maria, o café tá delicioso...
Aída> Não sei ainda se o cerne da questão é esse... mas vou descobrir... por enquanto... me fale de você...
Gabriel> O que a senhora quer saber?
Aída> Quem você é... o que faz... (e ela sorriu) se desarme... me conte quem é você realmente...
Meu estomago estava frio...
Guilherme> Ainda não recebi parabéns de ninguém!
Gente era verdade eu não tinha dado os parabéns porque quase fugimos pra ir pra fazenda de tão apressados... o inusitado foi que o Gui se aproximou de mim e me abraçou primeiro que a avó...
Gabriel> Feliz aniversário Gui... desejo-lhe a maior felicidade do mundo... que vem de Deus principalmente viu...
Ele tava emocionado... eu queria dizer mais, mas não com a avó dele ali... ele me soltou e foi cumprimentar a avó... o olhar dela era de avaliação... perspicácia...
Aída> Feliz aniversário filho... (o abraçou e beijou-lhe o rosto) que Deus ponha em sua vida uma família linda... e uma mulher honesta!
O Gui sorriu e eu entendi o recado velado! Ou era algo normal... tipo as avós sempre desejam que os netos se casem e lhes de filhos... então... bem... acho que não foi um recado!
Guilherme> Mulher honesta? Vovó eu não posso casar com a senhora... e mulher honesta é difícil de existir nos tempos atuais... (e riram)
Aída> Vou pegar o seu presente... me esperem...
Gabriel> E o meu também...
Dona Aída me olhou estranho... e eu lhe pisquei, mesmo sem intimidade...
Gabriel> Comprei um presente pra o Guilherme dona Aída...
Ela sorriu... se levantou e me pegou pelo braço...
Aída> Não saia daí Guilherme... coma alguma coisa... vamos rapaz...
E sai não sei pra onde! Fomos para o quarto dela... nossa! Que quarto era aquele... a cama era imensa... parecia de rainha... toda de madeira talhada... desenhos incríveis... fiquei impressionado... o guarda-roupas era até o teto... no estilo da cama... tinha cômodas, penteadeira... era enorme...
Aída> Preciso que pegue um embrulho que tem ali dentro...
Apontou pra uma cômoda... em cima dela tinha fotos da mãe do Gui com ele... era muito bonita a mãe dele e o Gui quando era pequeno era muito fofo... fiquei olhando abismado as fotos...
Aída> Era uma filha muito linda...
Quase me assustei quando a vi do meu lado...
Gabriel> O Gui não fala muito da mãe dele...
Aída> O Gui!
Percebi a mancada... mas não falei nada... ela pegou um porta-retratos e ficou olhando...
Aída> Foi difícil pra todos...
Gabriel> É eu sei...
Aída> Sabe? Do que?
Me virei pra ela e percebi que era uma investigação até onde eu era íntimo do Gui...
Gabriel> Sei de tudo dona Aída... eu sei simplesmente de tudo... ele me contou. (ela arqueou uma sobrancelha abismada) somos muito amigos... e essa amizade é simplesmente única. Ele me revelou seus medos e eu os meus... (percebi que ela fazia de tudo pra ficar sozinha comigo... então iria dificultar sua pesquisa) onde está mesmo o presente do Gui (falei olhando nos olhos dela)
Ela me olhando de forma inquiridora apontou a gaveta... abri, era uma caixa pequena...
Aída> Pode abrir...
Eu abri e fiquei muito emocionado... Era um cordão de ouro português com elos bem grossos... e o pingente era uma chapa com o desenho da mãe dele de um lado e dele do outro... era lindo... alias... lindíssimo. Meus olhos ficara mareados...
Gabriel> Nossa... muito tocante... lindo mesmo dona Aída... parabéns pela escolha!
Ela apenas sorriu mas percebi que estava muito atenta a tudo o que eu fazia.
Aída> Vamos... temos que dar ele ao Guilherme!
Saímos dali e antes dona Aída pediu pra Maria ir no quarto do Gui pra pegar o meu presente... eu falei que tava dentro da bolsa... dona Aída definitivamente não ia me deixar livre nem tão cedo! O Gui tava conversando com um peão quando chegamos... era um rapaz novo... deveria ter uns vinte e poucos anos...
Guilherme> Pois é Denis... queria entender essa história de você querer morar na cidade... e vir trabalhar todo dia aqui... é longe essa viajem diária!
Denis> Ah Guilherme... tou querendo terminar os estudos... faço supletivo...
Quando chegamos o Gui sorriu e falou...
Guilherme> Opa presente!
Olhei ele sorrindo e dona Aída falou...
Aída> Denis por favor, peça a seu pai pra vir até aqui depois do almoço... quero falar com ele...
Denis> Certo dona Aída (mas ele falou olhando diretamente pra mim)
O Gui olhou pra ele e o sorriso morreu... depois olhou pra mim e eu apenas ficava fitando a caixa do presente dele que eu carregava... na hora nem percebi nada... não sei se tinha nada a ver... na realidade nada daquilo ali tinha muito a ver... eu realmente não acreditava que a avó do Gui suspeitava da gente... claro, ela estava apenas tentando entender aquela amizade... mas suspeitar algo, não! Já o Denis, ele me olhava muito estanho... o Gui ficou com o olhar apertado e pôs as mãos na cintura... o Denis era um cara forte... mais baixo que eu, mas muito forte... moreno do sol e usava um chapéu... ele me olhava abismado...
Guilherme> Denis (sua voz era dura... ele tava bravo eu conheço) acorda!
Ele saiu de um transe e sorrindo pediu licença... saiu... olhei pra o Gui e ele não me fitava... acho que tava pensativo... mas ai vi a avó olhando para ele pensativa também... Toquei o braço do Gui... tinha que quebrar aquele climão...
Gabriel> Guilherme este aqui é o presente de sua avó... (ele me olhou, suspirou e sorriu...)
Pegou o presente de minhas mãos e falou com dona Aída...
Guilherme> Poxa vó... já ta me dando uma festa... não precisava de tanto...
Aída> Ah Guilherme... vamos abre logo isso aí...
Nos sentamos e ele abriu... a reação que teve foi similar a minha...
Guilherme> Obrigado... (falou emocionado).
Na mesma hora tirou o cordão e me pediu ajuda pra por... eu coloquei e ele ficou olhando pra o pingente...
Guilherme> Lindo vovó... lindo!
Aída> Porque tem as duas coisas mais lindas pra mim... você e sua mãe...
Suspirei... era uma cena intima... era um privilegiado por poder ver aquilo...
Maria> Dona Aída, está aqui...
Maria vinha com uma sacola... a sacola da loja que comprei o casaco do Gui...
Aída> É esse Gabriel?
Gabriel> Sim senhora...
Guilherme> Oba! Mais presentes...
Ele parecia uma criança... rimos todos... até dona Aída sorriu de leve.
Gabriel> Tá bom... pra mim não tem o: não precisa se incomodar né?
Ele riu e falou
Guilherme> Ah deixa de ser bobo! Já briguei contigo porque comprou este presente...
Maria> O meu aniversário é dia de natal viu... quero presentes...
Rimos todos. E ele abriu o presente... fez cara de surpresa... a jaqueta de couro!
Guilherme> Nossa uma jaqueta de couro! Poxa Gabriel deve ter custado uma nota! Nem precisava cara... Aparentemente a avó do Gui gostou do presente...
Aída> Muito bonita esse casaco Guilherme... parabéns Gabriel pela escolha... parece muito com o do seu avô... lembra filho?
Sorri... ponto pra mim com a avó dele...
Guilherme> Lembro... e lembro que a senhora queria que eu usasse mas nunca deu pra mim... era média... e eu uso G...
Aída> Agora tens a sua!
Gabriel> Bom... prova então....
Ele colocou e ficou perfeita... os braços justos... mostrava os músculos no couro quando ele dobrava o braço... ele ficou lindo e eu me arrependi de ter dado aquele presente ali, pois senti uma vontade enorme de abraçar e beijar ele...
Aída> Perfeito corte! Parabéns rapaz... tem bom gosto e sabe bem o que cai bem nas pessoas...
Fiquei vermelho na hora... minhas faces queimavam...
Aída> Ruborizado Gabriel?
Guilherme> Vovó! Por favor!
Aída> Foi só uma observação ao acaso!
Maria> Nada da senhora sai à toa!
Percebi que as duas começaram a discutir feito velhas amigas... o Gui fez sinal pra eu me levantar e seguir ele... fiz...
Guilherme> Vovó vou mostrar a fazenda pro Gabriel... ok... beijos e obrigado pelo presente...
Aída> Mas... mas... (ela ficou um pouco desnorteada, foi pegue de surpresa)
Guilherme> Não se preocupa... estaremos aqui pra o almoço... o Gabriel como que nem leão... por isso a juba dele ser loira...
