Peço que perdoem meu desaparecimento repentino meus queridos e poderosas, estava aproveitando intensa e devotamente a falsa felicidade ao lado de um lindo mentiroso. Aquele que vocês conhecem; aquele com quem perdi momentos únicos da minha vida e experiências inestimáveis, aquele que mais tarde me jogou no buraco em que estava até ontem, no qual passei um tempo de qualidade enchendo-o com lágrimas e muita bebida destilada (foi necessário, mas graças a isso pude te afogar e chegar a borda. Sair para nunca mais voltar).
Espero que aprecie isso querido, sei que por ser um puto miserável que gosta de “ir a reuniões” com vacas velhas generosas e carteiras de lobos babões famintos, vai adorar cada detalhe sujo, uma vez que é familiarizado com o tipo de comportamento destrutivo que desfrutei noite passada com pessoas sem nome cheias de vontades a serem saciadas a qualquer CUSTO como você faz. Não quero que pensem que fiz isso por vingança ou dinheiro, fiz porque queria entender. Entender... acredito que entenderia se ele tivesse me contado que ganha a vida com o próprio corpo, acho que depois de absorver eu até sentiria orgulho, mas não tenho como saber, já que ele vinha me escondendo isso todo esse tempo. EU TE AMAVA SEU IDIOTA, uma situação dessas não é convencional, mas te pergunto: quando é que nós fomos?
Era carnaval, e depois de um bom tempo, finalmente estávamos tendo muito tempo juntos, livres dos meus pais ou de qualquer outro conhecido que pudesse nos interromper durante uma rapidinha depois do almoço ou uma amaço mais ousado nos corredores de casa. Eu estava nas nuvens, tudo era mágico e glorioso, e definitivamente, tudo era só André. Mas lá pelo segundo dia o celular dele não parava de tocar. Eu me dizia: (Calma Crafel, é trabalho, ele não tem como ignorar os clientes, os sócios e a equipe. É carnaval e ele organiza festas, dá um tempo.). Eu não poderia arrancá-lo da sua vida, eu era o garoto mimado bancado pelos pais, ele não. Tentava não parecer incomodado com aquilo, até que no terceiro dia, quando uma ligação emendava na outra eu não aguentei:
- Eu sei que você precisa voltar, pelo visto as coisas estão um caos sem você por lá.
- Não, não é assim. Eles conseguem se virar.
- Para, se precisam de você é melhor voltar, quem é que precisa de um feriado idiota quando vai te ter pra vida toda?
- Sério? Não vai arrancar minha cabeça por arrastar o trabalho sempre junto comigo?
- Vou pensar. Kkkkkkk
Voltamos para casa e poucas horas depois estávamos subindo a serra.
- Vou passar o dia todo colocando a casa em ordem, mas assim que as coisas estiverem de volta aonde devem estar, te pego na casa dos teus pais pra compensar esse contratempo ok?
- Eu sabia que tinha um namorado ocupado, é parte do seu charme.
Ele me deixou em casa e foi para o “escritório”. Pensar que ele ia passar o dia todo trabalhando e possivelmente com fome, já que saímos cedo e ele foi direto resolver suas coisas, me deixou incomodado. Assim que entrei procurei minha mãe:
- Chegou cedo, pensei que iam passar o dia todo na praia. Aconteceu alguma coisa?
- O trabalho do André. Parece até que ele trabalha sozinho naquele lugar. Mal deu pra tomar o café antes de subir.
- Não pode filho, vou fazer alguma coisa pra você comer.
- Tava pensando nisso mãe, o André mal comeu alguma coisa também, tem como preparar alguma coisa? Assim quando ele voltar pelo menos vai ter alguma coisa pro jantar, sei lá.
- Claro, mas antes vamos colocar alguma coisa decente nesse estomago, saco vazio não para de pé.
