Capítulo 12-O passado se revela (parte 1)
Narrador:Daniel
As palavras do Lúcio penetraram fundo em mim,e não consegui parar de pensar na minha família e o que tinha acontecido com ela.Após refletir decidi que queria encontra-los novamente,mas surgiu um obstáculo;eu não sabia onde eles estavam.Então me lembrei do Vitor,ele deveria saber,só que ele havia viajado.
Decidido,peguei o telefone e liguei para o Alberto,quando atendeu pedi que viesse urgente.Demorou um tempo que parecia uma eternidade,mas ouvi alguém bater na porta e a abri.
-Aconteceu alguma coisa?-Ele perguntou enquanto me observava preocupado.
-Não...Eu te chamei para perguntar se você sabe onde está o meu pai?-Eu respondi enquanto dava passagem para ele entrar.
-Eu não sei!-Ele respondeu indo em direção ao sofá.
-O Vitor sabe,e ele te conta tudo...Por favor,eu preciso ver ele.-Eu pedi enquanto o encarava.
-Preciso fazer uma ligação.-Alberto disse após um tempo em silêncio.
Eu o observei sair pela porta e esperei até que ele voltasse.Depois de um longo tempo Alberto veio e se sentou ao meu lado,me encarando com uma expressão estranha.
-Esta bem...eu levo você até ele.-Ele disse enquanto dava um sorriso nervoso.
-Achei que não sabia!-Eu disse surpreso.
Alberto deu mais um sorriso nervoso e saiu,eu o acompanhei,trancando a porta depois que passei.Pegamos o elevador e descemos até a garagem,aonde entramos em um carro que estava lá e após ele dar partida,nos íamos rápido e eu só pensava em como deveria estar o meu pai,afinal fazia um ano que não o via.Havia cultivado raiva por ele,por tanto tempo que nem percebi as consequências disso.Alberto estava em silêncio,o que era estranho,pois ele era muito brincalhão.Depois de um longo tempo estacionou em frente a uma loja com uma casa em cima.
-Por favor,me espere aqui!-Ele pediu indo em direção às escadas.
Eu sentia uma enorme vontade de segui-lo e ver porque ele estava tão apreensivo,mas fiz o que ele pediu e esperei.Após um longo tempo ele voltou e fez um sinal para que eu o acompanhasse.Eu subi as escadas e entrei na casa junto com ele.Era bem simples com pouca mobília,e parecia ter como cômodo além da sala,apenas a cozinha e um quarto.
Uma pessoa ao canto chamou minha atenção,e ao olhar pra ela meu queixo caiu.Era o meu pai,mas não estava nada parecido com o homem que deixei para trás a um ano.Seus ombros estavam caídos como se carregasse um grande peso,seus cabelos geralmente loiro escuro como o meu,já mostrava fios brancos e seu rosto estava com as marcas das preocupações.
-Então você veio?-Ele disse quebrando aquele silêncio.
Eu sorri sem saber o que falar,estava tão apressado para vê-lo que nem pensei como seria.
-Meu filho a um ano eu fiz coisas horríveis com você,disse coisas que ninguém merecia ouvir.Talvez eu não mereça o seu perdão,mas...-Ele continuou enquanto passava a mão pelos cabelos.
-Eu não sei se um dia vou conseguir superar e parar de me lembrar o quanto você me machucou.Mas não vim para isso...Eu só queria te ver e saber dos outros.-Eu interrompi falando com sinceridade.
-Sua mãe não vejo a uns dez meses depois que ela foi embora com aquele amante.-Ele disse após lançar um olhar para Alberto que estava ali parado,e em seguida se sentou no sofá de cabeça baixa.
-Mas você nunca a procurou?Nunca tentou descobrir como ela está?-Eu perguntei surpreso pelo modo como ele falou dela.
-Ela me abandonou em um momento delicado da minha vida,porque eu iria querer saber aonde diabos ela foi parar?-Ele respondeu sarcástico,parecendo por um momento o homem que eu conhecia.
-E o Evandro?-Eu perguntei tentando ganhar alguma resposta dele.
Meu pai ficou nervoso e olhou para o Alfredo,a troca de olhares durou mais de um minuto e em seguida meu pai olhou para mim.
-Nos também brigamos,e ele casou e mora em outro lugar.-Ele respondeu enquanto desviava o olhar. -Mas aonde mora?Eu quero falar com ele.-Pedi enquanto o observava.
