(Olhei a plateia e ví o Danilo... tá ai... era uma música pra ele!)
Gabriel> Ele queria sair para ver o mar (fechei os olhos) E as coisas que ele via na televisão
(Eu queria era esta no mar agora... com o Gui, pelo menos não enfrentaria tanto problema.)
Gabriel> Juntou dinheiro para poder viajar (abri os olhos e vi o Gui fixo em mim) De escolha própria, escolheu a solidão
(Realmente o Danilo era o carinha da música!)
Gabriel> Comia todas as menininhas da cidade (fiquei vermelho - inevitável) De tanto brincar de médico, aos doze era professor.
(mais pessoas se juntaram ao pé do palco... e vi o Gui pegar um banco alto... e ele subiu no palco e me colocou pra sentar... depois se retirou e ficou na lateral com a Jú e o Bruno)
Gabriel> Aos quinze, foi mandado pro o reformatório Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror.
(o apresentador foi lá... acho que pra tirar ele, mas eu não podia olhar o que tava acontecendo... nossa... era um faroeste ali...)
Gabriel> Não entendia como a vida funcionava Discriminação por causa da sua classe e sua cor
(se bem que era o próprio Danilo que discriminava... concentra Biel, concentra!)
Gabriel> Ficou cansado de tentar achar resposta E comprou uma passagem, foi direto a Salvador (o Danilo veio pra o pé do palco... Deus...)
Gabriel> E lá chegando foi tomar um cafezinho E encontrou um boiadeiro com quem foi falar (seu sorriso era debochado)
(Dei de ombros e tentei não me influenciar por ele... tinha uma enorme música pra vencer... sem errar a letra! Mas seria difícil... principalmente com o Danilo ali...)
Gabriel> E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem
Mas João foi lhe salvar
(o Danilo fazia cara de quem iria me matar...)
Gabriel> Dizia ele: "Estou indo pra Brasília
Neste país lugar melhor não há
(eu o olhei e de forma desdenhosa, confesso, cantei)
Gabriel> Tô precisando visitar a minha filha (meu olhar era de sarcasmo)
Eu fico aqui e você vai no meu lugar"
Gabriel> E João aceitou sua proposta E num ônibus entrou no Planalto Central
(O Danilo passava a mao pela borda do palco... e dava socos pequenos ali... imaginei que ele tava tentando me desconcentrar... coitado... ele ia ver o que era cantar!)
Gabriel> Ele ficou bestificado com a cidade Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal
(Eu apontei pra ele e cantei... como se eu tivesse dizendo que era ele o personagem da música... parece que ele percebeu, pois fez uma cara!)
Gabriel> "Meu Deus, mas que cidade linda, No Ano-Novo eu começo a trabalhar"
(O Gui chegou na borda do palco... e o Danilo olhou pra ele e se retirou... Gente que coisa chata, além de me preocupar em cantar...)
Gabriel> Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro Ganhava cem mil por mês em Taguatinga
(tinha que me preocupar em evitar uma guerra! Ô FAROESTE!)
(Evitado o conflito o Gui voltou pra lateral e eu meio débil continuei aquela epopéia certo de que não poderia fazer outra coisa...)
Gabriel> Na sexta-feira ia pra zona da cidade Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
(olhei rapidamente pra onde o Gui ia e a Patricia havia subido, não sei como... fiquei de bravo... ela não desiste?)
Gabriel> E conhecia muita gente interessante Até um neto bastardo do seu bisavô
Gabriel . Um peruano que vivia na Bolívia E muitas coisas trazia de lá
Gabriel> Seu nome era Pablo e ele dizia Que um negócio ele ia começar
(tentei mais uma vez me concentrar apenas na música, mas coisas vinham na minha mente... involuntárias... o fato de eu estar ali cantando ser uma armação da Jú, com certeza, o fato do Danilo estar no meu pé...)
Gabriel> E o Santo Cristo até a morte trabalhava Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
(o fato do Hugo ter ido atrás de mim na escola e depois forçado a barra na padaria... a descoberta da voz do telefonema no celular do ladrão...)
Gabriel> E ouvia às sete horas o noticiário Que sempre dizia que o seu ministro ia ajudar
(Respirei fundo... que caos era minha vida... parecia muito que eu estava num fogo cruzado!)
Gabriel> Mas ele não queria mais conversa E decidiu que, como Pablo, ele ia se virar
Gabriel> Elaborou mais uma vez seu plano santo (imprimi um tom mais alto) E sem ser crucificado, a plantação foi começar.
(e senti um arrepio... olhei do lado... o Gui tava sorrindo... gente, ele sorria o tempo todo pra mim... era incrível o poder que ele tinha de me tranquilizar...)
Gabriel> Logo logo os maluco da cidade souberam da novidade: "Tem bagulho bom ai!" (o “boi ai” é uma pegadinha da letra da música... tinha que ser cantada junta, e eu cantei... não sei como mas lembrei... o som fica como se tivesse dizendo boy)
Gabriel> E João de Santo Cristo ficou rico E acabou com todos os traficantes dali
Gabriel> Fez amigos, frequentava a Asa Norte E ia pra festa de rock, pra se libertar
Gabriel> Mas de repente
Sob uma má influência dos boyzinho da cidade
Começou a roubar.
(Então respirei fundo...)
Gabriel> Já no primeiro roubo ele dançou E pro inferno ele foi pela primeira vez
(Era o rock mais puxado! Senti-me forte naquele momento e como uma variante que a música pedia... imprimi o terror)
Gabriel> Violência e estupro do seu corpo "Vocês vão ver, eu vou pegar vocês"
(E pela segunda vez naquele dia eu cantei como os cantores de rock... com atitude... me levantei... e com o queixo erguido, uma perna firme e a outra no compasso da música, cantei)
Gabriel> Agora o Santo Cristo era bandido Destemido e temido no Distrito Federal Não tinha nenhum medo de polícia Capitão ou traficante, playboy ou general
(Do grito alto a música muda e fica repentinamente suave... é a introdução pra inquietação cessar e vir de forma doce retratar aquele parte...)
Gabriel> Foi quando conheceu uma menina E de todos os seus pecados ele se arrependeu
(de forma doce cantei aquela parte... fechei os olhos...)
Gabriel> Maria Lúcia era uma menina linda E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu
(era uma parte que sabia decorada... e me envolvi pela música...)