Minhas faces queimava, então ele me puxou pra não dar tempo da avó replicar... e saímos rapidinho dali... O Gui me puxou até a outra sala... era uma sala de vários troféus... troféus do próprio Gui... ele me abraçou e me deu um beijo enorme... me apertava todo e sua língua estava incansável naquela manhã... senti invadido até a alma... ele me apertava muito e beijava profundamente... quando me largou estávamos ofegantes...
Gabriel> Gui é perigoso...
Guilherme> Perigo é ver você lindo assim e não te beijar... (me deu outro beijo profundo) vamos... quero mostrar uma coisa pra ti...
E me puxou por um corredor cheio de quadros e foi até a cozinha... a cozinha era linda enorme... com fogão a gás e a lenha... o fogão a lenha era no meio da cozinha que contava com um grande balcão... mas não ficamos na cozinha... saímos pra uma varanda maior que a que estávamos... tinha piscina atrás da casa... e churrasqueira com mesas de madeira e bancos compridos... também de madeira... lá no fundo havia uma casa que eu julguei ser um depósito... fomos ainda mais acima e simplesmente fiquei extasiado!
Guilherme> Meu quarto amor. Quer dizer! Nosso!
Nossa era absolutamente perfeito... era uma construção de madeira onde começava normal no chão integrado com uma arvore que sumia pra dentro da construção e voltava a aparecer no teto... era como se tivesse sido construído em torno da árvore...
Guilherme> Quando eu era pequeno meu avô construiu uma casa na árvore pra mim... e eu simplesmente passava meus dias nela... vem vamos entrar...
Eu estava encantado... a porta era de madeira com frisos brancos... também as janelas lá de cima eram brancas... lindas... parecia um chalé... dentro, em baixo havia um sofá em L, marrom, e uma pequena cozinha equipada... era realmente um chalé! Tinha uma escada de madeira que levava até o quarto... subi... lá em cima tinha uma enorme cama de casal toda rústica e um armário sem portas... lindo demais... a arvore subia por um buraco e se perdia até o telhado... era absolutamente fantástico...
Guilherme> A casa na árvore foi transformada num chalé há uns dois anos, quando minha avó reformou pra me dar de presente de aniversário! Linda não é?
Gabriel> Lida não... perfeita!
Ele sorriu feliz
Guilherme> E aqui temos a maior privacidade do mundo meu amor...
E me abraçou beijando-me mais uma vez... Senti o corpo dele super excitado... mas era cedo pra fazermos qualquer coisa... e qualquer coisa era os amassos e sarros que estávamos acostumados e que o Gui queria até meu aniversário... então ele me soltou...
Guilherme> Nossa! Melhor para por aqui... já tou de pau duro!
Gabriel> Tava desde a sala dos troféus...
Ele sorriu...
Guilherme> Ah notou né safadinho!
Gabriel> Muita coisa pra não notar!
O Guilherme sorriu e veio pra mim... pegou minha mão e passou pelo pau dele...
Guilherme> É tudo seu meu pequeno...
Gabriel> Gui por favor! Tua avó!
Ele deu uma gargalhada e me parou de me provocar...
Guilherme> Biel minha avó tá te testando...
Gabriel> Às vezes penso que ela desconfia de alguma coisa...
Guilherme> Desconfia nada! Se desconfiasse ao menos ela teria te levado pra um canto e perguntava na lata! Ela tá só é testando você... pra ver se vai gostar ou não de você... é comportamento padrão da senhora Aída!
Suspirei... se ele diz né...
Gabriel> Gui me mostra então a fazenda...
Ele tirou o casaco e jogou na cama...
Guilherme> Pensei que quisesse ficar um pouco aqui... e cuidar de seu homem... tou tão carente!
Gabriel> Gui! (falei assustado) sua avó vai me perguntar o que eu achei da fazenda e eu vou dizer o que? Que passei o tempo todo revirando os olhos do teto pra árvore de teu quarto?
Ele soltou uma gargalhada e me abraçou...
Guilherme> Hoje é o dia mais feliz de minha vida... porque você tá nele meu pequeno... (me deu um beijo) mas vamos... vou te mostrar a fazenda... pra revirar os olhos por ai...
Sorrimos e descemos... estava curioso com o que iria encontrar... A fazenda era enorme... com cercas brancas... que circundavam toda a propriedade... andamos por todo lugar... tinha um açude grande que o Gui me explicou ser utilizado na irrigação das várias plantações que tinha... coqueiros, pés de laranja, maga, goiaba, graviola, pinha, abacate, banana... era muita coisa... também a água era utilizada pra o gado... que perdi a conta... e para os cavalos... que eu amo! Aliás os estábulos eram a parte mais fabulosa... era lindo... com porteiras de madeira e o local onde os cavalos ficavam era de alvenaria. Tinha vários e Gui me mostrou o que ele mais gostava... era um cavalo marrom escuro de pelo brilhante... lindo mesmo... era do Gui aquele cavalo... ele havia pedido a avó e ela não deu de presente... disse que vendia... então vendeu pra ele... e com o dinheiro ela pôs numa conta pra sustentar os cuidados com o cavalo... velha esperta! Andamos até a casa dos moradores... era simples mas muito organizada... e bem construída! Por onde andávamos todos cumprimentavam o Gui... ele era muito querido ali. A fazenda era muito produtiva e completamente viva... todos estavam envolvidos com alguma coisa... ou era com os animais ou era com a colheita de frutas... ou simplesmente organizando os jardins... a grama... nossa... tudo funcionava!
Guilherme> Eu amor este lugar Biel...
Gabriel> Não é difícil de entender... é realmente maravilhoso...
Guilherme> Você gostou?
Nos sentamos a sombra de uma árvore... era enorme... um pé de manga.
Gabriel> Mas claro que sim... eu amei! Tudo perfeito... viveria feliz aqui!
Ele me olhou de forma profunda...
Guilherme> Pequeno a cada dia me surpreende!
E eu o amava mais a cada dia!
Gabriel> Gui como é? Sua avó vive aqui sozinha?
Guilherme> Sozinha, sozinha ela não vive! Tem mais gente aqui ao redor dela do que lá no prédio ao meu redor... mas de uma certa forma... se pensar na questão de família... laços de sangue... sim ela vive sozinha! Mas ela não se sente só, entende... quando vovô morreu ela ficou muito mal... daí mainha veio e a ajudou um pouco a superar a perda... até que ela resolveu assumir o que ela é... tipo... ela é a rainha daqui! Manda em tudo. Todos a obedecem... todos a temem... todos a idolatram!
Gabriel> Mas a Maria briga...
O Gui riu...
Guilherme> A Maria é um caso à parte... não é funcionária... empregada... é simplesmente a Maria... ela tem uma relação forte com vovó.... as duas são como irmãs... o que não impede da Maria fazer o que ama...
Gabriel> Trabalhos domésticos?
Guilherme> Cuidar da gente! Ela cuida... cria todos nós... e agora você. Ela vai te criar viu... te mimar... pois ela te adora e olha que só te conhece a um dia!
Sorri... estava amando ser parte daquela família linda...
Guilherme> Só falta agora dobrar a velha!
Olhei pra ele desconfiado...
Gabriel> Gui! Mas você acha que um dia ela... vai... vai...
Guilherme> Aceitar? (afirmei com a cabeça) não sei... acho que um dia ela não vai ter opção... tipo... ou entende a marra ou vai ficar distante de minha intimidade e vida... (suspirou) ela é esperta... quando ela sacar não vai simplesmente bater de frente... vai averiguar... procurar entender rodeando tudo... até que vai falar contigo e ai você que tem que se sair perfeito...
Me levantei e pus minhas mãos na cintura...
Gabriel> Se for pra ficar contigo, enfrento a leoa!
O Gui se levantou e me abraçou sorrindo e ficou olhando nos meus olhos...
Guilherme> Você é tudo o que eu quero e preciso... te amo mesmo meu pequeno... (e fomos interrompidos por um barulho)
O Gui me soltou na hora e meu coração acelerou...
Guilherme> Quem tá ai?
E pra desespero nosso vimos o Denis sair de trás de uma árvore... ele estava com um vara de pescar nas mãos e um balde com peixe...
Denis> Oi seu Guilherme... tava vindo da pescaria... sua avó pediu uns peixes pra amanhã...
Ele estava com cara de desconfiado e o Gui cruzou os braços carrancudo...
Guilherme> Está ai a muito tempo Denis?
Denis> Como assim? Só vim ali do açude...
Guilherme> Denis não gosto nem quero nenhum comentário aqui viu... tá entendido?
Denis> Que tipo de comentário (e a cara que o Gui fez fez o Denis calar... depois ele falou) não comentamos nada senhor Guilherme... não fazemos fofoca... somos muito fieis ao senhor! Com licença...
E saiu... mas antes percebi uma olhada pra mim... o que fez o Gui ranger os dentes...
Ele se voltou pra mim e falou...
Guilherme> O que tá acontecendo Gabriel? Me responde...
Eu me assustei... o que ele tava pensando... aliás que loucura era aquela de dizer pro rapaz não fofocar... e se ele não ouviu nada!
