MESA PRA TRÊS 2ª PARTE CAP 12 - NÃO MATEM O URSO II

Um conto erótico de Cookie
Categoria: Homossexual
Contém 2564 palavras
Data: 09/03/2016 00:29:11
Última revisão: 07/06/2016 12:09:37

2ª PARTE

CAPÍTULO 12

NÃO MATEM O URSO II:05

Gabriel sentiu aquele líquido quente rasgar sua garganta, virou para o lado e vomitou agressivamente tudo o que tinha comido aquele dia.

Mike se sentiu tonto, fechou os olhos forte e uivou erguendo o copo acima de sua cabeça.

Tom e Jorge, reagiram como se tivessem tomado um copo de água e numa ação conjunta bateram o copo vazio duas vezes na madeira do balcão. Os dois se entreolharam e imediatamente recordaram que essa era uma ação que costumavam fazer anos atrás quando repetiam a bebida.

- Eu não acho esse garçom aí vá saber que a gente quer mais. – Disse Jorge olhando para os olhos minúsculos de Tom. – Eles são muito jovens...

- Ou a gente que está velho demais. – Comentou Tom erguendo suas grossas sobrancelhas provocando um sorriso doce.

Jorge sentiu que aquela era a deixa perfeita para se começar uma conversa utópica, porém o som de ânsia e vômito vindo de Gabriel, quebrou sua linha de pensamento:

- Meu Deus Gabriel, você está bem!? – Olhou Jorge parecendo surpreso pelo estado de Gabriel, que não conseguiu falar ou olhar para ele, levantou então, com dificuldade, a mão direita e ergueu o polegar.

- Deixa, eu levo ele para fora - Se voluntariou Mike – Mas antes, meia dúzia de latinhas de cerveja por favor – disse ele para o garçom. – Você vai ter que tirar esse gosto da sua boca, né? – Comentou baixinho para Gabriel que possuía lágrimas nos olhos de tanto segurar o vomito.

- Isso, isso.... Vomita tudo! Coloca tudo para fora – Dizia Mike, que agora estava sentado atrás do bar, sobre uma pilha de tijolos localizado atrás de uma carroça cheio de feno, duas latinhas de cerveja estavam jogadas e vazias próximo ao seu pé. Gabriel, estava ajoelhado vomitando numa espécie de buraco longo e grande que parecia ter sido feito especialmente para situações com aquela. O buraco ficava próximo ao barranco, que resultava na maré. A noite parecia mais escura que o normal, o reflexo da lua singela refletia na água, mas Gabriel não percebeu nada disso.

22:15h

- Sabe que.... No meu primeiro porre eu vomitei assim também.... Foi vergonhoso, Aurélio riu muito de mim no dia seguinte.... Aquele filho da puta! Espero que Débora infernize a vida dele – Disse amassando a latinha e jogando no chão. - Cigarro? – Disse tirando uma carteira do seu bolso traseiro – Só não conta para o Jorge.... Ou conta, foda-se!

Gabriel ergueu a cabeça tentando falar alguma coisa.

- Oi? Quer alguma coisa? – Disse Mike tentando entender os sinais de Gabriel.

- E... Eu...

- Você o quê?

- Não é o primeiro... – Gabriel arriscava dizer algo, com uma voz que até ele estranhava

- Primeiro o quê?

- Porr...

- Porra?

- Porre! Caralho! – Gritou Gabriel – Esse não é o meu primeiro porre – Disse Gabriel numa voz afobada orgulhoso por conseguir completar uma frase inteira, mas vomitando novamente.

- Aaah sim! – Disse Mike, com um sorriso sádico no olhar. – Tá se sentindo melhor? – Perguntou Mike se levantando e admirando a vista dali.

- Pior que sim – Disse Gabriel agora sem fazer o esforço de antes para se pronunciar – Cadê aquela cerveja? – Perguntou se levantando.

- Ali perto do tijolo – Disse Mike sem desviar o olhar daquela imensidão preta, soprando a fumaça do cigarro – Alto aqui né? Você acha que se a gente cair daqui a gente morre? – Perguntou Mike erguendo os braços para sentir melhor a brisa que batia nele e fazia balançar as mangas de sua camisa.

