Capítulo 11
Quem ou o que é Shulåãn?
~Narração de Shulåãn.
O vento de inverno acoitava meus ouvidos. A quanto tempo eu estava caçando? Seis, sete ou oito semanas.
A única razão de eu estar fazendo isso era porque precisava de tempo para planejar tudo. Mesmo que paz não fosse algo que eu pudesse ter em 100%, já que aquele trouxa vesgo estivesse sempre me seguindo.
- Certo, não é educado enganar seu tutor - disse ele, apoiando as duas mãos na bengala. Sempre andava com aquele bastão de madeira idiota - diga o que está tramando.
- Se você abrir o bico, arranco sua lingua, cozinho e faço você comê-la no jantar - ameacei.
Ouvi ele assoprar fumaça de cigarro.
- Oh, acho que isso seria meio desagradável - ele deu outra tragada - certo. Você me pegou. Prometo não contar nada.
- Prometa pelo seu falecido pai - mandei.
- Com família não se brinca, sabia?
- Então morra em sua curiosidade - desprezei, voltando a analisar a área no topo do pinheiro. Mal conseguia ouvir a voz dele por causa do vento.
Voltei a analisar a densa floresta a procura de algo que eu pudesse abater e levar para casa. Um farfalhar ao longe se fez ouvir.
- Certo, não acredito que estou cedendo para a sua chantagem... - resmungou ele - prometo pelo meu falecido papai.
Por reflexo, minha mão empunhou a espada ao ver um coelho gigantesco bem a minha frente.
- Viu só? Não doeu - falei - e se você é velho desse jeito, seu pai já é um fóssil.
Ele gritou meu nome em repreensão mas eu já estava longe o suficiente para quase não ouvi-lo.
Saltei na frente do coelho, que deu dois saltos antes de ser cortado ao meio.
- Ponha no saco, Chapeleiro - disse limpando minha espada numa folha grande de um baldeio, uma planta que nasce em regiões frias - onde está esse ruivo sonso? CHAPELEIROOOO!!
- Não era necessário gritar. Eu estava bem aqui - ele desceu calmamente a ladeira com o cigarro de camomila preso nos dentes - pode me explicar de uma vez o que está tramando?
Disse a ele o que eu planejava e ele quase tosta a barba quando acendia outro cigarro.
- Você só pode ter enlouquecido de vez. Seus pais não vão deixar! - ele abriu demais a boca e o cigarro se espatifou no chão gelado, apagando - isso é algo muito imprudente. Fazer isso sozinho é loucura. - ele pisou no cigarro como se pisasse em um bichinho fofinho - e ainda estraga meu cigarro.
- VOCÊ é frouxo e não o segurou na boca -comecei a caminhar para casa depois de jogar as metades de coelho num saco eu mesmo - e eu não vou fazer sozinho. Porque meu tutor virá comigo.
- Não me envolva nisso. Tenho minhas ocupações - resmungou o chapeleiro provavelmente ainda frustrado por causa do seu cigarro.
- A sua única ocupação é me instruir. Não seja mentiroso.
- Entenda...
- Não há nada pra entender, cara! - falei alto - você vem comigo, eles não desconfiam, voltamos e ”BAM”, já vai ter acabado.
- Você vai matar seus pais de preocupação um dia.
- Ah tá. Até porque eles ligam muito pra mim, me deixando jogado naquela prisão que chamam de casa o dia todo - resmunguei.
Enquanto o chapeleiro fazia discurso sobre o amor familiar, senti algo estranho, como se algo houvesse sido interrompido.
Acabei deixando um risinho debochado escapar.
" No final das contas você conseguiu... Né, Alec? "
Então caminhei pela estrada coberta de neve, seguido pelo meu tutor.
~Enquanto isso, na casa da Família Odidrep...
Alec continuava desmaiado... Em sua mente, ele estava de pé, em frente à toda escuridão... Mas ela se esvaía... Aos poucos desmanchava á sua volta.
Que estranho - quis dizer, mas a voz ecoou em sua mente - o que está havendo?
Não havia nada ali. Tudo parecia uma grande mancha. Ele ouviu passos. PASSOS? Quem estaria andando pela sua mente?! Já sentindo um frio na barriga, Alec recuou, assustado. Alguém caminhava confusamente pela escuridão. Mais de uma pessoa, na verdade.