Gabriel> Gui! O que você tá pensando?
Guilherme> Que esse cara, que eu pensei ser amigo tá de olhinho pra você...
Gabriel> Gui! (indignado) eu não fiz nada... não alimentei nada... nada!
Ele chegou perto de mim e falou...
Guilherme> E você não era nem louco de fazer! (suspirou) mas vamos... vamos almoçar que vovó já já nos chama...
Ele fez menção de sair e eu peguei na mão dele...
Gabriel> Gui eu não quero ficar de mal contigo! Por favor não me trata assim... com raiva de mim... eu não fiz nada! Se ficar de mal comigo vou ficar sozinho aqui... sem ninguém pra me apoiar... tenho medo Gui de ficar sem apoio aqui (e ele me beijou ali...) Gui! Cuidado...
Guilherme> Que se foda quem ver... (pôs as mãos no meu rosto e falou) eu te protegerei de tudo e todos meu amor... não tou bravo pequeno... mas se esse cara se meter a besta...
Sorri... nossa ele era a definição do ciúme... Voltamos pra casa principal... eu tava tentando pensar uma forma de dizer ao Gui que ele ficasse desencanado com o Denis... que não aconteceu nem aconteceria nada, pra não ter que sobrar pro menino, mas eu também tinha medo dele pensar que eu estava defendendo o cara sem motivos... e pedisse os motivos etc. então desisti... melhor deixar quieto...
Quando entramos na casa da fazenda a avó do Gui estava conversando com duas senhoras...
Senhora> Bom dia seu Guilherme!
Guilherme> Bom dia (e falou o nome dela... que não vem ao casoSenhora> Nossa! (falou olhando pra mim) e existe mesmo cabelo assim é?
Sorrimos todos...
Senhora> Só vi assim em novela... e a Xuxa...
Pronto... tinham que lembrar da Xuxa!
Aída> Vocês estavam onde? (cortou o assunto)
Gabriel> O Guilherme me mostrou a fazenda. Muito bonita dona Aída. Parabéns...
Ela apenas balançou a cabeça...
Aída> Vamos almoçar... (e se voltou pra mulher) depois quero que você venha pra lhe dar as instruções finais...
A senhora balançou a cabeça afirmativamente e se retirou. Dona Aída me pegou pelo braço e fomos pra sala onde o almoço era colocado...
Guilherme> Vó não vamos almoçar na sala principal não?
Aída> Ela tá sendo organizada pra o seu aniversário e você sabe seu engraçadinho... vamos pra copa...
E saímos pra copa... pelo menos ela estava fazendo a surpresa acontecer.
O almoço era um banquete... tinha de tudo... fiquei impressionado... tinha de tudo... costelas paulista, carne de sol... galinha cozida, linguiça... porco assado... gente era comida demais... todo tipo de arroz, feijão, macarrão... era coisa demais que eu fiquei sem saber o que comer...
Guilherme> Vó o Gabriel tá de regime!
Maria> Regime? Pra engordar né...
Sorri pra Maria... ela tava na minha faz tempo!
Gabriel> Dona Aída, o Guilherme encucou que eu tenho que entrar em forma... e me recomenda (frisei o recomenda) fazer dieta...
Aída> Você se sente mal? Tem alguma falta de ar ou coisa do tipo...
Guilherme> Ele tem taquicardia... falta de ar... entre outras coisas...
Aída> Então o Guilherme tem razão Gabriel... (o Gui me olhou triunfante) mas, se já faz dieta a semana toda... o fim de semana pode sair um pouco não é?
Olhei triunfante pro Gui...
Marta> Mais uma costela de porco?
O Gui a fuzilou com o olhar.... O almoço correu tranquilo e dona Aída apenas fazia observações normais sobre a própria culinária regional... e eu comentava esporadicamente... o Gui era o falador da mesa... brincava com Maria... respondia a avó... fazia reflexões sobre a importância de uma vida saudável... nossa era engraçado o quanto ele tava feliz...
Guilherme> Vó sabia que o Gabriel canta?
Ela me olhou com aquele olhar gélido... negro e perspicaz... sorveu um pouco de suco e calmamente falou...
Aída> Verdade? Desde quando...
Fiquei vermelho na hora...
Gabriel> Desde sempre... quando era pequeno meu pai cantava pra mim... e eu me acostumei com as músicas e nunca mais parei de cantá-las...
Guilherme> Mas ele morre de vergonha de cantar vó. Se ele não tivesse tanta vergonha assim eu simplesmente pediria pra ele cantar pra gente hoje... tem um vozeirão esse guri!
Eu morri... o que a avó iria pensar de mim... que inventei um sarau sem competência pra tanto, pois simplesmente morro de medo de cantar...
Aída> Tens medo é? (seu tom era irônico)
Gabriel> Sim... não é medo é timidez...
Guilherme> Mas não se engane não vovó! Ele não foge da raia quando precisa... sabia que ele cantou na inauguração da academia... no ginásio pra um montão de gente...
Ela me olhou e balançou a cabeça... pelo menos o Gui falou que enfrento o medo... pense numa situação que eu não podia contornar pois se fosse falar pra ela que estava preparado a surpresa se acabava... nossa... que coisa... ela agora iria pensar que sou uma pessoa imprudente!
Aída> O que é a música pra você Gabriel?
Suspirei...
Gabriel> É como o ar. Totalmente necessária para eu existir!
Aída> E mesmo assim, fica envergonhado... então é bem rarefeito esse ar hein...
Baixei a cabeça... ela tava realmente percebendo minhas limitações...
Maria> Me intrometendo... pra que tu cantar menino... nem precisava disso... só ficar num canto que nem um vaso bonito que já enfeita todo o ambiente...
E caímos na gargalhada... o que aliviou um pouco... Olhei pra Gui e ele fez um... desculpa com os lábios... sorri pra ele... fazer o que... quem tá na chuva é pra pegar resfriado!
Gabriel> Maria você é muito gentil...
Aída> Maria o que temos de sobremesa?
Guilherme> Nada de sobremesa Gabriel!
Dona Aída olhou pra ele intrigada...
Guilherme> Vó se deixar ele como tudo!
Aída> Mas ele é tão magrinho... tem problema não... traz as sobremesas Maria!
Ela foi pegar e eu fiquei super feliz... a avó do Gui foi contra ele... oba...
Guilherme> Sei não! Ele só encontra aliados... quando chegarmos na academia vai entrar numa disciplina pesada! Não quero funcionário obeso não!
Gabriel> Quando eu tiver obeso, você me põem essa disciplina patrão... antes tenho que engordar né isso?
Ainda nos divertimos no almoço e percebi a avó dele mais relaxada... eu mesmo estava mais relaxado... quando terminamos de almoçar e comer as sobremesas... eu comi pudim de leite e mouse de chocolate com como queimado... fomos pra varanda... dona Aída falou que ia descansar um pouco...
Aída> O pessoal começa a chegar as 17:00 horas Guilherme... se quiser descansar um pouco...
Guilherme> Vou sim... mas pretendo ainda andar a cavalo... vamos Gabriel?
Gabriel> Sim... gosto de andar a cavalo!
Aída> Você sabe?
Gabriel> Sim... minha família é do rio grande do sul... todos fazendeiros... eu andava quando pequeno e desde que vim pra cá eu continuei praticando no sítio de amigos... (olhei pra o Gui) família da Jú!
Ele balançou a cabeça... dona Aída saiu pra o quarto e nós fomos pro chalé. Quando chegamos lá o Gui armou uma rede lá em cima no quarto... fechou as cortinas e tirou a
roupa ficando apenas de cuecas... depois tirou as minhas, pois ele gosta de tirar minhas roupas e me puxou pra rede... uma delícia... nos deitamos e ele me abraçou...
Guilherme> Gosto de deitar assim contigo meu pequeno... desde que cheguei não parava de pensar em te abraçar assim numa rede... Eu estava amando... afundei a cabeça no peito dele... eu adorava aquilo...
Guilherme> Vamos dormir um pouco... (e puxou meu rosto e me beijou lentamente, depois falou) te amo pequeno... é um sonho te ter aqui...
E me abraçou forte... adormeci logo em seguida. Acordei com beijos no olho e no nariz... era o Gui... quando abri os olhos ele tava sorrindo... ouvi o som de pássaros... ele me apontou pra um galho e era um passarinho...
Guilherme> Ele estava nos vendo dormir... (sorriu) será um espião de minha avó?
Gabriel> Se fosse seria um corvo!
O Gui deu uma gargalhada... e começou a me morder todo me abraçando e balançando a rede...
Gabriel> Gui vai rasgar a rede... e deixar marcas em mim... será que sua vó scanner não vai perceber o motivo das marcas?
Eu ria... ele mordia forte meu pescoço...
Guilherme> Nem me importo! Por mim nem ia mais pra jantar de aniversário... ficava aqui contigo o dia todo...
Suspirei... eita que homem mais tarado fui arrumar...