Gabriel ainda sentia dificuldade para se posicionar eretamente, bebeu dois goles grandes da bebida que Mike tinha trazido e numa tentativa estranha de se desentortar soltou:

- Depende, você sabe nadar? –

- Sei não... Você sabe?

- Aham! – Respondeu Gabriel virando mais um gole, percebendo que a bebida estava realmente o fazendo se sentir melhor.

- Jura!?

- Perguntou Mike desacreditado.

Gabriel respondeu balançando a cabeça sem tirar a latinha da boca.

- Se eu pular daqui você tenta me salvar? - Perguntou Mike com tom desafiador.

Gabriel se afogou com a cerveja que tomava distraidamente.

- Você tá ficando louco?

- É só uma pergunta, eu não vou de fato pular... Mas eu quero saber se.... Caso eu caísse, assim, acidentalmente.... Você iria pular para me salvar?

Gabriel olhou sério para Mike e se aproximou do barranco para avaliar a altura e a água.

- Ia! – Disse ele.

Mike olhou para Gabriel demonstrando estar felizmente surpreso.

- Sério?

- Sim!

- Sério mesmo?

- Sim, quero dizer... esse barranco não é íngreme o suficiente para você cair direto na água, ou seja, você teria que rolar até lá..., mas... é, eu rolaria por você!

- Valeu! – Disse sorrindo – jogando a bituca do cigarro na água.

- Valeu você... pelas cervejas sabe... Tá realmente funcionando... Apesar de eu culpar você inteiramente por me deixar mal daquele jeito... – Disse Gabriel sorrindo e tomando mais um gole do restinho da latinha – Vou pegar mais uma, quer?

- Aham!

Gabriel deu uns seis passos até o casebre, tirou mais duas latinhas, percebeu o silencio bom daquele lugar, observou e reparou que não tinha ninguém ali, e admirou o contraste que aquele cenário fazia com o bar barulhento lá dentro. Quando ele tornou a virar para entregar a latinha a Mike, percebeu que ele não estava mais ali.

- Mike? – Chamou Gabriel ingenuamente. – Mike? – Gabriel tornou a chamar, arregalando os olhos dessa vez e assumindo a ideia e que Mike realmente estava se jogando! – Merda, Merda! Merda! – Mike! – Gritou ele se aproximando! – Mike! - Gritou mais uma vez sem ouvir resposta! Gabriel num ato de desespero e desentendimento consigo mesmo, se sentiu rapidamente culpado por Mike ter se jogado, afinal se ele dissesse que não sabia nadar, ele não teria se jogado. Gabriel jogou fora um tênis e rapidamente tirou outro, e quando estava prestes a se jogar, reparou que Mike o observava rindo ao lado de um morro de terra

- Você ia se jogar mesmo? – Perguntou Mike parecendo feliz!

Gabriel foi de preocupado à extremamente raivoso em milésimos de segundos, olhou para o chão e viu algumas pedras de barro perto dele, juntou-as então e começou a tacar em Mike.

- Seu – jogando um pedaço e errando – Filho... – Jogou outro pedaço e acertou na perna de Mike, que se defendeu colocando as mãos sobre a cabeça – da... puta! – Esbravejava Gabriel que jogava cada vez com mais forças as pelotas de terra que se desfaziam no corpo de Mike.

Mike riu quando sentiu Gabriel batendo no estômago e costas dele com força.

- Você quer mesmo me machucar? – Perguntou ele rindo, se deliciando com a raiva de Gabriel. – Você vai ter que bater mais forte – Mike se armou e segurou as duas mãos de Gabriel no ar que pareceu notar somente agora que era mais baixo que Mike. Gabriel finalmente parou de fazer força e tentar acerta-lo, olhou para aqueles olhos gigantes azuis, sentiu seu corpo trair seu cérebro.

- Consegue sair daqui? – Perguntou Mike, segurando-o pelos punhos, mostrando que não fazia muita força para segurar ele ali. – Consegue? – Repetiu Mike falando mais baixinho se aproximando lentamente de Gabriel, que permanecia em silêncio. – Você ao menos quer sair daqui?

Gabriel não sabia se fazia força para sair daquela posição ou se forçava seu corpo a rejeitar aquele loiro.

- Ele disse que me ama – Disse Gabriel bem baixinho, deixando a incerteza pairar no ar, não dando a entender quem era o destinatário daquela informação

- E você respondeu que o ama também? – Perguntou Mike suspirando de perto olhando vidrado tão de perto que Gabriel quase podia ver o próprio reflexo naquele azul céu.