A fumaça negra espessa se desfez em volta de uma figura... Tsol...! Os olhos dele arregalaram-se, surpresDarla - Alec! - ele correu. Alec ficou imóvel. Era o Tsol... Mas ele parecia tão feliz por vê-lo. Assim que Tsol o abraçou e Alec sentiu seu hálito quente em seu pescoço, sentiu uma enxurrada de lembranças se Repondo - eu estou tão feliz... Pensei que nunca mais o veria novamente.
Alec não falava nada. Estava paralisado de alegria. Apenas sorria e deixava lágrimas silenciosas escorrerem pelo seu rosto.
- Não chora, por favor... - Tsol beijou sua bochecha justamente onde uma lágrima caía - eu estou aqui, vai ficar tudo bem agora.
( Escute Heavens Dead - Audioslave )
- S-sim... - Alec gagejou, agarrando-se ao pescoço do amado. O cenário distorceu-se e não estavam mais em meio ao nada. Estavam na praia logo abaixo à mina dos Lunuganga. Eles também quase se perderam um do outro naquela ocasião, não é? O céu estava estrelado e a lua brilhava. O vento acariciava suas faces.
- Ei, não é hora de romance, Alequieee!! - gritou uma pessoa animadamente.
O cenário mudou novamente. Tudo girava de forma divertida. Luzes transformavam o cenário em algo novo.
Era Darla! Ela segurava uma folha gigantesca e sua cara estava coberta de chocolate. E não estava sozinha. Otar, Atag e Marceline a acompanhavam, sorrindo.
Meu Deus! Parecia haver um século que vira Otar, Atag e Darla. Eles estavam do mesmo jeito.
- Vamos, Alec! Hora de lembrar de tudo! - Atag sorriu.
- Já chega de "Não sei ou não lembro " como resposta! - disse Otar.
Ele nem percebeu que já deslizava em folhas gigantescas com os amigos pela estrada de ouro afora. Ele já havia feito aquilo? Sim! Tudo estava ali, agora. Todas as memórias, pensamentos, sentimentos... Tudo estava se encaixando novamente.
- Como eu pude esquecer... - Alec sentia-se estranho. Meio alegre, meio nostálgico e aliviado como se finalmente pudesse respirar. Agora sua mente funcionava.
- Não sinta-se culpado, Alequie bobinho! - disse Darla - não foi sua culpa.
Eles deslizaram até o portão. O vento fresco balançava. Uma luz emanava de trás do portão. O que poderia ser? Alec se aproximou e tocou o portão. Não estava mais na folha. Vestia suas roupas vitorianas e sua mão esquerda empunhava o arco.
- Esse é meu verdadeiro eu... - sua mão parou no meio do caminho. Voltou-se para trás e Atag, Otar e Darla estavam parados sorrindo. Tsol e Marceline estavam ao lado deles - Atag... Otar... Darla... Vamos nos ver novamente? Digo... Fora desse sonho?
Eles ficaram quietos por um momento.
- Claro! - Darla deu um gritinho, saltitando.
- Concerteza, Alec! - concordou Atag.
- Lembre-se que vamos lutar ao seu lado algum dia. Então nos veremos novamente. - afirmou Otar - não desista por nada. Faça isso por nós!
Alec não chorava mais. Não tinha mais essa vontade. Ele não era fraco. Nunca fora e não seria.
- Me aguardem. Vou surpreendê-los quando me verem novamente - afirmou com bravura.
- Isso, Alequie!! Parte a cara deles! - berrou Darla. Atag gargalhou - nós te amamos!
- Eu também amo muito, MUITO mesmo todos vocês.! - Alec gritou - por isso eu vou!
Ele abriu a porta e não olhou mais para trás.
•♪•
Os enormes olhos de Alec se abriram e ele respirou uma lufada de ar quente. Era impressão dele ou estava estranhamente úmido ali?
E escuro.
Mal enxergava, mas conseguia sentir o cheiro de Tsol vindo de algum lugar. Seus ouvidos captaram o som de vozes. Podê sentir os braços de Tsol envolvendo sua cintura. Suas mãos encontraram os cabelos fofos e loiros de Tsol. E o mesmo agarrou as mãos de Alec.
