[Repost] O Lutador de Jiu-Jitsu 39

Um conto erótico de Jhoen Jhol
Categoria: Homossexual
Contém 12386 palavras
Data: 15/03/2016 10:55:44

Eu pus as mãos pra traz e constatei que, infelizmente, a Jú estava correta. E não era uma vingança por causa do novo apelido. Olhei pra mainha e pra Dr. Felipe. Minhas faces queimaram e eu simplesmente me joguei contra a parede... estava vermelho de vergonha.

Mãe> Filho se senta aqui... (ela veio até mim e me pos pra sentar) não é o que você ta pensando. (eu me sentei) ele está bem... Realmente não aconteceu nada. (ela não me mentiria) ele esta na delegacia e estas coisas demoram.

Gabriel> Mas pra quê calmante?

Dr. Felipe> A arritmia. Você vai ao pico muito rápido.

Eu ainda estava intrigado... e envergonhado, claro.

Gabriel> Não quero calmante. Só vou dormir depois de ver o Gui...

Todos suspiraram exasperados. E eu olhei pra cara de cada um. A Jú toda de preto, ainda... o Dr. Felipe com bata médica e mainha super preocupada. Não dei bola. Cruzei os braços e fiz cara de bravo. Nada iria me fazer dormir sem antes ver o Guilherme. Quando quero algo eu não dou trégua. Só quando consigo é que eu paro. Emburrei de vez e não deixaria eles de forma alguma me dobrar.

Jú> Que moleque birrento.

Mãe> Vai tomar o remédio Gabriel... é uma ordem...

Eu pus as duas mãos na boca como realmente uma criança birreta!

Dr. Felipe> Gabriel não pode ficar assim...

Eu não liguei fechei os olhos e continuei assim. Sem querer nem ver ninguém... entre as mão falei...

Gabriel> Não quero saber... se eu não posso sair daqui não vou tomar remédio, não vou fazer nada até o Gui aparecer...

E escutei os suspiros de todos. Eles começaram a discutir entre eles e eu não dei trégua. Continuei de olhos fechados e a boca tapada pelas mãos. Não iria me submeter ao que queriam, pois o que eu queria é ver o Gui.

Jú> Tenho uma arma de choque. Poderia imobilizar ele...

Mãe> Deixa de bobagem Jú... o que ele merece é uma surra...

Jú> Ele resiste a dor... eu sei disso Júlia. O que esse menino sofre não é brincadeira. Acho que ele atrai o desastre...

Dr. Felipe> Essa atitude não vai ajudar em nada Gabriel...

Eu não tava nem aí pra aquela discussão. Minha mente só estava em Gui...

Jú> Eu poderia fazer cócegas nele... ou tentar spray de pimenta... dizem que atinge os olhos mesmo vendados...

E eles continuaram a discutir e eu não escutava mais nada, pensava onde estaria o Gui. se eles queria me sedar porque o Gui poderia ta baleado... sendo cirurgiado ou outra coisa... cada vez que eu pensava meu desespero aumentava... que droga... porque ninguém me diz nada... porquê?

E entao percebi o silencio... onde estava a discussão. Onde estava as vozes? Senti uma mão puxar meu braço e resisti... se eles ficaram em silencio e pensam que eu iria abrir os olhos ou tirar a mão da...

Guilherme> Biel?

Meu corpo tremeu e eu abri os olhos. Ali estava meu amor. Eu, involuntariamente, como sempre acontece, comecei a chorar... muito... descontrolado... o Gui com todo cuidado me abraçou. FORTE. Eu chorava descontrolado... e ele ficava me abraçando e passando a mão pelos meus cabelos... O Dr. Felipe pigarreou e disse...

Dr. Felipe> Melhor não se emocionar Gabriel...

Eu não conseguia me controlar...

Guilherme> Para Biel... por favor... (ele tentava de todo jeito me acalmar, mas eu apenas abraçava forte ele como se fosse segurar a taboa de salvação... o bote no mar revolto).

Gabriel> Você sumiu... tudo sumiu...

Eu tremia... e ele apenas falava ao meu ouvido...

Guilherme> Não sumi. Te trouxe aqui... fiquei do seu lado... e só não fiquei mais porque tive que ir prestar depoimento... (ele me afagava e meu choro permanecia forte) para Biel... você bateu a cabeça...

Mãe> Gabriel pare com isso...

Mainha falou enérgica... e eu nem dei bola... mas estava começando a ter uma crise... e a coisa ficaria séria. Foi quando o Gui suspirou e me afastou dele... foi difícil porque eu parecia um polvo.

Guilherme> Gabriel pare com isso agora! (ele gritou autoritário) AGORA... PARE!

Seu grito foi tão forte, seguido de uma sacodida que eu fiquei assustado. E de certa forma parei.

Guilherme> Agora vai tomar o que o médico disse. E vamos dormir Gabriel. Dormir!

Eu pisquei várias vezes...

Dr. Felipe> Na realidade é um calmante que não provoca sono... ele acabou de acordar... tem que fazer exames...

Gabriel> Eu não vou tomar calmante... nem fazer exames (baixei a cabeça e fiz bico... não iria e pronto)

O Gui se levantou.

Guilherme> Doutor peça pra enfermeira trazer o medicamento que ele vai tomar... (eu ia protestar) sem resistência (falou me olhando profundamente) agora vou trocar a roupa dele... (olhando pra mainha a Jú e o doutor falou) será que podem nos dar licença?

Mãe> Mas comigo não tem problema... posso ver o meu filho peladinho...

Gabriel> MÃE!

Jú> Quanto a mim também... deixa só eu ligar a câmera... pera...

O Gui foi até a porta e a abriu... seu rosto era de poucos amigos.

Guilherme> Agora!

Eles saíram bem silenciosos... o Gui fechou a porta... e chegou até mim...

Guilherme> Temos pouco tempo. Me puxou e deu aquele beijo maravilhoso.

Depois de quase me sugar pra dentro dele com um beijo forte e possessivo o Gui disse:

Guilherme> Gabriel, olha temos que conversar sério agora. (ele tava muito sério) Essa do Danilo não pode novamente acontecer. (ele suspirou) olha Biel, temos que fazer as coisas de forma diferente. Talvez nos livramos desse carinha em sua vida... mas não pode acontecer novamente. As leis brasileiras são mal executadas... estava pensando em nos mudarmos de Recife...

Eu olhei pra ele incrédulo...

Gabriel> Gui como assim nos mudar de Recife? E mainha, e a academia... e meus estudos... amigos meus e seus... e vovó? Gui é absolutamente impossível...

Ele fechou os olhos...

Guilherme> O que é impossível é deixar você sofrer risco de vida...

Gabriel> Gui acho que isso foi um fato isolado. Tipo, o Danilo foi me ajudar... e por causa de sua reação... (ele fechou a cara)

Guilherme> Por causa de minha reação... que merda Gabriel... esse cara te fez o que fez a vida toda... e por um momento, talvez forjado por ele, finge te salvar e já vira um santo! Que porra!

Ele ficou realmente bravo...

Guilherme> Fora que apontou arma pra ti e pra mim... ele é doente... e você é a obsessão dele...

Ele tinha razão. Fiquei na minha mesmo.

Guilherme> Vamos conversar isso amanhã em casa... hoje você dorme aqui e eu também...

E já foi me vestindo uma cueca... um calção que ele trouxe e uma camiseta...

Guilherme> Se quiserem fazer exames em você é vestido...

Ou homem ciumento! Fiz os exames todos... e estava cansado demais... não queria que o Gui dormisse comigo no hospital, pois meu caso só era pra ficar de sobreaviso... e ele iria dormir mal naquelas camas de alvenaria com colchonete de napa... não queria mesmo... mas ele é teimoso demais... e só faz o que quer...

Mãe> Mas eu que vou ficar...

Mainha e Gui travaram uma briga feia... ela queria ficar... ele queria ficar e eu queria que ambos fossem pra casa... olhei pra Jú...

Jú> Nem vem que num tem... eu não durmo aqui nem amarrada pelo clítores...

Todos nós olhamos chocados... mainha mentalmente deveria ta dando graças a Deus por o Dr. Felipe não tá ali...

Jú> Que é? Nem façam essas caras que eu não durmo aqui nem que meu mamilo...

Mãe + Gui + Gabriel> Juliana!

Jú> Que que é... que que é? Que bobagem gente... são apenas detalhes... detalhes....

Suspirei...

Mãe> Escolhe então Gabriel... quem fica?

O Gui e ela cruzaram os braços... na expectativa que eu escolhesse...

Sabia que estava em uma sinuca de bico... então fiz...

Gabriel> Vou pegar minha moeda... se der cara... então Gui fica... se der coroa, em alusão a mainha (ela me deu a língua) mainha fica...

O Gui me olhou incrédulo... eu peguei a moeda que fica em minha carteira e joguei pra cima...

Gabriel> Cara... o Gui fica...

Depois de mainha ter se despedido muito triste... e a Jú ter sido praticamente arrastada... o Gui fechou a porta e disse...

Guilherme> Quer dizer que tirou na sorte? Quer dizer que simplesmente me pos na possibilidade... da sorte... poxa...

Eu entao peguei a moeda e a olhou como se não entendesse... depois sorriu...

Guilherme> Uma moeda com duas caras... ah seu malandrinho...

Ele me abraçou e me beijou... muito...

Guilherme> Sabe o quanto sou feliz depois de você?

Gabriel> Mas eu só dou trabalho... tipo... sou um chama desastre ambulante...

Ele riu alto...

Guilherme> Nunca fui tão feliz em toda minha vida.... nunca! Você foi quem apresentou a felicidade pra mim...

Eu olhei pra ele... ele tava diferente...

Guilherme> Gabriel é engraçado... nunca imaginei dizer isso pra ninguem... mulher nenhuma.... imagine um homem... (ele sorriu) Pequeno isso é inusitado pra mim... novo... diferente... e eu estou feliz... maravilhado... pois é tão fácil amar você. É tão simples Biel. Não sei porque tantos casais são tão arredios... destrutivos uns com os outros... se o caminho da aceitação é fácil... simples... apenas é se deixar levar pela correnteza... como um riu Biel... não temos que fazer nada... o amor nos leva...

Ele tava muito poético...

