Qual fato não bateu, caro leitor ?
EPÍLOGO 2
Ele imediatamente parou, e me olhou, de olhos arregalados.
- O que ? De onde você tirou isso ?
- Estava escrito naquele papel que você não queria que eu lesse, mas eu li de curiosidade.
- Você mexeu nas minhas coisas ?
- Não, foi sem querer. Tipo, quando eu fui pegar o seu moletom no vestiário, o papel caiu. Eu peguei e no meio da curiosidade li - ele mais uma vez se escorou na prateleira.
- Você não devia saber disso... E agora, o que vai pensar de mim ?
- Eu não vou pensar nada demais de você. Não tem nada demais um homem gostar de outro - ele mais uma vez olhou para mim, sem acreditar.
- Não ?
- Claro que não - falei, sorrindo. Naquele momento fiquei ainda mais curioso, e no auge da nossa proximidade, devido perguntar quem era a tal pessoa - e aí ? Me diz quem é o felizardo ? - ele sorriu. Olhou para mim, e depois novamente voltou a olhar para o teto da Biblioteca.
- Eu não posso te contar. É muito pessoal...
- Mas, sei lá. Já deve ter rolado alvo entre vocês, não ? - mais uma vez ele sorriu.
- Não. Ele é muito tímido...
- Mas vocês nunca se falaram ?
- Já, algumas vezes... Várias vezes... Sabe, quando eu estou com ele, é como se milhões de borboletas invadissem o meu estômago - era exatamente como eu me sentia quando via ele. Porém, o que ele sentia não era por mim - é como se de repente todos sumissem, e só ficasse eu e ele - ouvi aquilo tudo calado, morrendo de inveja de quem fosse a pessoa agraciada pela paixão dele - ele sempre é muito gentil comigo, já me ajudou algumas vezes, me devolvendo coisas que eu perdi. Já reparei várias vezes que ele me Olha, mas nunca tomou coragem. Já nos esbarramos por aí... Uma vez, quando ele sofreu um acidente, eu quase morri de preocupação - estranhei, pois parecia que ele estava descrevendo tudo o que aconteceu com a gente.
- E você já deu até beijo nessa pessoa, não é ?
- É... Eu dei... Não sei se ele gostou... Mas eu dei... Foi meio sem querer. Acho que ele estava chateado comigo por causa de uma coisa que eu fiz. Mas só queria que ele soubesse, que eu gosto dele, e não de outras pessoas - sorri, mais uma vez sem saber porquê. Era idêntica a história que eu tive com ele. Pena que eu sabia, se foi ele ou não quem me beijou.
- Que lindo Gabriel. Espero que a pessoa que você goste dê uma chance para você um dia - e mais uma vez fiquei quieto, olhando para o teto. Apesar de tudo, não queria que ele fosse mal sucedido no amor como eu sou. Ele ficou olhando para mim, como se quisesse me falar algo. Porém, ficou quieto... E eu parti.
DIAS DEPOIS
Depois de alguns dias passados daquela conversa nossa na Biblioteca, eu não parava de pensar que ele estava apaixonado por uma pessoa, havia feito com ela lindas coisas e essa pessoa não era eu.
MINUTOS DEPOIS
Era sábado. Eu não tinha muito mais do que fazer além de dormir. Meus pais haviam ido trabalhar, e eu estava sozinho em casa. Olhei no meu celular, era cedo ainda. Não via muito motivo para levantar e perder o meu sono, então apenas Fechei os olhos e tentei dormir novamente. Alguns segundos de silêncio, e então eu escutei a campainha tocar. Imediatamente abri os olhos. A campainha tocou novamente, então apenas me dei o trabalho de levantar, vestir uma camisa de mangas compridas que Achei por lá, e fui atender a porta. Nem olhei direito a minha aparência. Só fui. Estava vestido com um short curto que usava para dormir e a camisa. Normalmente eu não abria a porta sem olhar no olho mágico, mas naquele dia acabei fazendo isso. Apenas abri, e me deparei com aquele lindo corpo algo na minha frente.
- Oi - imediatamente ao vê-lo, meus olhos arregalaram-se e eu corei.
- Gabriel ? O que você está fazendo aqui a uma hora dessas ? - olhava ao redor em busca de uma forma de me livrar daquela vergonha, mas não tinha nada. O jeito era aguentar.
- Pelo jeito atrapalhei o seu sono não é ? É melhor eu voltar outra hora - um impulso tomou conta de mim naquele momento. Parecia que estar perto dele fazia eu criar coragem.