Se eu soubesse que mais tarde naquele dia eu veria o que vi, não teria aceitado o convite de um total estranho naquela noite do meu aniversário, não teria dado a ele minha primeira experiência, não teria feito tantas loucuras e encarado tantos conflitos. Já era início da tarde quando chamei um táxi para levar o que deveria ser o jantar do meu namorado, tão trabalhador e que me amava tanto, até o apartamento dele. Chegando lá, como de costume o porteiro liberou minha entrada. Assim que fechei o portão atrás de mim, Seu Raul (o porteiro) disse:
- O senhor quer que eu avise que o senhor tá aqui?
- Não obrigado, o André me deu a chave. Ele já chegou?
- Faz pouco.
- Que ótimo, assim ele já almoça.
Fui até os elevadores e subi, pouco tempo depois já estava no hall do andar do André, naquele instante entendi porque os vizinhos reclamavam tanto, o barulho dos apartamentos realmente podia ser ouvido fora dos mesmos, e pelo visto, alguém estava se dando muito bem. Abri a porta e a coisa parecia ainda pior, parecia que a transa estava rolando ali mesmo no apartamento do André. Eu já começava a sentir o sangue nas minhas bochechas lembrando de quando éramos nós a perturbar os vizinhos, deixando o sindico louco com as reclamações, e agora entendia o porquê, com paredes tão finas parecia que a coisa estava rolando ali, na frente deles. Mas antes que eu pudesse rir e me desculpar mentalmente com os vizinhos o sangue das minhas bochechas foi drenado, juntamente com todo o resto, meu corpo estava agora lívido e vazio. As paredes não eram finas demais ou os vizinhos escandalosos demais; o som não estava vindo de outro apartamento para o do André, o som estava ali, junto com o André e o senhor montado nele, vinha deles e me esmurrava agora com mais força que um boxeador. Naquele momento meu mundo desabou como a travessa de lasanha que eu trazia nas mãos, deixando para trás só uma ideia daquilo que um dia foi. Assim que o vidro se espatifou no chão eu só percebi aqueles dois pares de olhos que me olhavam estupefatos, não ouvia mais nada, não conseguia discernir o som das palavras que estavam sendo pronunciadas. Só consegui abrir minha outra mão e deixar aquela chave cair, ela que era a única coisa que parecia ainda me prender naquele universo devastado. Dei minhas costas aquela cena e comecei a agradecer o tempo que meu pai me forçou a praticar vários esportes, em uma tentativa inútil de me fazer encontrar um que eu gostasse, pelo visto agora não tão inútil. Mal percebi o velho senhor tentando encontrar as roupas enquanto jogava dinheiro na direção daquele que foi meu namorado juntamente com palavras que eu não podia ouvir. Enquanto meu corpo já respondia a intensão da fuga, minha mente se desfazia daquele horror e traçava uma rota. A última coisa que me lembro são as escadas de emergência, depois daquilo, tudo não passa de um borrão. O borrão formou as paredes desse buraco escuro que escolhi como abrigo, o buraco cavado dia a dia pelo homem que eu pensei que seria meu para sempre. Deixado por cada uma das suas mentiras.
Mas esses “para sempre” não duram muito, assim como o nosso não durou, o meu “para sempre enterrado” não durou. Já estava cansado de chorar por você meu bem e de ouvir meus amigos contando o que descobriram do seu trabalho com “eventos”. Como disse antes, queria entender, entender essa necessidade da busca por prazeres. Todos sabemos que não conheço muito desse admirável mundo gay, afinal só conhecia o que aprendi com você, mas me lembrei de coisas que ouvi nesse período e principalmente no período que fugi de você, que te evitei. Como ainda me sentia um lixo, e não queria o desprazer de topar com você em um dos nossos lugares, fui ao lugar mais trash que sabia que existe (peço perdão a todos os frequentadores, mas é o que posso pensar no momento desse lugar). A avenida Ipiranga Estava lotada, mas não foi difícil localizar a faixada toda preta do Cine República, já da calçada pude sentir o cheiro de desinfetante e sexo, de gente suada e perfume barato. Paguei minha entrada e assim que cruzei a catraca fui em direção as cortinas em frente, as separei e dei de cara com uma sala praticamente vazia, com um filme hétero de uma garota loira escandalosa. Tentei não ficar pior pela frustração, ainda restava a parte superior, então ainda havia esperança.
