- Do que tu e o Pi estavam falando? Eu não entendi nada, só ouvi vocês falarem em aposta.
- Ele apostou comigo que tu estarias dormindo, eu disse que não. Agora, ele vai ter que fazer uma dança cômica no dia do meu aniversário.
- Essa eu quero ver! – Ele disse rindo – Teus amigos da Guiana Francesa já deram resposta?
- Sim, alguns vão poder vir, outros não. Já esperava por isso!
- Que bom que alguns vão poder vir, não é?
- Verdade! Bom, mas o Jean-Jacques, que é meu melhor amigo de lá, vai vir. Isso já me deixou muito feliz!
- Jean-Jacques? Eu conheço?
- Eu te apresentei ele na época do nosso casamento.
- Sério? Não lembro! Na festa tu me mostras ele antes, tá? Não quero passar vergonha se ele vir falar comigo e eu não lembrar dele.
- Claro que tu vais lembrar dele, eu tenho uma foto ali, depois eu te mostro. E não esquece que ele vai passar uns dias aqui em casa...
- Ah, é ele?... O que falta para a festa?
- Muiiiiiiitaaaas coisas, eu ainda não consegui encontrar os barmans.
- E tu vais ter isso?
- Claro!
- Eu não gosto muito da ideia de ter um bando de homem semi pelado no aniversário do meu marido.
- Amor, isso é gogoboy. Barman é quem faz os drinks.
- Ah, é? Ah, se for assim tudo bem. O que mais falta?
- Falta só fechar o contrato com o DJ. Mas já está quase tudo certo. Falta também finalizar algumas coisinhas da decoração. Ah, e a lista de fantasias, não quero ninguém usando fantasia repetida.
- E por que não?
- Por que seria estranho!
- Hum... Por mim, tanto faz.
- Não, vocês me fizeram acreditar numa mega festa, agora, vai ter que sair essa mega festa. Quero tudo perfeito!
- Pra que eu fui dar essa ideia.... Isso tudo tá saindo quanto?
- Acho melhor a gente falar sobre isso depois.
- Antoine....
- O que foi? Não tenho culpa, foram vocês que quiseram a festa. – Eu disse tentando amenizar a situação.
- Essa festa tá saindo quanto, Antoine? – Ele disse sério.
- Uma bobagem, amor.
- Quanto?
- Algo em torno de 10-15 mil.
.
- O QUE? TÁ MUITO CARO! – Ele quase me joga da cama
- Au! – Eu disse passando a mão na minha cabeça, pois ele havia batido com a mão.
- Desculpa! – Ele passou a mão onde eu estava segurando – Antoine, isso tá muito caro!
- Mas nós não vamos pagar tudo, Papa e Maman estão ajudando.
- Mesmo assim, sou contra gastar tanto dinheiro em uma festa. Tem quanto convidados nessa festa?
- 150 – eu falei baixinho
- Não, muita gente! Vamos reduzir isso! Tu já enviaste todos os convites?
- Ainda não!
- Então, vamos analisar tudo. Amanhã tu me mostras o que vocês já tem e o que falta. Vamos reduzir o valor dessa festa.
- Mas, Bruno...
- Antoine, nós temos outras prioridades...
- Eu sei, mas...
- Nós temos que pensar no futuro da Sophie, e se acontece alguma coisa com a gente. Nós precisamos pensar em uma poupança para ela.
- Eu sei... – Eu disse triste, pois ele tinha toda razão.
- Não é pra ficar tristinho, ainda vamos fazer a festa, mas vamos ter que mudar algumas coisas. Tá muito caro, amor.
- Esse foi o menor orçamento que nós encontramos, Bruno.
- A Ange sabe disso?
- Sabe! Ela foi comigo avaliar as propostas das empresas. Tu achas que ela não iria? Ela economiza mais que tu!
- Não acredito que ela aprovou algo nesse valor.
