[GLUE] 20
Marcelo havia ido embora às cinco da manhã para se arrumar para o colégio desde que ele se foi fiquei acordado pensando na situação toda, ate que eu mesmo decidi voltar ao hospital. Atravessei o corredor e me deparei com minha mãe na cozinha. – Onde pensa que vai a essa hora? Perguntou. Fiquei parado olhando para seu rosto enquanto ela rodeava a mão envolta da xicara de café. – Não adianta Júlio eles não vão te deixar ver ele e ainda está muito cedo para visitas. – Eu preciso ver ele mãe a respondi. Ela soltou um suspiro – Senta aqui a disse puxando a cadeira para seu lado. Sentei-me ao seu lado – Olha foi ela dizendo, sei que as coisas estão ruins no momento, sei que está muito triste pelo que aconteceu com o Luan, mas tente entender que todos passam por momentos difíceis na vida... – Mas mãe pelo que eu me lembre ele sempre teve a vida difícil. – Verdade meu filho a disse olhando para o rumo do corredor, mas as coisas vão melhorar a igreja vai continuar ajudando ele e a Tânia e se a justiça for feita corretamente vão pegar o porco daquele homem. – Assim espero respondi.
Levantei-me da cadeira quando fui atravessar o corredor minha mãe me chamou, olhei para ela estava com um sorriso bobo no rosto. – O que foi perguntei. – Nada a disse só que seu pai deve estar muito orgulhoso da pessoa que você está se tornando. Dei um sorriso – Vamos ao hospital as oito quem sabe conseguimos alguma coisa a disse. Abri um sorriso maior ainda – okay respondi. Deitei sobre a cama e fiquei olhando o ventilador, ainda faltava mais ou menos duas horas até as oito, a única coisa que conseguia pensar era em ver ele, de certo modo estava preocupado com ele. Meus pensamentos foram quebrados com o toque do meu celular – Oi Júlio é o Marcelo. – Oi Marcelo, oque foi? Aconteceu alguma coisa? – Não amor, só que estou meio preocupado com você. – Não se preocupe respondi, estou bem. O telefone ficou mudo. – Marcelo? – Estou aqui Júlio o respondeu. – Marcelo o que foi? – Nada, esquece o respondeu. Com isso nos despedimos.
Estava caminhando sobre a rua era um tempo frio, conseguia ver a neblina cruzando as avenidas, senti um calor gostoso sobre minha mão ao olhar para o lado lá estava ele Luan, sorrindo para eu, quando olhei do outro lado estava Marcelo, ele caminhava ao meu lado, mas não dizia nada, ate que certo ponto Luan soltou minha mão e os dois ficaram parados sobre a avenida, gradativamente sem se moverem eles foram se distanciando casa vez mais e mais fui consumido por um vazio e solidão, abri meus olhos olhei pela janela o sol começava a nascer. – Que sensação horrível eu sentia. Olhei para o relógio eram quase sete e trinta da manha, fui ao banheiro escovei os dentes, troquei de roupa e me dirigi ate a sala. Passei pelo quarto da minha mãe e bati na porta – Mãe estou pronto. – Só um minuto meu filho, estou quase pronta. Fiquei esperando na sala por alguns momentos, ate ela aparecer.
Seguimos em direção ao hospital, o taxi ia devagar pelo fato de a rua esta começando a ficar movimentada, eu ficava olhando pela janela admirando o nascer do sol, e varias coisas começaram a me passar pela cabeça, os fatos que estavam acontecendo, e o que realmente o Marcelo queria hoje quando me ligou. – Está tudo bem meu filho foi dizendo minha mãe. – Sim respondi. O carro ia avançando, até que ele parou em um dos pontos de semáforo, varias pessoas começaram a atravessar em nossa frente, até que olhei para a calçada. Vi Juliana sentada do lado de fora de um café, conseguia ver a saliência sobre sua barriga, só em pensar nela me deixava nauseado, de repente de dentro do café saiu um garoto, e foi ai que notei que era o Marcelo ele puxou a outra cadeira e se sentou o farol ainda estava fechado fiquei sem intender nada, oque o Marcelo estava fazendo ali com a Juliana, nesse momento coloquei a mão no meu bolso e tirei o celular e rapidamente liguei para ele, o celular começou a chamar vi quando ele coloco a mão no bolso e levou o celular ao ouvido – Alô, Amor? O disse. – Sim sou eu, só liguei para avisar que não irei hoje porque vamos ao hospital, quer ir conosco? – Não vai dar amor o respondeu, estou resolvendo umas coisas aqui em casa com minha avó – Uma hora dessas Marcelo? Perguntei. – Sim, sim o respondeu. – Tudo bem então respondi. – Te amo o disse. Desliguei o celular sem dizer nada de volta, agora duas coisas me incomodava primeiro o fato de o Marcelo está coma Juliana e a segunda que era a mentira.
O sinal abriu e o taxi voltou a correr pela pista todas as possibilidades que me passavam pela cabeça sobre o Marcelo e a Juliana era no mínimo insanas aquilo começava a me incomodar profundamente – O que foi meu filho perguntou minha mãe. – Nada não mãe, não foi nada respondi. Após mais alguns minutos o carro parou em frente ao prédio do hospital descemos e seguimos direto a recepcionista. Minha mãe conversava com ela, enquanto eu ficava olhando as pessoas que ali esperavam – Bom meu filho, ele já foi transferido para o segundo andar, mas só um de nos pode subir, então vai e diga a Tânia que estou aqui embaixo. – Tudo bem mãe respondi. – Quarto 28 meu filho. Assenti com a cabeça e peguei o elevador ate o segundo andar segui em direção ao corredor que era intercalado por vários quartos, conseguia ouvir algumas pessoas por entre as portas ate chegar ao meu destino o quarto 28. Parei por um momento sobre a porta fechada, e varias coisas passaram por minha cabeça naquele momento incluindo o fato de que o Luan não quisesse me ver.
