Eu, puto! - Cap 1

Um conto erótico de LuCley
Categoria: Homossexual
Contém 1603 palavras
Data: 16/03/2016 16:27:35
Assuntos: Amizade, Amor, Gay, GP, Homossexual

Pessoal, quero que deixem comentários sinceros, pois esse conto é novo. Terminei de escrever esse capítulo agora pouco. Se não os agradar, deleto e edito um que já está pronto. Grande beijo a todos vocês. :)

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Meus pais me rejeitaram quando resolvi me assumir "viado". Senti a mão gigante do meu pai em minha face magra. Não chorei, não me rebaixei em pedir perdão por ser o filho gay que ele nunca sonhou que eu fosse. Minha querida progenitora limitou-se apenas a dizer que eu era o filho de satanás, uma aberração; e que se eu quisesse salvação, teria que aceitar Jesus.

Aceitei meu triste destino e enfiei de qualquer jeito algumas de minhas (surradas) roupas, tênis e produtos de higiêne pessoal em duas mochilas.

Filho único de uma família pobre, não tinha sequer estudo pra me virar em um emprego decente, pois sempre tive que ajudar meu pai na lida do dia a dia. Mas sair do armário fétido e cheirando à mofo, foi a melhor decisão que tomei aos dezoito anos de idade.

Saí sem rumo, não tinha a menor ideia de onde ir e a quem recorrer. Tinha trezentos reais que por sorte tinha guardado num cofrinho de lata no fundo do meu antigo armário. Meu dinheiro suado de meses, que ganhei fazendo "bicos" como jardineiro, era meu único amparo.Tinha que gastar racionalmente, não podia de forma alguma me dar ao luxo de comprar algo que comprometesse minha humilde fortuna.

À noite, sem ter onde dormir, fiquei numa lanchonete de quinta no centro da cidade. Pedi um lanche de sexta categoria e uma água quente de torneira que cheirava a cloro. Eu não podia reclamar, nunca fui de frescuras e nem poderia. Por uma semana dormi num beco que cheirava a mijo de gato, atrás do estabelecimento que mais parecia uma cena de filme de terror; desses que o morto era arrastado pelo chão, deixando seu rastro de sangue por onde passava.

Decidi não ficar nenhum dia a mais nos fundos daquela espelunca. Eu seria pego dormindo ali pelo dono a qualquer momento e não poderia correr o risco de acabar levando uma surra. Peguei meus trapos e me aventurei pelas ruas da vida.

Depois de três horas caminhando, senti minhas pernas pedindo arrego e me sentei num banco de praça qualquer. Me espreguicei, fiz travesseiro com uma das mochilas e com a outra, coloquei sob minhas pernas cansadas. Fechei os olhos por alguns minutos e ouvi uma voz quase feminina falando comigo.

" Ai, ai, ai, mas uma pobre ovelha desgarrada", ela ou ele disse. Me levantei rápido o sufiente para pegar minhas coisas e jogar sobre a "montada" figura purpurinada. " Leve tudo, só não me mate!!". Minha voz se afogou em meu desespero e fiquei estático. " Minha nossa, vê se eu tenho cara de assaltante? Calma, querido, eu só quero te ajudar". Olhei desconfiado para a quase Cher e peguei minhas coisas do chão imundo.

Ela se sentou no banco e acendeu um cigarro, deu uma tragada e cruzou as longas pernas. Um par de botas negras como sua pele, lhe cobriam até o joelho. Era o tipo de pessoa que não se via em qualquer lugar. Ela me convidou a sentar. " Pode falar daí mesmo. Quer me ajudar porquê? Nem me conhece". Ela virou os olhos, deu mais uma tragada e rasgou o verbo. " Te conheço o suficiente pra saber que está sozinho e sem onde ficar. Estou cuidando você desde que passou em frente a casa de show que trabalho. E não precisa ter medo, eu não vou fazer nada que possa tornar sua vida pior, acredite, eu já estive em seu lugar. Aceite minha ajuda, é o mínimo que posso fazer. Posso te dar um lugar decente pra dormir e poderá tomar um banho. Não seja orgulhoso, a menos que queira continuar nas ruas?"

Ouvi cada palavra que ela proferia. Senti a sinceridade em cada frase que sua boca-batom-vermelho soprava em minha direção. Respitei fundo, eu não sobreviveria por muito tempo sozinho: seria assaltado. Ter a proteção daquela Drag-árvore-de-Natal, era a única chance que eu tinha de manter o resto de dignidade que ainda me restava. " Se eu for, vou ter que dormir contigo?", ela riu, me puxou pela mão e me sentou ao seu lado, me dando um abraço fraterno. Me senti acolhido por um estranho. " Olha garoto, você não é o único que dou abrigo, mas vou logo te avisando: nada de drogas na minha casa, não tolero esse tipo de vício. Já me basta o meu próprio, senhor, preciso parar de fumar. E não, não ajudo rapazes desamparados em troca de uma prazerosa fodelancia, sou uma pessoa de caráter. Você bebe ou fuma?"