Fui até a escada na lateral do lugar, quanto mais eu subia, mais forte o cheiro ficava e mais escuro também. Ao final da mesma, só tinha consciência da minha existência e da tela de projeção embolorada a frente. Eu estava só.
Antes que eu pudesse me habituar a escuridão, parecia que ela havia ganhado vida, agora eu sentia mãos, mãos que pareciam fazer parte dela e que sussurravam:
- Oi delícia, tá perdido?
Estava lá pra isso, então por que me fazer de rogado?
- Não, vim pra foder.
A voz sorriu e disse:
- Então vem comigo.
A voz foi me guiando, e frente a tela ganhou silhueta, estávamos em um declive e entramos a direita da tela em um tipo de recuo. Ele agora alisava meu corpo e tentava abrir minha calça. O poupei do trabalho e como recompensa ele não mais falava, sentia sua língua no meu cu e em instantes ele me curvou e começou a me foder ali, de pé, sem cerimônia, sem mais palavras. Ele me comeu com fúria e pressa, minha visão já estava se acostumando e com isso pude perceber um semicírculo de outras figuras silenciosas nos cercando e se masturbando. Um ou outro também trocavam toques, mas eu era a figura central, juntamente com o estranho da entrada. Só se ouvia os gemidos da tela, até que ele começou a acelerar as bombadas e com isso também ouvi seu gemido. Senti a dilatação do seu pênis no meu cu seguida do som do preservativo sendo tirado e dispensado no chão.
Não houveram despedidas e muito menos apresentações, assim que ele saiu outro tomou seu lugar e um outro já forçava minha cabeça na direção da sua pica que pulsava, forçando-a garganta abaixo, com pressa e força. Apesar da ânsia encarei, e aquele rodizio seguiu por minutos intermináveis até que minhas pernas tremiam. O último foi o único que fugiu aos anteriores, o ritual foi parecido, colocava a camisinha, segurava a minha cintura e metia, mas esse empurrou minha cabeça contra a parede, com a mudança e a fraqueza, minhas pernas cederam, acabei de quatro no chão sujo sentindo os preservativos descartados, isso não pareceu abalar seu tesão, pelo contrário, ele bombava com mais força e velocidade, pouco depois disso ele tirou a rola do meu cu e passou a punhetar com movimentos rápidos e gozou em seguida na minha camiseta. Assim que ele começou a se vestir eu me levantei e enquanto vestia as minhas roupas ele me deu um tapa com força na bunda e disse:
- O banheiro é lá encima.
Subi pelo corredor e depois outro lance de escadas, no alto delas havias mais homens parados, era possível notar os volumes em suas calças, apesar de manterem as mãos nos bolsos para disfarçar. Os dois primeiros banheiros estavam ocupados, e pelo barulho e os dois conjuntos de pés visíveis por baixo da porta, o canto onde eu estive não era o único onde transavam. Continuei seguindo o corredor, passei por uma darkroom e na entrada seguinte estava outro banheiro, ao passar pelo espelho vi como eu estava: joelhos imundos, uma parte da bermuda também suja, os cabelos desgrenhados e as costas da camiseta com um rastro de porra que ia até os cabelos da nuca. Peguei o papel toalha e me limpei o melhor que pude, quando já estava terminando, a porta de um dos reservados abriu. Primeiro saiu um rapaz magro, muito alto e de feições singulares, que surpreendia pelo tamanho do volume em sua calça (seguramente tão grande quanto o do meu recente ex) que vejo em direção a pia em que eu estava e depois saiu um rapaz baixo e moreno apressado em direção a dark.
Mesmo cansado do esforço anterior, tomei coragem (afinal fui ali para aquilo, para lidar com a maior quantidade de “conteúdos”) quando ele tirou aquele pênis enorme para fora e foi lavá-lo na pia. Nenhum dos caras da sala de baixo eram exatamente dotados, todos tinham pau medianos e não consegui me sentir satisfeito com aquilo de toda forma:
- Será que eu posso ver ela dura e funcionando?