Gabriel> Gui o que aconteceu? Você tá tão... tão...

Guilherme> Apaixonado? Romântico? Ou meu pequeno... imaginar que você poderia ter morrido me fez refletir sobre nós... me fez ver que o que vivemos é raro. Mas acontece muito. Apenas não nos damos conta. Muita gente vive o que vivemos e não se dá de conta que o que importa é aquele que esta ali tão próximo. Mas vamos falar sobre isso... alias... sobre muita coisa Biel. Precisamos falar mais de nós dois... certo?

Balancei afirmativamente a cabeça... eu tava adorando a versão Gui pós trauma...

Guilherme> Mas antes vamos descansar... vamos dormir.

E eu balancei negativamente a cabeça...

Gabriel> Tou morrendo de fome... nem vem Gui... quero comer...

E ele riu alto... me abraçou e disse...

Guilherme> Só você mesmo Gabriel... só você!

A dormida foi incomoda... pra ambos... eu porque não conseguia dormir sabendo que o Gui tava dormindo mal... o Gui porque tava dormindo com metade das pernas pra fora e um braço dobrado de forma estranha no canto do quarto. Tive pena dele... poxa eu não queria que ele dormisse ali comigo... perguntei se ele não queria dividir a cama comigo e ele nem respondeu... apenas se deitou e deu boa noite...

Quando acordamos... ou melhor, despertamos do martírio... já era umas 7 horas e a uma enfermeira entrou no quarto... comunicou que as 8 o médico iria me ver e que depois teria possível alta. E foi o que aconteceu... já estava no carro do Gui indo pra casa de 8:40... nem deu tempo de mainha ir lá...

Gabriel> Mas mãe eu quero ir pra aula...

Mainha aos berros no telefone...

Mãe> Nem pense seu louco... você não vai...

Gabriel> Mãe eu estou atrasadíssimo...

O Gui tomou meu celular e falou com mainha...

Guilherme> Ele vai descansar Júlia... não se preocupa. Tomo conta dele...

E desligou me deixando muito irritado... já tava prevendo o que ia acontecer... o Gui ia me trancafiar no apartamento. Eu ia ficar o dia todo de molho... perderia aula... e o que é pior... não compraria a fantasia pra destruir a Jú no próprio niver dela... Saco!

Gabriel> Gui preciso ir pra escola... se eu não for todo mundo vai ficar pensando que eu faltei por covardia...

Guilherme> Que pensem o que quiser... você vai descansar e tá decidido...

Eu estava pra pular no pescoço dele...

Gabriel> E quem decidiu isso?

Ele me olhou nos olhos mesmo dirigindo... pegou minha mão e pos na coxa dele...

Guilherme> Eu... precisa de mais?

E continuou a dirigir. Eu tirei a mão e cruzei mos braços emburrado... tinha que sair de lá... ele iria me vigiar feito um cão pastor.

Gabriel> Mas eu preciso fazer umas compras... algumas... ok... tenho que sair a tarde pra o centro pra comprar... (fui interrompido)

Guilherme> Você só sai amanhã... hoje não mais...

Eu realmente iria provocar um acidente... porque já procurava o local pra desativar o sinto de segurança e voar no pescoço do Gui... me deu vontade de socar aquele brutamontes com soquinhos localizados...

Chegamos no apartamento e eu já planejava a fuga... seria algo bem calculado... ele nem iria notar... tipo, ele iria pra academia alguma hora porque ele tem que ir... mesmo que seja pra passar lá pra apenas dar instruções... e neste momento eu fugiria... Ou ainda quando ele fosse malhar... tipo, ele sempre malha pela manhã cedo... ates das aulas... dos compromissos... de tudo.

Mas quando algo acontece, como aquilo que nos aconteceu... ele malha a tarde... no inicio da tarde... antes de jantar... e nesse tempo eu poderia ir comprar a fantasia. Quando saímos do elevador e já no apartamento eu tinha tudo em mente... tempo que gastaria pra chegar no centro, tempo que gastaria pra comprar a fantasia ou o material dela... e por fim o tempo de voltar... tudo cronometrado pro Gui não perceber...

Eu já sorria com o sucesso do plano quando... Meu sorriso morreu.

Maria> Pequeno Gabriel... meu menino que coisa em... assim que soube vim cuidar de meu menino!

E olhei pra Gui que estava sorrindo de mim... ele provavelmente previra minha fuga.

Gabriel> Não precisava se incomodar Maria (eu a abracei e o Gui passou por nos com um sorriso de canto a canto) eu estou bem... já pode voltar pra fazenda...

Maria> Voltar? Nem pensar! Quando o seu Guilherme me ligou eu fiquei doida... e dona Aída também. Mandou que eu viesse. Quando o seu Guilherme pediu pra eu ir, já tava de malas prontas.

Ali tava o Pitt perfeito...

Guilherme> Fora que a Maria vai ajudar a vigiar... (e pigarreou) cuidar de você!

Eu sabia que era pra ser vigiado... ele não precisava dar a dica nas claras... mas se o Gui pensa que irei ceder... tava enganadíssimo. A Maria fez perguntas e mais perguntas... e quando eu consegui responder todas e me desvencilhar da Maria, fui pro quarto procurar aquele conspirador... ele tava tão lindo que pensei em não mexer nele... Tava deitado na cama só de cuecas... já tinha tomado banho e o cabelo estava em desalinho...

Eu sentei na beira da cama e fui perceber aquele homem enorme ali... deitado...descançando a noite mal dormida... repousando quase que indefeso... ronroncava baixinho... ressonando. Os lábios entreabertos e as sobrancelhas arqueadas.. ele tava tão lindo que tive pena de puxar uma discussão sem sentido. A cama era uma king, mas ele ainda sobrava um pouco porque tava mal posicionado... eu comecei a afagar os cabelos dele e ele continuou naquele sono leve... meio dormindo meio acordado... pouca consciência... era tão bom afundar minhas mãos nos cabelos negros do Gui... senti-los molhados... era maravilhoso.... Eu sim, estava plenamente feliz.

Deitei ao lado dele e adormeci por pouco tempo... acho que dormimos por no máximo uma hora e meia... pois acordei com aquela fome... e o Gui já tava no celular com alguém da academia... eu fui tomar um banho que realmente precisava pois eu acho que tinha outro de mim em poeira... Tomei um banho rápido porque a fome não deixava... quando sai do banheiro o Gui não tava mais no quarto... eu troquei de roupa e fui procurar por ele... e por comida. Na sala estava ele conversando com o Bruno.

Bruno> Gabi deixa eu ver você!

O Bruno tava preocupado, percebi... e eu fui pra perto dele cumprimentá-lo... e ele, surpreendentemente, me deu um abraço forte... o Gui ficou cabreiro do lado olhando de rabo de olho...

Bruno> Fiquei preocupado contigo Gabi... não da mais susto no Bruno não viu...

Gente o Bruno era uma caixa de surpresas...

Guilherme> Tá tá... chega de lero... (e literalmente tirou o Bruno do abraço nos separando) vamos trabalhar Bruno...

Já o Gui era o poço da previsibilidade. Não dei bola pra ele e fui logo perguntando para o Bruno como tava ele com a Jú...

Gabriel> Bruno me fala... como tá a Jú contigo?

O Gui se sentou chamando o Bruno que ficou entre lá e cá... eu segurei o braço dele e repeti a pergunta... ele tava querendo conversar comigo e com medo de não obedecer o Gui...

Bruno> Ela voltou a falar... mas ta lenta as coisas...

Guilherme> Bruno! (o Gui chamou zangado)

Eu soltei ele, pois não adiantava quando o Gui tá daquele jeito não tem quem vença. Fui pra cozinha procurar comida e eu gritei de lá...

Gabriel> Você querem alguma coisa?

Maira surgiu toda empertigada...

Maria> Deixa que eu faço... vá lá se sentar...

Bruno> Quero...

Guilherme> Não precisa... pros dois...

Que saco o Gui...

Gabriel> Maria prepara pra nós três... o mal educado não tem voz aqui na cozinha... quem manda somos nós.

Maria preparou um lanche bacana pra nos e eu levei pra sala... eles estavam discutindo datas e possibilidades de viajes e treinos e tabelas... era um saco.

Gabriel> Vamos lanchar?

O Gui olhou enviezado e pegou um sanduíche... o Bruno estava estático como se esperasse um comando...

Gabriel> Come Bruno... (falei de boca cheia)

Ele olhou pro Gui e este deu de ombros... o Bruno caiu matando nos sanduíches...

Enquanto comíamos eu me interessei pelo assunto. Parece que tinha uma viajem pra ser feita... agora pro Rio de Janeiro... pra umas lutas lá... embora o Bruno ainda não pudesse lutar plenamente por causa do braço quebrado...

Gabriel> Há uma viagem... pra quando é? Tava já enferrujando sem fazer massagens.

Bruno> Janeiro.

Guilherme> Você não vai!

E eu engasguei.

Gabriel> Como? Mas como? Porque eu não vou? Eu não vou?

Eu olhava pro Gui sem entender... ele calmamente terminou o lanche e falou olhando pra mim...

Guilherme> É um evento sem muita organização como foi o de São Paulo... embora importante também... e é melhor você não ir...

Gabriel> Mas quem vai fazer as massagens?

O Bruno olhava pra mim, pois pro Gui... como se assistisse a um pingue-pongue... a cada mudança de lado ele mordia o sanduíche...

Guilherme> A gente contrata lá...

Gabriel> Gui não tem como isso... eles não saberão as necessidades pessoais de casa atleta... fora que é mais caro...

Guilherme> Dinheiro não é problema... (falou seco)

Gabriel> Não entendo... você disse que eu iria a todas as viajes e que já falou com mainha sobre isso que ela me liberou e tal... e agora porque mudou de ideia?

Guilherme> Porque não quero que vá e pronto...

Isso não era justificativa...

Gabriel> Guilherme quero que diga agora... por quê?

Ele me olhou sério e falou....

Guilherme> Eu não quero você no meio desse povo... não quero você no meio deles... você NÃO.

Eu ia me levantar e dizer o que eu pensava daquilo... daquela súbita mudança... mas a razão e a inteligência me fez permanecer quieto... eu realmente tinha que ser mais inteligente que ele pra não ficar de lado... e ele fazer o que bem entendesse... que decidisse tudo sobre mim...

