Cap.18
Não consegui entender o que ele queria com aquilo. Ele apenas falou aquilo, e entrou dentro da sala, me deixando atônito. Me joguei na cadeira, sem saber o que ia fazer.
NARRADO EM TERCEIRA PESSOA
Assim que Marcos entra na sala, ele fecha a porta, e lá fica. Olha pro chão, pensa se era o melhor a se fazer. Ver ele diariamente, continuar a ter contato com ele sempre poderia ser muito perigoso e sofrido para ele. Mas, por algum motivo ele não queria que ele voltasse para o Marketing.
-Mas que merda ! - gritava, esmurrando levemente a porta. A verdade, ele sabia, só não queria assumir. Ele não queria deixar de ver Enzo. Nem mesmo a mentira que ele havia criado foi suficiente para que ele deixasse de amá-lo. E então ele abriu a porta novamente – amanhã, me traga os seus verdadeiros documentos. Eu vou registrar a demissão do “Daniel” - falou, fazendo aspas – e registrar a sua admissão.
-Espera... Você não vai me mandar embora ? - a boca de Marcos tremia. Ele queria chorar.
-Não. Você pode continuar trabalhando. Você poderia ser preso por isso, sabia ?
-Desculpa Marcos ! Eu... Eu... tava desesperado...
-Agora já era. Você já fez ! Só... me traga os documentos e continue trabalhando – falou, fechando novamente a porta.
DIAS DEPOIS
Os dias continuaram passando normalmente. Marcos “demitiu” o Daniel e contratou Enzo. Pediu para que ele cortasse o cabelo, para que não fique idêntico ao demitido. Ele cortou.
-Aqui está. Você pode continuar trabalhando, agora com seu nome verdadeiro. E faça o favor de não me inventar mais nenhuma mentira, ou então eu demito você por justa causa !
-Ok, tudo bem – Enzo ficou feliz. Porquê apesar de tudo, Marcos ainda conseguia ter compaixão por ele. Mas, ele não sabia direito o que fazer para conseguir corrigir o seu erro.
Os dias seguiram, e eles continuavam trabalhando lado a lado. Como o cargo deles é muito próximo, eles não podiam simplesmente deixar de se ver. Quase todos os dias eles se viam e se falavam. Porém, apesar disso sofriam. Marcos era frio com Enzo, sempre lembrando do que tinha acontecido. E isso fazia os dois sofrerem.
-Você quer alguma coisa ? - Enzo perguntava, após ter sido chamado por Marcos no interfone.
-Sim. Quero que você verifique as planilhas do dia 13 até o dia 27 e traga para mim.
-Tudo bem... - Enzo, já acostumado com a função, verificou todas as planilhas e imprimiu. Grampeou e então entrou novamente na sala
-Aqui está... - em outros tempos ele ganharia um largo sorriso de Marcos e uma brincadeira que levaria os dois aos risos. Agora...
-Obrigado – falou, pegando as planilhas – você pode ir Enzo.
Aquilo fazia eles sofrerem. Marcos sofria no seu apartamento, sozinho. Fazia carícias em Félix no sofá aonde eles tocaram as mãos pela primeira vez. Não conseguia esquecer, de forma alguma tudo que aconteceu. Aquilo estava marcado na mente dele. Ele estava sofrendo. Assim como Enzo. Ele chegava todo dia arrasado. Lembrando toda a frieza com que Marcos o tratava.
-Eu mereço isso ! - dizia, enquanto uma lágrima descia dos seus olhos.
-Tudo continua na mesma ? - a mãe dele perguntava na porta.
-Sim. Ele mal olha na minha cara – dizia. A ideia da demissão voltava a permear a sua mente. Mas... Ele sabia que aquilo não era o melhor a se fazer. Depois de tudo isso, ele não podia ficar sem emprego. A única forma era aceitar, e aguentar todos os sentimentos, e continuar trabalhando.
DIAS DEPOIS
Certo dia, Marcos limpava os seus guarda-roupas, já que não queria chamar a empregada. Enquanto mexia em uma roupa ou outra, acabou encontrado diversas roupas desconhecidas. Logo se tocou.
-Essas roupas são dele... - lembrou de vários momentos em que o viu vestido nelas, e lembrou como elas vieram parar ali. Um sorriso se formou no canto de seu rosto. Involuntariamente, ele as levou ao nariz e pode sentir o perfume dele – porquê você fez isso com a gente ein ? Destruiu a minha confiança em você... - ele estava perdido. Não sabia o que fazer. Ao mesmo tempo que queria ter ele por perto, não conseguia perdoá-lo. Estava entre o orgulho e o sentimento. Ele havia se apaixonado por um homem que... Não sabia se era realmente por quem havia se apaixonado. É confuso sim... Mas faz sentido.
DIAS DEPOIS
Enzo, após mais um dia de trabalho, passa direto para o banheiro. Tira a roupa, vai para a ducha direto e começa a se banhar. Ele já não aguentava mais...
-Tenho que tomar uma atitude para recuperar a confiança dele ! - dizia para si mesmo – eu... eu... Vou recuperar a confiança dele. Vou fazer de tudo para isso – a algum tempo atrás, aquele mesmo Enzo não correria atrás de um homem. Porém agora, não era mais o Enzo inconsequente que o dominava. Era o Enzo sensato. O Enzo Apaixonado. O Enzo trabalhador. O Enzo apaixonante. E este faria de tudo pelo seu amor.
Continua
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