Gabriel> Ele dizia que queria se casar E carpinteiro ele voltou a ser
Gabriel> "Maria Lúcia pra sempre vou te amar E um filho com você eu quero ter"
(era lindo a poesia... mas eu sabia do que vinha adiante... então abri o olhos e e esperei a pausa maior da música pra poder cantar... cantar fervorosamente)... (eu estava exausto! Exausto... e eu acho que o próprio Renato Russo fez aquela pausa pra poder respirar... tomar uma água... coçar alguma parte do corpo que tivesse coçando nos últimos milhares de estrofes cantadas, pra poder se preparar pra mais outros milhares... rezei pra alguém apertar no resumo do controle e encerrar a música ali e a nota sair apenas do cantado até o momento... mas não aconteceu...)
(respirei fundo- vamos que vamos!)
Gabriel> O tempo passa e um dia vem na porta Um senhor de alta classe com dinheiro na mão (gritando) E ele faz uma proposta indecorosa E diz que espera uma resposta, uma resposta do João
(respirei fundo... MEU DEUS TERIA QUE CANTAR MESMO AQUILO? Lia antecipadamente... fazer o que... tenho que mergulhar de cabeça!)
Gabriel> "Não boto bomba em banca de jornal Nem em colégio de criança isso eu não faço não E não protejo general de dez estrelas Que fica atrás da mesa com o CU na mão (minhas faces em brasa!)
(a platéia gritou... eu fiquei com medo que atrapalhasse na contagem dos pontos e fiz sinal de silencio... e eles calaram!)
Gabriel> E é melhor senhor sair da minha casa Nunca brinque com um Peixes de ascendente Escorpião"
(olhei pro Gui ele estava gargalhando de minha cara vermelha! Ai Deus que raiva deu dele... aquele escorpião que adora tirar onda...)
(Olhei pra a Jú e ela tava louca da vida com o Guilherme que ria de mim... voltei pra letra... iria desconcentrar se continuasse a notar tudo a volta...)
Gabriel . Mas antes de sair, com ódio no olhar, o velho disse:
"Você perdeu sua vida, meu irmão" (rasgando a voz, meio malandro cantei)
(pra voltar a doçura inicial da música)
Gabriel> "Você perdeu a sua vida meu irmão Você perdeu a sua vida meu irmão
Gabriel . Essas palavras vão entrar no coração Eu vou sofrer as consequências como um cão"
(Eu que iria sofrer as conseqüências como um cão! Só queria ver no final...)
Gabriel> Não é que o Santo Cristo estava certo Seu futuro era incerto e ele não foi trabalhar
(minha curiosidade sempre foi um problema pra mim... não resisti e desviei os olhos do monitor e vi o Danilo entrando na porta lateral que dá pra o andar superior onde eu e a Jú o filmamos... ele ia só!)
Gabriel> Se embebedou e no meio da bebedeira Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar
(me virei pra Jú e tentei avisar com a cabeça... mas ela tava sem entender...)
Gabriel> Falou com Pablo que queria um parceiro E também tinha dinheiro e queria se armar
(fiquei intrigado... o que será que ele iria fazer?)
Gabriel> Pablo trazia o contrabando da Bolívia E Santo Cristo revendia em Planaltina
(mais uma pausa da música pra poder voltar pra veia rock pesado... essa música iria acabar com minhas cordas vocais... definitivamente, fora que os acontecimentos paralelos me fazia enlouquecer de curiosidade...)
Gabriel> Mas acontece que um tal de Jeremias, Traficante de renome, apareceu por lá
(a plateia tentava cantar junto... algumas partes... eu achava incrível o poder daquela música... agente nunca consegue saber ela toda... mas sabe o suficiente pra arriscar cantar)
Gabriel> Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo E decidiu que, com João ele ia acabar
(olhei pra cima pra ver se via o Danilo em algum lugar...)
Gabriel> Mas Pablo trouxe uma Winchester-22 E Santo Cristo já sabia atirar
(ATÉ QUE UMA SINCHESTER-22 não era tão mal naquele momento...)
Gabriel> E decidiu usar a arma só depois Que Jeremias começasse a brigar
(Respirei...)
Gabriel> Jeremias, maconheiro sem-vergonha Organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar
(A voz já saia meio analazada... mas agüentei firme! Faltava pouco!)
Gabriel> Desvirginava mocinhas inocentes Se dizia que era crente mas não sabia rezar (aquele era o Hugo... bem que ele poderia dar cabo do Danilo, pensei)
Gabriel> E Santo Cristo há muito não ia pra casa E a saudade começou a apertar
Gabriel> "Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia Já tá em tempo de a gente se casar"
(e a música fica novamente lenta... meu humor também estava oscilando...)
Gabriel> Chegando em casa então ele chorou E pro inferno ele foi pela segunda vez
(Era só um paleativo, porque...)
Gabriel> Com Maria Lúcia Jeremias se casou E um filho nela ele fez
(com mais uma pausa... nesta eu engoli a seco e minha garganta já queimava... vamos pro grito... eu estava em fase crítica já)
Gabriel> Santo Cristo era só ódio por dentro E então o Jeremias pra um duelo ele chamou
Gabriel> Amanhã às duas horas na Ceilândia Em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou (quase sem ar)
(tomei o fôlego! Senti uma fisgada do lado direito da garganta...e a veia inchar)
Gabriel> E você pode escolher as suas armas Que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor
(me preparei pra uma frase de métrica difícil... quase poderia errar e sair do tom...)
Gabriel> E mato também Maria Lúcia Aquela menina falsa pra quem jurei o meu amor (essa aqui, mas deu tudo bem...)
Gabriel> E o Santo Cristo não sabia o que fazer Quando viu o repórter da televisão
(olhei pro lado e não vi o Gui...)
Gabriel> Que deu notícia do duelo na TV Dizendo a hora e o local e a razão
(não vi o Bruno, muito menos a JÚ!)
(gritei mais pelo medo de onde eles poderiam estar do que pela necessidade da música... embora que fosse a hora do rock mesmo!)
Gabriel> No sábado então, às duas horas, Todo o povo sem demora foi lá só para assistir
(Eu mesmo estava procurando em todo lugar onde estava aqueles três... olhei pra o local onde o Danilo entrou e não vi ninguém... mas a porta tava aberta!)
Gabriel> Um homem que atirava pelas costas E acertou o Santo Cristo, começou a sorrir
(Senti toda a confusão mental que se instalou em mim... um frio na espinha...)
Gabriel> Sentindo o sangue na garganta, João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir (olhei pra esquerda, direita... pra o fundo do ginásio... pra cima... nada... cadê eles?)
Gabriel> E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e A gente da TV que filmava tudo ali
(lembrei do olhar que o Gui fez pra o Danilo)
Gabriel> E se lembrou de quando era uma criança E de tudo o que vivera até ali
(Deus cadê esse povo?)