Gabriel> Mas não pode... (tentei me desvencilhar mas ele não deixou... ele é muito forte) Gui! (choraminguei) vamos nos levantar... quero andar a cavalo...
Guilherme> Pode andar nesse puro sangue aqui...
Gabriel> Guilherme!
Ele riu alto e me soltou... me levantei e vi a metade do pau dele pra fora da cueca...
Guilherme> Olha meu estado!
Gabriel> Pois sublime! Temos uma festa pra fingir que somos apenas amigos...
Ele suspirou exasperado e se levantou... fomos nos vestir... tava doido pra andar a cavalo... Eu vesti um jeans preto pra andar a cavalo... não tinha bota, fui com um tênis mesmo... e uma camiseta branca... o Gui vestiu calça de brim preta e camiseta sem mangas vermelha... descemos e fomos pros estábulos... ele foi me contando que quando criança sempre tinha disputas de velocidade e que ganhava todas... eu falei que naquele dia não haveria disputa porque eu não conhecia o terreno, mas que da próxima vez eu o deixaria vendo os cascos do meu cavalo!
Guilherme> Você! Me vencer... duvido... quer apostar agora?
Gabriel> Não mesmo... quero depois... outro dia... quando eu já conhecer bem o terreno aqui senhor futuro comedor de poeira...
Ele riu, mas eu vi brilho nos olhos... o brilho que se forma quando provoco ele...
Andamos até os estábulos e ele pegou o cavalo dele... lindo demais... o cavalariço me deu um cavalo malhado... olhei logo pro olho... era escuro... ótimo... morro de medo de animal do olho claro... tipo mel... sempre tem tendências a loucura... segundo uma tia minha lá do rio grande do sul... nem sei se é verdade, mas... Cavalgamos por toda a propriedade... e olha que é imensa. Estávamos perto da cerca principal quando vimos uns carros chegando...
Guilherme> São os convidados de vovó... amigas e amigos dela... acho que temos que ir Biel...
Gabriel> Sim... temos que tomar banho e nos arrumar não é?
Ele sorriu malicioso...
Gabriel> Gui nada de malicia!
Guilherme> Eita Biel... desde que chegou aqui não para de dizer não pra mim... nossa... tou ficando doido viu...
Sorri... ele sempre foi doido assim mesmo... escorpião é fogo... Fomos pra baia deixar os cavalos e caminhamos até o quarto... o banho foi rápido e pela segunda vez no dia ignoramos nossas excitações... Vesti uma roupa muito bonita... era uma calça de tecido macio que era meio aveludado preta e uma camisa azul clara de botão e mangas três/quartos seca no corpo... pra completar coloquei cinto preto e sapato também pretos. Quando sai arrumado o Gui já me esperava lá embaixo... ele tava de calça jeans simples e camiseta preta... tava lindo.
Guilherme> Uau! (ele ficou boquiaberto) Biel você tá lindo demais! (ai ficou sério) vai chamar muita atenção!
Eu sorri...
Gabriel> A única atenção que eu quero é a sua... e essa eu acho que já tenho né...
Ele sorriu e me beijou forte.
Guilherme> Pro resto da vida...
E saímos pra o aniversário do Guilherme que foi simplesmente inesquecível... em todos os sentidos! Descemos do chalé e fomos pra casa principal... já era umas 17:20 e Gui me conduziu pela cozinha, depois o corredor até a sala dos troféus... enquanto atravessava o corredor novamente aquele sentimento familiar de nervosismo que sempre me acomete como anticlímax se apoderou de mim... o Gui ia do meu lado e eu percebia ele muito feliz... olhei mais detidamente pra ele e vi o quanto ele é enorme... é um homem muito grande... forte... mas ao mesmo tempo uma criança quando se está feliz... e ele estava...
Guilherme> Hoje é um dos melhores aniversários de minha vida pequeno! Ter você aqui é um sonho...
Passamos pra sala dos troféus e não havia ninguém ali, o Gui me levou pro hall de entrada... onde vinha sons... quando entramos lá vi uma porção de pessoas... umas 10 pelo menos... eram dois casais, um pouco idosos... duas crianças, três rapazes que deveriam ter de 15 a 18 anos e uma moça que não tinha mais que 13. Eram os “tios” do Gui pois eram tios avós... irmãos de dona Ainda com as respectivas esposas e seus filhos...
Quando o Gui entrou fizeram uma algazarra só... os tios o cumprimentara... as crianças abraçaram as pernas do Gui onde este as levantou cada um em cada braço seu... depois foi a vez dos “primos” cumprimentarem ele... mas foram um pouco frios... acho que não tinham contato com o Gui. A moça foi um pouco mais simpática e conversou com o Gui com mais intimidade... chamando ele de primo! Fui apresentado por dona Aída...
Aída> Gabriel estes são os tios-avós do Guilherme (e disse os nomes).
Fui apresentado e cumprimentei todos... os três rapazes eram irmãos filhos do “tio” mais velho... e as crianças com a moça eram filhos do “tio” mais novo. Depois entrou mais gente na sala e fomos todos apresentados... nossa... quanta gente! O Gui recebeu presentes e Maria apareceu do nada pra recolhê-los...
Guilherme> Vó vamos pra sala de jantar...
Aída> Ainda não Gui... preparei uns aperitivos na varanda... vamos pra lá primeiro...
E nos encaminhou pra lá... Gente como era possível aquilo... há poucas horas não tinha nada ali... e quando chegamos simplesmente estava montado várias meses forradas com toalhas de linho e toldos armados... uma pequena iluminação de refletores de forma indireta dava o clima bem aconchegante... uma mesa enorme estava posta no centro com várias outras ao redor. Fiquei surpreso com a eficiência de dona Aída!
Aída> As crianças ficam nas menores... nós nos sentamos aqui...
E indicou onde eu, o Gui e ela mesma se sentaria... os tios do Gui e suas esposas e mais outras pessoas que chegaram... Maria veio a minha direção...
Maria> Seu Gabriel...
Gabriel> Pode chamar de Gabriel. Maria...
Aída> Desista Gabriel, ela usa o “seu” e “dona” até pra chamar o cachorro!
Maria> Claro que sim DONA Aída!
Será que foi uma ironia e Maria chamou dona Aída de cadela? Mas não tive tempo de verificar, pois...
Maria> Seu Gabriel queria que o senhor fosse comigo aqui só um instante... certo?
Eu pedi licença e me levantei... o Gui olhou pra mim serio, mas antes que ele falasse eu alguém na mesa lhe perguntou algo fazendo com que ele se desviasse a atenção de mim... Eu segui Maria e ela tava nervosa... não entendi o porquê! Pensei que a gente ia longe mas não... ficamos apenas dentro da sala que dá pra varanda...
Maria> Eu queria apenas te falar uma coisa... (ela tava nervosa, será que o piano estava com problema?)
Gabriel> Maria é o piano?
Maria> Piano? Não... não! É que. Bem... (ela me puxou pra um canto mais reservado) dona Aída ela recebeu uma ligação...
E então eu olhou pra dona Aída, enquanto Maria falava... e o susto que eu levei não me fez escutar mais nada!
Maria> Gabriel? Gabriel...
Eu não escutava... apenas andei como um autômato até cruzar a porta de vidro que dá acesso a varanda... dona Aída estava em pé sorrindo...
Aída> Ah então é você! Não a conhecia! Família, amigos... esta é Marcela... a namorada do Guilherme!
E senti uma dor profunda. Inexplicável! Olhei pra Marcela e ela estava em pé sorrindo do lado de dona Aída... esta me fitava triunfante... eu senti muita dor no estomago e uma ânsia de vômito imensa... dei dois passos pra trás... queria fugir dali!
Maria> Filho não é isso... não é verdade... espera!
Guilherme muito assustado se levantou e olhou pra trás... eu vi nos olhos dele uma súplica... algo como se dissesse eu não tenho nada haver com isso! Então simplesmente eu pedi licença e sai dali... ouvi ainda Maria me chamar... mas não dei bola... sai sem rumo... sem conhecer nada, sem saber para onde ia... queria correr... correr muito, fugir dali... que dor profunda! Uma dor tão profunda que não me fazia pensar! Não pensava em nada... só em fugir daquela situação horrorosa! Senti lágrimas nos olhos... não eu não podia chorar...
Sai por uma porta da outra lateral da casa e andei até um jardim que tem ali do lado... parecia uma pracinha... vaguei sem destino já escurecendo tudo! Ouvi passos longe e não quis se encontrado por ninguém... apressei o passo e meio que corri... quando olho pra trás pra ver se alguém me seguia esbarro numa pessoa eu só não caio porque ele me segurou nos antebraços... me puxando pra si... Eu estava desesperado... mas não era o Guilherme.
Gabriel> Denis?
Ele estava me segurando forte nos antebraços... eu senti os dedos polegares dele começarem a se mover... como se me acariciasse...
Gabriel> Que susto!
Denis> Você tava andando sem olhar pra frente e quase caiu (ele continuava a roçar o dedo em mim).
