- Como o quê, Felipe?
- Como assim você está sentado com o Guga, o que aconteceu?- Falou Felipe com cara de quem não estava entendendo nada.
- Não é nada demais, Felipe. O Gustavo veio pedir desculpas. Reconheceu que foi um idiota durante sua vida toda e até falou que vai provar que quer melhorar. - Guga fez uma cara de quem não gostou nada, nada do que falei.
Então Felipe levanta sua sobrancelha demonstrando que não estava entendo nada, e diz:
- E como você vai provar isso, Gustavo?- Questionou.
Nesse momento, Diana e Ludimila ficaram me encarando, meio que questionando o quê que ia acontecer. Então dei de ombros, demonstrando que não sabia, mas que ia deixar rolar. Quando o Gustavo diz:
- Eu vou demonstrar com atitudes, primão.- Disse ele pegando no ombro de Felipe, e ao passar dando um tapa na bunda dele.
Com essa atitude pude perceber o quão provocador ele estava sendo. Ao bater na bunda de Felipe, Felipe fechou os olhos com cara de que não gostou nada da atitude dele. Estava esperando Felipe virar um soco nele, e ao perceber que Felipe havia fechado o punho, eu faço um sinal com as mãos de calma.
Naquele momento eu tinha que ser estratégico, e não me abalar com aquilo, porque sabia que ele havia feito por alguma razão, assim como ele tinha também alguma razão pra querer pedir desculpas e se aproximar.
Depois que Chris saiu atrás de Guga, nós ficamos na mesa falando sobre o que tinha acontecido. Mas em nenhum momento as meninas e nem os caras falaram sobre o que falei a Gustavo sobre o dinheiro.
☆☆☆
No dia seguinte, quando Felipe e eu chegamos na empresa, fomos muito bem tratados pela secretaria, mas nem liguei pra ela. Eu ficava prestando atenção no Felipe, e ele ficava bocejando a todo momento, com aquele cabelo desgrenhado e aqueles lábios finos, me fazia sentir uma vontade de beija-lo. Mas tinha que me controlar, estamos no local de trabalho.
Quando chegamos no último andar da empresa, o Tasso estava falando com uma moça, que parecia ser uma secretaria atrás de uma mesa, e ao nos ver se encaminhou até nós.
- Bom dia a vocês. Estão procurando o Lucero, não é?
Felipe foi meio áspero ao falar e diz:
- Sim, estamos. Nos leve até ele.
Não aguentei, quando Tasso vira de costar e fala pra seguirmos, eu tive que dar uma cotovelada nele. Ele só fez uma careta tipo dizendo: "o que é?", só pensei comigo, esse Felipe é muito cara de pau.
Ele nos levou até a secretária com quem estava falando a pouco tempo atrás e disse:
- Por favor, avise ao Senhor Lucero que o William chegou.
- E o Felipe também.- Falou Felipe apontando o dedo de maneira educada para a secretaria.
Aí meu Zeus - pensei comigo mesmo -, o Felipe só vive encrencando com o Tasso, e isso ia me dar uma dor de cabeça e tanto.
Até que a moça da recepção diz:
- Vocês podem entrar.- Falou sorrindo para Felipe, ele agradeceu em seguida.
Ao entrarmos me deparei com uma grande sala, Lucero nos cumprimentou, e falou que a partir de agora ele ia dividir sua sala comigo, porque ele iria se aprofundar em me ensinar as coisas, então apontou para uma mesa no outro canto da sala, que ainda sim continuava super espaçosa.
- Enquanto isso, Tasso, por favor, leve o Felipe para sua sala e faça o que conversamos, ensine aquelas diferenças das planilhas.- Falou Lucero
- Como assim?- Falei enquanto Felipe saía da sala com Tasso.
- É que Tasso é meu filho, ele é formado em administração e também está fazendo arquitetura na Águia dourada, só que está um pouco mais a frente que você, ele está no 5° período. Eu pedi para ele ensinar ao Felipe a lidar com as contas da empresa, para que ele aprenda a administrar suas coisas.- finalizou ele.
- Perfeito, muito inteligente da sua parte.- Falei pra ele.
Assim que falei isso o interfone toca, era a secretaria falando que tinha uma senhorita esperando. Nesse momento fui para minha mesa, e Lucero pediu pra que a deixasse entrar.
Quando a porta se abriu, uma moça completamente deslumbrante entra na sala, aparentemente uns 20 anos, alta, corpo perfeitamente bem desenhado, sua curvas estavam na proporção certa, cabelos loiros e olhos azuis.