- Alec?! - ele quase gritou.
- Sim... - Alec falou com a voz que quase não saiu, antes que Alec dissesse qualquer coisa a mais, Tsol e esmagou num abraço - Tscky?
- Cale a boca - Alec agarrou-se às costas dele, sentindo-o estremecer - eu estou tão feliz... - ele soluçou - tão feliz... Pensei que o perderia novamente. Eu não suportaria... Eu não suporto a dor deste mundo sem você aqui comigo...
- Desculpa... - Alec sentiu que iria chorar. Sempre que alguém chorava, seus dutos lacrimais ativavam-se.
- EU que devo desculpas... - gotas quentes tocaram o maxilar de Alec - Alec, eu te tratei tão mal... - agora Tsol realmente chorava. Ele nunca o vira ceder a esse ponto. Tsol aparentemente tinha uma personalidade de aço. Isso provava que... Ele realmente o amava - eu estou tão arrependido...
- Não seja idiota. - Alec já falou com a voz abafada, chorando também - fomos manipulados. Não aceito que diga que a culpa foi sua.
- Alec... Nunca mais faça isso! Nunca mais se afaste de mim!! - Tsol o abraçou com mais força ainda - se você se for, eu irei com você. Nem que eu precise espancar alguém pra isso!
Eles ficaram abraçados por um momento, suas respirações estavam sincronizadas. Seus corpos aqueciam um ao outro.
- Eu deveria avisar a mamãe que você acordou, mas por ora não quero dividir você com nada ou ninguém - os dois riram. Tsol cheirou os cabelos de Alec e enfiou o rosto entre o ombro e o pescoço dele - vai ser só meu até o amanhecer.
Tsol cochilava e acordava de novo, como se quisesse se certificar que Alec estava bem. Por sua vez, Alec não conseguiu mais dormir. Não sentia o mínimo cansaço. Ao contrário, tinha a sensação de que dormira a muito tempo. O ar no quarto, mesmo que a janela estivesse fechada, estava frio como gelo.
O mundo foi ficando claro por trás da cortina grossa. Alec sentia um raio de luz mais forte. Ouviu vozes e conversa logo abaixo dali. Mas geralmente em seu quarto não dava pra ouvir. Foi só então que percebeu com a claridade que não se tratava do seu quarto.
E sim o de Tsol.
O rosto de Alec ficou em chamas. Tsol deitava ali toda a noite?! Provavelmente Tsol não conseguiu dormir por se preocupar com ele e o trouxe para ali... Será que ele dormia... pelado?
A ideia de nudez completou sua metamorfose em Garoto Tomate.
- Tsol, como está o... - Sam entrou pelo quarto - ALEC! Alec, você está acordado!!
Em questão de segundos, o quarto se infestou de pessoas. Tsol desabou na cama, xingando Sam em voz alta. Depois de muitos abraços, beijos e choro, finalmente deram espaço para que Alec falasse.
- O que está havendo? Eu só desmaiei PPR algumas horas - disse tentando se levantar e desabando na cama, inútil - ugh, que foi isso?
- Alec... Você não esteve acordado por horas.. - disse Tsol, com um olhar afetuoso.
O estômago de Alec rugiu como se fosse criar uma bocarra cheia de dentes e devorar qualquer coisa á sua frente.
- Quatro semanas - falou num tom quase inaudível.
- Hã?
- Você apagou por quatro semanas e engasgava toda vez que tentávamos fazê-lo comer algo, Tsol enlouqueceu e disse que se matássemos Você engasgado ele acabava com nossa raça. Não temos culpa... - Disse Sam - se ele se intromete demais.
- O que você disse?! - rosnou Tsol.
- Ficou surdo? - Sam riu-se.
Came puxou a orelha de Sam enquanto Yruf golpeou a cabeça de Tsol com um livro de capa dura que estava na mesinha.
- Qual é o seu problema?! - resmungaram em uníssono e se encararam mais uma vez destilando raiva um para o outro.
Ok, aquilo foi Ilário.
- Parem com isso! - gargalhou Alec. Seu estômago roncou ainda mais alto - só eu estou com fome aqui?