Gabriel> Tá bom... sem problema...

E desta vez o Bruno engasgou...

Bruno> Desculpe, mas até pra mim é estranho... o Gabi se conformar!

Era só essa deixa que eu precisava...

Gabriel> É que percebo que terei esses dias sozinho aqui em Recife pra por algumas coisas em dia...

E me levantei dali sorrindo disfarçadamente, ante o engasgo silencioso do Gui. Fui pra cozinha com o resto do lanche... a Maria veio me ajudar...

Maria> Você precisa descansar

Eu precisava ver era o resultado daquilo tudo... Fiquei de camarote assistindo na cozinha as reações do Gui... ele olhava pra o Bruno falar e não conseguia se concentrar... coçava a cabeça... apertava os lábios... queria tentar entender e processar o que eu havia dito. O Bruno até que tava fazendo um papel direitinho... organizado... usando logística... era engraçado.

Olhei pro Gui todo preocupado... tentando ver uma saída pra aquilo tudo... deu-me pena. Mas eu queria ir. Nunca que o deixaria sozinho no Rio... Mas dói esse pensamento que me fez ver o que eu tinha feito. Pensar que o Gui iria me trair no Rio com mulatas e tudo...

Acho que a traição é algo que dói... e o Gui sabe disso. Dói muito pra quem faz.... e pra quem recebe, porque sempre a verdade vem a tona. Sempre descobrimos... sempre saberemos de algo desse tipo. Por isso eu pensei que fui rude com o Gui. ele sofreu o que sofreu com os pais por conta de traição e simplesmente eu o estou pré-julgando. Não estava certo. Realmente não estava. Claro que imaginar que poderia acontecer algo do Gui com alguém me deixava arrasado... doía tanto o peito que eu temo que não suportaria essa realidade... não queira imaginar aquilo... muito menos julgar o Gui...

Me senti mal... fechei os olhos... a perspectiva de julgar o Gui é tão ruim quanto a dor de sentir ser traído.

Não queria pensar naquilo... mas eu sabia que era difícil viver com alguém te julgado, da mesma fora que viver com alguém que te traiu... eu nunca perdoaria uma traição... porque quem ama não sente necessidade de trair, pois o amor preenche completamente o ser... Quando percebi o Gui tava na cozinha tomando água... eu fui até ele... toquei-lhe o braço... e quando abri a boca pra pedir desculpas e dizer que não me importava que ele fosse pra o Rio ele disse...

Guilherme> Você vai comigo pra o Rio.

Me deu um beijo rápido e voltou pra sala. Fiquei mudo. Com vontade de falar tudo o que pensei... mas... Era melhor ir pra o Rio... Maira me mandou sentar em algum lugar enquanto organizava a cozinha. Não queria minha ajuda. Disse que queria que eu descansasse. Eu atendi e fui pra outra sala... a próxima ao lavabo... pois não queria importunar Gui e o Bruno. Me sentei ali e fiquei imaginando no que eu havia feito. Poxa eu induzi o Gui a me levar por bobagem. Por ciúmes... ou por insegurança... mas eu não tava inseguro, nem com ciúmes de algo específico. Olhei pra eles dois... eram muito amigos. O Bruno era uma pessoa pura. Sem maldade. Um garoto crescido, mas apenas um garoto. Eles conversavam e o Bruno olhava o Gui como um Deus. O Gui nem se dava conta disso. Era outro muito distraído de si. E como eu o amava.

Maria> Gabriel você quer mais alguma coisa, filho?

Gabriel> Não Maria... não... (daí eu tive um estalo) Maria eu quero comer no jantar uma coisa específica... mas o Gui ta ocupado e não pode adquirir...

Estava já planejando...

Maria> O que filho?

Gabriel> Quero comer lagostim... mas não tem aqui...

Fiz minha cara de cãozinho perdido... e ela disse...

Maria> Então vou falar pro Guilherme...

Gabriel> Não Maria... não... melhor não atrapalhar ele... olha lá como ele tá ocupado com o Bruno... coitado nem pos os assuntos de trabalho em dia... tá tudo atrasado. (suspirei dramaticamente) eu não posso mais exigir isso dele... mas, eu poderia ir comprar...

Fiz minha cara de inocente...

Maria> De forma alguma você vai sair daqui pra ir ao supermercado...

Eu já esperava por isso... meu objetivo era outro... e logo em seguida eu alcançaria...

Maria> Deixa que eu vou e compro. Pronto....

Estava aí. Missão 1 alcançada... faltava a pior... missão Gui – se livrar do inimigo em potencial. Ele teria que sair de casa... e antes que a Maria resolvesse ir ao centro... acho que logo após o almoço. Pois como falei que era pra o jantar o lagostim, ela não iria agora comprar tendo ainda que fazer o almoço. Portanto o Gui teria que passar a tarde fora... mas como?

Guilherme> Gabriel? Cadê você? Tá muito quieto para meu gosto...

Suspirei... ele é muito esperto... tenho que tomar cuidado...

Gabriel> Tou aqui Gui...

Fui ao encontro deles...

Bruno> Gabi o que você acha de fazermos uma festa na academia de confraternização de fim de ano?

Era interessante...

Gabriel> Como seria esta festa?

Bruno> Há com bebida e comida e... e... (ele ficou gaguejando)

Guilherme> E um apenas os alunos da academia serão convidados...

Eu os interrompi.

Gabriel> Gente, espera, pelo visto vocês não sabem fazer festa alguma... como assim convidados? É uma confraternização de fim de ano ou uma festa de comemoração da academia? Tem grande diferença...

Bruno + Guilherme> Que diferença?

Gabriel> Quem paga.

Eles fizeram cara de quem não entendida...

Gabriel> Gui você tem quantos alunos? 100? 200? 400?

Guilherme> Quase mil no total.

Gabriel> Imagina você dando uma festa pra mil pessoas... você vai gastar com elas? Vai comprar comida e bebida pra elas? Porque se for uma festa de comemoração de alguma coisa da academia, entao você vai... agora se for uma confraternização, entao você tem que cobrar uma cota pra comprar comida e bebida ... daí a festa é dada. E francamente, não pode ser todos os alunos. Eu acho que deveria ser uma festa pra quem faz alguma luta... não pra aluno de musculação somente, de aeróbica ou de natação... eu acho que deveria restringir senão vai ser um evento pro Chevrolet Hall.

Bruno> Verdade...

Guilherme> Sim pequeno... é verdade! Mas os demais não vão ficar chateados?

Gabriel> Gui eu acho que não porque aluno de musculação não costuma fazer turmas em academias... eu acho né... (sorri) eles vão pra academia, malham depois vão embora... no máximo eles tem um ou dois amigos que malham juntos. Mas eu acho que os alunos de luta são diferentes. Eles formam grupos. Saem juntos. São amigos de todos... e se interessam por vocês que são professores deles.

Ficaram pensando sobre isso um pouco...

Guilherme> E como seria a festa?

Gabriel> Você quer ganhar dinheiro com ela?

Guilherme> Não! De forma alguma. Não é festa pra isso. É uma confraternização de fim de ano.

Gabriel> Atrasada né Gui, pois já ta quase no fim de ano... (ele me olhou com cara de culpado) se fosse pra ganhar, você cobraria uma entrada, daria a comida, e cobraria a bebida em um bar. Como é confraternização, apenas pedimos uma quota pra pagar a comida e a bebida pra todos... só que com limite né Gui... e com um inicio, um meio... que pode ser um sorteio de algo legal, e um fim, pra que possam ir embora e não ficar bebendo ate morrer. Contratamos um DJ bacana, que tenha um gride com iluminação e fazemos uma decoração simples e moderna. Pronto. Ta ai a festa.

Eles me olhavam impressionados... fiquei tímido...

Guilherme> Você resumiu a minha manhã com o Bruno...

Bruno> Viva o Super Gabi...

Sorri... povo bobo!

Gabriel> Entao pra quando seria?

Bruno> Acho que diz 27 deste ano....

Era muito em cima... mas poderia dar certo. Não era uma data convencional.

Daí tive uma ideia genial...

Gabriel> Vocês tem que ir o mais rápido possível procurar um DJ, eles são cheios e podem ficar sem agenda...

Guilherme> A gente liga...

Gabriel> Não Gui. Eles são enrolados... melhor ir ao vivo. Vão hoje a tarde... tem a tarde toda pra resolver isso...

E a isca foi lançado... dois peixes pra fisgar...

Bruno> Vamos...

Guilherme> Certo, melhor mesmo... depois do almoço... e o mocinho fica em casa viu...

Pronto. Pescaria perfeita. O almoço veio rápido e eu comi feito flash... já tava tudo decidido... assim que eles saíssem pra resolver o DJ da festa, eu pediria pra Maria ir ao supermercado pra comprar os lagostins... e depois sairia... procuraria minha fantasia e voltaria antes do Gui chegar... deixaria um bilhete pra Maria dizendo que tinha dado uma saidinha... que me ligasse assim que chegasse (pois evitaria dela ligar pro Gui) e eu diria a ela que fui pegar algo no centro, o que era verdade.

Quando o Gui chegasse eu já estaria em casa, com a fantasia e então ele não poderia brigar mais... Eu estava tão feliz e divagante que não percebi que estava com o garfo na boca sorrindo...

Guilherme> Tenho medo do que te deixou com cara de bobo Gabriel.

Eu acordei do “transe’... o Bruno me olhava com interesse de curioso... o Gui desconfiado... a Maria sorridente...

Gabriel> Nada, só tava pensando na fantasia que eu vou bolar pro niver da Jú.

Bruno> Sabia que ela tá a mil tentando descobrir o que você vai fazer... fora que já descartou inúmeras fantasias... (daí parou) eita não deveria ter dito isso.

Eu deveria descobrir estas fantasias descartadas da Jú... quem sabe eu usaria uma apenas pra afrontar ela...

Gabriel> Quais ela descartou Bruno?

Bruno> Não posso falar. Ela me mata...

Eu fiz cara de pidão... e ele não resistiu!

Bruno> A garota do chamado. Ela ia de camisola com o cabelo molhado todo pra frente.