E decidiu entrar de vez naquela dança "Se a via-crucis virou circo, estou aqui"
(eu que estava numa via-crucis!)
Gabriel> E nisso o sol cegou seus olhos E então Maria Lúcia ele reconheceu
(eu tentei encontrar a Patricia e ela não estava também... procurei o Adriano e este sumiu... gente eu estava já apreensivo!)
Gabriel> Ela trazia a Winchester-22 A arma que seu primo Pablo lhe deu
(Respirei fundo... tinha que terminar aquele martírio pois outro já se instalava no meu coração...)
Gabriel> "Jeremias, eu sou homem. coisa que você não é E não atiro pelas costas não
(Mais palavrão... era hoje o dia! pensei)
Gabriel> Olha pra cá filha-da-puta, sem-vergonha (assuvios e uivos... vermelho novamente) Dá uma olhada no meu sangue e vem sentir o teu perdão"
Gabriel> E Santo Cristo com a Winchester-22 Deu cinco tiros no bandido traidor
(vi uma pessoa andar pela lateral do palco, parecia a Patricia... quando ia me virar eu resisti, não lembrava da letra... tinha que ler)
Gabriel> Maria Lúcia se arrependeu depois E morreu junto com João, seu protetor
(quando olhei já era tarde... agora sim... estava com medo de tudo!)
Gabriel> E o povo declarava que João de Santo Cristo Era santo porque sabia morrer
(o pessoal começou a assoviar... e o barulho era enorme... fiquei mais nervoso ainda...)
Gabriel> E a alta burguesia da cidade Não acreditou na história que eles viram na TV
(suspirei no meio tempo e continuei pra o final)
Gabriel> E João não conseguiu o que queria Quando veio pra Brasília, com o diabo ter
(procurei com os olhos mais uma vez e não os vi... desisti... já ia acabar mesmo... e entao... cantei)
Gabriel> Ele queria era falar pro presidente Pra ajudar toda essa gente que só faz...
Gabriel> Sofrer... (gritei e foi um grito de redenção... de libertação!)
E do nada senti braços me levantarem... o público gritava delirante... em pé... e o Gui me segurando bem alto gritava meu nome... Ele me pegou, de surpresa pela cintura... me levantou no ar... veio de trás... ele estava atrás de mim!
O Gui me pôs no chão e era emocionante o olhar dele... lembro até hoje... seus olhos muito negros me olhavam com carinho, com amor... mas também com admiração. Se estivéssemos sós ele teria me beijado com paixão... sentia o que ele queria. Nem precisava ler seus pensamentos... A Jú e o Bruno vieram... o apresentador também...
Apresentador> Vamos organizar não é? Não precisam ficar aqui...
Bruno> Fica na tua tampinha que nós somos professores... e professor faz o que bem entende na escola, valeu?
Eu sorri do jeitão Bruno de resolver as coisas e a Jú falou...
Jú> Pensei que estaríamos perdidos depois que pediram esta música... mas ninguém contava com minha arma secreta! Você!
O Gui falou...
Guilherme> Eu sei que está apreensivo e cansado... mas aguenta Biel que só falta uma...
Jú> E esta você escolhe...
Gabriel> Eu iria escolher Your Song, gui... mas a Juliana não pôs Elton Jonh na minha cartela...
Jú> Foi mal... tinha um plano pra arquitetar... não tinha tempo de lebrar de todo mundo que você canta né?
Rimos...
Apresentador> Agora vamos Gabriel, encerramos esta rodada de escolha de músicas...
Os meninos se despediram de mim e foram pro lado...
Apresentador> Cada um escolhe a sua...
O competidor 1 escolheu “É uma partida de futebol” do Skank
O competidor 2 escolheu “Epitáfio” Tintãs... eu amo essa música!
O competidor 3 escolheu “Catedral” Zelha Duncan
E eu, escolhi...
Gabriel> Quero cantar o “pout pourri” dos Engenheiros do Hawai...
Todos me olharam assustados...
Jú> Pensei que escolheria outra música... tipo, Mariah Carey, ou a Witney Hilston... Adele!
Eu olhei pra o Gui e o brilho nos olhos dele indicava o que eu realmente queria... o que pensava e o que planejava...
Gabriel> É engenheiros... e o “pout pourri” de três musicas ok...
Apresentador> Você sabe que fica um nível mais elevado não é? Tipo, serão condensadas três músicas dos Engenheiros pra você cantar... e você só pode escolher a primeira, pois as outras duas vão no automático...
Eu sabia, mas o que eu queria era cantar não pra gincana, mas sim para o Gui...
Gabriel> Tenho pontos de sobra... não tirei um 98,00; um 100,00 e um 100,00 agora? Tenho pontos de sobra!
Jú> Gabriel! Não brinque!
Sorri... era minha revanche... mas, nem seria uma revanche contra ela, porque eu amo os Engenheiros do Hawai... Certo. Comecemos então... Eu seria o ultimo... mas estava feliz... fiquei do lado do Gui e ele tocou meu ombro...
Guilherme> Obrigado.
Disse apenas, mas eu sabia que ele estava agradecendo por cantar pela primeira vez uma banda que eu sabia que ele amava. E eu amava também...
As apresentações foram boas... também as músicas eram fácies... embora mesmo assim não tenham tirado tanta nota. Mas cumpriram o papel e melhoraram um pouco a média... eu estava nervoso novamente, pois cantaria uma banda que o Gui era fã. Ele não se cabia em si... estava o tempo todo me falando como eu deveria proceder... que eu não deveria ficar nervoso... que eu aquecesse a voz... gente, ele parecia um empresário preocupado para que nada desse errado... era tão lindo aquilo que me emocionei...
Gabriel> Gui não se preocupa.
Ele tava mais ansioso e nervoso que eu...
Guilherme> Qual a primeira música? O que vai cantar primeiro? Espero que se lembre de todas as que saírem...
Ele tava me deixando super nervoso...
Jú> Ok... chega de urucubaca! Vamos Gabriel... sua vez...
Olhei pra o ultimo e suspirei... era agora... vamos! O apresentador perguntou qual a primeira música... e eu falei...
Gabriel> Somos quem podemos ser...
E os olhos do Gui brilharam... Eu fui pra o meio do palco. Era tudo novo... tudo repentinamente inesperado... e então suspirei... fechei os olhos... a música começou... era um toque sutil e lindo... de violão... comecei a viajar na melodia iniciada... tentei me acalmar e entrar no clima daquela linda música... e passei por entre a realidade e pus-me a lembrar do Gui... e cantei...