- Não, espera ! - segurei o braço dele - não vai embora ! - e mais uma vez a timidez tomava conta de mim - bem, quer dizer... Se você veio até aqui é porquê quer me dizer algo.
- Bem... Eu só queria conversar... Ver como você está, já que estou sozinho em casa.
- Ah... Então entre...
- Mas eu não vou atrapalhar ?
- Claro que não, entre... - falei, abrindo a porta para que ele entrasse. Logo quando ele entrou, eu Fechei a porta. Parei, olhei para mim mesmo. Não podia acreditar que estava recebendo ele assim - eu devo estar ridículo, não é ?
- Não, não está... Está bonitinho - falou. Ao ouvir aquilo, imediatamente eu virei e o olhei no rosto. Dentro de mim um fogaréu de emoções. Ele havia me elogiado - só precisa... - e então ele se aproximou de mim - ajeitar esse cabelo - falou, colocando levemente as Mãos nos meus cabelos e os ajeitando. Eu só conseguia olhar para os olhos dele, atentamente, sem acreditar que ele estava tão perto assim de mim. Quando ele parou, olhou para mim, com um olhar tão inebriante que eu quase perdi o controle - pronto, agora tá perfeito - durante alguns segundos eu fiquei sem saber o que fazer. E então sai dali, indo em direção a cozinha.
- Quer um café ?
- Quero...
MINUTOS MAIS TARDE
Enquanto esperava o café ficar pronto, procurava algo de bom para comer na geladeira.
- Está com fome Gabriel ?
- Não, tomei café em casa.
- Ah sim. E as novidades ?
- Ah, eu não tenho nenhuma.
- E a sua paixão ?
- Ah, sei lá. As coisas tão frias entre a gente.
- Sério ?
- Sério. A ponto de eu ter que procurar ele para ver se esquenta - o café ficou pronto. Tirei a vasilha da cafeteira e começei a servir. E durante aqueles poucos segundos segundos pensei na minha relação com ele. E começei a me dar conta que ele já era uma pessoa próxima a mim. Quem sabe ele não me ajude a descobrir quem foi o garoto que me deu um beijo aquela noite.
- Gabriel ?
- O que foi ?
- Eu queria sua ajuda para uma coisa.
- Diga, o que é ? - olhava para aquela xícara de café, e me perguntava se era realmente certo pedir ajuda para quem eu estava apaixonado.
- É que... Sabe... Naquele dia que você perdeu o moletom no vestiário, alguém me beijou - ele não esboçou reação.
- Ah é ? Quem foi ?
- Eu não sei...
- Mas como ?
- É que na hora a luz lá dentro caiu e ficou tudo escuro e eu não consegui ver o rosto da pessoa. Mas sei que ela é mais alta que eu e usava uma mochila cinza. Quando a luz acendeu, já não tinha ninguém no vestiário além de mim.
- Tá, mas qual a ajuda que você quer de mim ?
- Que você me ajude a encontrar essa pessoa...
- Mas... Para que você quer saber quem é ?
- Ah, para poder conversar com essa pessoa e... Ver o que ela sente por mim e quem sabe dar uma chance...
- E se for homem ?
- Não tem problema. Sabe Gabriel, eu me sinto muito sozinho. A pessoa que eu me apaixonei é apaixonada por outra pessoa, ninguém mais gosta de mim, e essa pessoa foi a única que teve coragem, então quero ver se dá certo. Quero namorar, sabe ? Poder ouvir eu te amo, dar abraços, beijar, se sentir amado, é isso que eu quero. Não quero mais solidão. Quero amar... - falei, entregando a ele a xícara. Ele parecia desnorteado. Estranhei. Entreguei a xícara a ele, olhou para ela, para mim. Estava com uma cara de assustado - o que foi ?
- É realmente isso que você quer ?
- Sim...
- E se eu te disser que... Eu sei que foi essa pessoa - arregalei os olhos.
- Sabe ?
- Sei... Essa pessoa... Fui eu - essas duas últimas palavras saíram quase como um sussurro. A voz dele quase sumiu, e imediatamente ele corou. O meu coração acelerou, fiquei atônito, sem acreditar que realmente tinha ouvido aquilo.
- Vo-você ?
- É... Fui eu... Você é o homem que eu tô apaixonado Diego - fiquei boquiaberto. A emoção foi tanta que eu deixei a xícara de café cair das minhas mãos e se espatifar no chão. Mas nem me importei, só conseguia olhar nos olhos dele, sem acreditar que fosse ele a pessoa que me causou tanta dúvida - a xícara, Diego...