Era interessante. Mas pra mim aquela fantasia não dava... tinha que arrancar mais do Bruno...

Gabriel> Qual outra?

Bruno> Não sei Biel, a Jú vai me matar...

Guilherme> Então não diz (dei um chute na canela dele)...

Gabriel> Continua...

Bruno> Ela ia de piratas do caribe... ia fazer Jack Saparrou...

Tá entendi que ela ia de Jack Saparow... boa pedia... muito inteligente, mas eu tinha tido esta ideia... só que ela ia fazer um papel masculino... nossa... que menina danada...

Ele notou-me pensativo e disse.

Bruno> Tá, não vou mais falar...

Mas eu me dei por satisfeito... queria ir de algo que não fosse convencional... nem que pra isso precisasse pintar o cabelo de preto pra chocar....E um estalo deu-se em mim... pintar o cabelo de preto... é isso!

Guilherme> Vamos logo terminar isso aqui antes que eu perca a canela... (Bruno fez cara de que não entendeu) Bruno vamos na academia pra eu resolver algumas coisas básicas. Depois vamos ligar pra aquele DJ da Metrópole que a Flavia disse ser interessante, lembra?

Ele piscou o olho pra o Bruno.... eu percebi

Gabriel> Ei pera ai... que DJ da Metrópole é esse? (aquilo tava estranho)

A Metrópole é uma boite gay, como o Gui tinha interesse nesse tipo de DJ?

Guilherme> Nada de mais. Depois te falo.

Se levantou quase arrastou o Bruno. Pegou as chaves do carro, a carteira e foi pro elevador.

Guilherme> Não sai de casa... te amo pequeno.

E o elevador se fechou. Eu ainda estava muito desconfiado daquilo quando percebi que tava perdendo tempo... tinha que ir logo mandar a Maria ir pro supermercado...

Gabriel> Maria eu pretendo deitar. Mas só quando você sair. Pois fico te fazendo companhia...

Maria> Não filho... não faz isso. Pode ir se deitar... vou terminar aqui...

Gabriel> Nada disso. Só vou me deitar (bocejei propositalmente) quando você sair... te faço companhia... ta decidido.

Ela bateu o pé e falou...

Maria> Bem que o senhor Guilherme disse que você é um danadinho quando quer... tá bom. Vai se deitar e eu vou agora, certo?

Sorri e dei um beijo nela...

Gabriel> Você é um doce...

E fui pra o quarto. Me arrumei em tempo recorde... escutei o elevador ser fechado... a Maria já estava descendo... sai o quarto e fui pra o hall de entrada... os números indicavam que o elevador estava no térreo. Pronto. Agora era deixar o bilhete...

#Maria, não se preocupa, fui pegar uma encomenda e volto em instantes... me liga se qualquer coisa. fone: (e dei meu numero)#

Pronto. Pedi o elevador. Assim que este se abriu foi como se uma lufada de liberdade se abrisse pra mim... Eu entrei. Ele se fechou... Já no hall do prédio eu não vi ninguém conhecido... sorri pra o rapaz da guarita... ele me cumprimentou... quando o portão abriu-se... eu realmente me sentia um pássaro fora da gaiola...

Mas a selva era imensa. Eu não tinha planejado como chegaria ao centro... se ia de taxi ou de ônibus. Quando ia pegar um taxi eu vi o ônibus chegar no ponto... decidi por ele... corri feito doido fazendo sinal pro motorista... ele me esperou e eu subi. A adrenalina estava a mil... mas eu estava amando. Tinha o tempo do trajeto do buzão pra pensar onde poderia ver minha fantasia.

Eu olhei pela janela e vi novamente os carecas andando pela praia de boa viajem... o ônibus entrou a direita e seguiu a direção do Shopping Center Recife e eu os perdi de vista. Fiquei cabreiro. Eles estavam sempre pertos. Fiquei pensando neles até chegar no shopping. Não desci. Achei melhor ir pro Recife antigo... ou as ruas de comercio... lá geralmente tem ruas só de coisas de fantasia... Durou uns vinte e cinco minutos todo o trajeto. Desci na boa vista... daí eu andaria muito mas veria tudo. Era uma da tarde. E eu iria aproveitar aquela liberdade fugida... Meu celular começou a tocar.. era o Gui...

Eu entrei no shopping da Boa Vista e atendi...

Gabriel> Oi Gui...

Guilherme> Te amo. (estava um barulho horrendo) eu liguei pra você não ficar pensando bobagem amor... te amo viu. Não esquece disso.

E desligou sem eu me despedir. Sorri. Pelo menos esse jeito grosso dele de ser apaixonado me ajudou naquela hora... ele não percebeu que eu estava com som de ambiente... Sai do shopping Boa Vista e fui andar pra ver algumas ruas apertadas que tem por ali e procurar lojas de fantasia...

As ruas estavam lotadas... gente demais... eu olhei e vi algumas de fantasia... entrei e nada que me animasse... procurei uma especializada de fantasia pra aluguéis... mas era difícil... Sempre tinha aquela mesmice... tipo, fantasias com tecido barato, feitos de forma padrão sem muito cuidado, ou apenas que lembrava um pouco, um pouco mesmo, o original. Andei uma rua que tinha várias lojas de fantasia, mas de fantasia de carnaval. E não era o que eu queria... eu realmente queria uma fantasia sobre cinema, sobre algum personagem do cinema, e as lojas só vendiam artigos carnavalescos... já as lojas de aluguel de fantasia não tinha muita criatividade... o que fazer? Suspirei...

Vendedora> Posso lhe ajudar?

Eu tomei um susto. Era uma senhora de meia idade... eu estava distraído olhando uma fantasia de romano puxado pra o Egípcio puxado pro grego, quando simplesmente aquela senhora me aborda.

Gabriel> Na realidade não senhora... (falei evasivo) eu queria uma fantasia de cinema, mas só encontro tema carnavalesco...

Vendedora> Ah é difícil mesmo... você não vai achar aqui, no comércio.

Suspirei desanimado.

Vendedora> Agora tem uma mulher que trabalha pra o Mirabilância!

Mirabilândia é o parque do Recife, antigo Playcenter.

Gabriel> Como assim?

Vendedora> Essa mulher é uma costureira famosa e trabalha fazendo fantasias... você sabe que tem no parque a noite do terror... e simplesmente ela consegue fazer algumas fantasias que são idênticas aos monstros dos filmes.

Eu fiquei maravilhado... gente um monstro! Um vilão... e eu lembro as fantasias do Mirabilândia. São simplesmente perfeitas. Incríveis e absolutamente reais. QUERIA CONHECER AQUELA MULHER... IRIA LÁ! AGORA!

Gabriel> Como chego a esta mulher? Ela tem tempo? Pois eu tenho pouquíssimo tempo pra programar uma fantasia...

Vendedora> Eu tenho o telefone dela... ela já fez algumas coisas aqui pra loja, mas é não faz muito o estilo daqui, pois normalmente ela cobra caro pela fantasia... e aqui é mais popular, entende?

Fiz um sim com a cabeça, mas eu nem tava ai pra loja, eu queria mesmo ERA O TELEFONE DA MULHER!

Gabriel> Ah legal... mas qual é mesmo o telefone dela?

A vendedora foi pro fundo da loja e logo retornou com um numero anotado num papel...

Vendedora> Liga pra ela. Acho que vai encontrar o que procura.

Agradeci e sai da loja... liguei ali mesmo na rua... o Guilherme odeia que eu fale ao celular no meio da rua... mas não tinha tempo... mesmo!

Gabriel> Alô, boa tarde. É a senhora (e disse o nome que a vendedora me passou) Narzinha?

Dona Narzinha> Sim, pois não?

Gabriel> Senhora eu estava precisando lhe encomendar uma fantasia, com urgência. A vendedora da loja (falei a loja) me passou seu número me informando que a senhora faz fantasias...

Dona Narzinha> Sim faço... mas pra quando seria, o que tem em mente?

E conversamos rapidamente. Ela NÃO TINHA TEMPO. Mas eu insisti e fiquei de ir na casa dele... naquela hora... em Jaboatão dos Gararapes!

Resumindo... longe! Respirei fundo. Eu tinha que ir... como falou a dona Narzinha, eu tinha que ir... de toda forma... pois não tínhamos tempo. Só tínhamos 5 dias. O aniversário da Jú já era domingo próximo. Tentei ligar pro Gui e revelar minha escapulida... o celular dele tava fora de área. Pensei, descarregado não é... ele deve ta dentro do banco e sem sinal...

Bom fazer o que... eu tentei né... Suspirei e fui pra parada de ônibus... ia pegar o Piedade... de lá pegaria um taxi... Já era umas 3 e meia da tarde. E meu celular vibou... era Maria! Ela deve ter chegado em casa. Olhei pros lados e vi que era esquisito atender ali... entao esperei o ônibus chegar. Me sentei e percebi dois caras mal-encarados andando do outro lado da rua. Eu vi o ônibus vindo lá no inicio da rua e esses caras olharam pra o meu lado de cima abaixo. Um frio percorreu minha espinha e eu temi. Meu celular vibrou novamente e eu o apertava no bolso da calça. Minha cabeça começou a doer um pouco... e os dois caras resolveram passar a rua... vinha um carro e eles esperaram o carro passar. Eu estava sozinho. Olhei o ônibus e ele estava longe... suei... e agora? Pensei em correr, mas pra onde? Eu estava no meio do nada... sozinho numa parada de onibus, no centro antigo do Recife prestes a ser abordado por dois caras... e o celular voltou a vibrar. Eu escutava a vibração como uma campainha estridente... minha carteira com documentos estava no bolso de trás... os dois caras estavam no meio da rua, na faixa amarela tracejada.... eu seria assaltado! Eu seria!

Cadê o ônibus? Olhei e ele vinha... seria segundo... ou menos... Deus... me ajude. Pensei! Eu então pensei em algo... não muito bonito, nem muito legal... mas eu não poderia ser assaltado, pois se eu fosse, simplesmente não iria encontrar a bendita costureira e minha fantasia ia por água abaixo.