Gabriel> É... é (estava ficando constrangidíssimo) sai pra espairecer e tomar um ar, mas já vou voltar...
Denis> Já? Fica mais um pouco aqui...
Eu balancei a cabeça negativamente...
Gabriel> Não, obrigado, já devem estar preocupados comigo...
Ele sorriu maliciosamente...
Denis> Daqui a pouco você volta. Fica mais... pra gente se conhecer melhor...
Senti outra pontada no estomago!
Gabriel> Por favor Denis, é esse seu nome né? (ele afirmou) me solta! Quero voltar agora!
Denis> Voltar pra que? Pra ver o Guilherme com a mulher dele? Fica aqui que eu saberei te respeitar e quem sabe a gente se conhece melhor e eu tenho essa boca linda pra mim... esses olhos que parecem o céu... vamos cara... eu vi o Guilherme te pegar... agora é minha vez né...
Gabriel> Me solta cara ou eu grito (falei bravo tremendo o corpo todo)...
Denis> Grita nada... você gosta! Vamos ali pro meu quartinho que a gente fica mais à vontade...
Gabriel> Não não... me solta...
Guilherme> Solte ele seu miserável!
O susto foi tão grande que o Denis me empurrou e eu caí feio no chão... O Gui estava de punhos fechados... seus olhos eram puro ódio... e senti a respiração dele tava alteradíssima... a lateral de meu quadril doía muito... mas me levantei...
Denis> Deixa de onda Guilherme... tá me estranhado... não tava fazendo nada de mais...
Guilherme> Eu ouvi tudo seu desgraçado!
Gabriel> Gui eu...
Guilherme> Fica quieto Biel! (ele me olhou de lado... tava bravo mas era bom sinal me chamar de Biel)
Denis> Então tá cara, eu não quero briga, mas se tu quiser beleza, tu é grande mas não é dois... (e sorriu sarcástico) divide ai o viadinho comigo, já tem tua mina lá...
E então ele não deve ter visto mais nada... porque o murro que o Gui deu nele fez com que ele caísse desmaiado no chão... o nariz sangrando muito!
Gabriel> Gui pelo amor de Deus!
Eu fui me baixar pra ver o Denis mas ele me pegou pelo braço com força... gemi de dor... e ele então afrouxou... olhei pra ele e ele estava triste... escutamos algo, nós viramos...
Maria> Seu Guilherme, que bom que achou seu Gabriel... vá cuidar dele... vá pro chalé... eu disse a dona Aída que o Gabriel foi buscar alguma coisa lá no quarto e que você Guilherme foi verificar as bebidas... eu cuido do Denis... não se preocupe seu Guilherme... esse ai vai ter muita coisa pra me explicar...
Nós estávamos estáticos...
Maria> Vão meninos... e demorem pouco viu...
E nós estávamos saindo quando a Maria falou!
Maria> Guilherme! (ela não falou o “seu”) cuide do Gabriel viu! Explique a ele essa confusão toda... e principalmente... desfaça ela!
E então saímos... Quando entramos no quarto o Gui foi direto pra o banheiro... lavou as mãos e a cabeça... ele tava muito nervoso ainda... eu me distanciei e fiquei em frente ao tronco da árvore... tocando ali aquela árvore incrível dentro do chalé... então senti mãos me abraçarem. Eu estava magoado e tentei me desvencilhar, mas ele não deixou... ele então me abraçou... é muito forte o Gui... fiquei frustrado... nem me afastar consigo!
Gabriel> Gui! Por favor tou triste me (interrompido)
Guilherme> De forma alguma eu te deixarei sozinho... de forma alguma eu quero que fique triste neste dia que pra mim tem que ser perfeito porque tenho você aqui comigo... em minha vida!
Ele me virou pra ele e eu estava chorando...
Guilherme> Biel não chora! Fico mal...
Gabriel> Então porque trouxe a Marcela... você sabe o que eu sinto por ela! Que me mata aos poucos vê-la contigo...
Ele fechou a cara e falou bravo!
Guilherme> Ela não está comigo! Não está entendeu (gritou, e depois suspirou) desculpe amor. Você não tem culpa... olha a Maria me contou. Ela ligou hoje à tarde pra minha avó quando estávamos dormindo. E simplesmente falou que era minha namorada e que nós tínhamos brigado, e que queria reatar o namoro e tudo. Minha avó estranhou, mas falou a ela que poderia vir pra cá, pois ninguém tem o telefone daqui a não ser as pessoas muito íntimas... daí ela deduziu que eu estava com ela, entende? Que ela era importante... só que eu juro que não dei o telefone de vovó pra ela meu pequeno... juro! Não sei como ela conseguiu!
Então me lembrei de quando eu havia pedido o telefone de dona Aída pra Flávia e ela me deu... a Marcela estava atrás de mim... certamente ela anotou... só que eu não poderia dizer naquela hora a história pro Gui... senão estragaria a surpresa do real presente dele...
Gabriel> Eu acredito Gui...
Ele sorriu e me beijou.
Guilherme> Vou acabar com ela... você vai ver... (e me abraçou forte) quando vi sua carinha quando ela chegou eu quase enlouqueci... e quando você saiu... nossa queria correr pra te alcançar e dizer que não tinha nada a ver com aquilo... quase pirei Biel! Graças a Maria que me chamou pedindo ajuda que eu pude sair pra te procurar... e vi com aquele... aquele (e a voz dele falhou)!
Gabriel> Gui eu não tive culpa não fiz nada...
Ele me beijou e falou...
Guilherme> Eu sei amor... eu sei! Você é lindo demais... em tudo... mesmo triste comigo não se permite as coisas pequenas... como vingancinha... mas saiba meu amor eu não tive culpa com relação a presença da Marcela, muito menos com o que ela falou! E agora mesmo vou resolver isso...
Gabriel> Você não falou nada quando ela disse aquilo (falei quase num sussurro de voz)
Guilherme> Não deu tempo... fiquei estático, calado, só pensava em como sair dali... e a Maria me chamou pra cuidar da bebida... e então corri... (suspirou) a Maria disse que você tinha saído pela porta da pracinha e então fui até lá... mas, meu amor, vamos... você vai ver o que eu farei...
E me beijando mais uma vez de forma intensa, me pelo pegou o braço e descemos a escada até a porta do chalé...
Guilherme> Me perdoa?
Gabriel> Me perdoa?
Sorrimos e nos beijamos mais uma vez... e saímos... o Gui passou pela cozinha e pegou uma garrafa de vinho branco, quando chegamos na varanda a Marcela estava sentada do lado de dona Aída... com ela segurando a mão da Marcela...
Marcela> Gui! Demorou tanto!
Senti ódio naquele momento. Dona Aída nos observava com ar curioso...
Guilherme> Estava cuidando de coisas importantes... (e pôs o vinho no balde de gelo) a propósito Marcela... que história é essa de namorada? Pelo que me lembro, há quase um mês e meio atrás, quando saímos uma única vez, eu não me lembro de ter te pedido em namoro... muito menos em ter acabado o namoro que nunca pedi! Estou surpreso então com a sua atual apresentação...
E então dona Aída solta instantaneamente a mão da marcela e se vira pra ela com ar inquiridor! E finalmente eu sorri naquela mesa! Me sentei e abri o vinho...
Gabriel> Aceita dona Aída!
Ele me olhou nos olhos e falou...
Aída> Sim querido... mas antes vamos comigo até a outra sala, quero sua opinião no detalhe final... Guilherme vá até a entrada... tem gente chegando...
Nos levantamos e eu ajudei dona Aída... ela pegou meu braço como de costume... ao passarmos por Maria que entrava com os canapés dona Aída falou...
Aída> Cuide pra que aquela ali se sente bem longe de mim... (e acrescentou) e do Guilherme.
E fomos pra sala. Eu estava novamente muito feliz! A sala de jantar estava trancada a chave... era linda! Enorme... com mesa que eu acredito normalmente fica no meio da sala, embora estivesse a um canto com louça posta pra jantar americano... tinha outra mesa arrumada... acho quer era pra dona Aída e a família mais intima. Havia vários sofás e cadeiras... dispostas ao redor da sala e no meio... como um sarau, o piano de calda enorme... ele estava ligado a um sistema de som acústico e tinha um pequeno microfone em cima do piano com um pedestal voltado pra quem fosse tocar... no caso eu... Caixas de som surround bem fininhas estava disposta nos quatro cantos da sala e as cortinas estavam fechadas...
Gabriel> Dona Aída está espetacular...
Aída> Eu sei. Mas o mérito maior é o piano!
Sorri.
Aída> Eu convidei uma amiga minha que é do conservatório de música...
Eu olhei pra ele assustado... Deus um professor de música ali!
Aída> Portanto não me decepcione viu... quero ver ela de boca aberta... vive se gabando da neta de 8 anos que toca violino... agora tenho o que mostrar...
E foi até a lareira e acionou um botão...
Aída> Pronto, vou deixar no fogo baixo... quando a gente entrar aqui vai estar uma sala confortável sem está muito quente... além de tirar o cheiro de mofo do ar não é?