Dali a pouco, Srta. Dorothea cercou Alec com pratos cheios de gostosuras: bacon e ovos, torrada, panquecas, pão fresco, queijo de cabra, presunto cozido, bolo de milho, leite quentinho e muitas outras coisas. Alec comia com autocontrole por mais que quisesse devorar tudo de uma vez. Quando fora atacado pelo urso também ficara naquele estado após ser levado por Tsol para o casarão abandonado.
- Acho bom aproveitar a deixa e explicar tudo o que aconteceu! - disse Marceline bebericando a calda de cereja em conserva, tirando toda a sua cor.
- Como assim? - Sam e Came se perguntaram confusos.
- Bem, eu já sabia - disse Yruf, indiferente, pondo um omelete na frente de Alec - coma, eu que fiz com meu tempero especial.
- É uma delícia, Alec! - garantiu Came.
- Está falando do Yruf ou da Omelete? - ironizou Sam, fazendo todo mundo cair na gargalhada. Came e Yruf ficaram vermelhos e envergonhados ao ponto de acabarem mudos.
- Certo, voltando ao foco... - e Marceline e Srta. Dorothea explicaram detalhadamente toda a história de feitiços de esquecimento para Tsol, bloqueios mentais para Alec, sobre uma bruxa tê-lo feito com Tsol e... Bem, uma força muito estranha e obscura bloquear a mente de Alec - mas ainda não compreendemos quem fez isso, e nem porquê fez.
- Quem ousou fazer isso foi aquele espantalho púrpura?! - Tsol rosnou raivoso - ai, mas eu vou acabar com a raça dele!!
- Com que provas? - Dorothea adiantou - não pode chegar lá e simplesmente acusar ele. Principalmente porque ele ainda é o príncipe.
Tsol, sem disfarçar o desgosto por não ter mais motivos para arrebentar a cara do príncipe, voltou a comer, com uma cara feia.
- E enquanto a você, Alec... Faz alguma idéia do que lhe ocorreu?
- Não... Tudo o que lembro foi... Que eu estava de mãos dadas com Tsol... Íamos para casa. Não pensávamos em mais nada...
- Foi aí que o poço do inferno o levou - disse Tsol, relembrando juntamente.
- Bem, isso não é muito informativo. Alec tinha me dito que no começo, queria ir pra casa. Provavelmente esse foi o seu desejo que foi registrado - disse Marceline - o poço apenas cumpriu a função de realizar o pedido dele.
Alec ainda mastigava, tentando ligar e compreender todos os pontos, quando algo veio à sua cabeça.
Literalmente.
- SHULÅÃN!! - lembrou, engasgando com presunto - acho que o Shulåãn fez isso!
- O que é um çulãm? - perguntou Srta. Dorothea Marceline e Yruf fizeram careta.
- Não é o quê e sim quem - corrigiu Tsol - e se fala como se fosse "Sul" Shulåãn.
- Tá e o que é isso? E quem foi a mãe desnaturada que deu um nome horrível desses? - Yruf perguntou.
- Ele é meio que uma outra personalidade minha - Alec explicou - e... Eu que dei o nome.
- Ah, mas ele é até meio charmoso! - desconversou Yruf, envergonhado.
- Sim, e como ele se encaixa com seu esquecimento súbito? - perguntou Marceline.
- Eu lembrei agora a pouco - Alec continuou - ele usou uma lâmina negra como carvão em minha cabeça. Não doeu mas parecia que minha cabeça era um jarro cheio de água, sendo despejada até esvaziar.
- E porquê ele fez isso? - Tsol perguntou com cara feia.
As lembranças de Alec o levaram de volta ao acontecimento. Ele levitava e calmamente voltava do fundo do poço em que caíra. Shulåãn usou aquela coisa laminada e estranha e aí tudo se foi, como se houvessem furado uma garrafa de suco e ela escorresse todo "suco de memórias" até que não restasse pensamento.
"Shulåãn!!" chamou Alec em pensamentos "apareça!! Shulåãn!!! "
Nenhuma resposta.
- Eu Pensei que ele fosse meu amigo - Alec sentiu-se traído. Por mais babaca que seu reflexo fosse ainda era o AMIGO BABACA dele! E sem contar que Cëla o ajudou á exaustão tantas e tantas vezes que mal podia lembrar-se de todas as ocasiões.