Disse que não fumava, não bebia e que não queria lhe ofender, apenas saber onde eu estaria pisando. Ela sorriu. Perguntei seu nome. " Cassandra, de noite, Sandro, de dia. Muito prazer. O seu é?". Desmond, pode acreditar, o prazer é todo meu. " okay, Des, vou te chamar assim. Que diabos de nome é esse? Minha nossa."

Na verdade, nem eu sabia, mas não fazia diferença alguma. Ela se levantou e estendeu o braço. Segurei sua mão e me aconchegando em seu corpão, fomos abraçados até seu carro.

Um silêncio invadiu o interior do robusto Del Rey prata. Por um milésimo de segundo, me arrependi por ter aceito a ajuda de uma pessoa que conhecera a exatos trinta minutos. Cassandra colocou um cd com um mix de divas soltando o vozeirão. Ela cantava junto " Like a virgin" e tive que admitir seu talento nato. O medo foi dando espaço a simpatia por aquela pessoa de caráter não duvidoso. Entrei no clima da Cas e soltei minha franga a fazendo se desesperar em gargalhadas.

" menino, você é péssimo cantor". Não me ofendi, eu apenas cantava com uma voz bizarra. O fato de vê-la em cólicas com minha performance fundo de quintal, me fazia muito bem. Alguém ali estava se divertindo comigo, obrigado Cas.

Chegamos em sua humilde residência, em um bairro onde as pessoas não andavam mal trapilhas e-ou descalças. A Vila Florença era um lugar acolhedor, as pessoas tinham um cheiro bom, diferente de onde eu vim.

Entramos e me deparei com um interior delicadamente decorado e muito limpo. Coloquei o que era meu atrás da porta e sem graça, não me atrevi em ir adiante.

" Venha, tenho um quarto sobrando, pode ficar a vontade. Tem algumas caixas minhas, mas está tudo bem limpo e arejado. Coloque suas roupas na cômoda, tem toalha limpa no armário, tome um banho demorado e venha comer algo decente comigo. Vou tirar toda essa parafernália e tomar um banho. Ah, o seu banheiro é logo ali". Agreci e fui em direção à porta cor de rosa. Entrei no quarto quatro por quatro e tirei minha batida roupa de rua. Eu não estava de todo fedido, mas sentia meu corpo carregado de tristezas e empoeirado. Peguei uma toalha também rosa no armário e fui até o banheiro que havia me indicado. Assim que senti a água lavando minha alma e vendo o caldo grosso que escorria em meus pés, chorei pela primeira vez. Não pelos meus pais, mas por ter encontrado em meu caminho a personificação de um anjo que não era anjo. Agradeci não sei quem por estar sobre um teto de verdade novamente.

Saí do banho de alma lavada e purificado pelo sabonete liquido da Cassandra.

Me vesti e segui o cheiro de comida boa vindo não sei de onde. Levei um baita susto quando cheguei a cozinha e vi aquele negão de um metro e oitenta cozinhando. De cara lavada e vestido com uma samba canção vermelha, veio em minha direção e me abraçou. "Garoto, você está cheiroso e bonito, olha só essa cara limpa". Senti suas mãos massageando meus ombros e me fazendo sentar. " Você também é um homem muito bonito, ah, e uma mulher de alma caridosa", ele se sentiu agradecido e tocou minha mão com ternura. Continuei, "obrigado por tudo. Nunca me senti tão bem em toda minha vida. Quero poder te pagar de qualquer maneira. Vou dar um jeito de arrumar um emprego qualquer".

Ele beijou minha testa de um modo paternal. Me senti protegido e fui presenteado com um jantar decente. Conversamos sobre o mundo que nos rodeava e as amarguras da vida. Senti um pesar imenso em suas palavras, ele parecia ter perdido alguém muito importante. Atrevi a pergurtar o quê o deixava tão triste. Ele derramou apenas uma lágrima e sorriu. " Vamos deixar as tristezas de lado e pensar em coisas boas".

Mudados de assunto e o ajudei a lavar a louça. Admirei a mulher e o homem que ambos eram. Me senti sortudo mais uma vez. Ele perguntou até que série eu havia estudado e se surpreendeu quando disse que parei na "quinta".

" Eu não sou analfabeto, sei lidar muito bem com dinheiro, pois sempre ajudei meu pai com os serviços de jardinagem e era eu quem recebia pelo serviço. Me obriguei a aprender sozinho certas coisas e sempre me virei na vida. Vou te ajudar no serviço da casa. Deixo sua cozinha branca de novo em dois tempos. Pelo menos até eu encontrar um emprego que valha a pena".

Ele concordou e começamos a vislumbranhar corpos masculinos em um canal de TV a cabo; que ele dizia ser seu passatempo quando estava em casa.

Meu corpo cansado começou a pedir cama. Pedi licença e mais um beijo paternal de boa noite me foi depositado na testa.

Me deitei e o colchão macio acolheu meu corpo surrado tão perfeitamente que apaguei em dois segundos.

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Continua?

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