E piscou pra mim... mas apenas uma coisa me preenchia a cabeça! A professora de música! Saímos da sala e fomos pra varanda... assim que chegamos o Gui entra acompanhado do Bruno, de uma garota e da Jú, que embora estivesse linda, estava emburrada...
Guilherme> Vovó, o Bruno a senhora conhece né... deixa eu apresentar a Juliana, que é amiga minha que o Gabriel apresentou-me...
Jú beijou a avó do Gui... a Jú estava com um vestido sexy preto, justo no corpo até o joelho cujo modelo era tomara que caia, um cinto dourado fininho e sandálias douradas...
Aída> Que vestido lindo minha criança! É...
E Jú disse sim é... e falou a grife europeia! Sorri. Ponto pra Jú!
Aída> Belíssimo... sua amiga tem muito bom gosto Gabriel...
Sorri afetuoso... e pensei... deixa ela abrir a boca, que a senhora vai ver o quanto bom gosto ela tem!
Guilherme> E essa é... Poliana? (a menina balançou a cabeça) a amiga do Bruno... (Gui falou um pouco hesitante... acho que queria falar outra coisa)
Bruno sorriu e a moça cumprimentou dona Aída que a tratou formalmente... mas ai olhei pra Jú... ele fez sinal de corte no pescoço... e de repente entendi tudo... o Bruno trouxe a Poliana apenas pra provocar a Jú... Jesus! Aquilo não ia dar certo!
A Jú estava lida mesmo, a maquiagem perfeita... o vestido encantador, mas ela estava brava e eu conhecia isso... o Bruno estava ainda um pouco tímido em falar comigo... com o Gui também... mas não quis pensar sobre aquilo. A Poliana era uma menina bonita, mas achei, desculpa dizer, um pouco fútil! Ela tava meio que deslumbrada com a casa da avó do Gui... nos sentamos em uma mesa reservada... e eu pedi licença a dona Aída pra me sentar com eles...
Aída> Fique à vontade querido! Mas venha se sentar comigo daqui a pouco... quero atenção também certo?
Sorri... ela até que era legal, mas ainda dava medo!
Aída> O Guilherme vai ficar dando atenção aos convidados e tem que ficar mesmo é em pé dando assistência a eles...
Acho que foi uma indireta pra a gente não chamar o Gui para sentar conosco... dei de ombros... mas ela tinha razão mesmo! Assim que me sentei com eles a Marcela correu da mesa distante que estava e veio até nos...
Marcela> Bruno querido! Que bom encontrar uma cara conhecida aqui!
A Jú me olhou de olhos arregalados... e eu falei só com os lábios “depois”. Ela se levantou e falou...
Jú> Agora! (todos olharam pra ela... e eu pensei em matá-la com o copo de vinho quebrando-o na ponta da mesa) preciso ir ao banheiro agora e você me leva né Gabi?
Me levantei. Pelo menos ela disfarçou... Quando chegamos na outra sala ela me puxa pra um sofá e me joga ali se sentando em seguida e batendo na minha cabeça com a bolsa de mão que carregava... Passei a mão pela cabeça onde ela havia batido...
Jú> O que é que essa pateta está fazendo aqui?
Gabriel> Quem? A tal da Poliana?
Ela me dá outra bolsada!
Jú> A puta da Marcela seu leso!
Gabriel> Ah! Longa história...
Jú> Tou sozinha... três dias sem comer pra entrar neste vestido e sem perspectiva pras próximas 6 horas, ou seja... tenho tempo... vamos desembuxa...
Então falei de como ela chegou ali... do que falou... da reação minha e do Gui... e que possivelmente tenha descoberto o telefone de dona Aída anotando quando eu peguei com a Flávia...
Jú> A Jú olhou lá pra fora e falou... puta desgraçada!
Gabriel> Quem a Marcela?
Jú> A Poliana! (olhei lá pra fora e a Poliana estava beijando o Bruno que estava de olhos abertos como se procurasse alguem) O que tá havendo contigo hoje hein? Estrume no café da manhã é?
Gabriel> Você que tá confusa!
Jú> Tou mesmo né? (e respirou fundo) mas eu vou fazer ele sofrer... e ainda hoje... espera pra ver...
Gabriel> Jú pelo amor de Deus... estamos na casa da avó do Gui... não podemos ter escândalos aqui!
Jú> Deixe de besteira... e é melhor você cuidar de seu touro reprodutor... que a vaca leiteira ta por ai...
A Marcela estava lá fora em pé olhando pra todo lado... com certeza procurando o Gui... Aquela festa ia ser extremamente louca!
Jú> Vou diminuir esta saia de viúva rica...
Gabriel> Jú tá lindo assim...
Jú> Pra impressionar a Odete Roitman... mas pra pegar o homo sapiens tem que ter mais perna a amostra!
Guilherme> Eu acho que o homo sapiens tá é preocupado em te provocar... o que me leva a crer que se importa contigo!
Tomamos um susto... estava o Gui com dois copos de vinho na mão...
Guilherme> Meus convidados mais ilustres estão aqui tão afastados...
A Jú pegou um copo de vinho e virou...
Jú> Estamos é tramando como destruir sua festa sem sua avó tomar conhecimento... ela toma alguma tarja preta? Poderíamos aumentar a dosagem só hoje!
E Gui sorriu...
Guilherme> Biel tome um vinho... trouxe pra ti...
Eu pensei! Melhor não! Ia cantar e tinha que ter a sanidade em dia...
Gabriel> Brigado Gui... mas mais tarde... depois do jantar certo?
Jú> Pois passa pra mamãe aqui!
E ela pegou a outra taça... aquilo não ia dar certo! Olhei pra Gui e fiz sinal... a Jú olhou e disse...
Jú> Queridos estou aqui... e nem façam sinalzinho que eu vejo tudo... agora se quiser começar um sexo selvagem eu finjo que nem tou...
Fiquei vermelho e o Gui apenas riu...
Maria> Gabriel dona Aída está lhe chamando...
Guilherme> Maria esta é uma grande amiga nossa...a Jú... ela sabe! (e piscou o olho)...
Jú> Fui a primeira Guilherme... nunca esqueça disso quando for escolher as madrinhas...
Maria> Madrinhas?
Jú> Casamento... batizado de filhos... madrinha de fogueira... etc... etc...
Todos rimos e fomos lá pra fora... A Marcela assim que nos viu veio em direção do Gui e colocou o braço dela no dele. Ele simplesmente o tirou... e olhou feio pra ela... eu me virei e me dirigi a dona Aída... ela estava olhando fixamente pra nós... seus olhos estavam apertados... quando cheguei ele me olhou por um tempo e falou
Aída> Gabriel quero lhe apresentar a minha amiga... (e falou o nome dela... não vou colocar outro nome pra não haver confusão com tantos nomes...) ela é professora do conservatório de música de Pernambuco!
A cumprimentei e ela sorriu...
Professora de música> Ouvi dizer que vai fazer um pequeno concerto pra piano...
Gelei... o que dona Aída havia prometido a uma professora, certamente doutora em música...
Gabriel> Seria um exagero chamar minha humilde apresentação de concerto! (dona Aída me olhou empertigada... tentei concertar) na realidade é um pequeno sarau... com músicas populares traduzidas pro piano... nada muito sofisticado... na realidade são as músicas que eu percebi que meu amigo Guilherme gosta e é surpresa!
Professora de música> Ah um sarau... parabéns meu rapaz... é extremamente adequado um sarau para festas familiares...
Dona Aída sorriu e me puxou pra perto dela... eu olhei e o Gui já havia se livrado da Marcela e tava conversando com os primos... Me sentei...
Professora de música> Já fez aquecimento vocal hoje?
Gabriel> Não fiz ainda... não tive oportunidade de ficar sozinho... o Guilherme poderia perceber se fizesse aquecimento vocal...
Professora de música> Faça o seguinte... massageie com a mão a traqueia de cima para baixo e faça isso com a boca bem relaxada! Depois meu rapaz vá alisando o palato ( céu da boca ) com a língua desde os dentes até a parte mole... depois faça movimentos um pouco forçados com a língua para fora da boca e por fim, rapidamente, aqueça a voz, vibrando a língua por entre os dentes e os lábios! Faça isso 10 minutos antes de cantar. É rápido e eficaz. Agradeci pela dica... realmente era boa. Ainda conversamos sobre música um bom tempo, até que o Gui veio me pegar...
Guilherme> Posso roubar nosso amigo da companhia de vocês?
Aída> Claro que sim filho! Mas traga ele de volta viu... estamos conversando sobre música!
E sorrindo pedi licença... o Gui me puxou pra um canto...
Guilherme> Não sei como dizer isso mas eu acho que o infeliz do Denis está aqui... não quero você perto dele viu? Pra não estragar a festa só falarei com vovó amanhã... mas não fique perto dele!
Eu balancei a cabeça...