Gabriel se atropelou nos compassos de sua respiração e não achou nada ali na sua cabeça além da verdade.

- Não... ma... mas não signific – e de repente já era tarde, sua língua já se encontrava com a dele, e seus braços agora estavam em sua cintura, o único som que ouvia era o das suas salivas sendo trocadas, o cheiro de terra que parecia sair do cabelo dele era envolvente, ele não queria abrir os olhos e enfrentar o erro que pensava estar cometendo, Gabriel pensou em forçar sua saída dali, entretanto ele não estava em condições de desafiar o próprio corpo, mas um barulho estrondeante de corpo caindo no chão o fez se desengatar da boca de Mike e virar-se para trás para ver o que estava acontecendo.

22:30h

Dois rapazes se embolavam ali perto deles, socando um ao outro com força.

- Jorge? – Estranhou Mike, esperando estar enganado.

- Meu Deus – exclamou Gabriel - Que isso?

Jorge e Tom, trocavam socos e cabeçadas, sem perceber que Mike e Gabriel estavam ali perto, ambos já estava com a boca e o nariz sangrando, como se já estivessem naquela briga muito mais tempo do que pareciam estar.

- Jorge para! – Gritou Gabriel tentando o puxar pelos ombros, inutilmente pois Jorge era forte demais, porém sentiu nele um forte odor de álcool que o fez ter náuseas novamente. – ele tá bêbado! Me ajuda Mike! – Gritou Gabriel olhando para Mike.

Mike correu até ali, tentando puxar Tom, o que pareceu estar tendo mais resultados que Gabriel com Jorge, mas Tom estava se esforçando para continuar ali naquele embate. – Vocês nã... eram amigos? – Perguntou Mike fazendo força para tirar Tom de baixo de Jorge.

- Aah! – Ergueu-se Jorge se levantando bruscamente, fazendo com que Gabriel fosse lançado ao ar e caísse com as costas no chão provocando um barulho desconcertante. Jorge de repente esqueceu que Tom estava ali, e virou para trás para ver se Gabriel estava bem.

- Gabriel, Gabriel.... Você está bem?

Gabriel sentia que suas costas estavam doendo, não tanto quanto fingia estar, mas percebeu que aquela situação fizera os dois pararem de brigar, então resolveu atuar mais um pouco.

- A... Ai.... Me ajuda a levantar? – Disse ela numa voz falsamente fraca.

- Claro! – Respondeu Jorge com empatia – Me descul...

Antes de completar a frase Jorge sentia em suas costas um grande empurrão o fazendo cair e rolar, Jorge caiu tão rapidamente que fez com que todo o impulso gerado por tanta energia o traísse, fazendo com que rolasse barranco abaixo também.

Os dois rolaram barranco abaixo por cerca de dez segundos, até Mike e Gabriel finalmente ouvirem o barulho de dois corpos caírem sobre a água.

- Você vai mesmo? – Perguntou Mike – Vo...vo...

Gabriel já tinha descido o barranco quando Mike ouviu ele gritar seu nome.

- Me ajuda! – Mike ouviu Gabriel implorar por ajuda e se jogou naquele amontoado de terra sem saber ao certo o que o esperava lá embaixo. Depois de sentir uma certa quantidade de adrenalina assustadora correndo pelas suas veias, uma parcela de racionalidade parecia que tinha o permitido repentinamente ver o que estava acontecendo. Jorge saía engatinhando da maré tossindo e com as vestes encharcadas, era inegável que o seu corpo todo estava todo encharcado, porém ele aparentava estar bem melhor que Tom, que era carregado com dificuldade por Gabriel para fora da maré.

- Aqui Mike! Aqui! – Gritava Gabriel. Mike seguiu em direção a ele correndo com o fôlego que ainda lhe restava, passou por Jorge e se certificou que ele estava bem. – Ele... Ele... Não está respirando.... Tá? Eu.... Eu... não sei o que fazer, eu não sei o que fazer! – Dizia Gabriel desesperado com metade do corpo molhado, olhando para Mike como se esperasse uma resposta tranquilizadora.

