Aviso:Esse capítulo tem dois narradores.
Capítulo 5-Maldito coração
Narrador:Daniel
Alguém bateu na porta insistentemente,interrompendo o que eu queria fazer.Não liguei e continuei sentado,pois nada mais importava.Eu só precisava tomar coragem e logo tudo acabaria.
As pancadas na porta ficaram mais insistentes e ouvi vozes,uma delas chamava meu nome.Mas não me levantei,continuei ali .Lágrimas escorriam pelo meu rosto e eu peguei o tubo cheio de remédios,nao podia mais esperar,aquela era a hora.
As pancadas na porta pararam e logo ouvi um baque mais forte.Sem me importar,derramei todos os comprimidos na minha mão e os levei a boca,mais alguém segurou o meu braço.Olhei para cima e vi o Vitor me encarando com uma cara de preocupado e ao seu lado,Alberto.
Como eles haviam entrado?
Olhei em direção a porta e ela estava no chão,deve ter sido derrubada na hora em que ouvi aquele baque mais forte.
-Que merda você acha que ia fazer?-Vitor me perguntou a preocupação agora virando raiva,enquanto sacudia a minha mão e espalhava os remédios pelo chão.
-Eu não suporto mais essa vida sem ele!-Eu respondi em lágrimas.
-E você acha que acabando com ela vai resolver?-Vitor perguntou enquanto pegava na gola da minha camisa e me levantava.
-Vitor já chega!-Alberto disse enquanto o encarava sério.
-Você é um covarde!-Vitor disse enquanto me soltava no chão.
Alberto fez sinal e Vitor foi com ele para um canto.Apos conversarem,Vitor saiu colocando a porta em pé e Alberto voltou e se sentou ao meu lado,tirando o paletó e se pondo vontade.
-Como você está? -Ele perguntou com um sorriso.
-Estou destruído.-Respondi sem ânimo.
-Quer me contar?-Ele perguntou
-Não!-Eu respondi enquanto abraçava os meus joelhos.
-Tudo bem!Não vou lhe pressionar. -Ele disse colocando a mão em meu ombro.
Fazia tantos dias que estava ali sozinho que esse simples ato me fez sentir bem.Não consegui me controlar e voltei a chorar.
-Desculpe,tô muito sensível.-Eu disse após me acalmar.
-Está melhor?-Ele perguntou com um sorriso.
-Ainda sinto um vazio enorme...mais tô sim!-Eu respondi tentando enxugar meu rosto.
-Você era muito feliz com ele?-Alberto perguntou enquanto me observava.
-Bastante!...Ele me completava,me fazia bem e até planejávamos ter filhos.-Eu respondi com tristeza.
-Você encontrou nele o que não tinha na sua família.-Ele disse após algum tempo em silêncio.
-Meu pai era bruto e as vezes ignorante.Depois que ele começou a ter sucesso na carreira,mal aparecia em casa...Minha mãe era conformada com a situação e aguentava tudo calada...E meu irmão era igual a ela.O Nick foi um presente que a vida me deu,com ele aprendi a amar e descobri o que é carinho de alguém.-Eu disse pensativo.
-E então você foi embora com ele.Nunca se arrependeu?-Alberto me perguntou parecendo interessado na minha história.
-O Nick tinha seus defeitos mais nada grave.As vezes ele chegava bêbado ou me respondia mal,mais sempre me pedia perdão.Ele era muito sensível e muito carente...Também não foi muito feliz com a família que tinha.-Eu respondi.
-Quando diz família,você se refere ao Vitor.-Ele disse enquanto me encarava.
-No dia do velório,eu e o Vitor conversamos bastante e foi muito bom. Mas ainda não esqueci das brigas que eles tinham e das vezes que o Nick ficava mal.-Eu disse pensativo.
-Entendo e sei o quanto é difícil perder quem a gente ama,mas temos que seguir em frente.Se o Nick te amava tanto,era isso que ele iria querer.-Alberto disse enquanto bagunçava meu cabelo.
-É,pode ser!-Eu disse dando um leve sorriso.
-Sabe essa casa tá um chiqueiro...Que tal a gente da uma faxina?-Ele perguntou com um sorriso enquanto se levantava.