Marcela> Perto de quem? Quem é esse Denis?
Olhamos pra ela com ódio... e sem responder nós retiramos... era só o que faltava! Marcela querendo conhecer o Denis! Fui com o Gui me sentar na mesa do Bruno. Estava lá além da Poliana, a Jú e o Bruno, dois primos do Gui e aquela priminha que tinha afinidade com ele... a de 13 anos... me sentei e peguei um refrigerante... o Gui se sentou de meu lado e quando a Marcela se aproximou ele puxou a priminha dele pra sentar do lado dele... sorri... a cara da Marcela foi ótima... a outra cadeira próxima era a do meu lado e, antes que ela inventasse de se sentar a Jú se levantou e ocupou aquela cadeira.
Jú> Que festa adorável Guilherme... todos nós convidados estamos gostando... até a Marcela que tá de sapo né Marcela?
Ela fuzilou a Jú com o olhar e pediu licença pra ir ao banheiro... Quando a marcela saiu o Gui rindo falou baixinho...
Guilherme> Você não foi convidada Jú... você que se convidou...
Jú> Cala a boca Mané! A puta de carteirinha tá longe não tá?
O Gui riu e eu olhei pra priminha de 13 anos dele que estava de olhos arregalados... a Jú olhou também pra ela e falou...
Jú> Liga não Cristiane F. Bem vindo ao mundo real...
A pobrezinha não entendeu nada e o Gui gargalhou... eu fiquei boca aberta com a Jú...
Bruno> Guilherme nem te entreguei teu presente ainda...
Jú> Ei nem eu...(e pegou a bolsa de mão dela e abriu – era um envelope)
Guilherme> O que é isso? Um cartão? Um chegue? (o Gui ria)
Jú> Um pacote de camisinhas GG... (e olhou pra menina) ignore!
O Gui abriu o envelope e tirou de lá um papel impresso, ficou surpreso...
Guilherme> Isso é um pacote de resort pra costa do sauípe? Eu não acredito...
Jú> Três dias pra duas pessoas... ai, ai! Como sou o máximo! Ah sem data fixa... é só marcar!
Fiquei emocionado... que presentaço...
Guilherme> Obrigado Jú... deve ter custado uma nota...
Jú> Que nada... paguei apenas a metade da metade... tenho bancobrás garoto...
Fiquei emocionado...
Poliana> Que legal! Você vai com quem Guilherme?
Realmente ela era um burra... que não sabe ficar com a boca fechada! Mas por incrível que pareça quem respondeu foi o Bruno... aliás desconversou!
Bruno> O meu não é um presente tão fantástico... mas é de coração...
E entregou pro Gui um embrulho pequeno... era um livro eu acho. Gui abriu e olhou a capa... estava intrigado... quando eu olhei fiquei assustado... “masculino e feminino” de Leonardo Boff e Rose Marrie Muraro. Eu mesmo já havia lido aquele livros umas 4 vezes... amei... e vinha no cartão uma frase atribuída a Leonardo Boff... era a seguinte frase que me emociona até hoje:
#Guilherme meu irmão eu estou tentando compreender e sei que um dia vou conseguir, mas enquanto isso estou perdido em lições eu estou pesquisando sobre o assunto que você sabe qual é... me desculpe se te magoei, mas eu sei que vou conseguir compreender... li a reportagem desse autor na internet e achei interessante o que ele diz... copiei uma parte pra você... feliz aniversário... ah esse livro é do mesmo autor... eu comecei a ler, comprei um pra mim... mas acho que não vou terminar é bem difícil... quando você terminar me explica ok.. Abraços mano...
Frase: “Sobre a sexualidade é fundamental reconhecer a criação do amor de Deus e dizer que onde há amor entre casais, ou entre homossexuais, seja mulher ou homem, onde há amor há ato de Deus, porque Deus é amor. A igreja penaliza os homossexuais dizendo que é uma inclinação perversa, imoral, e isso é uma atitude ilegítima. Não cabe a ela fazer um pronunciamento científico, se é normal ou se não é. O que cabe a ela é dizer que, desde que se descobre esta situação, que procurem não ser promíscuos, procurem viver a fidelidade e o amor, porque isso é o que importa. Essa é a missão da Igreja, dizer a verdade. E ela está negando essa verdade aos homossexuais. ”
O Gui ficou com o olhos cheios de água e eu li o cartão... me emocionei muito... o Bruno ficou de cabeça baixa... eu queria abraçá-lo e o Gui também... mas sabíamos que não era hora..
Guilherme> Obrigado, irmão...
Olhamos um certo Bruno constrangido e percebi que ele era muito real... existe pessoas que dizem que lindo dois caras gays... não tenho preconceito, acho massa, mas quando damos as costas vivem de piadas, de preconceito pessoal... acho isso deplorável. Melhor a atitude do Bruno que foi sincero no que disse... que não compreendia que ficou chocado... que se afastou mas por amor ao amigo e a mim que acabara de conhecer e que já tinha como amigo preferiu pesquisar e aprender... e era lindo até a forma de dizer que era difícil compreender aquela literatura. Sorri. Só ele mesmo... uma criança inocente. Linda.
Poliana> Esse Boff fala de que mesmo?
Mas que tinha mal gosto em escolher as companhias!
Jú> Mulher que te importa... não é esse tipo de Boff que você gosta! Teu BOFE é outro!
E caímos na gargalhada... a Poliana ficou calada e o Bruno não gostou da piada da Jú...
Bruno> Sempre a Jú piadinha né?
Jú> Sempre o Bruno segundinho na piadinha...
Eita, aquilo não ia dar bem... um dos primos do Gui se sentou do lado da Jú.. era um menino bonito, o mais velhos dos três... tem 19 anos... começou então com um papo com a Jú.. super animado... o Bruno ficou apenas de rabo de olhou... a Poliana se levantou e disse que iria ao toalete e a Jú aproveitou pra investir no menino...
Bruno> Juliana me conta sobre a aula que pretende fazer comigo de muay thai!
A Jú que tava quase beijando o primo do Gui olhou triunfante pra ele...
Primo do Gui> Quer dizer que você pratica muay thai? Nossa eu também!
Jú> Vou começar... mas, Bruno eu pensei que fosse a Flávia a professora de muay thai! (falou com voz doce fingindo inocência)
Guilherme> Eu também Bruno... ai (e dei uma cotovelada nele que parou na hora)...
Bruno> Eu sou responsável por você Juliana...
E se levantou e foi ao encontro dela... a puxou pelo braço e falou...
Bruno> vamos ali... quero falar em particular...
E saiu praticamente arrastando ela... deixando o primo do Gui sem entender nada...
Primo do Gui> Que foi que fiz? Ele é irmão dela?
Sorrimos...
Guilherme> Fica peixe primo... ali é confusão da braba! Cachorro grande!
Ele ficou empertigado, sem entender nada mas manteve-se em silencio... Maria chegou e me chamou...
Maria> Gabriel não quer comer nada...
Guilherme> O Gabriel te de dieta Maria...
Prima do Gui> De dieta... nossa ele é tão perfeito... (e ficou vermelha)
Sorri, será que ela tava meio que encantada comigo?
Gabriel> Na realidade eu tenho essa estrutura física porque como muito... se eu parar de comer vou ficar anêmico... portanto Maria eu quero sim... onde pego?
Ela sorriu e me apresentou uma bandeja... comi horrores para desespero de Gui que não podia falar nada! A priminha dele tava ali do lado! Quando estava quase terminando o Bruno volta com a Jú de batom borrado... sorri... será que eles...
Jú> sim fizemos... mas ele que pense que vai conseguir novamente...
O sorriso de vitória do Bruno era contagiante... e nós rimos junto... mas meu sorriso morreu quando simplesmente o Denis se senta à mesa, acompanhado da Marcela!
Denis> Oi patrão!
Ele estava com um band-aid no nariz, que estava um pouco inchado!
Marcela> Olha só quem eu encontrei... e não é que ele tem tantas histórias da rurais pra contar!
Ouvi o Gui ranger os dentes... eu mesmo estava prestes a fazer aquilo!
Jú> Quem é você? Oh do nariz quebrado?
O silencio era geral. A Jú olhou pra mim... depois pro Denis... depois pro Gui que tava de punho fechado... depois pro punho do Gui e novamente pra o rosto do Denis e por fim pra Marcela!
Jú> Tá bom entendi!
Guilherme> Não tem nada pra fazer não Denis?
Denis> Devido ao meu (hesitou) acidente... dona Aída me liberou... aí posso curtir sua festa... desde que descanse...
A Marcela sorriu e falou...
Marcela> O Denis é um amor... verdadeiro homem do campo! Mente aberta! Você acredita que ele achava que éramos namorados Gui?
Guilherme> Marcela já chega! (falou sério e bravo)...
Jú> Só tu mesmo pra pensar nesse bobeira Marcela! Aliás pra levar seguidos e seguidos foras e ainda insistir... kkkk...