Gabriel> Um dia me disseram Que as nuvens não eram de algodão (Me transpus pra o dia em que cantei One lá em casa...)
Gabriel> Um dia me disseram Que os ventos às vezes erram a direção (senti um arrepio... o mesmo daquele dia)
Gabriel> E tudo ficou tão claro Um intervalo na escuridão (foi assim também com o Gui... um brilho na escuridão... de repente fico sabendo que ele me ama... e que, como se uma escuridão fosse iluminada, aquele fato fez com que tudo mudasse em minha vida).
Gabriel> Uma estrela de brilho raro Um disparo para um coração
(lembrei de quando ele disse, eu te amo... realmente foi um disparo pra meu coração... lembrei forte... e meus olhos começaram a ficar mareados)... (abri os olhos e olhei pro Gui... e ele estava cantando...) (fiquei mais emocionado ainda)
Gabriel . A vida imita o vídeo Garotos inventam um novo inglês
(ele sorria e cantava... senti muita felicidade. Me empenhei ao máximo... não queria errar... me empenhei pra ser perfeito, pois eu cantava apenas pra ele...)
Gabriel> Vivendo num país sedento Um momento de embriaguez Somos quem podemos ser Sonhos que podemos ter (e o toque recomeça e me reporta pra aquela viagem de moto que fizermos... a brisa no rosto... era uma música pra aquele momento... eu abraçado ao corpo do Gui, sentindo o calor dele, o vento no rosto... nossa que maravilha...) (A música retorna...)
Gabriel> Um dia me disseram Quem eram os donos da situação (olhei para Jú, se tinha um senhor de qualquer situação, esse era ela!)...
Gabriel> Sem querer eles me deram As chaves que abrem esta prisão
(e eu sabia quem havia me dado as chaves de uma outra prisão que não aquela da música... mas a que eu vivia...)
Gabriel>E tudo ficou tão claro O que era raro ficou comum
(E então vi novamente o Adriano... ele foi se posicionar bem em frente ao palco... eu sorri pra ele, ele acenou de volta...)
Gabriel> Como um dia depois do outro Como um dia, um dia comum
(eu tentava imprimir a doçura que aquela música era...)
Gabriel> A vida imita o vídeo Garotos inventam um novo inglês
Gabriel> Vivendo num país sedento Um momento de embriaguez
(me virei pra o Gui e ele continuava a cantar sorrindo pra mim... ele realmente gostava dos Engenheiros... poxa e ele ama me ver cantando...)
Gabriel> Somos quem podemos ser Sonhos que podemos ter
(como sou mal com ele... deveria cantar mais pra ele)
Gabriel> Um dia me disseram Que as nuvens não eram de algodão
(ah eu iria sim... queria conhecer mais o Gui... o que mais gosta.... O que mais o anima... tudo!)
Gabriel> Sem querer eles me deram As chaves que abrem esta prisão
(a Jú chegou perto do Gui e falou ao ouvido... ele falou no dela de volt... fiquei curioso...)
Gabriel> Quem ocupa o trono tem culpa Quem oculta o crime também Quem duvida da vida tem culpa Quem evita a dúvida também tem
(o Gui deu a chave do carro a Jú e esta saiu quase correndo)
Gabriel> Somos quem podemos ser Sonhos que podemos ter
(E a música mudou... e fui uma enorme surpresa...) (A batida forte da bateria... repetidas duas vezes...)
Gabriel> O melhor esconderijo, a maior escuridão (o som que eu cantava saia mixado...
Já não servem de abrigo, já não dão proteção (incrível aquele karaokê – queria um...)
A Líbia é bombardeada, a libido e o vírus
O poder, o pudor, os lábios e o batom...
(fiquei louco... eu AMO ESTA MÚSICA... “Alívio Imediato”)
Gabriel> O melhor esconderijo, a maior escuridão
Já não servem de abrigo, já não dão proteção
A Líbia é bombardeada, a libido e o vírus
O poder, o pudor, os lábios e o batom...
(Olhei pra o Gui e ele estava ENLOUQUECIDO - Gente... ele fazia gestos de que tava tocando uma guitarra... era lindo... ele com o braço esticado e a outra mão em cima do umbigo como se tivesse tocando um violão)
Gabriel> Que a chuva caia Como uma luva Um diluvio Um delírio Que a chuva traga Alivio imediato (fechei os olhos... era viajante aquela música... senti-me livre... feliz... maravilhado)
(Gente, não tem ideia do que é esta música... ela me remete ao Rio Grande do Sul... me remete a época que eu cheguei em Recife e escutava tudo o que se referia a minha terra... eu estava absolutamente extasiado, e principalmente com o fato de todos cantarem junto... era uma festa.)
Gabriel> Que a noite caia
De repente caia
Tão demente
Quanto um raio
Que a noite traga
Alivio imediato
Gabriel> uuuuuuuuu... (fechei os olhos e viajei... realmente eu não estava ali... vinha em minha mente tudo o que era maravilho... todas as lembranças de infância... era mágico...)
Gabriel> Há espaço pra todos, há um imenso vazio Nesse espelho quebrado por alguém que partiu (era meu pai que partiu... era também os pais do Gui) A noite cai de alturas impossíveis E quebra o silencio e parte o coração
(por tantos anos meu coração foi partido por aquela perda... mas agora eu estava feliz... feliz porque via tudo como uma lembrança linda... um pai lindo que tive... que naquele momento sua falta não me machucava... e sua lembrança era tão maravilhosa que eu simplesmente fiquei feliz de relembrá-lo...)
Gabriel> Há um muro de concreto entre nossos lábios Há um muro de Berlim dentro de mim Tudo se divide, todos se separam Duas Alemanhas, duas Coreias Tudo se divide, todos se separam
(olhei pro Gui e ele estava de olhos fechados e cantando a plenos pulmões... nossa, que magia era aquela música) (as pessoas estava cantando muito... me senti seguro... tranquilo... era uma apoteose quase... que sorte!)
Gabriel> Que a chuva caia Como uma luva Um dilúvio Um delírio Que a chuva traga Alivio imediato
(a Jú voltou com uma CAMERA! MEU DEUS! E ela já vinha filmando... e há tempos! bandida)
Gabriel> Que a noite caia De repente caia Tão demente Quanto um raio Que a noite traga
Alivio imediato
(O Gui pegou a câmera e me filmou... entra agora a parte bem rock da música... que deixa tudo incrivel...)
Gabriel> Tudo se divide...
(O Gui veio pra perto de mim... o suficiente pra filmar meu rosto... fiquei vermelho... mas tinha que continuar a cantar...)