- Ele deve ter feito isso com alguma razão. Seja ela boa ou ruim - comentou Tsol - afinal ele não pode ter acordado num belo dia e simplesmente decidido: vou apagar a memória do Alec só por pura e deliberada vontade própria! Não tem sentido.
- Concordo - disse Yruf - se ele é “parte” do seu psicológico, não faria isso. Seria como bater na própria família.
- Como você sabe sobre ele? - Alec assustou-se.
- Cam me contou.
Alec sabia que aquilo era errado, mas um sorriso mais que malicioso deliberou-se de seus lábios.
- SÉRIO, CAM? - gargalhou, dando um gole no café com leite - que meigo da sua parte.
Sam caiu na gargalhada.
- Certo, não vou incomodá-lo mais no seu café da manhã e eu também tenho meus afazeres - disse Srta. Dorothea saindo acompanhada de Sam, Came e Yruf.
Marceline alongou-se como um gato e disse que iria dormir no sótão.
- Nada de aprontar agora que a tia Marcy está de partida, OK? - disse ela, levitando escada acima.
Tsol pegou Alec no colo e o carregou para o jardim. Alec se sentia um bebê de colo, sendo levado para todos os lados nos braços. Mas isso nem era tão ruim.
E com isso ele quer dizer que simplesmente está amando. Afinal, ser o bebê de Tsol não é tão ruim.
*Que pensamentos pedófilos* Alec imaginou, tentando formular como Cëla veria aquela situação.
- Certo - disse Tsol, trazendo-o de volta a realidade - chegamos.
Alec se deparou com um Gazebo num tom amarelo claro escondido por entre os arbustos.
No meio do jardim, mesmo depois de todos aqueles meses, Alec não tinha visto aquele Gazebo ali. Tsol sentou-o no banco e sentou-se ao seu lado.
- Eu mal consigo falar. A felicidade me toma as palavras.
Riram. Realmente. Alec sentia como se houvesse passado milhões de anos longe de Tsol.
- Te amo - Alec disse, puxando-o pela gola da camisa vitoriana e roubando-lhe um beijo.
Tsol riu e deitou no banco, repousando a cabeça no colo de Alec, que se pôs a acariciar aquela cabeleira loira como feno, brilhante como o sol... Tsol era tão bonito que as vezes se perguntava como um cara sem graça como ele pôde ter tanta sorte. Afinal, ele era tão cuidadoso com a própria aparência quanto um guaxinim selvagem seria.
- Se eu for embora você vem junto - impôs, risonho.
- Então é melhor eu me algemar já a você, para que não precisemos correr o risco de acontecer de repente, não acha?
Tsol levantou-se e jogou-se por cima de Alec. Beijou-o com tanta paixão que Alec sentiu um arrepio correr por todo seu corpo. Tsol era tão quente, tão forte... Ele se entregou ao beijo, retribuindo-o. Por mais que estivessem separados por um período, Tsol parecia ter guardado todo seu fôlego para dar aquele beijo voraz. As suas línguas se tocavam, levando Alec ao delírio. Então sentiu algo em sua coxa. Algo duro.
Tratava-se... Bem, sim, do pênis de Tsol que estava pressionado dentro da calça, pulsando de excitação.
Alec parou o beijo para arquejar e trazer mais ar aos seus pulmões.
- Não agora... - Tsol ronronou em seu ouvido como um felino manhoso.
Droga!
Agora que Alec se exitara ele simplesmente decide deixá-lo ali, assim.
- Isso não é justo, Tsol! - berrou pra ele, tentando controlar a primeira ereção que tinha na vida.
Tsol gargalhou e continuou andando tranquilamente de volta pra casa. Como ele conseguia andar com uma ereção daquelas?
Nossa, não havia nem tido um momento mais íntimo e já estava pensando coisas obscenas.
E com o passar do tempo ficou pior. Alec passou a pensar cada vez mais em nudez e em... Sexo. Tsol parecia se manter lonhe de propósito. O amor dele se resumia a beijinhos e abraços de curto prazo. E aquele sorriso presunçoso. Nossa, Alec sentia que enlouqueceria a qualquer momento quando ele sorria daquela forma.