Ele só me encarou e puxou para o reservado do qual havia acabado de sair. Ali tive total certeza de que nada era dito se não fosse realmente necessário, sem muita demora ele desceu minhas roupas e encaixou a ponta da rola na entrada do meu cu, foi forçando aos poucos, possivelmente por conta do tamanho:
- Olha, se quiser vai com tudo.
- Sério? Você só pode ser louco.
- Acabei de sair de uma coisa louca lá embaixo, não tem problema, não tenho problema com os grandes, só põe uma camisinha, não sou nenhum louco.
- Não gosto, aperta demais.
- Cabe um braço dentro de uma, isso é grande, mas não é uma perna.
Peguei uma camisinha e coloquei naquele cara de rosto singular, e assim que dei as costas novamente, ele encaixou o pau na minha bunda que sem esforço sumiu dentro de mim. Eu estava definitivamente esgotado e não esperava muito dele já que obviamente ele não estava jogando uma partida de buraco com o moreno de antes (não com um baralho pelo menos). Mas ficamos ali pelo que pareceu, no mínimo, todo o tempo que passeio com todos os caras do piso inferior, ele era tão calado quanto os outros, mas ao contrário deles ele me tocava com mais gentileza, bombava com força e velocidade, mas não parecia cansado. Depois de um bom tempo, senti ele aumentando a velocidade e quando pênis começou a latejar, ele se debruçou sobre mim, me agarrou com força pelo peito e gemeu no meu ouvido. Assim que ele gozou, continuou grudado em mim, só saindo quando a rola já ia perdendo o volume. Ele a tirou de dentro de mim e foi então me virei para encará-lo enquanto erguia minha cueca e bermuda, para minha surpresa ele me beijou:
- A melhor bunda que já comi nesse lugar, nunca tive nada igual, gozei pra caralho.
E riu, foi quando o vi tirando o preservativo e fiquei surpreso com a quantidade de porra que tinha ali (kkkkkkkkkkkk literalmente um cavalo).
Saímos, fui olhar se não tinha nenhum novo estrago no espelho e ele mais uma vez foi lavar seu “instrumento” na pia. Depois de tudo aquilo eu estava acabado, havia esquecido porque tinha ido até aquele lugar e achava que fosse o que fosse não deveria ser importante já que eu não me lembrava mais.
Assim que terminei a verificação e já estava decidido a ir para casa ele pegou no meu ombro e disse:
- Já foi na dark? Acho que ia se dar bem.
- Não, e depois dessa surra acho que não aguento nem sair desse lugar rsrsrs.
- Então vamo subir, ai você como aluma coisa e bebe também.
- Tá, mas depois vou embora mesmo, duvido que aguente mais kkkkkkk
- Com um rabo desses aguenta que só kkkkkkk Se pá te pego de novo na dark.
- kkkkkkkkkkkkk Sei.
Fomos no bar, tinham mais caras lá e pelo visto meu último acompanhante era conhecido e chamou a atenção do recinto para nós. Não sei se foi para me exibir ou por qualquer outro motivo, mas assim que ganhamos atenção de todos, ele deu um tapão na minha bunda e uma Coca e um salgado depois estávamos todos naquela darkroom, repetindo o que fiz na sala de projeção e mais umas duas rodadas do que rolou no reservado com meu gentil Cavalo de puro Fogo kkkkkkkkkkk
Agora em casa, resolvi relatar essa experiência, dessa meu admirável mundo novo que acaba de ganhar um novo capítulo, não tão refinado, mas com toda a certeza bem mais sincero, afinal não é isso que falam dos paus duros?
Desculpem o mal jeito queridos e divinas, mas foi o jeito que arrumei para extravasar a raiva e a dor. Nos vemos por aí, menos você querido, espero te ver só no inferno agora kkkkkkkkk.
XOXO Crafel