Ela chegou e apertou a mão de Lucero, se apresentando:
- Meu nome é Susan, sou americana. Eu vim pra entrevista de emprego, vocês estão precisando de uma secretária, correto?-Finalizou ela.
- Sim, minha atual secretaria deixará a empresa por motivos pessoais. Então selecionei alguns currículos, dos analizados você era uma das que mais se destacavam.- Falou Lucero - Você é meio nova pra esta tão bem qualificada, não é?
- Sim, sou. Pelo menos pra idade que eu tenho. Eu falo Inglês, português, espanhol, francês e mandarim. O português eu aprendi por uma necessidade minha, quanto aos outros, não precisei me esforçar, porque minha família viajava demais, então eu aprendi espontaneamente nos lugares onde já estive.
- Mas você já foi pra muitos lugares?-Questiona Lucero.
- Sim. Eu já estive na Espanha, morei um ano na França e na Tailândia. Nos últimos anos estive nos estados unidos, comecei a fazer faculdade de arquitetura na águia dourada, na França, mais tive que voltar para os Estados Unidos, e faz um tempo que vim morar no Brasil.
- Você não parece ter a necessidade de emprego assim. Me desculpa pelo comentário, mas você se veste com elegância e sua roupas claramente são finas.- Falou Lucero.
- Mas ou menos, na verdade, se eu conseguir a vaga, será perfeito pra mim. Estou estudando arquitetura, e nada melhor que trabalhar numa construtora. Então se eu tiver capacitada, eu peço que me deixe no trabalho.- Finalizou ela.
Então Lucero ficou calado e olhando para seu curriculum e depois disse:
- Você terá um mês de experiência. Se for eficiente como parece ser, será contratada.- Falou ele a ela, que logo se levantou e o cumprimentou, saindo em seguida.
Confesso que achei ela estranha. Ela não demonstrou sentimento nenhum ao saber que faria a experiência no trabalho, uma pessoa normal ficaria com um enorme sorrido no rosto.
O dia passou lentamente, Lucero me explicou muitas coisas, planilhas e numeros, coisas que sinceramente eu não gostava, mas que era necessário aprender.
No decorrer do dia, via o Guga e ele me cumprimentava e dava um sorriso. Não confio nele, ele não é uma pessoa boa, e não aconteceu nada de tão espetacular pra que ele mudasse da água pro vinho. Mas enfim, não ia falar pra ele parar com tanta falsidade.
No fim da tarde, fui na sala do Tasso, e Felipe tava todo emburrado atrás de uma mesa e o Tasso rindo. Achei estranho, então falei:
- O que tá acontecendo Felipe?
- É esse idiota aí que é mais debochado do que pensei.- Falou ele olhando pra mim, enquanto o Tasso gargalhava atrás da mesa.
- Então vamos? Precisamos ir pra aula.- Falei, mas logo Tasso falou:
- Posso ir com vocês, também vou pra lá.
Mas a reposta do Felipe foi imediata.
- Não. Você tem carro. Vai sozinho.
Tasso gargalhou e falou:
- Eu em... Não larga o osso, Felipe.- Falou ele pegando sua pasta na cadeira e indo para a saída da sala, dando um "Bye bye".
Essa conversa deles tava muito estranha, Aff, esses dois vão dar problemas. Mas enfim, fomos pra casa nos preparar para ir pra Águia.
As aulas estava quase toda normal, estávamos bagunçando no nosso costumeiro local, ou seja, la no fundo da sala, até que eis que ela entra.
De fato, ela era uma aparição, linda. Era a moça que foi falar com o Lucero de manhã. Ela foi apresentado como uma aluna transferida da Águia francesa. Todos os rapazes ficavam se cutucando, parecem que nunca viram mulher.
Ela sentou na frente e não falou uma palavra, não falou com ninguém, não dava trela pra nenhum garoto. Parecia ser extremamente metida. Foi assim durante as duas semanas que se passará.
Passaram-se dois meses, eu estava aprendendo muita coisas na empresa, Lucero me dizia que eu estava muito dedicado, porque eu estava atento a tudo o que aprendia, e já usava isso em outras coisas lá dentro. A Susan foi contratada, e Lucero gostava demais dela, que à levava pra almoços com clientes porque ela tinha fluência na principais línguas.
Eu estava na minha sala, e chegou uma mensagem que dizia: "preciso falar com você, quero entregar o que prometi, me encontra na minha sala. São dois andares abaixo, vou estar esperando na frente. Guga."