E com o passar de uma semana, Alec já estava lunático ao ponto de se jogar em Tsol e forçá-lo a transar.
Porém, deixando o libido de lado algo o incomodou. Desde que recuperara a memória, Cëla desaparecera. Seja lá onde for que ele foi parar, ficou por lá.
E isso preocupava Alec.
" Está me ouvindo? " tentou ele numa manhã que era a primeira da primavera " se estiver, apareça de vez em quando. Não precisa conversar. Só estou preocupado com você... Eu sinto que realmente somos amigos, então por favor... Volte. "
Mas ele sentia que Shulåãn não o faria.
- Ei, acorde, preguiçoso! - Tsol disse animadamente, erguendo Alec nos braços com cobertor e tudo mais - é primavera!
- Me solta! - esperneou Alec todo enrolado nos próprios lençóis - oh, droga. Ele estava se excitando de novo! - ME LARGAAAAA!!! - berrou balançando as pernas e braços pelo ar.
- Mas o que é isso?! Você tá muito rebelde! - Tsol o agarrou como quem agarra um barril, sentou na cama e o deitou de barriga no seu colo - vou ter que te disciplinar do bom, velho e tradicional modo!
Alec esperneou até Tsol dar um tapa com força total em sua bunda que o fez ir pra frente.
- QUE MERDA VOCÊ TEM NA CABEÇA?!
- Você... Está me saindo... Um menino mal criado! - Tsol dava um tapa entre as pausas - eu não vou aceitar isso!
Alec queria desesperadamente sentir raiva. Mas na verdade estava tão excitado que se contorcia. Então ficou amolecido no colo dele.
- Pronto. Tá mansinho agora. Vai tomar banho, vou por na mesa seu café - ele o pôs no chão e deu um último tapa em sua bunda. Alec, tentando fazer-se de inconformado, agarrou roupas limpas no armário e trilhou para a porta. Tsol o acompanhou com os olhos o tempo todo. Quando Alec o encarou, Tsol mandou um selinho pelo ar para ele.
Com o rosto queimando, ele saiu do quarto apressado.
Alec trancou bem a porta para garantir que Tsol não a abriria. Vestiu as roupas lá mesmo. Tomou café da manhã e com Tsol, e quando mastigava o último pedaço de queijo, ele anunciou:
- Vamos acampar hoje.
- Sério?! Onde? - Alec não conseguiu esconder a animação. Estava preso a tanto tempo em casa "repousando" que criou fobia de ficar retido em algum lugar.
- Num... - Tsol aproximou-se - lugar secreto que eu quero que você conheça.
- Não é mais secreto. Agora eu sei - brincou tomando o último gole de néctar de uva fresco.
- Será nosso segredo - disse ele com aquele sorrisinho presunçoso voltando ao rosto - Bem, será muito divertido! Vamos relembrar o torneio. O que acha?
- Romântico, Monsieur - disse Alec esnobando um francês bem dito. Ele aprendeu francês com Ytuf, com aulinhas á noite.
- Pois bem, já Vamos agora. Só vou pôr as cestas de piquenique no Ydnac e tentar convencê-lo a pôr a cela - disse já claramente expressado com antecipação.
- Só vou pegar meu arco e minha aljava no seu quarto - disse Alec, arrumando a mesa e pondo tudo na pia.
- Como sabe que eles estão lá? - Tsol cismou. Sua expressão tonou-se irônica - andou bisbilhotando?
- Não! Eu tava procurando roupas pra lavar. Você sempre larga tudo pelo quarto... - realmente havia acontecido aquilo, mas o rubor e a gagueira tornaram seu argumento bem mentiroso. Tsol caiu na gargalhada - ugh, vou pegá-los de uma vez.
E saiu disparado, subindo as escadas.
Já a caminho, a cada momento adentravam-se mais na floresta. Ydnac parecia feliz em ver Alec bem. Ele trotava alegre e relichava esperando ganhar cenouras ou cubos de açúcar.
- Ele poderia acabar com um engenho de açúcar ou com uma plantação de cenouras sozinho - censurou Tsol quando Alec deu mais uma cenoura pra ele.
- Não seja malvado. Ele é um cavalinho legal - disse Alec abraçando Ydnac pelo pescoço.