Gabriel> todos se separam
(e o rock pesado toma conta... amo)
Gabriel> Que a noite caia (cantei um tom acima... bem alto... era a parte que mais amo na música) De repente caia Tão demente Quanto um raio Que a noite traga
Alivio...
(o Gui veio com a câmera como se fosse aquelas filmagens de clip... vindo pra cima e se afastando... o apresentador tentou tirar ele, mas a cara que ele fez foi tão feia que o cara se retraiu...)
Gabriel> Que a noite caia De repente caia Tão demente Quanto um raio Que a noite traga
Alivio...
(ele chegou a se agachar e me filmar de baixo pra cima... enquanto eu fechei os olhos e cantei com o som da bateria explodindo...)
Gabriel> alivio...
(e o Gui filmou meu rosto e eu falei a palavra verdadeiramente como um...)
Gabriel> Alivio!
(E então a música mudou novamente... O SOM DO PIANO INUNDOU O AMBIENTE E EU FIQUEI MARAVILHADO... parecia que eu estava com uma abstinência... meu olhos lacrimejaram... olhei pra câmera e o Gui estava sorrindo... e seu sorriso era tudo)
Gabriel> O que você me pede eu não posso fazer Assim você me perde e eu perco você Como um barco perde o rumo Como uma árvore no outono perde a cor
(Deus! “Piano Bar” era uma música que mexia absolutamente comigo... )
Gabriel>O que você não pode, eu não vou te pedir O que você não quer, eu não quero insistir
(o Gui entao veio pra minhas costas e lá de trás filmou por entre meu ombro a plateia que assistia não mais uma gincana, mas uma apresentação quase que individual minha) Diga a verdade, doa a quem doer Doe sangue e me dê seu telefone
(Eu caminhei pra borda do palco)
Gabriel> Todos os dias eu venho ao mesmo lugar Às vezes fica longe e impossivel de encontrar Mas quando o neon é bom Toda noite é noite de luar (Eu vi o Adriano cantando muito... vi mainha chorando... ela sempre lembra de painho quando canto... foi tão lindo cantar engenheiros... o Gui continuava a filmar tudo... eu estava envergonhado, mas não tinha o que fazer... aquelas músicas tinham o talento de me fazer feliz)
Gabriel> No táxi que me trouxe até aqui Bob Marley me dava razão As últimas do esporte , hora certa Crime e Religião
Gabriel> Na verdade nada É uma palavra esperando tradução
(E veio o solo de Guitarra... fechei os olhos e abri os braços... me sentia leve... livre... era incrível... nunca me sentira daquela forma...)
Gabriel> Toda vez que falta luz Toda vez que algo nos falta (alguém que parte e não volta)
(Abri os olhos e o Guie estava lá embaixo... me filmando... sorri....)
Gabriel> O invisível nos salta aos olhos Um salto no escuro da piscina
O fogo ilumina muito, por muito pouco tempo Por muito pouco tempo, em muito pouco tempo O fogo apaga tudo, tudo um dia vira luz Toda vez que falta luz, o invisível nos salta aos olhos
(e eu me preparei pra cantar alto... firme... como a música pedia...)
Gabriel> Ontem à noite, eu conheci uma guria (quase disse guri... olhando o Gui...) Já era tarde, era quase dia Era o princípio num precipício Era o meu corpo que caía
(O Adriano se aproximou do Gui e ficou me encarando... de repente me senti desconfortável... mas mantive normal... o Adriano me olhava de forma estranha)
Gabriel> Ontem à noite, a noite tava fria Tudo queimava, nada aquecia Ela apareceu, parecia tão sozinha Parecia que era minha aquela solidão
(Era minha aquela solidão? Olhei pro Gui e vi que sua solidão se foi... comigo... eu era o fim de toda a sua solidão...)
(comecei a refletir aquela música... era algo meio pra mim mesmo... que coisa... como um destino... conheci o Gui e retirei dele uma solidão impossível de se ver... de ser ter... de se sentir... eu fui o fim de muita coisa pra ele... e ele estava ali embaixo, como um bobo me filmando... me curtindo... mostrando claramente que tudo o que fez foi apenas pra me ver cantar. Nossa! pra me ver cantar. O Gui era meu namorado... amor... e simplesmente não tem acesso ao meu canto... e quando fez o que fez com a Jú... Deus, ele apenas queria me ver cantar! E estava ali... me filmando... filmando eu cantar suas musicas preferidas...)
Gabriel> Ontem à noite, eu conheci uma guria, que eu já conhecia De outros carnavais, com outras fantasias Ela apareceu, parecia tão sozinha Parecia que era minha aquela solidão (ele realmente era meu..)
(era irreparável aquela situação... não havia volta. Ali, eu em cima de um palco, com um microfone na mão, cantando pra quatro escolas unidas em uma disputa, olhava o homem de minha vida, não ligar pra ninguém ao redor... apenas se importar em me ver cantar pra ele...)
Gabriel> No início era um precipício Um corpo que caía Depois virou um vício, foi tão difícil Acordar no outro dia
(eu sentia que pulei naquele precipício, meu corpo cai definitivamente...)
Gabriel> Ela apareceu, parecia tão sozinha Parecia que era minha aquela solidão Parecia que era minha
(caia definitivamente rumo ao Guilherme).
O fim foi algo incrível. Todos gritaram ao mesmo tempo... o Gui sorria feito uma criança. Nunca o vi tão feliz. Somente no aniversário dele. Foi realmente algo impar. Lembrando da gincana agora, foi realmente um momento de extrema diversão. Eu, embora naturalmente tímido, me sai bem... acredito que as ultimas musicas ajudaram. Cantar as músicas da banda que o Gui preferia era realmente sublime. Nossa! Não tem como descrever o quanto é maravilhoso ver a pessoa mais importante de sua vida vibrar de felicidade por algo que você está fazendo... eu realmente não merecia tanto...
Apresentador> Gabriel encerra a primeira prova da gincana com nota... pra variar, 100! Os gritos foram gerais... fiquei emocionado, pois pensei que tiraria menos devido a todos estarem cantando e poderia ter interferência no som... mas parece que aquele karaokê realmente era fantástico. Sai lentamente dali... a gincana iria prosseguir e minha participação já havia terminado. Fui pra lateral e o Gui, a Jú e o Bruno estavam lá. A Patrícia também...
Jú> ARREBENTOU! Se eu soubesse tinha ido pro plano C...
Eu olhei pra ela e falei...
Gabriel> Plano C?
Jú> Plano A – O jumento fictício! Plano B – O falso namoro do Jumento real...