- Esse foi o orçamento mais barato.
- E eu não quero nem saber o mais caro!
- Acredite, era beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem mais caro.
- Amanhã vamos ver isso!
- Tudo bem!
- E o restaurante? Como anda?
- Está tudo caminhando. Já estamos com um local para comprar. Assim que comprarmos, nós começamos a construção.
- Tá vendo, mais um motivo para economizar no aniversário. Tu ainda tens os gastos com o restaurante. E aí sim, os gastos são altíssimos.
- Verdade!
- Vocês estão comprando o terreno por quanto?
- O dono pediu 140 mil.
- É bem localizado?
- Sim! Fica em um dos bairros centrais.
- Então, isso foi um achado.
- Foi, sim! Por isso nós estamos querendo comprar logo, antes que apareça outro comprador e passe na nossa frente.
- Mas já não está tudo certo?
- Sim! Mas tu já viste como esse povo é, né? Basta oferecer mil a mais que eles trocam de comprador rapidinho.
- Isso é verdade.
- E lá no hospital, como andam as coisas?
- Uma loucura! Não sei se vou ficar muito tempo como chefe da oncologia. Eu não tenho tempo pra mim, para a minha família. E agora, eu quero ter tempo para acompanhar o crescimento da Sophie. Ultimamente, eu saio e ela está dormindo e eu chego idem. Quase não vejo minha filha. Eu não quero ser um pai ausente, não quero ser como meu pai.
- Amor, tu nunca me falas nada sobre a tua família.
- Não vale a pena falar deles. Não quero atrair coisa ruim pra nossa vida.
- Eu não sei nem quantos irmãos tu tens. Tu me falaste uma vez superficialmente.
- Eu tenho dois irmãos homens e uma mulher.
- Tá vendo, eu nem lembrava disso.
- Eles moram em Belém e não querem nenhum contado comigo.
- Eles nunca entraram em contato contigo, amor?
- Não! Mas fácil eles morrerem do que me pedir ajuda para algo. E por vontade própria é que eles não viriam falar comigo mesmo.
- Eles sabem que tu estás bem?
- Não sei! Depois que eu sai de casa, não falei mais com eles.
- Quem foi na tua formatura?
- Ninguém! Eu sempre fui sozinho, talvez por isso eu tenha tido aquela história com o Jean. Eu me sentia sozinho, queria alguém para dividir a vida comigo. Eu acabei me sujeitando a muita coisa para manter a relação com o Jean em pé. Até... até tu apareceres. Tu foste um sopro de vida em mim. Contigo eu me sinto em família, tua família é minha família. Contigo eu encontrei tudo o que eu sempre sonhei.
- Ai, amor, eu não gosto quando tu falas assim...
- Assim como?
- Que tu vivias sozinho, que tu tiveste que aturar aquela bicha quenga louca do Jean...
- Atah, eu pensava que tu não gostavas que eu falasse que tua família é a minha, que tu me devolveste a vida.
- Não, bobo! Eu amo quando tu falas isso! Eu amo ver tua relação com nossa família. Maman e Papa te consideram um filho.
- E eu os considero os pais que eu não tive. Por isso, eu quero ficar mais tempo em casa. Eu quero ser tudo para a Sophie o que meu pai não foi para mim. Eu quero orienta-la, quero guia-la pelo melhor caminho, sempre respeitando as escolhas que ela fará.
- Nossa filha é tão amada, né?
- Verdade! Todo mundo gosta demais dela.
Eu já estava começando a sentir meus olhos pesarem.
- Amor, quem será o namorado do Pi?
- Tu és muito curioso, mozão.
- Sou mesmo! Não, eu estava pensando... tem que ser alguém que fale francês, né? Por que o português do Pi é péssimo. Agora, onde ele foi arranjar alguém que fale francês?
- Sei lá, o pessoal nessa cidade é tudo bobo por causa de vocês. Se tu falas que tu és francês, todo mundo quer falar francês contigo. Deve ter sido fácil para ele.
