Pedro - o que esta acontecendo aqui Kevin?
Me desculpa, me desculpa, eu precisava da grana. ( era a unica coisa que Kevin sabia falar, mas dessa vez ele começava a querer entrar em desespero).
- Antonio... Antonio..(comecei a gritar freneticamente, ate ter minha boca calada por alguém mais forte que eu).
- Cala a boca, cala a boca. (O Homem falava em meu ouvido).
- tem certeza que é o garoto certo? (um outro perguntou).
- Absoluta! (o que estava tapando minha boca, respondeu)
Depois dessa afirmação, eu fui golpeado covardemente, caindo no chão desacordado.
xXXX
Tentei abrir meus olhos, mas senti que estavam vendados. Minhas pernas e mãos estavam amarrados fortemente. Sentia que eu estava em um espaço minimo, e em movimento que parecia ser em um porta malas de um carro. Lembrei do que acontecera e comecei a gritar por socorro.
Pedro - Ajuda, ajuda. (gritei repetidamente, mas foi em vão).
Do nada o movimento parou, e eu ouvi barulho de batida de porta.
Alguém me puxou para fora, e me arremessou no chão como se eu fosse um saco de lixo. Depois levei alguns chutes na boca do estomago, fazendo eu perder o ar.
- Já chega. Leva ele pra dentro. (alguém falou, mas como eu estava com os olhos vendados não conseguia ver nada).
Fui levantado do chão, e me carregaram feito uma mercadoria qualquer.
- E o chefe?
- Ja falei com ele, esta se encaminhando pra cá.
- Ele vai adorar a surpresinha.
Duas vozes conversavam e riam enquanto eu era transportado para outra área.
Eu só conseguia pensar no meu pai, nas mais possíveis formas que ele tentou me proteger, e agora eu estava ali, sem ao menos saber o que queriam comigo.
Chegamos a um lugar qualquer, e fui colocado sentado no chão. Levei um tapa,e depois disso fiquei sozinho, pelo menos foi o que eu imaginei.
xXXX
- E então chefe, é ele? (depois de bastante tempo eles resolveram voltar)
- Tira a venda.
- Mas ele vai o identificar.
- Mandei tirar a venda.
- Sim senhor.
Puxaram minha cabeça com força, e senti mãos desfazendo um nó que amarrava a venda em meus olhos.
Minha vista doeu assim que eu pude abrir os olhos. De inicio eu vi tudo embasado, mas aos poucos fui identificando aquelas pessoas. Dois eu ja havia visto na casa do kevin, mas havia um terceiro que eu não conhecera ate aquele momento. O local onde estávamos era escuro, mas entrava algumas frestas de clarão.
Pedro - O que vocês querem?
- ta apressado?
Era a primeira vez que eu ouvia aquela voz.
Pedro - se é dinheiro, vamos logo resolver isso, meu pai tem muito dinheiro. Pode dar a quantia que vocês quiserem.
O cara começou a rir como forma de deboche.
- Olha ae Raulino, o mané ta achando que nós queremos o dinheiro sujo dele.
O tal do Raulino começou a achar aquilo engraçado. Babão filho da puta.
- Nós não queremos teu dinheiro não otário.
Pedro - Então?
- Então que vamos nos divertir um pouquinho. ( O cara tinha no rosto um sorriso diabólico).
- Me deixem a sós com ele.
- Sim senhor chefe. (os outros dois concordaram e saíram porta a fora).
- Agora é só nós dois, vamos ter uma conversa de homem pra moleque.
Eu estava com medo, não sabia o que iria me acontecer, estava prevendo mil coisas, na minha cabeça a unica coisa que eu pensava era em pedir perdão as pessoas que eu havia feito mal. Não queria morrer, mas se tivesse que acontecer queria estar com a consciência tranquila.
- Voce sabe quem sou eu? (perguntou o rapaz, que aparentava ter no máximo 20 anos).
Pedro - não faço a menor ideia. (respondi com a voz fraca de tanta porrada que eu havia levado).
- Vou refrescar sua memoria. ( e falando isso me deu um tapa na cara).
Eu nada podia fazer para evitar tanta violência gratuita.
- Eu sou o cara que foi prejudicado pelas ambições do seu pai.
Eu fiz cara de pouco caso, e acabei levanto outro tapa. Senti a boca salivar e cuspi algo que parecia ser sangue.
- Não me faça de besta, voce não sabe do que eu sou capaz.
Pedro - Voce deve esta cometendo um equivoco. Primeiro que meu pai é sim um cara ganancioso, mas nunca prejudicou ninguém. Segundo, eu não tenho inimigos que queiram me fazer mal, então provavelmente vocês pegaram o cara errado.
O cara levantou minha cabeça, apenas passando dois dedos no meu queixo, e depois sorriu.
- Acho que voce não conhece bem o seu pai. Ele é um covarde.
Pedro - quem não conhece o meu pai é voce. Quem voce pensa que é pra falar mal dele assim?
- Eu sou o filho do homem que ele matou. Meu pai sim era um exemplo, o seu é um pilantra.
Pedro - eu entendo que voce deve estar sofrendo pela perda do seu pai, mas não é assim que vamos resolver as coisas. Já que tens provas de que meu pai matou o seu, entrega ele a policia, e deixa a justiça resolver isso.
- Pra que? pra ele sair impune? A justiça aqui quem vai fazer sou eu.
Dialogamos por mais um tempo, e ele saiu me deixando ali, com fome, cede, medo, e pensando no que ele acabara de falar.
xXXX
Raulino- Comida, otário.