Guilherme> Jumento real?
A Jú olhou pra ele...
Jú> Detalhes... detalhes... (suspirou) detalhes tão grandes de vocês dois...
Gabriel> JULIANA! (gritei... pelo menos umas 20 pessoas viraram pra meu lado - fiquei vermelho)
Ela deu de ombros...
Guilherme> Qual o maldito plano C? Já estou com raiva de ter entrado nessa...
Gabriel> Quanto a isso vamos conversar senhor Guilherme!
Ele me olhou de lado... meio envergonhado... eu o vi ficar vermelho... adorei aquela situação...
Jú> Bom eu não vou revelar o plano C porque posso usá-lo depois...
Bruno> Essa daqui deve ter o alfabeto todo de maldades...
A Jú o encarou brava, mas não disse nada...
Gabriel> Vai Jú... qual era o plano C?
Jú> Não conto!
Suspirei...
Gabriel> Pois ok... vou falar agora pra a comissão que eu não me inscrevi pra cantar, que eu não sou amador... qualquer coisa pra me desclassificar... e assim terá nota 0 ao invés deJú> Ta ta... que saco!
Ela suspirou...
Jú> Comprei uma arma de choque... usaria em você... iria tirar todas as suas roupas... deixar você pelado em algum lugar... e somente mediante seu consentimento de que iria cantar é que eu poderia devolver suas roupas.
Olhei pra ela sem acreditar... somente quando o Bruno me mostrou a arma de choque é que eu acreditei...
Guilherme> Se você usasse uma coisa dessas no Gabriel eu te mataria sua louca!
A cara do Gui era tão brava que tive momentânea pena da Jú...
Jú> O meu lutador particular me defenderia né? (olhou pro Bruno)
Bruno> Deus me livre brigar com o Gui... tá doida?
A Jú olhou pra ele e tentou tomar a arma de choque...
Jú> Me dá essa droga aqui... vou enfiar no teu furico!
Rimos todos...
Gabriel> Gente tou com fome...
Guilherme> Vamos fazer um lanche... e voltar pra gincana que ela tá bem legal... vê lá...
Apontou pra o palco... estava tendo uma prova de torta na cara... realmente tava divertido...
Jú> Bem vamos que tenho que voltar logo... depois desta prova tem mais uma... daí eu participo... e não vai dar pra quem quiser...
Saímos de lá e o Gui me puxou pra andar devagar deixando eles irem na frente...
Guilherme> Que porra de calça é essa?
Eu olhei pra ele... ele tava com cara feia... mas não tive medo... eu tinha reclamações mais sérias que as dele... embora eu não tivesse zangado, longe disso... tava era feliz por ele ter tramado pra eu cantar... mas não podia revelar aquilo de cara né?
Gabriel> A calça que diz... olha aqui o que você tem de bom em casa... larga a vadia da rua...
Ele me olhou de início como se me visse pela primeira vez... os olhos negros abertos ao extremo... depois caiu numa gargalhada onde todos voltaram-se pra trás... eu fiquei vermelho...
Jú> O que foi? Qual a graça?
Gabriel> Nada... vai andando...
O Gui não se agüentava...
Guilherme> Só você mesmo meu pequeno, pra achar que eu estava com a Patrícia...
Gabriel> Você foi torcer pra equipe da escola dela! Uma ex sua!
Guilherme> Você não notou que eu nem conseguia te encarar? Simplesmente não consigo fingir pra você meu amor... (ele falou meu amor mais baixo – mas os risos na frente sinalizou que o Bruno e a Jú escutaram) olha eu nunca te trairia... você sabe o que significa traição na minha vida...
E uma nuvem nublou seus olhos... fiquei triste...
Gabriel> Não pensei que tivesse me traindo Gui... apenas fiquei com medo de você lembrar de como era seu relacionamento... (suspirei) se eu pensasse que você estava me traindo, eu não teria tomado a atitude que tomei. Eu não teria vestido esta calça nova que por “sorte” (fiz as aspas com os dedos) estava no teu carro pois esqueci de tirar ontem... eu não teria aceito cantar... (respirei fundo) se eu pensasse que você estava me traindo eu teria simplesmente fugido dali... correria pra longe... e sumiria...
Ele me segurou pelo pulso...
Guilherme> Nunca faça isso Gabriel... NUNCA!
Ele estava quase transtornado.
Guilherme> Nunca diga que some de minha vida... NUNCA MAIS DIGA ISSO!
Ele tremia um pouco...
Gabriel> Gui desculpa... eu falei de uma reação natural que possivelmente eu tomaria sem pensar... apenas por instinto...
Guilherme> NUNCA! SUMIR! NUNCA...
Ele estava muito serio e meu pulso doía...
Gabriel> Desculpa... não direi mais...
Ainda continuou me segurando até que a Jú gritou...
Jú> Cajú e castanha vão ficar de DR é?
O Gui me olhou dentro dos olhos...
Guilherme> Prometa que se algum dia você tiver duvidas de uma suposta situação... porque garanto que nunca acontecerá... mas caso haja uma situação que apenas pareça o que foi feito hoje aqui... eu com a Patricia... prometa que ira apenas me perguntar... NADA DE FUGIR E SUMIR... PROMETA!
Gabriel> Gui eu prometo... mas me solte que tá doendo...
Ele afrouxou o aperto mas não me soltou...
Guilherme> Sem você eu não vivo. Entendeu?
Fiquei com os olhos cheios d’água...
Guilherme> Desculpa o que te fiz passar hoje por egoísmo... te fiz sofrer pensando bobagens com alguém só por capricho meu e da Juliana... (me olhou nos olhos) você me desculpa?
Gabriel> Já tinha te desculpado há tempos... quando te vi tão feliz me vendo cantar... sinceramente... obrigado por me dar aquele sorriso lindo... por ter me feito cantar... só assim eu pude ver o quanto te faço feliz... e isso me deixou tão completo... tão verdadeiramente contente em tá cantando que me fez pensar o quanto negligencio esse dom que tenho... e a sua vontade de me ver usando ele...
Ele falou...
Guilherme> Te amo meu pequeno... você não precisa de calça apertada, nem de cantar como um anjo pra senti o que eu sinto...
Sorri...
Jú> Sessão descarrego já terminou? Em caju? Em castanha?
Rimos... se ela não tivesse quebrado aquele clima, possivelmente teríamos chocado a escola com um beijo gay em público... Fomos lanchar... a cantina estava lotada... e nossa mesa de costume estava com duas pessoas lá... fomos diretamente pro balcão...