-Eu...-tentei responder olhando ao meu redor.
-Levanta logo e deixa de desculpa.-Ele disse enquanto enrolava as mangas da camisa.
Alberto foi até a cozinha e eu acompanhei.O estado dela era lamentável,as panelas com a comida do jantar ainda estavam no fogão e a pia estava lotada.
-Há quantos dias essa comida está aqui?-Ele perguntou enquanto destampava as panelas.
-uns 16.-Eu respondi baixinho.
-Isso explica os trocinhos brancos que se movem.-Ele disse com a cara de quem estava enjoado.
-Eu fico com o fogão e a mesa...Você fica com a pia.-Eu disse enquanto me abaixava para pegar uns produtos.
-Eu sempre fico com a pior parte!-Ele disse enquanto pegava uma panela como se pega uma bomba.
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Narrador:Vitor
Cheguei a rua e olhei para cima,desejando que o Alberto conseguisse melhorar o ânimo do Daniel.Nao queria nem pensar no que teria acontecido,se tivéssemos chegado um pouco mais tarde.
Desci a rua até onde estava meu carro,ao chegar lá,parei para olhar o outro lado e lá estava um homem de seus 50 anos olhando para o prédio de onde eu tinha saído.
"Eu disse a esse desgraçado para não vir até aqui.Eu disse que cuidaria de tudo.Que merda ele pensava que estava fazendo?"
Eu pensei enquanto atravessava a rua e parava em frente ao estranho.
-Eu não disse para você não vir até aqui?-Eu perguntei irritado.
-Eu preciso vê-lo Vitor...contar para ele o que Nicolas fez.-Ele respondeu nervoso.
-Ótimo,então vai lá e conta...Só que acho bom você ter alguma prova ou só vai conseguir que ele te odei mais.-Eu disse sem conseguir me segurar.
-Ele é meu filho,tem que acreditar em mim!-Ele teimou.
-O Daniel e cego pelo Nicolas...Ele não vai acreditar em nada,senão tivermos provas.-Eu tentei explicar.
O homem se virou de costas para mim e seu nervosismo era tão grande que ele torcia a mão uma na outra.
-Eu errei muito com ele,mas tenho direito a uma segunda chance.-Ele disse sem olhar para mim.
-Também acho,só que o Nicolas fez a cabeça dele direitinho contra você...Tomar uma atitude precipitada não vai resolver.-Eu disse impaciente.
-Aquele desgraçado maldito disse que ia levar o que eu tinha de mais importante...E eu sempre pensei que ele ia me roubar,levar meu dinheiro...Não achei que ia tirar meus filhos de mim.-Ele disse com a voz de quem está prestes a chorar.
-Ele não vai mais fazer mal a ninguém.-Eu disse sentindo uma coisa esquisita ao falar aquilo.
-Como esta aquela pobre garota?...Como é que mesmo o nome dela?-Ele perguntou após um tempo em silêncio,enquanto se virava para mim.
-Diana...Ela também não está nada bem.Chora bastante e tenta fugir,esta me dando dor de cabeça.-Eu respondi
-O que vai fazer com ela?-Ele perguntou me encarando.
-Minha meta é que ela não seja julgada pela morte daquele infeliz.-Eu respondi enquanto girava a chave do carro.
-Nunca pensei que ela seria capaz de fazer uma coisa dessas.-Ele disse pensativo.
-Temos outro assunto para conversar,mais vamos sair daqui.-Eu disse enquanto atravessava a rua.
Ele me acompanhou cabisbaixo e sem perda de tempo eu abri o carro e entrei,dando partida logo após ele ter entrado.Tinha que tirar-lo dali e levar para o mais longe possível.
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Narrador:Daniel
Depois de um longo tempo terminamos a cozinha e passamos para o quarto.
-Olha,se não quiser fazer isso agora...-Ele disse enquanto colocava a mão no meu ombro.
-Eu tenho que seguir em frente.-Eu interrompi sem ânimo.