- Não é assim, não. As pessoas não falam francês assim, elas se encantam pelo fato de ser “europeu”, mas falar, falar mesmo, elas não falam, não.
- Mas é fácil encontrar alguém que fale francês aqui, amor. Muita gente estuda essa língua.
- É verdade! – Eu disse bocejando
- Chegou o soninho?
- Acho que sim...
- Então, vamos ficar quietinho pra gente dormir logo.
Ele me abraçou gostoso e nós ficamos em silêncio, adormecemos rapidinho. No dia seguinte, quando eu acordei, Bruno já havia saído para trabalhar. Todo dia estava sendo assim, eu não o via de manhã e à noite ele chegava tão cansado que quase nem falávamos. Eu o entendia e não ficava cobrando a presença dele, não depois de tudo o que ele havia feito por mim. Se ele tinha trabalho acumulado, é por que minha doença fez ele parar de trabalhar para cuidar de mim.
- Bom dia, dona Cacilda!
- Bom dia, seu Antoine!
- O que a senhora está aprontando aí? Tá um cheiro bom demais na casa.
- Estou fazendo bolinho de chuva e bolo de chocolate por que seu irmão vem hoje para cá.
- Ele vem? Não estou sabendo!
- Sua mãe ligou ainda pouco e pediu para eu lhe avisar que eles vem aqui.
- Atah! Bom, deixa eu fazer a mamadeira da Sophie, daqui a pouquinho ela acorda.
- Ela tá tão linda, né?
- Verdade, nossa menina tá cada dia mais linda!
- Eu não me arrependo nem um minuto da minha decisão, seu Antoine. Ela está tão bem com vocês.
- Eu serei eternamente grato a senhora por ter me dado o melhor presente da minha vida. Bom, deixa eu fazer logo essa mamadeira que quando ela acordar vai ser aquele berreiro.
Eu preparei a mamadeira e logo subi para o quartinho dela. Ao chegar lá, ela já estava acordada e toda mocinha no berço. Não estava chorando.
- Bom dia, meu amor! Olha só como ela tá mocinha, nem chora mais.
Eu dei a mamadeira, dei o banhinho dela e ela ficou toda arrumadinha e cheirosa. Eu a levei para a sala de jantar e a coloquei na cadeirinha dela, eu precisa tomar meu café. Após todos aqueles afazeres matinais, eu fui terminar a organização do meu aniversário, minha missão agora era reduzir gastos e tentar fazer uma mega festa, o que seria bem difícil.
Eu fui revendo e fui cortando algumas coisas que não seriam tão importantes, eu também já fui reduzindo a lista de convidados. Os que falaram que não compareceriam, eu cortei, é claro. Mas, eu também cortei muita gente que eu ainda nem tinha enviado o convite. Dona Iolanda ia querer a morte, pois ela teria que reestruturar tudo.
- Bonjour! – Pi disse sentando ao meu lado no sofá
- Bonjour! Acordando tarde, é?
- Pois é, ontem eu fui dormir tarde.
- Deixa eu adivinhar, falando com o namorado?
- É! – Ele disse com um sorriso de orelha a orelha.
- Será que alguém está apaixonado?
- Possivelmente!
- Tudo certo para hoje a noite, né?
- Sim! Ele disse que vem!
- Ai que bom! Não me aguento mais de curiosidade.
- Vocês vão ama-lo.
- Tomara! Senão, cancela o namoro! – Eu disse brincando
- Vai nessa!
- É sério mesmo, Pi? Vocês já...
- Já??
- Já...
- Já o que, Antoine?
- Ai, deixa de ser bobo! Vocês já transaram?
- Não, ainda não!
- Vocês estão há muito tempo juntos?
- Bom, nós conversamos há alguns meses, mas juntos mesmo só estamos há um mês e meio, quase dois, na verdade.