Jú> Dona Nilda mulher... vem aqui que tou morrendo de fome...
Dona Nilda saiu e falou animada...
Dona Nilda> Juliana, menino Gabriel! Faz tempo que vejo vocês aqui... me abandonaram né?
Jú> Deixa de mentira! Eu venho todo dia... o Gabriel que está comendo em outras praias...
Gabriel> Jú deixa de mentira!
Dona Nilda> Olá seu Guilherme...
Eu e a Jú falamos ao mesmo tempo...
Gabriel + Jú> Você conhece o Guilherme?
Dona Nilda> E o Bruno!
Olhamos estupefatos pra ela...
Guilherme> Ah Gabriel! Você pensa que somente você e a Jú frequentam a cantinha da Dona Nilda?
Bruno> A gente vem sempre aqui, quando estamos vigiando... (o Gui deu um tapa na cabeça do Bruno) aii...
Mas era tarde... então eles nos vigiavam!
Gabriel> Quero saber dessa... (interrompido).
Guilherme> Bom vamos pedir Gabriel... não é daqui a pouco que você enfrenta uma prova Julina? (e pegou o cardápio) que tal sanduiche de peito de peru defumado? Parece bom... quer que eu peça um desse? (e sem esperar minha reação) que tal com suco de graviola? Leite? Ok... por favor dona Nilda faz dois sanduiches de peito de peru e dois sucos de graviola com leite... Jú você come o que? Olha tam muitas opções... (se virou pro Bruno) escolhe pra ela Bruno...
Bruno> Que tal... (interrompido)...
Jú> Nem vem que num tem... eu escolho... e pode deixar Gui, não ligo de ser vigiada... desejada...
O Gui me olhou de rabo de olho... eu não iria falar nada ali por causa de tudo... os estranhos que estavam ao redor, a própria Dona Nilda... em fim, mas depois... iria querer saber direitinho daquela historia...
A Jú escolheu o dela... e o do Bruno... era o natural. Os sanduiches chegaram e comemos... o Gui tava super feliz... e eu também... a Jú falou que a próxima prova seria de mímica... e ela iri fazer mímica tipo IMAGEM E AÇÃO...
Quando jogávamos IMAGEM E AÇÃO... a Jú sempre ganhava... ela era fera! Eu sempre queria jogar no time dela...
Gabriel> Jú nunca mais jogamos IMAGEM E AÇÃO!
Jú> Vamos marcar um dia...
Guilherme> Nunca joguei isso...
Bruno> Nem eu... tem luta?
Jú> Tem minduim...
Bruno> Minduim?
Eu tratei de mudar logo de assunto... quando a Jú chamava alguém de minduim tava falando do cérebro do tamanho de um amendoim...
Gabriel> Seria ótimo jogarmos qualquer dia desses... pode ser até segunda a noite... que acham?
Bruno> Por mim...
Guilherme> Não sei...
Fiz bico... e ele sorriu...
Guilherme> Tá segundo... mas se eu não curtir acabo o jogo...
Nossa, tava definido... a Jú era a louca, eu o tímido, Bruno o divertido autista e o Gui o chato... Terminamos de comer e nos dirigimos pra quadra...
Guilherme> Jú, Bruno... vão na frente que eu e o Gabriel já alcançamos vocês... vou guardar a câmera no carro...
Ele assentiram e foram... o Gui e eu nos dirigimos pro carro...
Gabriel> Pensei que fosse filmar mais da gincana...
Guilherme> E vou...
Fiquei sem entender...
Gabriel> E então porque quis vir no carro?
Guilherme> Pra você trocar essa segunda pele que você intitulou de calça...
Olhei chocado!
Guilherme> Vamos Gabriel... tira essa calça agora... veste a outra...
Balancei a cabeça negativamente e cruzei os braços...
Gabriel> Não mesmo!
Ele apertou os olhos... abriu o carro, abriu a porta de trás e disse...
Guilherme> Entra...
Gabriel> Eu não vou trocar... (e fui colocado lá dentro como um saco de algodão doce...)
Ele tentou abrir minha braguilha e eu resisti...
Guilherme> Gabriel!
Seu tom era severo... mas que coisa... será que ele era tão ciumento a esse ponto?
Gabriel> Gui que mico... o pessoal já me viu com esta calça e vai me ver com outra...
Guilherme> Você estava com outra... e eles te viram... depois você veio com esta... e eles viram a mudança... naquele momento você não pensou nisso não é? Portanto não tem problema dele verem novamente você com a calça anterior...
Fechei os olhos... eu não acreditava naquilo! E senti ele abrir minha calça e puxar de vez... eu me virei pra dificultar e ele puxou mais forte ainda... a calça desceu até sair... e a cueca saiu um pouco também revelando metade da bunda... Quando me virei zangado pra falar o que vi, por entre o ombro do Gui me fez ficar mudo... estático!
Adriano> Também meu ex aluno preferido... você com essa calça colada... tinha que ter ajuda de alguém pra tirar...
E o Gui se virou pra ele, assustadíssimo, com a minha calça na mão... E eu, bem, queria morrer. Só ouvi a batida forte da porta do carro... que quase quebraram minhas pernas... se eu não tivesse encolhido na hora certa, com certeza teria ficado sem elas...
Guilherme> Que porra é essa cara? Chegar assim desta forma?
Pelo tom de voz o Gui tava pocesso... eu puxei a cueca com rapidez, tremendo... depois procurei a outra calça... tinha que colocar logo...
Adriano> Desculpa cara... só não quis assustar...
Guilherme> Que deu em você pra chegar assim desta forma (sua voz era brava)...
Achei a calça... olhei pra fora e o Gui fazia a de armário tomando toda a janela do carro... melhor me apressar...
Adriano> Bom só vi me ex aluno, o Gabriel... e vim vê-lo, parabenizá-lo...
Vesti a calça e tentei abrir a porta... o Gui a impedia...
Gabriel> Guilherme por favor, se afasta um pouco... preciso descer...
O Gui olhou pra traz e sua cara era brava...
Guilherme> Vamos entao... já é hora da prova da Jú... (falou bravo ainda, mas deu passagem)
Abri a porta do carro e desci. Nem precisa falar que eu estava absolutamente vermelho...
Gabriel> Olá professor Adriano.
Adriano> Não precisa me chamar de professor... somos amigos...
Notei a perna do Gui chutando o peneu do carro... melhor me apressar...
Gabriel> Que bom que o senhor veio... está gostando da gincana?
Guilherme> Gabriel? Vamos...
O Adriano olhou pra ele e depois pra mim...
Adriano> Estou adorando, principalmente sua participação...