Peguei umas caixas e arrumei nelas as coisas do Nick uma a uma.Foi a coisa mais difícil que já fiz,parecia até que eu o estava perdendo de novo.Cheguei a ponto de desistir,mais havia percebido que eu precisava fazer isso.Eu tinha que deixa-lo ir por mais difícil que fosse.
Quando terminei,me sentei na cama e voltei a chorar.Me sentia mais vazio do que nunca é sentia vontade de arrancar fora aquele maldito coração que não parava de doer.
Alberto veio e se sentou ao meu lado,me puxando para um abraço.Coloquei a minha cabeça em seu peito e chorei mais do que nunca.
-Você está melhor?-Ele perguntou quando percebeu que eu estava me acalmando.
-Fora o vazio e essa dor que não passa...tô legal.-Eu respondi me levantando.
-Que tal a gente colocar esse guarda roupa em ordem?-Ele perguntou também se levantando.
Eu concordei e logo botamos a mão na massa.Depois de algumas horas passamos ao outro quarto e em seguida para a sala.
Quando terminamos já era noite e estávamos mortos.Caimos no sofá e a nossa intenção era não levantar nunca mais.Foi aí que a campainha tocou e eu me levantei para abrir a porta.(o Alberto havia chamado alguém para consertar.)Vitor entrou com várias sacolas e já foi colocando em cima da mesa.
-Você devia ter aparecido para a faxina.-Alberto disse o observando.
-Vejo que vocês se sairam muito bem sem mim.-Vitor disse tirando umas marmitas de dentro das sacolas.
-Parece que você trouxe algo bom,mais tenho que ir.-Alberto disse enquanto se levantava.
-Já?-Eu perguntei.
-Amanhã eu trabalho!-Ele respondeu enquanto estendia a mão para mim e apertava.
-Você gosta de lasanha?-Vitor perguntou após Alberto ter saído.
-Adoro!-Eu respondi sentindo aquele cheiro delicioso invadir a casa.
-Então traz uns pratos,uns copos...e também faca e garfo.-Ele disse com um sorriso.
Trouxe tudo o que ele pediu e arrumamos a mesa.Logo em seguida nos sentamos e ele serviu.Conversamos sobre a faxina que eu tinha dado com o Alberto e rimos bastante.
-Olha me desculpa...pelo que fiz de manhã.-Ele disse após termos terminado e levado os pratos para a cozinha.
-Você estava certo...Eu sou um covarde!-Eu disse um pouco triste.
-Que tal assistirmos a um filme?Trouxe uns de terror bem legais.-Ele disse mudando de assunto.
-Você vai ficar?-Eu perguntei surpreso.
-Não achou que eu te deixaria sozinho depois do que tentou fazer né? -Ele respondeu sério.
-Mais e a Mari?-Eu perguntei ignorando a pergunta dele.
-Nos já conversamos e ela entendeu a situação.-Ele respondeu enquanto mexia no aparelho de dvd.
Olhei para ele e naquele momento senti uma onda de gratidão por ele.Eu também não sabia se era seguro ficar sozinho,então fui para o sofá e me sentei a um canto.Ele terminou o que estava fazendo e se sentou no outro canto.Tirou a camisa que usava e jogou no outro sofá.
Logo o filme começou e era tão pesado que por um minuto consegui esquecer um pouco de todo aquele tormento que estava passando.
Continua...
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Bem gente consegui tirar um tempo dessa correria e lançar mas um capítulo rápidinho aí para vocês.Espero que gostem e obrigado a todos que leram!
Whees muito obrigado pelo elogio.Espero que goste desse capítulo.
Edu19>Edu15 e Kevina eu estou de volta o mais rápido que eu pude,trazendo um capítulo quentinho pra vocês.
Martines não vou dizer kkkkkk pois cada segredo a seu tempo . Você disse que não gosta muito do jeito que a trama anda.Me explica qual é o problema e posso tentar melhorar.Desculpe,mas eu disse que nos próximos capítulos quem matou o Nicolas iria ser revelado mais não especifiquei um capítulo. :-( Que bom que gosta do meu conto.Espero que continue acompanhando.
Haryan obrigado e este aqui fiz o maior que pude.
Ru/Ruanito que bom vê você de novo.
Até a próxima galera!