- Não importa... Me diz... Porquê você fez isso assim, as escuras ? - ele apenas olhava para o chão e para mim. Parecia nervoso.
- Bem... Sabe... Desde o dia que eu entrei naquela sala, no primeiro dia de aula, e te vi no canto a sós, quieto, mas lindo como sempre, me apaixonei. Eu sempre fui bissexual Diego, isso não é de agora. Porém, você sempre foi tão quieto, tão... Fechado... Eu tinha medo de que você interpretasse mal as coisas, e sei lá, fosse rude comigo. Apesar de você não ter notado, eu sempre estive notando você. Dentro da sala, meu olhar sempre ia de encontro a você, de costas, copiando. Sempre que você chegava, eu era o primeiro a olhar para você, andando sempre imponente em direção a Sala. Nas aulas de Educação Física, várias vezes levei bronca por bobear enquanto olhava para você. Na Biblioteca, fingia ler livros, mas na verdade eu ficava mesmo olhando para você. Sempre permanecia na primeira página, porquê nunca me concentrava. Mesmo eu tendo notado os seus olhares, e ouvido você dizer que seu pensamento caia em mim, sei lá. Podia ser outro Gabriel. Podia ser que eu tivesse ouvido errado. O medo sempre imperou dentro de mim. Quando eu esbarrei com você na Biblioteca, foi como se meu coração viesse a boca e voltasse. Por dias pensei que o destino estava me obrigando a tomar uma coragem que eu não tinha. Quando você desmaiou na sala, eu quase morro de preocupação, imaginando coisas horríveis com você. Você me fez usar uma arma que a muito tempo eu não usava para alguém, a da oração. Mesmo estando em falta com Deus, eu pedi para que ele ajudasse você. E... Quando aquela garota me roubou um beijo na frente de todo mundo, e eu vi que você ficou, fiquei louco. Imaginei mil coisas, tipo você dizendo que nunca mais iria querer falar comigo, que eu era fácil, galinha, enfim. Não queria que você pensasse mal de mim. Mas tinha, tenho ainda medo de dizer a verdade. E fiquei ainda mais triste quando vi você sair correndo sem me responder, e quando fui checar a informação do professor na enfermaria, descobrir que você não estava lá. Você havia ficado chateado comigo. Então, tive a ideia de te roubar um beijo em segredo. Pois pelo menos assim, eu provaria o beijo da tua boca, e poderia continuar sorrindo, mesmo que nunca tivéssemos nada juntos. Agora, decidi me aproximar de você porquê já não aguentava mais ficar longe de você Diego... - eu estava atônito com todas aquelas informações. Parecia uma avalanche de coisas sendo jogadas sobre mim. Eu não acreditava. Não podia crer. Me belisquei mais uma vez. Quer dizer que durante todo esse tempo, a minha paixão era correspondida, e eu não sabia ? Quer dizer que eu perdi meses, sendo que era só me declarar e já teríamos aproveitado muito mais o tempo ? Eu não acreditava. Mas, apesar de tudo, estava feliz. A minha paixão não foi em vão. Todos os minutos que perdi o observando não foram em vão. Cada suspiro que dei não foi em vão. Ele me correspondia - e então ? Eu tenho chance ? - sorri.
- Você tem mais que um chance. - falei, me aproximando dele - você tem, um pedido de namoro... - ele arregalou os olhos.
- Sério ?
- Sério... Quer ser meu namorado Gabriel ? E recuperar comigo o tempo perdido ? - ele sorriu, sem acreditar. Se aproximou de mim, pegou em meu rosto. Um sorriso estava estampado em seus lábios. Era o dia mais feliz da minha vida. Enfim, eu recebia aquilo que mais queria. Estava completo.
- Quero - e mais uma vez ele me beijou. Porém, foi diferente. Dessa vez não foi no susto. Dessa vez não foi escuro. Dessa vez não foi em segredo. Agora era as claras, como namorado, consciente, e feliz. Mais uma vez nos beijamos. E dessa vez, não era a última vez. Porém, apesar de tudo, aquele Beijo Roubado em Segredo, foi quem começou tudo isso. Foi o pai dos outros beijos. Foi quem nos levou. O Beijo no escuro, criou um casal.
FIM
Agora e de vez kkkkk Gostaram ? Ai gente, não sei o que vou fazer. Já tenho 6 novas sinopses prontas, ai, esperando para serem lançadas. Algumas a meses kkkk Mas pretendo escrever tudo, porém mais pra frente para não congestionar mais ainda a frente de capítulos. Espero que tenham gostado, e comentem ein. Beijos :)