- E nesse tempo vocês ainda não transaram?
- Não! É meio complicado...
- Complicado? Por que seria complicado?
- É que eu sou o primeiro cara dele, entende?
- Mentira?
- Sério!
- Ai, Pi, isso só faz a coisa ficar ainda mais especial. Que legal!
- Tu achas?
- Claro que sim! A gente nunca esquece o nosso primeiro cara... Tu estás feliz né, primo?
- Tô! Tô muito feliz! Há muito tempo eu não me sentia assim, agora eu sei que meu lugar é aqui. Eu não quero mais voltar para a França.
- Mas tu não falas isso só por causa do namorado novo não, né?
- Não, claro que não! Eu sinto isso desde quando eu cheguei aqui. Aqui, eu tenho uma família de verdade, tenho amigos. Tá certo que são mais teus amigos do que meus, mas eu já os considero amigos. Tenho quatro irmãos que sempre cuidam de mim, principalmente os dois mais velhos.
- E não te cuida pra tu veres o que a gente faz.
- Parece bobagem, mas eu gosto quando tu e o Bruno falam assim. Em Paris eu não tinha isso... – Ele foi ficando tristinho
- Tinha a Jeanjean!
- Nós sempre fomos muito próximos, muito amigos, mas ela não é como vocês. Tanto é que ela fez o que fez.
- Pi, tu tens raiva dela?
- Raiva, não. Mas, eu tenho uma enorme decepção. Ela nem me ligou pra saber como eu estava, Antoine. Até hoje ela nunca perguntou por mim.
- Ela sempre pergunta de ti para mim.
- E o que adianta? Era para ela perguntar para mim, dá próxima vez diz que eu morri, quero ver se ela vai fazer algo.
- Credo, Pi! Não fala bobagem! E para mim, esse teu sentimento aí parece mais com raiva.
- Eu posso ter um pouquinho de raiva, sim. Acho que eu tenho até raiva da Maman. Ela era outra que poderia ter feito algo por mim além de prender minhas malas no aeroporto.
- Eles vão se arrepender do que fizeram, Pi. E quando isso acontecer, o que TU vais fazer?
- Eu vou estar aqui, se quiserem falar comigo, é só vir aqui. Mas, uma coisa eu já deixo bem claro, não adianta elas quererem pedir para eu voltar para França. Meu lugar é aqui!
- Eu fico feliz em saber que tu queres ficar aqui com a gente, mas eu também fico triste por tu não quereres mais voltar.
- Não, mas tu não tens que ficar triste por eu não querer voltar, não. Tu não tens culpa de nada! Eles é que são uns imbecis e não percebem o que EU quero de verdade.
- Não fala assim deles, Pi. Eles são a tua família.
- Não, não. Vocês são a minha família, aquilo não pode ser chamado de família. Família não faz o que fizeram comigo. Bom, mas vamos parar de falar sobre isso. Nós estávamos falando de coisas alegres, felizes.
- É verdade!
- O que tu estás fazendo aí?
- Reorganizando o aniversário.
- Mas de novo?
- É, o Bruno quer cortar alguns gastos...
- Tá muito caro?
- A festa toda estava saindo em torno de 16 mil reais, eu vi agora.
- E vocês não tem tudo isso?
- Ter a gente tem, até por que meus pais vão ajudar. Mas, nós estamos pensando na Sophie, sabe? Nós temos que começar a montar uma poupança para ela, tem o restaurante, tem várias outras coisas que são mais importante que uma festa de uma noite só.
- Eu posso ajudar!
- De jeito nenhum! Teu dinheiro é para comprar a tua casa. Eu fiz uma redução aqui, e caiu para 12 mil. Acho que ele aprova esse orçamento.
- Mas eu posso ajudar, seria meu presente.
- Nem pensar, Pierre! Se fizeres isso eu ficarei com muita, muita raiva de ti.