Então eu fiz. Corri pelo meio da rua feito um louco, carros vindo e buzinando, mas eu não tava nem ai... queria chegar no ônibus... queria, ao mesmo tempo, fugir dos assaltantes... ou dos possíveis assaltantes... eu ouvia gritos dizendo que eu era louco... que saísse do meio pra não morrer atropelado, mas minha mente só pensava que estava sendo perseguido... o que me fazia correr mais forte... até o ônibus que estava vindo lentamente... Eu simplesmente fiquei frente do ônibus que freou... e eu pedi... gritei... implorei...]

Gabriel> Abre a porta moço... senão vou ser assaltado... pelo amor de Deus...

Eu gritava...

E foi ai que ele abriu a porta. eu subi rapidamente... olhei pra trás e os caras estavam longe... onde eu estive a pouco, no ponto...

Motorista> Tá maluco guri... você podia ter sido atropelado!

Gabriel> Eu tava sendo perseguido por assaltantes... e não podia perder esse ônibus... entao...

Falei ofegante. Paguei a passagem e fui me sentar lá atrás... Foi quando senti o ônibus parar na parada... Sabia quem seriam os próximos passageiros a subir... Os dois subiram no ônibus... e foram direto pra perto de mim... eu instantaneamente me levantei... e sai de onde estava indo de encontro ao motorista... eles bloquearam minha passagem... eu me erguerei por entre os dois eles quase me espremeram... o riso deles era de escárnio, tipo malandro... enquanto eu passava senti mãos em meu corpo, como se tivessem procurando algo... dinheiro... não sei... mas eu resisti e pus as mãos nos bolsos impedindo que eles enfiassem lá as mãos... senti eles tocarem minha barriga e minha bunda... fiquei irritado e me joguei literalmente do escorão que estava sofrendo e quase caindo consegui sair dali...

Ouvi o riso sarcástico deles... e me apressei pra ir pra frente do ônibus... fiquei perto da roleta, junto ao motorista... e, em pé, me recostei... iria ali. Provavelmente seria mais seguro. O problema era... Eles olhava fixamente pra mim. E quando eu descesse, provavelmente eles iam descer comigo. O que eu faria? O ônibus avançava pra o local onde ficava a casa da costureira. E eu, preocupado não pensava mais nem em acertar o lugar. Pensava em fugir dos dois. Foi ai que tive uma brilhante ideia. Olhei pro motorista e disse.

Gabriel> O senhor me ajuda?

Ele me olhou sem entender... eu não podia falar nada pois os dois estavam ali perto...

Gabriel> Me ajude a despistar...

O motorista não entendeu... então eu falei...

Gabriel> Não sai logo... apenas não saia logo ok!

E eu pedi a chamada do ônibus... Ele parou na parada próxima... eu passei a roleta pra descer... E como suspeitava. Eles vieram! O ônibus parou na parada... e eu desci... olhei o motorista e ele apenas me olhava como se não entendesse nada... eu apenas com os lábios falei.... “FICA” e sai pra frente do ônibus no momento em que os dois passavam a roleta. Eu corri da frete do ônibus pra lateral... pelo meio da pista... muito perigoso devido aos carros que seguiam pela rua normalmente... mas eu corri rápido pra que os dois não me vissem... eles desceram e foram provavelmente pra frete do ônibus me seguindo... contudo eu corri muito até chegar no fim do ônibus e dar a volta sem quem eles me vissem... me agachei e vi os pés deles passando a rua... foi nesse momento que eu percebi que meu plano poderia funcionar. Corri muito até a porta do ônibus aberta... e subi... o motorista estava ainda confuso mas quando me viu entendeu tudo...

Gabriel> Acelera motorista... agora...

E ele disse...

Motorista> Agora entendi garoto... assalto!

Então ele logo fechou a porta atrás de mim e pos o ônibus em movimento... eu olhei para a pista e vi os dois olhando pra todo lado sem me ver... foi ai que um deles olhou o ônibus e chamou o outro apontando diretamente pra mim... eles ainda tentaram parar o ônibus mas não dava, já estávamos na pista e em movimento... sai sorrindo pra eles e eles com cara de ódio...

Motorista> Corajoso você... estes ai matam só por diversão...

Senti um arrepio... mas ainda não pude perder o sorriso... foi bom ver eles serem feitos de bobo... Passei pela roleta sem precisar pagar novamente.... e me sentei calmo na cadeira... uma senhora disse que eu fui muito corajoso. E de certa forma eu fui muito parabenizado pelos demais do ônibus porque provavelmente todos ali seriam assaltados... Fiquei exultante. Feliz. Queria falar pro Gui o quanto fui esperto.

Foi aí que senti outro baque no estomago. O Gui ia me matar!

O ônibus foi avançando pra Jaboatão... passei bem perto de casa e olhei o prédio... me deu uma imensa vontade de descer. Meu coração apertou. Senti aquela irresistível vontade de fazer o que o coração diz, mas não atendi... pensei na festa, e tinha que providenciar a fantasia. Não dei bola pra o mal estar que estava sentindo.

Geralmente eu tenho algo comigo inexplicável, tipo, eu sinto um mal estar grande quando algo ruim vai acontecer. Não é algo ruim... me expresso mal, é que eu sinto quando alguém de casa, tipo minha mãe ou mesmo o Gui, vai brigar comigo, ou vai ficar bravo... eu apenas sinto. É como um sexto sentido. Sempre tive isso.

E naquele momento meu corpo todo pedia pra descer do ônibus... era o que sentia enquanto via os prédios sumirem uns dentro dos outros... e o ônibus avançar mais ainda... Suspirei. Não tem mais volta. Fechei os olhos... peguei meu celular e olhei... 3 chamadas não atendidas... da MARIA. Liguei pra ela...

Maria> Menino cadê você? O seu Guilherme não vai gostar que tenha saído viu... onde você tá? O que ta fazendo... que barulho é esse? Faz uma hora que cheguei e você não aparece... tá se sentindo bem?

Gabriel> Tentei falar com o Gui e não consegui... eu estou indo pra casa de uma costureira e volto logo. Volto de taxi. Não se preocupa...

Maria> Volta agora Gabriel... ou o seu Guilherme...

E então o sinal cortou...

Gabriel> Maria? Maria?

Olhei o celular... tava sem cobertura... Suspirei. Algo não ia dar certo! Demorou um pouco pra chegar em Jaboatão... e eu desci depois do aeroporto. Daí pegaria um taxi pra o endereço que ela me passou... olhei e... Não tinha taxi!

Só faltava chover! Olhei pro céu e se tivesse alguma nuvem lá com certeza ela estaria sendo dizimada pelo calor Nossa, onde tinha uma praça de taxi ali? Se eu soubesse teria decido no aeroporto... suspirei... fazer o que? Tinha que andar... e achar um taxi.

Andei muito... muito mesmo, sozinho onde não tinha muita gente na rua, apenas nos carros que passavam em alta velocidade. Andei mais e vi um posto... fui até lá... perguntei ao frentista onde eu encontraria um taxi ali... ele disse que apenas no aeroporto. A não ser que eu ligasse pra pedir algum... Perguntei se ele conhecia alguém e ele disse que sim... pegou o celular e ligou. Esperei uns 15 minutos e o carro chegou...

Um carro horrível... todo quebrado, com placa estranha e o nome taxi quebrado...

Taxista> Diz primo.

Frentista> Esse rapaz precisa de seus serviços primo.

Eu olhei pro “primo”. Ele parecia um taxista mexicano. Bigodudo. Camiseta aberta no peito... meio gordo...

Taxista> Pra onde a figura quer ir?

Eu queria ir pra casa! Mas ao invés eu falei o endereço da dona Narsinha...

Taxista> Entra que te levo lá rapidinho...

Entrei no taxi e ele ficou uns três minutos conversando com o frentista... ele recebeu um pacote pequeno embrulhado em papel madeira e entregou um rolinho que eu acho que era dinheiro... depois veio ao meu encontro...

Taxista> Se segura que já chegamos lá figura!

Era o jeito... Eu estava sentado em algo que doía minhas costas e bunda. Eram bolinhas de madeira... bolinhas pequenas que, eu acredito, serviam para massagear e melhorar a circulação sanguínea... mas que naquele momento eu me sentia totalmente incomodado... O piso do carro era de couro de vaca! E tinha mais terra no painel da Belina (sim era uma Belina!) que no Saara! E aqueles cãesinhos com cabeça balançando também estavam no painel... tinha mais fita do senhor do bonfim que no próprio pelourinho... e um cheiro de banco molhado era incessante.

Taxista> Como é seu nome?

Pensei em dizer Radamés...

Gabriel> É Gabriel!

Taxista> Ah bonito nome... como você é figura! (olhei de esgoela) o que um figura como você faz por aqui?

Gabriel> Eu estou procurando a casa de uma senhora que faz fantasia...

Falei tímido. O cabelo dele era grande e todo oleoso... muito, mas muito estranho...

Gabriel> Qual seu nome?

Taxista> Me chame de Batista... todo mundo me chama de Batista!

Gabriel> Certo seu Batista... faz tempo que é taxista?

E ele riu alto...

Batista> Quantos anos você tem?

Gabriel> Faço 17 em duas semanas...

Batista> Faz 32 anos que sou taxista...

Suspirei aliviado... pelo menos ele realmente era taxista!

Batista> Jaboatão é a melhor cidade do Pernambuco! Alias do Nordeste... o povo só fala em Recife, Fortaleza, Salvador... balela! Recife nem tem aeroporto... o aeroporto é em Jaboatão... em Jaboatão dos Guararapes!

E ele continuou a falar quase xenofobicamente de sua cidade que, francamente, é Região Metropolitana de Recife que foi desmembrava só por questão de ser tão grande.

Não comentei nada... fiquei na minha... mas ele era engraçado de um certo modo.

Batista> Mas o que o filho faz por aqui?

Gabriel> Estou procurando fazer uma fantasia pra um aniversário de uma amiga e aqui tem uma mulher que costura muito bem fantasias...

Batista> Aqui tem tudo... que seria do Recife se não fosse Jaboatão...

E teceu mais o rosário de alegorias sobre Jaboatão dos Guararapes... Quando andamos mais ainda, até um local bem ermo... perto da vila dos oficiais... ele disse...

Batista> É... aqui já dá...

E parou o carro. Eu olhei assustado pra ele... O que ele faria?

Batista> É aqui que desce!