-Eu e ele brigamos por causa de um miserável que ele chamava de amigo...eu disse que ele não era uma boa influência.Mas seu irmão é tão teimoso quanto você,e preferiu defender esse amigo a ouvir seu pai...Assim como você,nos cortamos o contato e ele foi para uma casa com a namorada e eu nunca mais o vi.-Meu pai explicou após uma nova troca de olhares com Alberto.
-Porque você só responde as minhas perguntas,quando olha pra ele?-Eu perguntei irritado com aquilo,apontando para o Alberto.
-É impressão sua!-Meu pai respondeu nervoso.
Aconteceu de novo,eles trocaram olhares e em seguida fizeram de conta que não.Fiz mais algumas perguntas e ele só respondia,apos olhar pra o Alberto como se estivesse perguntando se podia responder.Então veio a minha mente a ligação que o Alberto fez lá no apartamento e depois aquele tempo que ficou sozinho aqui antes de me chamar.Não sei porque,mas eu tinha a sensação de que havia o dedo de alguém ali.E a não ser que eu estivesse paranóico,era o dedo do Vitor.As vezes ele era controlador e queria dar ordens as pessoas.
-O que o Vitor proibiu você de falar?-Eu perguntei após juntar todas as peças do quebra cabeça.
-Meu filho não me proibiu nada.-Meu pai respondeu sem olhar para mim.
-Seu filho?-Eu perguntei surpreso.
-O Julio cuidou do Vitor durante parte de sua vida e sempre o tratou como filho.-Alberto explicou e em seguida voltou a ficar em silêncio.
Aquilo explicava a relação que ele tinha com a minha família,mas eu tinha quase certeza que ele proibirá os dois de falar na minha mãe ou no Evandro.Eu só não sabia o porque,e isso me atormentou.Não parava de me perguntar o que tinha acontecido para o Vitor esconder uma coisa que era meu direito saber,afinal eles eram a minha família!Querendo respostas,fiz mais algumas perguntas e ele respondia de um jeito vazio.
-Eu tenho direito de saber o que aconteceu a eles pai.-Eu exigi,perdendo a paciência.
-Você perdeu esse direito quando virou as costas e foi embora com aquele desgraçado...Você perdeu esse direito quando disse que ele era sua família e a gente pra você tinha morrido...Você perdeu esse direito quando me disse que o que acontecesse a gente pra você não importava.-Meu pai disse enquanto se virava para mim me olhando com raiva.
-Pai...-Eu disse sentindo aquelas palavras entrar em mim como um veneno e rasgar o meu peito por dentro.
-Eu errei em querer te pedir perdão,e errei mais ainda ao tentar te procurar uns dias atrás.Volta pra o seu conto de fadas e me deixa em paz.-Ele interrompeu agora sem olhar pra mim.
-Eu...-Tentei falar,sentindo as lágrimas encher os meus olhos.
-Vá embora daqui!-Ele interrompeu saindo da sala logo em seguida.
Eu sai como se estivesse pisando em cacos de vidro e todo meu corpo sangrasse.A dor era insuportável.Eu tinha imaginado um encontro diferente,não conseguia entender porque ele reagiu daquela forma.
-Você está bem?-Alberto perguntou enquanto me olhava preocupado.
-Eu vou ficar!-Eu respondi sentindo vontade de ir pra casa e me enrolar na minha cama e chorar.
-Seu pai foi muito duro,mas você o pressionou demais.Dá um tempo pra ele!-Alberto disse enquanto colocava a mão em meu ombro.
Eu apenas balancei a cabeça,não queria dizer que ele estava errado.Eu conhecia o meu pai muito bem e sabia que ele não mudaria aquele jeito nunca.
-Você está com fome?...Que tal irmos tomar café?-Alberto perguntou em um tom animado.
-Pode ser.-Eu respondi sem animo.
Alberto me deu um sorriso e em seguida se afastou para fazer uma ligação.Depois de um tempo ele vou é entrou no carro,eu abri a porta e me sentei ao seu lado,observando enquanto ele dava partida.Após um tempo,Alberto estacionou e ao olhar percebi que era um prédio de classe média.
Eu desci do carro e ele me pediu para espera por ele próximo ao elevador,eu fui e ele demorou um tempo,mas apareceu,me puxando para o elevador e apertando um botão.
-Onde estamos?-Perguntei ao sentir que o elevador subia.
-Na minha casa!-Ele respondeu.
Chegamos ao décimo andar e saimos do elevador,caminhamos até o fim do corredor e ele bateu em uma porta,entrando logo em seguida.