Fiquei curioso e fui logo em seguida. Quando cheguei, ele mandou entrar e sentar. Então ele disse:
- Falei que minhas disculpas eram sinceras, por isso trouxe o que você pediu. Nessa mala tem 3 milhões de dólares, em nosso dinheiro vale um pouco mais do que meu pai tirou do Felipe. Então te entrego ela e mais minhas sinceras desculpas por ter sido um idiota. Só te peço que não fale nada a Felipe, pois quero esquecer que ajudei meu pai nisso.
Fiquei olhando pra ele, não sabia o que pensar, só fiz falar:
- Tudo bem.- Me levantei pegando a mala e saindo.
Fui direto para o carro, olhei o dinheiro e fui para a casa que Felipe tinha comprado, próximo a casa de Diana, era uma casa menor, mas super segura. Ele comprou pra dar de presente pra mamãe, mas havia dito que não era pra dar a ela, pois a mesma não poderia morar só, ele disse que só queria agrada-la, então ele disse que me daria, e foi o que fez.
A casa tinha um cofre, fui lá apenas duas vezes, porque ele comprou há um mês atrás, tirei o dinheiro da maleta e coloquei no cofre. Eu havia trocado a senha do cofre, e além da senha, pedia para ler a mão.
Saindo da casa, liguei para Lucero, disse que havia saído e que não voltaria mais hoje. Ele pensou que tinha acontecido algo, eu falei que não, e falei o que Guga havia feito, ele ficou impresionado com o que eu disse. E ficou preocupado se as notas fossem ilegais. Mas falou que falaríamos disso em outro momento.
Naquele momento já fiquei em casa, no decorrer dos dias, as coisas estavam indo muito bem, as coisas realmente estavam mudando, passaram semanas e nesse meio tempo, Guga se esforçou ao máximo para demonstrar que não iria mas falar merda, creio que depois de 2 meses as coisas já estavam andando com normalidade.
Já estávamos no fim do período, todos cansados das provas do fim do semestre. Felipe e eu estávamos na mais perfeita felicidade. Já que tínhamos combinado de fazer mais uma viagem com nossos amigos, dessa vez seria mais rápido, seria apenas uma semana, claro que os meninos iriam conosco, ia ser como a viagem anterior. Marcamos de ir para o Festival de Parintins, uma festa chamada Boi Bumbá, ficaríamos cerca de 7 dias, já era fim do mês de junho, e a festa acontecia sempre no último fim de semana de junho.
Não avisamos ninguém, pra evitar que Gustavo e Christian quisessem ir, afinal eles estavam próximos. Mas pra ser sincero eu não me sentia muito a vontade com eles assim.
Ao chegar na cidade de Parintins, tudo estava muito agitado, as pessoas estavam eufóricas, e ficava tocando toada (música) dos dois bois que disputam a festa, e tava tendo festa todas as noites antes das 3 noites de disputa, eles tinha dois lugares de show, eram chamados de currais, um pro boi bumbá caprichoso e outro pro boi bumbá garantido.
A festa foi maravilhosa, mas adivinhem, na segunda noite de disputa, Gustavo, Christian e Mercedes aparecem por lá, nossa! Foi uma grande surpresa, creio que todos lá ficaram constrangidos, desde mim até a Diana, todos se entre olharam. Mas não podíamos mais fazer nada, tivemos que agir com naturalidade e levar as coisas com alegria.
Quando fomos para o hotel ficamos questionando em como eles descobriram onde estávamos, foi quando Eric levanta a mão e fala:
- A culpa foi minha.
- What's?- Falou Lúcia em espanto.
- Explica isso, Eric.- Falou Diana.
- Foi que no ensaio geral, quando nós tiranos aquela selfie no curral do boi caprichoso, eu postei no Instagram, e ele curtiu, ou seja, a culpa foi minha, porque nisso acabei dando nossa localização pra eles.
Diana e os demais começaram a jogar travesseiros nele, demonstrando sua indignação. Ficamos la, ja era quase 7 da manhã, a disputa da segunda noite acabou mais ou menos 1:30 da madrugada, depois fomos para uma festa eletrônica que era na frente da catedral da cidade, que ficava no centro, a festa era lá, porque naquele local ficava a divisa das torcidas, da Igreja para um lado era a torcida Azul e branca que eram os torcedores do caprichoso, que são conhecidos como o boi da elite, porque dizem as mais línguas que nele só tem gente com grana, o que eu acho que é mentira, porque desde que me conheço por gente eu torço por ele, e do outro lado é vermelho e branco, representada pela torcida do boi garantido, conhecido como o boi do povão. Então foi nessa festa que encontramos eles.