Horas e mais horas adentrando a mata, o rio parecia crescer. Chegaram a um campo aberto com uma macieira enorme perto da beira do rio. Uma cachoeira deslocava-se criando numa pequena queda d'água. Uma colina verdejante de estendia florida pelos campos em diante.
Fizeram tantas coisas: Caçaram, colheram maçãs, reuniram madeira para a fogueira, pescaram e nadadam. Alec teve que aprender a barbear Tsol com uma lâmina.
- Eu não acredito que tô tirando sua barba com uma lâmina - disse Alec aparando o lado direito para deixar as costeletas simétricas perto das orelhas - Pronto. Agora está arrumadinho.
- Adimita. Eu sou lindo - Tsol gabou-se, pendendo a cabeça para trás.
- Ok, lindinho, hora do almoço - disse Alec, tirando os pés de dentro d'água. Ele estava sentado na beira do rio, com Tsol em frente à ele. Como na barbeou o seu pai milhares de vezes, sabia exatamente como manipular uma lâmina.
Seguiram até um ponto mais elevado, coberto de grama. Alec pôs todo o peixe que assaram num prato e o pão e as frutas em outras.
- Bem, vamos. comer - disse comendo uma fruta que parecia uma pêra azul mas tinha gosto de chiclete de frutas vermelhas. Essas frutas são o máximo.
- Até imagino as frutas com gosto de cera de vela que existem no seu planeta sem graça - zombou Tsol comendo peixe - devem ter cor de pano de chão.
- Haha. Muito engraçado - Alec jogou o talo da fruta no peito dele - pelo menos no meu planeta existem hambúrgueres.
- Isso é tão bom assim?
- Uma das maravilha s do mundo, Concerteza. Ou então um sanduíche de peito de peru...
- Nossa, que guloso. Não engorda por egoísmo - Tsol caiu por cima dele, fazendo cócegas em sua cintura. Alec pensou que enlouqueceria de tanto rir.
- Para com isso, seu louco! - resmungou sentindo-se relaxado.
- Ei, você também parece bem gostoso de se comer - disse Tsol dando uma mordidinha no ouvido de Alec que teve que se controlar muito para não enlouquecer - sabe, eu sei que fui um otário lhe provocando por todo esse tempo, mas eu queria que você tivesse certeza.
- De quê?
- De queria realmente isso - os olhos de Tsol eram tão brilhantes que Alec mal conseguia mover-se paralizado pelo forte sentimento - quero que isso seja especial para nós dois, Alec.
- Será - Alec o trouxe para mais perto e p beijou. A sensação de que aquilo poderia durar eternamente era mutua. Tsol tirou a camisa e a de Alec e os beijos continuaram. Depois de um tempo, Alec estava sendo penetrado pela primeira vez em sua vida. Antes disso, Tsol usou uma película elástica que arrancou de uma planta. Parecia um preservativo natural.
- Se doer, avise. Eu paro imediatamente.
Bem, era óbvio que doeria. Alec arregalou os enormes olhos castanhas ao ponto de parecem que iriam saltar pra fora das órbitas. Tsol parou e com os dedos massageou sua entrada.
- Eu estou ficando empolgado - grunhiu em seu ouvido, jogando-o contra o lençol que outrora posicionaram no chão para o piquenique. Na tentativa seguinte, Tsol entrou. ENTROU mesmo. Com tudo. Alec mordeu o lábio inferior. Nem Tsol acreditava na própria falta de controle. Ficaram quietos por um momento. Até que Alec começou a sentir o calor do membro pulsante de Tsol dentro de sí. Aquele calor, o odor masculino... Sentiu-se à beira de um desmaio.
Estava sentindo um prazer descomunal.
- Oh... Alec...
- Cala a boca e mova-se - Alec disse sentindo-se em chamas. Tsol começou a bombar, igualmente excitado. Gemiam e acariciavam-se, enquanto Tsol o penetrava avidamente de forma tão intensa e apaixonada que fazia Alec sentir-se nas nuvens a cada estocada, até que Tsol reduziu o ritmo e descarregou seu esperma dentro dele. O corpo suado de Alec estava suando, quente e explodindo de prazer. Parecia que cada poro do seu corpo exalava o desejo de mais. Tsol pôs-se pro lado e retirou o "preservativo" com cuidado. Ele escorria.