Eu estava assustadíssimo! Como assim.. aqui que desce?

Gabriel> Mas eu... eu quero ir... eu....

Eu gaguejava...

Batista> Quer ir na mulher né isso? Desce!

Eu tremia...

Gabriel> Sim então me leve até lá!

O Batista me olhou como se eu fosse um tolo... e disse...

Batista> Fica por 20 paus filho... e... (apontou) é subindo esse beco ai... eu não posso ir porque não anda carro... te trouxe até aqui...

Olhei pro beco e entendi... eu já estava onde era a casa da costureira... temi descer... mas tinha que ir... entreguei os 20 reais a ele e disse...

Gabriel> Batista me dá teu telefone.... Será que você poderia me pegar aqui se eu te ligar?

Ele me olhou e riu...

Batista> Ninguem resiste ao carisma do taxi do Batista né? (e rindo falou) claro figura... venho na velha Belina do Batista... pode ligar...

E me deu o número... Depois saiu me deixando naquele lugar estranho cheio de vegetação e casas esparsas... subi pela ruela íngreme e fui procurar a casa da costureira...

Se arrependimento matasse eu já tinha reencarnado! Subi a ruela que mais parecia uma ladeira de Olinda... as casas eram quase incrustadas na pedra e saltavam por entre a vegetação...

Algumas pessoas estavam ali... e me olhavam curiosas... eu estava vidrado procurando o número da casa... era o 59. Provavelmente no fim da ruela... suspirei... nada é fácil pra mim... Umas crianças brincavam no meio da rua de bola... e tinha um cachorro que veio ao meu encontro pra me cheirar... eu fiquei morto de medo... e se ele me mordesse? As crianças chamaram o cachorro...

Criança> Vem Catraca!

O cachorro obedeceu e voltou todo molenga em suas patas... meu coração estava acelerado... prossegui olhando pra trás e vendo o caminho que fiz... as crianças no meio da rua... o cachorro acanhado... as casas esquisitas e a vegetação cerrada... suspirei...

Quando virei pra frente vi. 59! Finalmente. Fui até o portão e bati palmas...

Gabriel> Dona Narzinha?

Gritei e alguém abriu a porta... Era um cara alto, muito forte, mais gordo de bomba que forte de malhação...

Gabriel> Senhor eu estou procurando a dona Narzinha... ela está?

E surpreendentemente disse...

Cara Forte> Sou eu... sou dona Narzinha...

E meu queixo caiu literalmente.

Gabriel> Ah, é desculpe... é... dona... dona? (ela pigarreou) dona... certo... DONA NARZINHA... boa tarde. Fui eu quem ligou a pouco...

Dona Narzinha> Tá certo tá certo... pode entrar mano...

Eu abri o portão... porque o major nem veio abrir... era isso o que ela, ele... sei lá... era! Um major... estava vestindo uma camisa polo azul e um bermudão com bolsos laterais... chinelos tipo Ryder... relógio grande e boné... Entrei e vi que realmente ela não tinha peitos... era um peitoral! Me assustei... como aquela representante mor das sapas do Brasil saiba costurar? Com aqueles braços enormes... e a cara carrancuda? Sei não! Onde me meti?

Entrei e ela nem veio ao meio encontro... ficou parada me esperando... fui até ela... e ela esticou sua mao pra mim... me deu um aperto de mãos que eu quase chorei... e quase pedi pra ela largar senão não tocaria piano nunca mais na vida.

Gabriel> Prazer em conhecer...

Dona Narzinha> Certo. Mas me fale... o que você quer em 5 dias? Tirar meu sono?

Eu sorri... amarelo, mas sorri.

Gabriel> Só a senhora....

Dona Narzinha> Senhora o que... me chame de você!

Gabriel> Tá (passei a mao pela cabeça) bem, eu recebi uma encomendação bacana sobre a senh... você! Sobre você! E pensei que poderia me ajudar... eu estou desesperado...

Dona Narzinha> Vem... vamos entrar...

Quando ela abri a porta... Azul... parecia que tinha sido transportado pra outra dimensão... As paredes eram forradas do chão ao teto por pôsteres de rock... de filmes de terror e principalmente de muitas mulheres em poses sensuais... era um outro mundo... estranho e totalmente cru.

Dona Narzinha> O que tem em mente?

Eu olhei pra ela... seria infantil se dissesse que tinha em mente fazer o Lex Lutor?

Gabriel> Eu pensei em fazer Lex lutor... o vilão do superman...?(interrompido)

Dona Narzinha> Então vá pra um cabeleireiro e raspe a cabeça... pronto...

Ela foi andando para mais dentro da casa e eu segui... Ela abriu uma porta e um enorme galpão se abriu... tinhas umas 5 máquinas de costura... mesa grande... armários... araras com algumas peças... máquinas de pregar botões... era um ateliê quase...

Dona Narzinha> Se veio até mim é porque tem que querer o melhor do melhor... o mais incrível... o mais inusitado... a criação!

Eu apenas a segui...

Dona Narzinha> Se quiser isso, eu faço... mas brincadeira de criança eu não faço...

Gabriel> Entendi...

Dona Narzinha> Agora me diga... quer mesmo ser o melhor nesta festa?

Gabriel> Sim! Tudo o que mais quero...

Ela se encostou na mesa e com a mão no queixo falou....

Dona Narzinha> Então pense... e me diga, como uma segunda chance... o que quer que eu faça. Se me sentir motivada pelo que você quer... eu farei em apenas 4 dias... mas se for algo similar ao que você me disse agora... pode voltar daí mesmo....

Eu suspirei... era tudo ou nada... e então eu falei... E ela arregalou os olhos... e sorriu

Dona Narzinha> Sabia que você era diferente. Sabia cara. Sabia!

Suspirou forte...

Dona Narzinha> Tá mesmo ciente disso? Quer mesmo isso? (eu balancei a cabeça - e ela disse) entao eu farei!

Dali em diante, conversamos os valores e como seria as provas... ela tirou minhas medidas e disse que em dois dias eu voltasse pra provar... e dois dias depois ela entregava... ah ela iria indicar um amigo para a maquiagem... Durou tudo uma hora e meia... peguei o celular pra ligar pro Batista... e quando eu vi o visor simplesmente meu sangue sumiu do rosto... 48 ligaçães não atendidas do Guilherme. Várias Mensagens. Eu estava perdido... Liguei pra ele e ele atendeu...

Guilherme> Onde você esta?

Senti a raiva em sua voz... estava grossa, entrecortada... como se tivesse medindo as palavras. Ele sempre faz isso quando ta com raiva... mede as palavras pra não falar coisas pra me machucar...

Gabriel> Gui estou numa costureira em Jaboatão...

Ele gritou do outro lado e eu quase fiquei surdo...

Gabriel> Estou indo pra casa agora...

Guilherme> Você... você (ele soltou outro palavrão) te dou meia hora Gabriel... maldita meia hora... esteja aqui... escutou? A porra da meia hora... não sei o que farei se não estiver...

E soltou mais um palavrão e desligou... Eu tremia...

Dona Narzinha> Ele te protege bastante não é? Cuidado sempre é bom guri... veio com quem pra cá....

Eu fiz sinal pra ela esperar... não tinha tempo...

Gabriel> alô Batista... estou pronto, pode vir me buscar?

Batista ao celular falou...

Batista> Tou aqui figura... não sai daqui... fiquei num bar bacana... sabe qual o nome?

Eu lá queria saber nome de bar... mas fiquei feliz por ele ta ali... não perderia tempo... e ele continuou...

Batista> “Fei é tu” kkkkk (riu alto) imagina... fei é tu.... kkkk

Eu nem ri... disse que desceria agora... me despedi de dona Narzinha promentendo voltar em dois dias...

Dona Narzinha> Cuidado mano... toma cuidado...

É eu precisaria... desci a ladeira num embalo só! E lá no final avistei a Belina do Batista... fiquei feliz... ele ria ainda...

Batista> Pra onde princepezinho?

Gabriel> Boa Viagem...

Entrei e ele também...

Gabriel> Batista tenho que chegar lá em menos de meia hora...

Batista> Deixa com o Batista... vai chegar lá antes que pense em chegar...

E deu partida no carro saindo rasgando os pneus que eu temi perde-los ali... O Batista correu mais que podia... cantava pneus... quase não parava em sinais amarelos... e passava de uma facha pra outra mesmo em locais proibidos...

Gabriel> Batista não é pra tanto... você pode levar uma multa...

Batista> Mais multa que esse carro tem... acho que se eu fosse pagar eu teria que vender ele pra quitar as multas...

Sorri, mas eu estava tenso... meu coração dizia que o Gui já teria quebrado metade do apartamento... ainda bem que o Batista tava correndo... Quando avistei o prédio eu gelei... olhei o relógio... passaram-se uns 38 minutos... Bom foi o melhor feito... eu indiquei onde estacionar e o Batista falou...

Batista> Onde?

Gabriel> Naquele prédio...

Batista> Qual no prédio onde tá o bombado de braços cruzados?

Sim... lá mesmo... o bombado estava esperando-me... e ele tinha alguma coisa na mão...

Meu Deus o Gui tinha... tinha... O carro estacionou do lado da calçada. O rosto o Guilherme era indecifrável. Estava muito aborrecido. Vermelho... as veias saltando no pescoço. Os lábios apertados. Os punhos cerrados... num deles, estava o que me pareciaBatista> Conhece esse rapaz?

Mas nem deu tempo de responder. O Gui quase arranca a porta do carro e me tira lá de dentro com violência... Eu quase caio na calçada. Mas o Gui me sustentou... ele olhou pra dentro do carro e falou...

Guilherme> Aqui está, acho que paga o trajeto.

Gui jogou uma nota de cinquenta reais no banco do carro. Foi um tanto grosso e mal educado com o pobre do Batista. Mas este o olhou com os olhos miúdos apertados... o bigode farto e os óculos de armação grossa.

Batista> Um momento...

Ele falou até um tanto grosso, com aquela voz forçada pela gordurinha... o Gui se voltou pra ele com os olhos apertadíssimos.

Guilherme> Como é?

Batista olhou pra ele de cima a baixo... o tamanho do Gui pro Batista era tipo, incrível hulk versus um urso. Um urso que, embora grande de gordura, ficava na metade do tamanho do hulk.