Bati na porta, ate que a sua mãe abriu ela me olhou e me deu um abraço – Obrigado por tudo a disse. Eu apenas retribui o abraço. – Filho olha quem está aqui para vê-lo a disse olhando em para dentro do quarto. Eu entrei vagarosamente dentro do quarto, e consegui vê-lo deitado sobre a cama, ele me olhava com aqueles grandes olhos. Comecei a ficar constrangido diante da situação, ele não dizia nada – Ah! Fui eu dizendo minha mãe esta lá na recepção, ela não pode subir porque só permitem um por vez. – A sim, vou descer acho que vocês dois tem muito que conversar a disse. Com isso ela se despediu e fechou a porta, fiquei parado no mesmo lugar ele continuava a me olhar, passava meus dedos sobre minha mão, já estava começando a ficar nervoso. – Pode abrir a janela o disse esta quente aqui. – Posso sim respondi. Caminhei ate uma enorme janela de vidro seguida de uma grande cortina branca o quarto era de largura mediana paredes forrado com um branco impecável, seguido de uma porta acinzentada que provavelmente era o banheiro, após o banheiro vinha à porta de entrada e mais alguns metros a frente uma aparelhagem de pulsação uma poltrona e a cama onde ele estava. Abri a janela uma brisa leve entrou pela janela e refrescou o quarto.
Fiquei parado olhando para o lado de fora, o silencio tomou conta do quarto novamente. – Vai ficar ai até quando o disse. Cerrei meus dedos sobre minha mão, me voltei para ele.
Comecei andar em direção a poltrona que estava ao seu lado e me sentei, fiquei coma cabeça baixa, escutando o bip da maquina ao meu lado. – As coisas são engraçadas não são o disse. Levantei meus olhos e olhei para ele. – A ultima vez que eu te vi em um hospital a situação era completamente diferente o continuou, e agora está você ai depois de tudo que eu te fiz, com essa cara de choro. As lagrimas desceram, passei um dos meus punhos no meu rosto. – Calma meu garoto, não há com o que se preocupar o disse. Voltei olhar para o chão, não sabia oque dizer, parecia que tudo que estava guardado para eu dizer havia sumido. – Eu tinha chegado em casa não me lembro bem do horário foi ele dizendo, e lá estava meu pai sentado no sofá coma Juliana fiquei parado por um momento até que ele se levantou chegou perto de mim e disse que o melhor a fazer era dizer a ela para abortar o bebe. Voltei meus olhos a ele, ele encarava a janela. – Então oque mais me perturbava era que ela parecia esta se convencendo de que isso era uma boa ideia, na hora sai de mim Júlio a peguei pelo braço para sairmos fora dali e foi ai que tudo desandou, como poderia deixar ela abortar meu filho Júlio, como eu poderia deixar ela abortar meu filho como eu poderia... Com isso ele começou a chorar colocou as mãos sobre o rosto, meu coração foi se retorcendo e se retorcendo. Eu não sabia oque fazer, fiquei parado por instante, ate que me levantei, e subi em cima da cama e o abracei, deitei na medida do seu peito. Ficamos ali por alguns momentos, conseguia ouvir seu coração, ate que ele se acalmou. Nesse momento ele passava a mão sobre meus cabelos – Sabe foi ele dizendo quando tudo aconteceu e eu estava lá no chão e tudo estava bagunçado a única coisa que conseguia pensar era em você. Uma brisa entrou pela janela fazendo as cortinas dançarem. – Júlio muitos coisas que fiz nessa vida foi errado e muita delas eu me arrependo, mas se tem algo que nunca vou me arrepender é de ter conhecido você.
A mão dele parou sobre meus cabelos e ficamos em silencio, parecia que toda a situação tinha se resolvido parecia que naquele momento não havia mais diferenças, nem agitações sobre eu e ele, consegui sentir o que sentia antigamente uma relação sem nenhum problema. Conversamos como antes, demos risadas contamos historias de antigamente. Fiquei ali por mais ou menos uma hora ate me despedir dele. Atravessei o corredor peguei o elevador e cheguei à recepção, lá Marcelo me esperava. – Oi amor o disse vindo em minha direção. Quando ele foi me abraçar fui bem indiferente a ele. – O que foi o perguntou. Olhei para minha mãe e para Tânia que estavam sentadas nos sofás da sala de espera. – Vamos lá para fora eu disse a ele. Chegamos do lado de fora do hospital, varias pessoas passavam por nós. –
O que foi Júlio o perguntou. – Porque você mentiu Marcelo quando te liguei hoje de manha? Eu vi você e a Juliana no café e você me falou que estava na sua casa.
Ele ficou pálido – Por favor, Júlio não vai pensar besteira. – O que quer que eu pense Marcelo? Perguntei. – Olha, ela me procurou depois que fui embora da sua casa, ela queria dinheiro, disse que precisava comprar algumas coisas, e que ela não tinha condições. Fiquei parado olhando para ele. – Porque mentiu perguntei. Ele ficou quieto por alguns momentos.
– Não sei Júlio, realmente não sei... Fiquei com medo do que você ia pensar me perdoa o disse. – Está bem, Marcelo só não faça isso de novo, e mantenha distancia da Juliana, por favor. Ele soltou um suspiro – Tudo bem Júlio, tudo bem. Ele me abraçou. – Marcelo o quanto deu a Juliana? Perguntei. – Um total de novecentos e cinquenta o respondeu. Nessa hora um frio subiu de dentro do meu estomago. – Meu Deus Marcelo, Meu deus... – O que foi Júlio disse o Marcelo olhando para mim. – Ela vai abortar.