A Poliana voltou... senti pena dela... o Bruno acabara de beijar a Jú e agora ela tava ali pousando de namorada... traída agora!
Marcela> Pois é... como é teu nome mesmo eu não consigo decorar...
Jú> Lady Gaga! Prazer querida!
Bruno> Só tem maluco nesta festa Gui!
Poliana> Tou me sentindo enjoada Bruno... vamos embora!
Que coisa! era só o que me faltava!
Bruno> Só saio daqui quando acabar... se quiser posso encontrar um quarto pra você descansar...
Mas todos sabíamos que ela queria era se ver longe dali... não a culpo... eu queria muito... foi quando senti alguma coisa roçar na minha perna e me assustei... olhei pra frente. O Denis estava sorrindo muito!
A prima do Gui se levantou e pediu licença e o primo também... ficamos somente nós na mesa... eu me assustei com o que acontecia debaixo da mesa e puxei as pernas rápido...
Guilherme> O que foi?
Ele me olhava sério...
Gabriel> Vamos ali... tenho que falar com sua avó...
Ele me olhou bravo...
Guilherme> O que aconteceu Gabreil?
A Jú me olhou assustada e olhou pra o Denis... então ela balançou a cabeça negativamente...
Jú> Gui me traz uma bebida...
Guilherme> Vá buscar você... anda Gabriel! O que aconteceu?
Denis> Certo... Marcela me acompanha até ali... tou morrendo de fome...
E se levantou... o Gui o seguiu com os olhos... quando eles chegaram até o outro lado do terraço o Denis falou ao ouvido da Marcela e pegou no próprio pau apalpando...
O Gui se levantou com ódio e me olhou...
Guilherme> Estou P da vida Gabriel...
E saiu de perto de mim... Pronto me ferrei sem culpa...
Poliana> O que deu nele?
Jú> Querida é melhor procurar seu quarto... só assim ficará livre dos estilhaços... (e se levantou) vá preparar sua mágica Gabriel que eu vou falar com o Guilherme... vou contar que o infeliz tava te acariciando por baixo da mesa... mas pensava que era seu pé que acariciava e acariciou o meu (e me piscou)...
Sorri... eu amo a Jú! A Jú se levantou e o Bruno largou a Poliana e veio sentar-se ao meu lado.
Bruno> É por essas e outras que eu... (interrrompi)
Gabriel> Bruno faça um favor! Não estrague a magia que você mesmo construiu ao presentear o Gui com um livro do Leonardo Boff com um comentário tipo é por isso que dá errado! Porque somos promíscuos!
Bruno> Desculpa... mas é que o cara foi despudorado...
Respirei fundo e me levantei...
Gabriel> O cara! O CARA Bruno. Não eu. E aqui pra nós... (me baixei no ouvido dele) eu que sou o gay... o cara é hetero... pelo menos até onde eu sei... então o despudorado não foi a bichinha louca aqui não... foi o machão pegador das gatas...
E sai com raiva dele... poxa... ele dá dois passos a frente e um pra traz... ainda escutei ele gritar...
Bruno> Desculpa Biel...
Poliana> Quem é Biel?
Bruno> Ah cala a boca guria!
E não escutei mais nada... cheguei perto de dona Aída... Ele me olhou e séria me perguntou...
Aída> Onde está o Guilherme ?
Gabriel> Minha amiga Juliana foi buscar ele... (falei rápido)
Aída> Melhor ele não está aqui... vamos... peça pra Maria nos ajudar a levar o pessoal para a sala de jantar... acho que tá na hora da surpresa da noite.
Meu estomago gelou! Se ela soubesse que aquela não era a única surpresa da noite!
Segui com dona Aída pra sala principal e a abrimos... Maria foi conduzindo o pessoal que estava por ali e todos entraram na sala de jantar, era uma sala enorme com uma lareira e nas laterais tinha grandes portas de madeira com vidro e cortinas fechadas que foram abertas ... e também as portas laterais que davam tanto pra varanda que estávamos como pra o outro lado da casa, o corredor que dá na cozinha.
As pessoas foram se chegando e dona Aída se sentou na mesa com a família dela e algumas pessoas que eu não conhecia... a maioria ficou em sofá, outros em pé e alguns nas portas bebendo e conversando. Era muito interessante a forma como Maria organizava tudo..
Aída> Gabriel vá aquecer a voz...
Balancei a cabeça e fui pra um local onde ela indicou... era um lavabo... olhei o espelho e vi minha cara apreensiva... lavei o rosto com água... eu estava uma pilha de nervos... onde estaria o Gui e a Marcela com o Denis e a Jú?
Não podia pensar naquilo... tinha que enfrentar um problema maior... cantar pras pessoas! Embora fosse um pouco diferente de quando eu cantei na inauguração da academia, pois lá tinha muito mais gente e eu cantei sem o piano que de alguma forma me dá apoio... ali tinha menos gente... mas não facilitava porque tinha mais música pra cantar. Era a lei dos pesos e contrapesos... sorri... e meu celular vibrou, olhei, mensagem: abri a mensagem
#Tudo vai dar certo meu anjo... estou contigo... mainha# aquela mensagem me ajudou a fazer o aquecimento vocal. Fiz o que a professora falou. E outros que eu sabia. Quando julguei ta pronto, sai do lavabo. Olhei pra todo lado e não vi o Gui... me virei e vi dona Aída me acenando... fui até ela...
Aída> Gabriel pode começar... vai ficar mais interessante se ele escutar lá de fora onde quer que esteja e venha ver o que é isso aqui... a surpresa será completa... (daí ela olhou meu rosto e perguntou) você está bem?
Gabriel> Estou muito nervoso! E com medo (admiti, mesmo sabendo que deveria mostrar mais maturidade, mas eu não ia mentir)
Então a vi sorrir pra mim naquela noite e falar..
Aída> Então é porque você respeita a música. E sabe o que está fazendo. O medo é a apreensão é o termômetro da nossa competência...
Sorri.
Aída> Vá lá e brilhe.
Aquilo me deu a força que eu precisava. E pensei simplesmente em dar o melhor de mim... não pra professora... não pra impressionar a família do Gui... nem pra mostrar a Marcela que eu tenho mais qualidades que ela... mas pra o Gui. Pra ser o presente dele... foi pra ele e por ele. Fui até a mesa de som e havia um rapaz lá que dona Aída simplesmente já tinha contratado pra cuidar... ele me falou que tava tudo ok e que eu precisava apenas ligar o microfone junto ao piano.
Então me sentei ao piano. Liguei o microfone. Respirei fundo... chegou a hora. No mesmo instante a conversa que ali se fazia cessou. Instantaneamente! O ambiente estava completamente em silencio... respirei fundo e quase me mal disse por ter escolhido uma música que iniciava-se apenas com minha voz... e o piano entra na segunda estrofe... mas fazer o que... sempre optei pelo difícil.
Daí mentalizei o Gui... o seu sorriso no canto da boca que me deixava derretido... sua imagem de homem forte... sua presença marcante. Sua voz muito grave, como um trovão quando tá bravo... e seu amor sublime, entregue... sem reservas.
Então soube que seria lindo.
(You Must Love Me – Madonna – Trilha Sonora de Evita)
Gabriel> Where do we go from here?
This isn't where we intended to be
(nesta hora começo a tocar o piano, só dedilhando)
Gabriel> We had it all
You believed in me
I believed in you
(e de forma mais intensa agora... fecho os olhos e idealizo o Gui escutando eu cantar... só eu e ele)
Gabriel> Certainties disappears
What do we do for a dream to survive
How do we keep all our passions alive?
As we used to do
(A voz tinha que ser elevada nesta passagem e dei tudo de mim... queria cantar com muita afinação e lembrei a primeira vez que o Gui me beijou...)
Gabriel> Deep in my heart
I'm concealing
Things that I'm longing to say
Scared to confess what I'm feeling
Frightened you'll slip away
(fechei os olhos)
Gabriel> You must love me
You must love me
(Quando os abri novamente vi o Gui na minha frente. Começa o solo de piano e o Gui estava na minha frente... seus olhos muito abertos... ele estava completamente admirado... assustado... olhava o piano e a mim como se me visse pela primeira vez naquele dia... pensei que minha voz ia falhar... ele estava emocionado... muito... vi em seus olhos e no sorriso que começou a se formar...)
Gabriel> Why are you at my side?
How can I be any use to you now?
Give me a chance
And I'll let you see how
Nothing has changed
(Ele sorriu muito agora e se recostou no piano... passava a mão por ele sem acreditar naquilo... a Jú estava na porta e fez sinal de positivo... então subi o tom)
Gabriel> Deep in my heart
I'm concealing
Things that I'm longing to say
(ele sorriu)
Gabriel> Scared to confess what I'm feeling
(e mordeu o lábio… senti que ele tava se emocionando muito)
Gabriel> Frightened you'll slip away
(fiz uma pausa longa)
Gabriel>You must love me
You must love me
(fechei os olhos... mas senti os dele em mim)
Gabriel> You must love me.
E terminei a primeira música!