Enfim, o que aconteceu é que a terceira noite noite de festa e mais a apuração dos votos que deu a vitória pro boi bumbá caprichoso, tivemos que passar com eles no nosso pé, mas pelo menos conseguimos aproveitar o começo sem eles, e ainda tiramos bastantes fotos.
☆☆☆
O trabalho na empresa estava indo de vento em polpa, eu estava aprendendo como um louco, e por incrível que pareça eu estava apaixonado cada vez mais por esse trabalho, estava até pensando em fazer administração também, mas o Felipe não deixou, e me chamou de "iludido" e me deixou de castigo. Já pensou uma coisa dessas, eu deste tamanho ficando de castigo?
Eu só estava brincando com ele, eu jamais desistiria do meu curso, só estava pensando em me aprofundar mais em administração, uma espécie de curso técnico, mas acontece que já ia fazer seis meses que eu estava na empresa, e não contei nada a ele, mas o senhor Lucero já havia me contado que a partir daquele momento ele me ensinaria as coisas mais sérias da empresa, ele me prepara agora pra ser o presidente da empresa, e dentro de mais 6 meses ele renunciaria.
Eu fiquei muito tenso com isso, mas eu precisava aprender mais e mais. Cada vez mais eu tinha menos tempo pra Felipe, depois que eu vinha da faculdade junto a ele, Felipe me questionava porque eu não queria fazer amor com ele e minha desculpa sempre era "estou cansado", o que e era verdade. Eu tomava meu banho, virava pro lado e dormia. Ele chegou a insinuar que eu estava traindo ele, e que não o desejava mais. Ele me deixou tão triste, que uma imensa solidão tomou conta de mim. Depois que ele falou isso, meus olhos instantaneamente se encheram de lágrimas, não quis discutir nem nada, só fui para o quarto de hóspedes e chorei tanto, pensei que nunca minhas lágrimas iam acabar. Me embrulhei em um edredón e fiquei chorando baixinho em meios a soluços. O que me decepcionou foi que eu estava trabalhando para manter o dinheiro dele a salvo, enquanto isso ele ficava batendo na porta do quarto pra eu abrir, insistentemente, mas eu não abrir, até que enfim eu consegui dormir.
Pela manhã, tomei meu banho, e quando fui sair do quarto de hóspedes para pegar minha roupa no meu quarto, ao abrir a porta me deparo com Felipe encostado na parede na frente da porta, dormindo. Eu fui para o quarto, me vestir. Quando saí, fui chamar Felipe, fiquei de abaixado e o cutuquei com as pontas dos dedos. Ele não acordava, estava com uma camisa social branca, então o cutuquei outra vez. Ao abrir os olhos, ele se jogou pra cima de mim, me abraçando, e me fazendo cair no chão com ele cima de mim. Ficava beijando meu rosto e me pedindo desculpas. Falei pra ele que não queria que ele falasse no assunto, porque eu estava sinceramente muito magoado. No carro a caminho do trabalho ele ficava me olhando, e fazia carinho em minhas mãos de vez em quando, mas eu não estava com ânimo para sorrir para ele.
Eu estava dirigindo o carro dele, nesses meses que se passaram eu aprendi a dirigir carros e tirei a carteira de habilitação. Eu fiquei com o carro de Felipe, porque eu falei que comparia um, mas ele não quis. Na verdade eu sei que ele gosta de estar sempre comigo, por isso não o questionei. Eu o amo demais, creio que por isso fiquei tão magoado, mas isso vai passar, no tempo certo.
Enquanto isso, Susan, a secretaria de Lucero começou a trocar poucas palavras comigo. Ela era muito estranha, não falava nada da vida dela, só fazia seu trabalho sem ficar de papo com ninguém, isso era bom até certo ponto, mas era muito ruim trabalhar com alguém que não fala muito. Mas ela era incrivelmente linda. A situação entre eu e Felipe melhorou uma semana depois. Ele agiu como um verdadeiro homem depois daquilo, e eu passei amar ele mais e mais. Mas ele e Tasso não facilitavam pra mim. De uma lado era o Tasso me enchendo o saco e do outro era o Felipe com ciúmes. O tempo passa muito rápido, creio que era por causa que eu estava trabalhando demais, então não via o tempo passar, já fazia 8 meses que eu estava lá, e em breve eu assumiria. Susan já estava ciente de que eu assumiria a empresa e era quase que minha secretaria, algumas pessoas até estranharam ela indo para algumas reuniões com clientes, comigo. Mas agora estava assim, e em breve o senhor Amorim e o filho (Gustavo) teriam uma grande surpresa.
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