Mesmo ante a sombra que o Gui fazia, o Batista não se abalou. Se inclinou pra frente, e deu duas batidas no porta luvas do carro, e este abre com um estalo. Impossivelmente se inclinando como um abdominal por sobre a enorme barriga, Batista retira lá de dentro uma carteira abarrotada de papel. Calmamente e ele volta pra seu banco, abre a carteira. Tira três notas de 10 reais e põem a de cinquenta lá. Estende pro Gui.

Batista> A corrida foi acertada em 20 reais. Aqui está o troco...

O Gui respondeu rispidamente.

Guilherme> Não precisa. Fica de gorjeta.

E bateu a porta do carro e saiu comigo quase me arrastando. Foi quando ouvi mais uma porta ser batida...

Batista> Espere um pouco!

Batista gritou e eu senti o corpo do Gui se retesar... ele se virou e eu esperava pelo pior...

Batista> Não vivo de gorjeta rapaz. Vivo de trabalho honesto. E falei pro príncipe que trazia ele aqui por vinte. É somente por vinte que eu aceito receber.

Meu braço começou a doer muito. Eram as garras do Gui afundando na minha pele.

Guilherme> Aceite o dinheiro... é melhor ir embora agora! Ele não é pra andar com... (interrompi pois percebi que o Gui iria falar mal dele... e aquilo me doeu.)

Gabriel> Gente por favor... (supliquei e não sei como, sai das garras do Gui – corri pro Batista e peguei os 30 reais) desculpe Batista... eu fico com o troco, certo. Muito obrigado por me trazer aqui... por me esperar lá o tempo que foi preciso... por me trazer com segurança e por ter corrido muito quando pedi pra você fazer isso.

O Batista olhou serio pro Gui por uns segundos... depois me olhou com o semblante mais suave...

Batista> Você é do bem principezinho. Você é do bem... (apertou minha mão e disse) me ligue se precisar do taxi do Batista...

E depois daí ele deus as costas. A camisa apertada nas costas super arqueadas. A calça folgada e o Batista pagando cofrinho era super engraçado. Mas eu não tinha humor naquele momento pra rir.

O Batista entrou... deu duas buzinadas na Belina e com a mão pro lado de fora dando tchau saiu correndo feito o Gui. Eu me virei e olhei o que o Gui segurava. Era deprimente. Aqueles galhos deformados eram o vestígio de flores, que deveriam serem lindas... mas agora, estavam destruídas... tendo sobrado duas ou três ainda ligadas aos talos... Certamente ele bateu com o buquê em tudo que era lugar. Foi um massacre nas pobre flores que ele carregava.

E seria um massacre em mim dali pra diante... já sentia. O seu olhar era de tanta reprovação que eu nem sabia o que fazer. Fiquei debilmente no meio da calçada esperando coragem pra ir em frente ou uma reação dele. Baixei os olhos e fixei na calçada. Eu sei que eu estava errado em ter fugido. Em ter insistido em ir procurar essa fantasia tendo saído do hospital naquela manhã. Mas não sabia o que fazer... eu simplesmente não consegui dominar... e queria dizer tudo aquilo a ele... queria dizer que não tive como segurar... e percebendo o que eu fiz, vislumbrei que de certa forma eu tramei a fuga... o que me arrasava mais ainda... vi as flores que certamente ele trouxe pra mim. Porque eu tava doente... senti uma angústia... uma dor... por ter causado dor a ele... levante a vista e vi os olhos dele sérios e bravos, mas vi olheiras profunda. Ele não tinha dormido direito porque passou no hospital comigo a noite, e dormiu mal... senti uma angustia enorme. E sem conseguir segurar eu senti que choraria naquele momento.

Gabriel> Gui eu... eu...

E eu chorei.

Guilherme> Vem... aqui não!

Ele falava entre os dente... deu dois passos e me pegou firme pelo braço. Acionou o portão da garagem e descemos a rampa. Ele não queria que o porteiro me visse chorando e foi pela garagem...

Guilherme> Pare Gabriel. Pare!

Ele falava rispidamente. Mas eu não conseguia. Todo o estresse que tive naquele dia veio a tona. Como um gota em um copo trasbordante. Pus a mão livre na boca e chorei muito... chorei muito... soluçando... O Gui apenas praguejava... e eu me senti péssimo por ser fraco e tolo. O elevador chegou e nele saiu um rapaz e uma moça. Eles me olharam assustado. Gui nem deu atenção pra eles. E me pos no elevador. Apertou o nosso andar e as portas se fechara pra dois rosto chocados. Eu apenas chorava sem medidas.

Guilherme> Pare eu já disse!

Ele falava entre os dente... e apertava meu punho forte... eu chorava já descontroladamente... apenas com a mão livre na boca... sentindo-me já tonto... quase em crise... a crise emocional que eu sempre tenho quando algo forte acontece. Acho que foi a junção de tudo. O elevador se abriu e entramos na sala... pois a porta do hall já tava aberta. Maria segurava um espanador como se fosse a tábua de salvação...

Maria> Gabriel... (interrompida)

Guilherme> Maria nos deixe a sós... (falou autoritário)

Maria> Mas seu... (novamente interrompida)

Guilherme> Agora! (quase um grito).

Maria olhou-o magoada e saiu pra área de serviço me olhando com tristeza...

Foi quando ele me arrastou pra o quarto e soltou meu braço, bateu a porta com toda força que pensei que havia quebrado, trancou-a e virou-se...

Guilherme> PARE DE CHORAR PORRA! (o grito foi ensurdecedor).

O Gui jogou violentamente o resto daquele buquê destruído no abajur em cima da cômoda derrubando-o no chão e quebrando num estrondo impressionante... Eu senti-me um nada. Fraco. Impotente. E descontrolado emocionalmente. Foi aí que eu cai no chão ajoelhado e com as duas mãos sobre o rosto chorei a valer... sem limites... sem limites...

O Gui chutou um tênis que ali estava e este esbarrou na porta de um armário fazendo outro estrondo...

Guilherme> PUTA QUE PARIU GABRIEL. SABE COMO EU FIQUEI? SABE PELO QUE PASSEI VOCE SABE? MERDA!

E ele socou a parede...

Guilherme> Você não sabe... não sabe... não sabe...

Eu chorava descompassadamente. Cada palavra do Gui era uma facada. Tentei falar mas a voz era embargada.

Gabriel> Gui por favor... eu... Gui... eu me ajuda...

Senti uma vertigem...

Guilherme> Puta merda! O que passa em tua cabeça... o que? As vezes eu tenho vontade de... de te...

E eu sabia o que ele sentia vontade... eu tentei falar mas não deu... Realmente eu chorei... muito... muito... em crise... sem ar....

Guilherme> Pare porra... pare! (ele gritou)... ou eu vou te dar motivos pra chorar! (senti vertigem) Gabriel porra! (ele gritou mais altopare seu... seu... (e avançou).

E inesperadamente senti... Senti ser ele se aproximar de mim... e meu corpo tremeu violentamente. Ele parou... percebi. Mesmo em meu estado descontrolado eu percebi ele parar. Depois foi intenso. Ele quase se joga no chão ao meu lado e me puxa pra ele num abraço forte... FORTE.. me põem no peito dele... eu choro... ele me abraça muito... acariciando-me e me beijando muito a nuca... protetor... desesperado também... senti-o tremer um pouco... e me abraçar como se eu fosse sumir dali...

Guilherme> Não sabe o que você me faz.... não sabe Gabriel... eu quase... quase....

Deus... o Gui tava com voz embargada.

Muito embargada... o que me fazia sentir pior... pior por tudo o que lhe causei.

Gabriel> Gui... perdoa... perdoa...

E eu não consegui dizer mais nada... ele apenas me abraçou como uma criança. No chão... com cacos do vaso por todo lado... em seu colo como uma criança boba... acalentada...

Guilherme> Shiiii.... calma... apenas calma... e por favor... para de chorar... pois me enlouquece.... não consigo brigar contigo quando esta assim....nao consigo... (ele me abraçava muito) e quero te dar a bronca... mas assim não dá meu pequeno... por favor pare de chorar... por favor...

Sentia os braços me abraçando forte... muito forte... e eu apenas deixei-me levar. Deixei-me levar por aquele homem que me amava tanto... ao ponto de simplesmente me deixar chorar de culpa... chorar de dor por causar dor... Chorar por ferir o meu amor. E eu escutei o impossível... pois foi a única coisa que me fez parar de chorar...

Guilherme> Venha!

Meu coração está com pressa

Quando a esperança está dispersa

Só a verdade me liberta

Chega de maldade e ilusão

Venha!

O amor tem sempre a porta aberta

E vem chegando a primavera

Nosso futuro recomeça]

Venha!

Que o que vem é Perfeição!...

E o Gui com a voz completamente rouca, desentoado... lindamente desentoado... simplesmente cantou o final de Perfeição de Ranato Russo.

E eu tive motivos pra parar e pra recomeçar a chorar.

Sabe aqueles momentos mágicos que não vão nunca mais se repetir... momentos que agente não espera, mas que acontece? Momentos maravilhosos e incríveis que agente apenas pensa que só existe em filmes.

Estava vivendo aquilo...

Estava vivendo. Realmente eu estava vivendo esse momento. O Gui me abraçando fortemente. Tendo cantado pra mim, sem saber cantar. E me emocionando ao ponto de parar minha crise emocional... quase um trocadilho, mas realmente ele me impressionou.

Guilherme> Fica assim quieto fica... (ele me abraçava forte) é um saco te dar bronca você chorando... me corta o coração...

Eu fungava no peito dele e pela primeira vez naquela tarde ele sorriu de leve...

Guilherme> Ah meu pequeno... o que eu faço com você hein?

Eu não sabia nem o que eu fazia comigo naquele momento... se eu chorava mais ou se eu o abraçava... apenas não sabia o que fazer... O Gui começou a se levantar e me levantou com ele.

Guilherme> Vem cá... (se sentou na cama e me sentou no colo dele) vou te dizer uma coisa... e por favor! Não chora!

Eu apenas balancei a cabeça e mordi o lábio... realmente eu estava esgotado emocionalmente.