Quando passamos pela porta eu fiquei surpreso,lá havia três mulheres,elas estavam a mesa tomando café.Uma eu reconhecia,era a esposa do Vitor,Mari.Mas as outras eu nunca tinha visto na vida.
-São as mulheres da vida dele.-Ele disse dando um sorrisinho logo em seguida.
-Nós já nos conhecemos...Eu sou Mari.-A de longos cabelos pretos que eu havia reconhecido falou,sem se importar com o Alberto.
-Oi!-Eu disse tímido pois não havia esquecido do nosso último encontro.
-Esposa,amante e as vezes só quer ser a mãe dele.-Alberto disse entre risadas altas.
-Idiota!...Essa é a Laura!-Ela disse dando um sorriso forçado enquanto apontava para a mulher loira ao seu lado.
-Prazer...e essa é minha irmã Andreia.-Ela disse apontando para uma outra loira ao lado que diferente delas não me encarava e nem sorria.Eu dei Oi para as duas e ao olhar para Alberto percebi que ele ficou nervoso enquanto olhava para Andreia,esquecendo o momento de alegria.Um clima de tensão se instalaria,senão fosse a entrada de um garotinho que não sei da onde saiu.
-Ah,e esse é meu filho,Junior!-Laura disse enquanto abria os braços para recebê lo.
-Ele é lindo...E...Sou Daniel.-Eu disse enquanto observava o menino.
Observei bem o menino,e ou a minha mente estava pregando peças ou aquele menino era mesmo a cara do Nick.Eu não consegui desviar o olhar dele,e observei cada pedacinho do seu pequeno rostinho.Ele tinha o mesmo cabelo preto só que em vez de cortado baixo era liso e escorrido,tinha os mesmos olhos pretos,o mesmo nariz e até a mesma boca pequena e vermelha.E qual não foi o meu susto ao notar que ele tinha o mesmo tique de morder o lábio inferior como o Nick fazia quando estava nervoso.
-Eu não sabia que você ia trazer ele pra cá.-Alberto disse tenso,me despertando do meu transe.
Mari fez um sinal e eu me sentei a mesa ao lado dela,comecei a comer em silêncio,tentando não olhar para o menino.
-Você é o namorado do Nicolas?-Andréia perguntou fazendo com que todos parassem de comer.
-Sim!-Eu respondi sem vontade de entrar naquele assunto.
-Você é muito bonito!-Ela disse me encarando de um modo que me dava calafrio.
-Obrigado!-Eu disse enquanto observava os outros que pareciam tensos.
-Nicolas sempre gostou de estar bem acompanhado...Não era Laura?-Andreia disse de um modo sarcástico agora olhando para ela.
A xícara que estava na mão dela foi ao chão e se partiu em vários pedacinhos.Laura empalideceu e não respondeu a provocação da irmã.Eu olhava de uma para outra tentando entender,o que estava acontecendo ali.
-Não vamos falar sobre o passado,gente.-Mari disse tentando parecer relaxada.
-Não liga pra Laura,ela ainda sofre pela morte dele.O amava muito!-Andreia disse com todo seu veneno ignorando a Mari.
Uma pontada de ciúme tomou conta do meu peito e me senti desconfortável ali.A fome havia passado e eu só desejava ir embora.
-Isso não é verdade!-Laura disse enquanto dava um sorriso forçado.
-Andréia já chega!-Alberto disse enquanto tentava afastava o prato dele como se tivesse perdido a fome.
-Minha irmã não minta para si mesmo...Sabe,eles eram namorados e depois que você chegou,viraram amantes.-Ela disse olhando de Laura para mim com um sorrisinho maldoso no rosto.
Eu senti uma raiva tomar conta de mim e minha vontade era de esganar aquela mulher.Como ela podia ser tão mentirosa?Como ela podia tentar caluniar o meu Nick quando ele não podia se defender?
-O Nick me amava e era fiel a mim.-Eu disse tentando demonstrar que aquilo não tinha me abalado.
-O corno é sempre o último a saber.-Ela disse com uma risadinha.
Agora era demais,ela estava me ofendendo!Me levantei e a encarei furioso,se ela falasse mais alguma coisa eu bateria nela.
-Você devia tá apaixonada por ele,aí fica inventando essas mentiras pra manchar o nome dele.-Eu disse enquanto tentava não xinga-la pois não queria me rebaixar.
-Se não quer acreditar,não acredite...Mas abra os olhos e veja o que está na sua frente...Já deve ter notado a semelhança do menino com ele né?-Ela perguntou em tom sarcástico,enquanto apontava para o pequeno Junior nos braços da irmã.