- Mas é a tua festa, e não é uma festa de uma noite só, é uma festa para comemorar a tua vida.
- A minha vida é comemorada quando eu olho para minha filha, para o meu marido, pra ti, para toda a minha família, para os meus amigos e vejo vocês felizes.
- Esse Bruno é um estraga prazeres!
- Não é, não. Ele só enxergou além. Casamento é assim, Pi. A gente aprende a escutar, aprende a ter paciência para pelo menos tentar enxergar da mesma forma que a pessoa está enxergando. Tenta sempre chegar a um equilíbrio.
- Falando em Bruno, onde ele está?
- No hospital!
- Atah! Tu já tomaste café?
- Já! Toma logo lá o teu e vem pra cá pra gente rever algumas coisas do restaurante.
- Tá bom!
Pi tomou o maravilhoso café que dona Cacilda tinha preparado e nós fomos rever algumas coisas do restaurante. À tarde, Maman e o Gui vieram em casa ver a Sophie e o Gui se esbaldou no bolo que a dona Cacilda tinha feito para ele. Eles não demoraram muito, pois Maman tinha um compromisso com as amigas.
Finalmente a noite chegou, Pi já estava todo bonitinho vestido de cozinheiro e já estava adiantando o jantar quando o Bruno chegou.
- Oi, amor! – Ele me abraçou e me beijou
- Oi! Como foi o dia?
- Horrível! Pensava que nunca iria acabar. Cada dia eu desejo mais e mais abandonar esse cargo. Eu quase nem vejo meus pacientes, é tanta burocracia... não tenho paciência para isso.
- Amor, faz aquilo que vai te fazer feliz.
- E é exatamente isso que eu estou pensando em fazer. Bom, mas eu vou lá tomar um banho e tentar relaxar um pouco. Já volto, meninos!
Ele subiu as escadas.
- Pi, eu vou te deixar sozinho um pouquinho, tá? Deixa eu ir lá ver como ele tá, ele não tá com uma carinha muito boa.
- Claro, vai lá com ele.
Eu subi as escadas e ao chegar no quarto ele estava deitado sem camisa na nossa cama.
- O que foi, amor? – Eu sentei ao lado dele
- Ai, só problemas naquele hospital. – Ele respirou fundo
- Queres que eu faça uma massagem?
- Ai, eu quero!
- Então, tu tomas primeiro banho e ai a gente faz a massagem, tá?
- Tá! – Ele demorou a se levantar e ir ao banheiro, ele estava realmente muito cansado
Ele tomou o banho dele e veio do banheiro só de cueca.
- Deita aqui, amor. De costas para mim. – Ele fez o que eu pedi
Eu coloquei uma musica instrumental bem tranquila e peguei um óleo maravilhoso que eu havia trazido de Paris ainda e passei em toda a costa dele, nas pernas e nos braços. Eu comecei a fazer a massagem e eu pude confirmar, ele estava muito tenso mesmo. Eu fiz a massagem e quando eu terminei ele havia até dormido. Como ainda estava cedo para o jantar, eu deixei ele dormir um pouquinho. Eu só fui chama-lo quando eu comecei a me arrumar.
- Amor!- Eu fazia carinho nele – Amor, acorda!
Eu o chamei calmamente e fiz carinho até ele acordar.
- Tá melhor?
- Nossa, muito melhor! Eu me sinto leve.
- Que bom! Tu tens que te arrumar para o jantar.
- Que horas são?
- 20h30.
- Já? Eu dormi quanto tempo?
- Uma hora. Vem, vamos nos arrumar.
Nos arrumamos e descemos. Ao chegar na sala, eu pude perceber que o Pi estava bem nervoso. Ele andava para um lado e para o outro, arrumava as mesmas coisas várias vezes, ia e vinha da cozinha. Quando o interfone tocou, ele até levou um susto. Ele foi atender o namorado e Bruno e eu ficamos esperando na sala.