Guilherme> Biel eu não vou deixar de te dar bronca... não vou... e acho que essa você passou dos limites... de todos eles. (ele tinha razão e eu apenas queria dizer que sim, mas tinha um nó em minha garganta) você mandou a Maria sair de casa pra fugir, no momento em que eu estava fora de casa... isso é demais! Foi pra o centro... não sei como... e volta naquele taxi... nossa... nem imagino tudo o que você passou. E sinceramente eu tenho vontade de te dar uma surra tão grande que você vai ficar de cama como se tivesse malhado pela primeira vez tendo pegado muito peso...

Eu suspirei e afundei o rosto no pescoço do Gui... ele apenas me abraçou... Ouvi batidas na porta...

Maria> Senhor Guilherme o que faço para o jantar?

Era uma pergunta apenas para sondar o que tava acontecendo, pois era obvio que ela sabia o que fazer... O Gui suspirou...

Guilherme> Qualquer coisa Maria.... qualquer coisa...

Maria logo retrucou...

Maria> Mas...

Guilherme> Maria tá tudo bem... não se preocupe. O Gabriel tá vivo... não matei ele não!

E a Maira saiu de fininho...

Guilherme> Pelo menos não ainda.

Eu o olhei assustado e ele deu o segundo riso da tarde. Ufa... Amar o Gui é como estar em uma montanha russa. As vezes estamos subindo... lentamente e olhando a cidade de cima... o horizonte... o sol brilhante... um mar revolto ao fundo, num anti-clímax... mas sabendo que algo forte vem em seguida, e num dado momento acontece! Tudo se transforma, e a calmaria perigosa se transforma em queda livre, vertiginosa, assustadora... arrebatadora... que nos dói o estomago... nos transporta abruptamente para outra situação... até chegarmos lá embaixo... e novamente mudar... sermos segurados pelo sinto de segurança... e esse conforto novamente retorna, essa segurança.. mas ainda numa velocidade considerável... perigosa, com curvas sinuosas... até atingir novamente um pico e cair em precipício... pra mais uma vez a calmaria se refazer. Sim amar o Gui é como viver numa montanha russa... um brinquedo grande, forte e com ápices de emoção garantidos. Naquele momento mesmo, eu estava nos braços dele... já na fase de conforto... sendo acalentado... amado... protegido... mas ele ainda estava bravio... estava ainda me dando muita bronca... e eu sei, merecida... mas já sentia o seu coração pulsar... e quando eu sinto o coração do Gui eu não temo nada na vida... nem a ele. Realmente eu estava triste por ter dado o susto nele... e vendo o buquê destruído, minha tristeza se intensificava. Imagina um homem como o Guilherme indo numa floricultura para compra um buquê de flores... certamente a vendedora perguntou como era o gosto da namorad”A”... e ele deve ter disfarçado... ou ficado tímido, ou constrangido... realmente as vezes eu não penso o quanto é difícil pro Gui me amar... me ter como, namorado? Marido? O que? Foi ai que eu pensei... o que o Gui achava que eu era pra ele?

Guilherme> Definitivamente meu pequeno eu tenho que cuidar de você... não tem jeito Biel... não sei, as vezes, o que fazer contigo? (ele me abraçava mas eu já não escutava- minha mente era simplesmente – o que ele dizia de nossa relação) eu te deixo em casa depois de um grande susto que tivemos e ao chegar levo outro, maior ainda... como pode ser isso meu pequeno? Como?

Eu apenas pensava na florista que deve ter imaginado a namorada daquele homem bruto, grande, mas que era sensível o suficiente pra comprar flores...

Guilherme> Biel eu tenho que confiar em você... e eu confio... tipo, tou falando no sentido de combinarmos algo e você cumprir... eu te deixei em casa... você não devia sair... e você saiu... isso me deixa irritado... e eu acabo me descontrolando... morro de medo de machucar você minha criança. Morro de medo Biel... morro!

Eu levantei a cabeça... a camisa dele tava ensopada de minhas lágrimas.

Guilherme> Fico imaginando os perigos que você corre quando ta sozinho. (fiz menção de chorar novamente) Gabriel pare de chorar... que coisa! (falou bravo, mas com carinho) chega de chorar... quero conversar contigo serio... certo!

Baixei a cabeça...

Guilherme> Pra onde você foi? E por quê?

Eu suspirei...

Gabriel> Antes de dizer (minha voz era muito melosa... de choro mesmo) eu quero te perguntar algo.

Eu tava com a cara enfiada no peito dele... ele riu de leve...

Guilherme> O que quer saber cabecinha?

Suspirei... E então perguntei de vez...

Gabriel> O que você disse a moça da floricultura?

Guilherme> Como?

Ele não tinha entendido...

Gabriel> O que você disse a moça da floricultura quando foi comprar flores pra mim? tipo... você falou que era pra quem? Pra namorada?

O Gui ficou sem entender um momento... ate que falou...

Guilherme> Era um homem que me atendeu, não uma moça... e eu pedi flores que combinassem com uma pessoa que parecesse um anjo...

Levantei a cabeça... e o olhei nos olhos...

Guilherme> Então ele perguntou se eu tinha preferência com cor e eu falei que azuis... da cor de seus olhos.

Os olhos negros do Gui me fitavam curioso...

Gabriel> Mas pra um anjo... mas você falou que esse anjo era o que seu...

Ele me olhou confuso...

Guilherme> Gabriel o que quer me dizer? O que quer falar?

Respirei bem fundo...

Gabriel> Gui o que sou pra você... tipo como me apresentaria para as outras pessoas? Amigo, primo, namorado... o que?

Ele me olhou agora sério... depois falou bem devagar...

Guilherme> O que acha que eu diria Biel?

Gabriel> Não sei Gui... que sou... sei lá...

Guilherme> Você acha que eu diria algo diferente do que realmente somos?

Gabriel> Eu sei que é difícil Gui pra você falar de nosso relacionamento... do que vivemos... é um mundo preconceituoso... é um mundo difícil, sobretudo o seu meio social... eu sei que é difícil pra alguém vive num meio bem hétero e tal... de lutadores onde a masculinidade... (fui interrompido)

Guilherme> Que bobagem é essa que você está me falando? (fiquei calado) olha Biel é o seguinte... eu vivo com você. Eu quero casar oficialmente contigo. Sou seu marido... e você se quiser um titulo que seja esposa, marido o que for... mas acho que esses títulos estão fora de moda até pra um casal convencional. O que é certo é o que eu falei pra ele... para o amor da minha vida. Que não tem sexo. Só tem amor. Te amo seu moleque traquino... mesmo me deixando louco... de cabelos brancos de preocupação... eu te amo demais e sempre mais... por isso não me pergunte essas bobagens porque meu amor não tem rótulos.. É livre. Livre de tudo... viu...

Eu recomecei a chorar.

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Comentários

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Passadoooo!!!! Esse Gabriel é pesadoo viu kkkkkkk Besha sem sorte pow!!! Kkkkk e o Gui é doido literalmente Mas o conto tá babado ❤❤❤❤❤

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Parece que o Gabriel parou de escreve o conto porque o Guilherme ficou doente, coisa do tipo.

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Conto pode até ser real, mas acho que o Gabriel ''adicionou’’ algumas cenas para dar mais suspense. Eu estava pesquisando sobre os locais, referências musicais e outras informações dadas no conto. Algumas batem, outras não. Melhor conto quando comecei a ler já sabia que ele não teria final pois o autor (Gabriel) teria parado de escrever por algum motivo, comecei a ler só por ler mesmo o problema e que eu viciei no conto e só de pensar que vai acabar e não saberei o final me dá um dor tão grande. Af, vamos atrás do Gabriel e forçar ele nos conta o final desse conto maravilhoso. Rs (e serio vamos bancar os detetives e entrar em contato com o Gabi)

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Conto pode até ser real, mas acho que o Gabriel ''adicionou’’ algumas cenas para dar mais suspense. Eu estava pesquisando sobre os locais, referências musicais e outras informações dadas no conto. Algumas batem, outras não. Melhor conto quando comecei a ler já sabia que ele não teria final pois o autor (Gabriel) teria parado de escrever por algum motivo, comecei a ler só por ler mesmo o problema e que eu viciei no conto e só de pensar que vai acabar e não saberei o final me dá um dor tão grande. Af, vamos atrás do Gabriel e forçar ele nos conta o final desse conto maravilhoso. Rs (e serio vamos bancar o detetives e entrar em contato com o Gabi)

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Gosto muito do conto, mas preciso fazer umas considerações de coisas que estão me irritando: 1) Gabriel se culpa muito, pede muita desculpa... Já parou pra pensar como que o Gui o trata as vezes? Que ele precisa ter um pouco de pulso firme? 2) Tudo bem que ama, que alguém tem que ceder, mas não a ponto de ficar besta. 3) Esse negócio de baixar a cabeça sempre tá muito ruim. Eu gosto da história, mas isso tem me irritado. No mais, está de parabéns com a escrita, enredo, etc.

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Faço minhas as preocupações de Penélope, pois tbm amo este conto e gostaria que ele tivesse um fim digno. Mas até lá eu vou amando mais e mais, embora com o coração na mão sabendo que o fim chegará.

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O choro do Gabriel já da pra acabar com a seca do nordeste

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E so gostaria de saber como vai ficar o final se o Gabriel não terminou o conto....to amando porem ja sofrendo por causa do final ;(

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eu to viciada nesse conto. só gostaria de saber se quando chegar no final como sera pq o Gabriel nao continuou por algum motivo... E seria bem legal encontra o verdadeiro dono....muito bom to amando tudo... beijooos

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Muito emocionante esse capítulo, mais o Gabriel tem q se impor mais, ele parece um animal enjaulado. Abraços 😄

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O legal é q os dois são bem diferentes um do outro,mas que combinam. Um muito passivo, submisso e meio descontrolado emocionalmete e o outro impulsivo, possesivo,e também descontrolado emocionalmente só q pelo lado da agressividade...já q disseram q o conto é real,espero q nao tenha acontecido nenhum momento agressivo de fato entre eles, pq a impressao q da é q isso vai acontecer.

Conto show...

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Meu Deus!!! O Biel tem compulsão por fazer merda.

Só uma perguntinha, que colégio é esse que quase no fim de dezembro ainda tem aula?

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