-Andréia já chega!...Laura leva a sua irmã pra o quarto.-Alberto disse após ter se levantado encarando as duas com raiva.
-O Vitor proibiu a gente de contar,sabe?-Andreia disse enquanto me encarava com aquele sorrisinho de cobra quando da o bote.
-ANDRÉIA!-Mari disse severa,também se levantando.
-Vem!-Alberto disse enquanto pegava no meu braço e puxava.
Eu o acompanhei sentindo uma luta ser travada dentro do meu peito.Eu não acreditava que o Nick tivesse me traído,pois sabia que ele era incapaz disso.Ele me amava!Mas eu não podia negar que o menino se parecia demais com ele,só que ele deveria ter uns 4 anos,então foi antes de mim.Mas porque o Nick não me contou que tinha um filho?
Uma parte de mim inventou as mais loucas explicações para a semelhança entre eles,mais a minha razão derrubava uma a uma,até que por fim eu tive que aceitar o que não tinha escolha.Tive que admitir para mim mesmo,que ele havia mentido pra mim e então eu senti a pior dor que tinha sentido até ali.
Eu e Alberto estávamos parados no corredor,ele me olhava com tristeza,parecia que ia pedir desculpas,mas percebeu que não ia adiantar.
-Aquele menino é mesmo filho dele?-Eu perguntei sentindo aquela dor cortar a minha alma.
-Eu sinto muito,mas fizemos um exame de Dna a um ano e meio atrás,e o Nicolas é pai do Junior.-Alberto disse após um tempo pensando qual seria a melhor resposta,optando pela verdade.
-Então ele sabia?-Eu perguntei sentindo o último fio de esperança se romper.
-Sabia!-Alberto disse me encarando com tristeza.
Eu senti como se tivessem pegado uma faca e enfiado no meu peito.A dor era insuportável e a única coisa que consegui foi me sentar no chão e chorar desesperado.O homem que eu amava e admirava,mentiu pra mim,tinha me enganado.Porque o Nick fez aquilo comigo?
-Porque ele fez isso comigo?...Ele me amava,porque mentiria pra mim?...Ah,meu Deus. -Eu disse em voz alta sentindo aquela dor me dilacerar por dentro.Minhas lágrimas saiam como uma cachoeira e na tentaviva de parar com aquela dor,peguei a chave de casa e passei nos meus braços.Sangue começou a jorrar,mas apesar da ardência,meu peito continuava a doer.
-Daniel o que você está fazendo?...Ficou maluco?-Alberto perguntou ao perceber que eu estava me cortando,enquanto tentava tomar a chave de mim.
Após uns minutos de luta,ele conseguiu e me levantou.
A dor dentro de mim,me rasgava e eu só queria acabar com ela.Porque ele não entendia isso?Então sem pensar,rasguei minha camisa e comecei a passar minhas unhas no meu peito,na minha barriga,nos meus ombros.Meu corpo queimava e ardia,mas nada me impedia de sentir aquela outra dor,a dor da decepção.Alberto pedia pra eu me acalmar e tentava me segurar,mas eu o empurrava e chorava cada vez mais.
-MARI?-Ele chamou angustiado.
As palavras do meu pai e da Andréia se misturaram em minha cabeça.A mentira do Nick,o filho dele,o caso com a Laura e a culpa que eu estava sentindo,se juntaram tudo em um só,e a dor ganhou força.Naquele momento perdi a razão e tudo que desejava era desaparecer pra sempre.Eu comecei a puxar o meu cabelo é a arranhar o meu rosto,fazia tudo para estancar aquela maldita dor.
Mari e Alberto tentavam me acalmar,fazer com que eu os escutasse,mas os ignorei.Eles não sabiam o que eu tava sentindo,ninguém sabia.Aquela dor era só minha!
Continua...
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Olá pessoal,tô chegando com mais um capítulo.Espero que gostem!
marc01CL isso é um problema que o Vitor têm e o prejudica.Ele acha que tem que proteger a todos de tudo e as vezes se culpa quando não consegue.O Daniel não é de cristal mas é muito sensível.
Cintia C e Edu19>Edu15 obrigado pelos comentários...
FlaAngel isso aqui tem de tudo,nem novela das 9 tem tanto fôlego.kkkkkkk
Digos2 aqui esta a primeira parte,espero que goste.
Martines eu adoro seus comentários,e nessa história ninguém é santo.Mas porque o Vitor é burro?kkkkkkkk Eu espero que não suma de novo e já que gosta de dor,aí vai uma dose.
Obrigado a todos que leram,um bom fim de semana e até a próxima.