O Gui rosnou literalmente... me pegou pelo braço, acionou o alarme do carro e falou...
Guilherme> Vamos que não quero perder nada!
E foi me puxando...
Gabriel> Tchau professor...
Ele acenou debilmente... enquanto eu era arrastado pelos punhos de aço do Guilherme...
Gabriel> Gui por favor... (interrompido)
Guilherme> Cala a boca Gabriel... estou irritado... não estou com raiva de você... mas estou irritado... entao vamos seguir em frente... sem comentários... sem gracinhas... sem reclamações... apenas me segue. Faz o que eu mando e pronto.
Suspirei... fiquei quieto... ele disse que não tava com raiva. Então pronto. Isso me basta... embora fosse dizer pra ele que não precisava daquela reação... se bem que o cara me pega quase pelado dando um susto em todos nós... Imaginei a Patricia aparecendo do nada e vendo eu tirar a calça do Gui e deixar partes dele desnuda... NEM PENSAR!
Gabriel> Desculpa... não ia falar nada... só que não precisa me puxar que eu vou...
Ele não soltou meu braço... mas afrouxou mais o aperto... Entramos no ginásio e mainha estava com o Bruno e a Jú...
Mãe> Será que eu posso ver meu filho alguma vez na vida?
Eu sorri... e a abracei... o Gui estava do meu lado e beijou mainha...
Gabriel> Mãe que coisa... faz quase dois dias que não nos vemos...
Mãe> É que fui pra casa de Alba... filho precisamos resolver algumas coisas lé em casa né... Guilherme você poderia dormir hoje lá em casa... eu arrumo um cantinho pra você... a não ser que não queira dormir na cama do Gabriel... tipo, de quebra ele vai ta lá...
Gabriel> Mãe!
Jú> Dona Júlia se a senhora quiser eu tenho uns protetores auriculares que um urubu cantador pode cantar o funiculi funiculá no teu ouvido que a senhora não acorda... daí o Guilherme e o Gabriel podem... (interrompi)...
Gabriel> JULIANA!
Todos riram, inclusive o Gui que tava menos carrancudo...
Guilherme> Claro que dormirei... vai ser ótimo dormir no quarto do Biel... o quarto que fico olhando todo dia...
Gente eu estava vermelho... com ódio... com vergonha... tudo junto!
Gabriel> Por favor vamos parar! Que coisa sem graça...
Jú> Francamente Gabe... você tem vergonha de tanta bobagem... ah se minha mãe fosse a dona Júlia...
Gabriel> Já teriam sido expulsos do condomínio...
Mãe> Ei! Auto lá... não sou assim não! Sou mente aberta... mas gosto de tudo na ordem...
Gabriel> Eu que o diga...
Guilherme> Dona Júlia me fala sobre o professor de natação que o Gabriel teve...
Aquela pergunta foi tão inusitada quanto inesperada... eu olhei assustado pra ele, e ele com o semblante mais natural do mundo encarava mainha...
Mãe> Ah o Adriano? Ele foi professor daqui... mas o Gabriel era pequeno... tinha 10 anos quando teve as primeiras aulas de natação... você sabe né Gui... esse menino sempre tem falta de ar... e o médico indicou a natação... mas... (e mainha foi interrompida)
Adriano> Mas quando o Gabriel começou a fazer natação (todos nós nos viramos e vimos o Adriano em pé atras do Gui) ele não tinha muito fôlego... daí um dia ele começou a se afogar...
Mãe> Ah me lembro agora... realmente tinha esquecido Adriano. O Gabriel cansou no meio da piscina e afundou... você nem tava na aula não é... (o Adriano fez um sim com a cabeça) você salvou a vida dele...
Adriano> Sim... tirei ele dentro da água quase desacordado... tive que fazer os primeiros socorros no deck mesmo. Digamos que fui a primeira pessoa a beijar o Gabriel...
E aquela frase soou estranha não só pra meus ouvidos... Que era aquilo que ele falou... porque ele falou? Será que desconfiou do Gui e de mim? Será que ficou com raiva do que ocorreu no estacionamento... e que idéia era aquela de dizer que a respiração boca-a-boca era o meu primeiro beijo... gente! Quando olhei pra o Gui seu semblante estava transtornado... senti que ele iria explodir... falei antes...
Gabriel> Ei auto lá! Que historia é essa de me beijar... você não me beijou... foi um pronto socorro... respiração boca a boca...
A Jú percebendo o problema e os punhos fechados do Gui falou...
Jú> fora que beijar um guri de 10 anos é pedofilia tio... alias... quanto tempo prescreve um crime desses? Será que dá pra te processar?
O Gui olhou pra Jú e senti que ele agradecia intimamente...
Adriano> Estava brincando gente...
Jú> Ah tio da natação... cabritasse foi! Que molenta tio... a gente não te põem na cadeia não... klkkkkk
Adriano> Não não é isso... eu apenas estava brincando... gente que coisa!
Mãe> Deixem de aborrecer o Adriano! Ou meninos bobos... o que aconteceu na realidade foi que o Adriano salvou o Gabriel... lembro até que depois deste dia o Gabriel viu o Adriano como seu ídolo... seguia ele pra todo lado...
Fechei os olhos... PRA QUE ELA COMENTOU AQUILO... nem tinha coragem de olhar o Gui...
Guilherme> Coisas de criança que se apega a tudo (sua voz era cortante... gélida) mas agora ele tem outro herói em sua vida... não é Gabriel...
Ai MEU DEUS! Quanta confusão...
Gabriel> Chega gente...vamos curtir a gincana. (o Gui ia abrir a boca) e sim tenho um ídolo... ele não luta mais jiu jitsu... FELIZMENTE POIS NÃO QUERIA VER A CARA DELE QUEBRADA... mas não deixo de admirar... e agora vamos por favor curtir a gincana!
Todos me olharam... o Gui estava com um meio sorriso, contudo ainda olhava com raiva pro Adriano... percebi que ia ser um problema ele... mas não queria pensar nisso...
Jú> Certo, esclarecido tudo pelo volúvel Gabriel troca herói... quero pedir uma favor a todos vocês...
Suspirei, que saco a Jú...
Bruno> O que é meu amor?
Jú> Quero uma plateia desesperada por mim... quero que gritem como se estivessem vendo... (olhou pra mainha) Roberto Carlos (olhou pra mim) Madonna (olhou pro Gui) Gabriel cantando (olhou pro Bruno) eu de topless (olhou pro Adriano) uma criança de 10 anos se afogando...
E todos nós... de uma forma ou de outra, rimos.