- O que achou? - disse arfando, tão aceso quanto Alec.
- Acho que quero repetir a dose.
- Lógico quem sabe mais Duas vezes.
- Ou três - disse Alec, avançando pra cima de Tsol.
- Ou quatro - disse Tsol agarrando-o com força - seu safado. Vou te mostrar o que acontece quando me provoca.
- FAÇA ISSO - disse Alec, adorando a idéia de ser "punido" à maneira de Tsol.
E partiram pro "segundo round".
•♪•
No final das contas, transaram mais duas vezes antes de se esgotarem. Tomaram um banho de rio e se aninharam novamente sob o lençol, refrescados.
- Como você está? - Tsol perguntou, abraçando-o pela cintura e dando um beijo em sua testa.
- Ardido - gargalhou Alec - será que vou conseguir andar depois dessa?
- Você não levou um tiro.
- É, levei OUTRA coisa.
Gargalharam mais, juntos.
- Eu poderia ficar aqui com você pra sempre, sabia? - Tsol disse - parece que perto de você os meus problem.as simplesmente desaparecem.
- Sinto o mesmo -Alec abracou o tronco de Tsol - podíamos apenas ficar aqui, olhando o céu estrelado... Sentindo o cheiro das flores e da terra molhada...
- Sim... - ambos fecharam os olhos.
Um vento levemente frio soprava sob eles, mantendo-os aconchegados. A relva refrescante os dava paz e o céu, tão coberto de estrelas... A lua brilhava juntamente a elas. Juntas, pareciam tão majestosas e distantes...
- Me sinto feliz por ter seu amor, Tsol - disse Alec fechando os olhos, abraçado ao seu amado.
- Sim, eu também me sinto assim por ter seu amor.
Isso foi o suficiente para dar a Alec um motivo para dormir sorridente.
•♪•
Alec sonhava agora... Estava em algum lugar quieto e escuro. Tudo estava revirado... Desfigurado...
Onde era ali?
Por quê estava ali?!
Então ouviu passos. Tudo tornou-se completamente negro antes de conseguir distinguir quem era.
- Alec? O que faz aqui?!!
Aquela voz...
- Sh... - uma coisa afiada e fria pressionou a boca de Alec. Parecia uma lâmina ou algo do tipo: melhor não fazer merda, ou morre.
- Eu já mandei parar de me chamar com esse nome ridículo que você inventou - resmungou removendo a lâmina da cara de Alec. Mal feito isso, foi bombardeado com perguntas.
- Nossa, porque você sumiu?! Fiquei tão preocupado! Você tá bem? O que têm feito? Por que não deu sinal de vida?
- TÁ, JÁ ENTENDI. CALA A BOCA - berrou Shulåãn com sua voz rouca - escuta. Eu realmente não tenho como dar detalhes. Mas tem a ver com você. E com... Seu destino. De alguma forma.
- Meu destino? Como assim?
- Não posso dizer, Alec - disse Cëla, bufando de raiva.
- Ora, então pra quê começou?!
- Eu estou impossibilitado de contar isso... Porque... Tenho um bloqueio.
- Bloqueio? Quem fez isso??
- Você está fazendo muitas perguntas - disse Shulåãn, com a voz abafada - é que... Que... No final das contas é tudo minha culpa.
- Não... Não acredito nisso - disse Alec sem nem ao menos esperar ele falar - você é MEU amigo. Você não me faria mal.
- Você não entende, Alec... Nunca vai entender... - com isso a presença dele começou a afastar-se.
- Não!! Não vá!! Eu queria lhe perguntar algo sobre o último dia do torneio...
Mas já estava sozinho.
Cada vez mais a mente de Alec se enchia com mais questiomentos. Mas o que reinava momentaneamente era: quem fez isso com Cëla sabe a verdade... Então quem foi?
Continua... ( em algum século proximo )
aq é Laís irmã do Lulis e tipo assim: finalmente, né? Alec e Tsol pareciam ter medo de trepar. Foi bom msm meu irmão ter posto essa cena nesse capítulo senão eu dava uns tapas nele. obrigada de nada, thau pessoas :*