Eu não respondi nada.
Raulino - Vai querer comer não?
Pedro - Estou sem fome.
Raulino - Blza. Sobra mais pra mim.
Falando isso, começou a comer o sanduíche que havia trazido para mim.
Pedro - que horas ja são?
Raulino - Ja ta de noite.
Pedro - Eu sei. Percebi que escureceu, mas queria saber as horas certas.
Raulino - Ja passam de dez.
Pedro - e eu?
Raulino - o que tem tu?
Pedro - voces vao me matar ou o que? -Não aguento mais ficar aqui.
Raulino - Por mim eu te apagaria agora mesmo, mas tenho que cumprir as ordens do chefe. (dizia ele com a boca cheia).
Pedro - e quais são as ordens do teu chefe?
Raulino - Por enquanto você vive, mas pela manhã o teu destino pode ser definido. (falou sorrindo).
Como poderia existir pessoas tão ruins.
Raulino terminou seu sanduiche, e levantou-se para sair do pequeno cômodo.
Pedro - Uma ultima pergunta. (falei tentando levantar inutilmente a cabeça do chão).
Raulino - fala.
Pedro - e o Kevin, qual é a ligação de vocês?
Raulino - ligação nenhuma. Já estávamos te observando há muito tempo, e sabíamos teus horários certos. E dai jogamos uma conversa pra cima do teu amiguinho. (ele falou fazendo aspas com os dedos) - Oferecemos umas migalhas, e ele aceitou na hora.
Que vergonha que eu senti do Kevin, naquele momento. Ele tinha armado uma casinha pra mim.
Raulino - era só isso que queria saber donzela?
Eu não tive voz pra falar, então apenas confirmei com a cabeça.
Raulino saiu me deixando sozinho com meus pensamentos.
xXXX
Na manhã do dia seguinte fui acordado cedo, de uma forma nada tradicional.
- Acorda caralho. (Alguém jogou um balde de água gelada em meu rosto, fazendo eu perder o ar por alguns instantes).
Minha barriga roncava, eu estava sujo, com algumas marcas de sangue.
- Bom dia. (disse o ''tal'' chefe).
- Vamos fazer um joguinho.
O Raulino com a ajuda de um terceiro me pôs sentado, encostado na parede. O chefe puxou uma banqueta, e sentou a minha frente.
- Seguinte, teu pai ja ta todo desesperado a tua procura. E agora o espetáculo vai começar, enfim chegou o dia que eu tanto esperei.
Pedro - O que tu pretende fazer?
- Justiça.
Pedro - Pensa bem no que tu ta fazendo cara, isso não é justiça...
- Já pensei. Passei minha vida toda pensando.
Pedro - O que tu ganha fazendo essas coisas?
- Vou ficar de alma lavada, sabendo que o homem que tanto fez mal a mim e minha família ira pagar por tudo.
Pedro - Você ta louco cara.
O individuo me deu um murro, me fazendo sangrar o nariz.
- Presta atenção como voce fala comigo. A tua situação não é das melhores.
Ele chamou Raulino, e pediu que ele buscasse alguma coisa, que eu não consegui entender direito.
Não demorou muito, e Raulino retornou com um aparelho celular.
- Presta atenção no que voce vai fazer, e ae pode ser que eu deixe voce livre. Voce vai ligar pro seu paizinho, e vai dizer pra ele confessar o golpe que deu no meu pai. Pra refrescar a memoria dele diga que é o sr Radamés, que ele vai lembrar. Depois que ele confessar publicamente a forma ilícita que ele enriqueceu, diga para ele pular do ultimo andar da empresa dele. Quando eu tiver a certeza que ele fez essas duas etapas, e que esta morto, eu solto voce. Estou sendo bonzinho com voce, tou dando a chance de voce fazer uma escolha justa. Agora seja um rapaz inteligente, que eu sei que é.
O cara começou a discar alguns números no celular, e quando viu que estava chamando colocou em meu ouvido. Com uma mão segurou o celular, e com a outra me apontou uma arma.
xx
Pai - Alo. (meu pai parecia nervoso).
Eu fiquei mudo, minha voz travou, a garganta ficou seca, as lagrimas começaram a cair.
Pai - Alo. quem é?
Pedro - Sou eu pai. (minha voz saiu tremular).
Pai - meu filho. (eu percebi que a voz do meu pai também ficou embargada). Onde voce esta?
Pedro - Eu não posso falar muito, pai... Só liguei pra dizer que te amo, e pedir desculpa por ter sido tão rebelde.
Pai - Meu filho, me diga sua localização, o que aconteceu com voce, voce esta com alguém?
Pedro - estou sim pai. Eu não vou voltar vivo. (as lagrimas caíram com mais força).
Pai - Não diga isso, voce não vai morrer.
Pedro - pai, me ouve, não se preocupa comigo. Eu vou ter que desligar.
Chefe - Não enrola porra, fala o que combinamos. ( O cara parecia irado comigo).
Pai - quem ta ae com voce? Quem ta falando?
Pedro - Não é nada pai, eu vou ter que desligar. Te amo pai, te amo muito.
Pai - Não desliga Pedrinho, não desl...
xx
O chefe tomou o celular de mim, e acertou meus peitos com o mesmo.
- Tu é um otario cara, seu mané. (ele falava aos gritos).
Ele destravou a arma, e mirou na minha direção.
Eu apenas fechei meus olhos, e rezei bastante. Até que ele disparou aquela arma.
Continua