Gabriel estava num estado de pânico tão grande que não conseguiu se acalmar para ver se a barriga de Tom, estava se mexendo ou não. Ele havia assistido dois ou três filmes sobre respiração boca a boca, mas poderia dizer com certeza que não era a pessoa mais apta por isso, ele pensou em chamar Jorge, mas sabia que no estado de Jorge ele sabia que não poderia fazer muita coisa também.

Tom estava estático, frio e duro sobre o chão, seus olhos entreabertos causavam em Gabriel um frio que atravessa sua espinha, ele olhou para aquela barriga imensa e peluda e tentou se acalmar conferindo um movimento que seja, mas não conseguiu reconhecer qualquer sinal que houvesse ida naquele corpo.

- E... Ele... Ele não está respirando - gritou Gabriel – Ele não tá respirando!

Mike olhou para aquela cena e parou de ouvir qualquer som, olhou para Jorge e reconheceu que ele estava igualmente desacordado, aquilo o assustou de uma maneira, que ele sabia que nunca tinha se sentido na vida, se ele estivesse com qualquer sinal de consciência não se sentiria parcialmente conformado com aquela situação como era o caso. Ele tentou parecer calmo para Gabriel.

- Eu tenho um amigo, ele tem um carro, eu vou ligar pra ele. – Disse Mike, num tom frio e com os olhos lacrimejando.

Mike se afastou de Gabriel e ouviu sua própria voz trêmula.

Alô! Lucas?

1º/:30h

Lucas achou que já havia visto o cenário daquela cidade em algum de seus games apocalípticos, ou em algum clip pop, o sol estava amanhecendo e a cidade estava absurdamente suja, não havia uma alma viva naquele lugar, mas havia corpos jogados no chão próximo a garrafas transparentes de etiquetas vermelhas, corpos que ele olhava com a aparência preocupado de reconhecer alguém que conhecia ali. Ele checou novamente o celular para reler o endereço que tinha recebido, se tranquilizou e voltou seus olhos para a estrada, assustado e com medo de atropelar alguém que estivesse deitado no meio da rua.

O estacionamento daquele hospital estava lotado, muitas pessoas deveriam estar na mesma situação de Mike, ele supôs. Novamente ele checou o celular e pareceu se sentir estúpido pela sua terrível memória, a recepção do local estava horrendo e lotada, quem quer que estivesse no meio daquela gente parecia estar perdendo a paciência.

- Como assim você não sabe me dar uma resposta? O que está acontecendo porra!? – Gritava um homem grande e barbudo amassando um armário de um lado.

Em frente a ala três, havia um adolescente chorando falando ao telefone – Ele morreu, ele morreu... – se convulsionando entre seus soluços. Lucas procurou alguém pelos lados que o parasse ou que o explicasse o que estava acontecendo ali. Um grito saiu da sala ao corredor ao lado, assustando ele e mais três crianças que estavam passando por ali. Ligeiramente duas enfermeiras se dirigiram correndo para aquele quarto, fazendo com que sua curiosidade de saber o que estava ali fosse tão grande, que por um segundo ele se distraiu e se inclinou a segui-las, quando notou o número da ala ao lado. 31.

Mike se apoiava com os olhos fechados e o celular na mão direita sobre a maca com um enorme corpo sobre ela, numa cadeira ao lado um rapaz negro que parecia estar dormindo se equilibrava tortamente com suas roupas sujas de lama.

- Mike? – Disse Lucas em voz baixa, mas que fez Gabriel e Mike levantar a cabeça quase que automaticamente.

- Você chegou, você tá aqui! – Disse Mike lentamente, tentando se erguer e tropeçando no seu próprio banco de madeira.

- O que que aconteceu aqui? – Perguntou Lucas assustado.

- Olha, eu não tenho... desculpa, eu não tenho tempo para explicar isso agora.... Mas olha, eu preciso que você fique aqui

- Vamos, - apressava Gabriel

- Esse é o Tom! – Disse Mike com pressa saindo daquele quarto

- Pera, onde vocês estão indo? – Lucas pegou Mike pelo braço e olhou para ele sério. – Estamos indo para o hotel ver o Jorge... – Mike viu os olhos de Lucas se abrindo refletindo preocupação. – E.. Eu te explico depois, mas agora eu tenho que ir.- Disse Mike afobado se desprendendo.

Lucas virou a cabeça e viu que algo enorme se movia embaixo daqueles lençóis azuis.

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