Enquanto Saulo Brandão e o filho Renato se dirigiam para a casa do Patriarca da Família e fundador da Brandão Engenharia, Ana Amélia estava sentada na ampla sala de refeições na casa de sua mãe, já que a mesma era viúva há quase dois anos, na companhia do filho mais velho Diogo já que os gêmeos já tinham sido levados pelo motorista até a casa do outro avô...
_ Desde que O Eduardo e A Melissa saíram que estou notando a senhora tensa, mãe. Tá acontecendo alguma coisa que eu não saiba? A senhora quer falar alguma coisa? E esperou a mãe responder sem tirar os olhos dela.
_ Falei com sua tia Carol e ela insiste em me chantagear. Nunca pensei na minha vida que passaria por todo esse pesadelo. E você tem muita culpa nisso tudo, Diogo. Sua intolerância e seus preconceitos acabaram desencadeando todo esse maremoto que se abateu sobre a nossa família.
_ Então a culpa é minha? Eu é que fui o mais prejudicado com tudo isso. Meu pai, o cara que amei minha vida toda, não é nada meu. Um primo seu que nunca vi o branco do olho é meu pai biológico. Aí as coisas foram acontecendo por conta de um plano que a senhora e a tia Carol, que nem tia minha é mais, bolaram na entoca pra desestabilizar meu pai por conta de poder e vingança dela. Nunca entendi porquê a senhora aceitou participar de tudo isso... E a culpa é minha? Conta outra D. Ana Amélia. Vamos seguir a vida do ponto em que ela parou e se a senhora aceitar a chantagem dela jamais vai se ver livre.
_ Preciso que você...
_Tô indo à praia com o pessoal. Não posso fazer mais nada pela senhora ou por quem quer que seja... Enquanto falava se levantou da mesa.
_ E você ta indo pra onde, Diogo?
_ Acabei de dizer que vou sair com meus amigos... Praia... Domingo... Diversão... Vou me trocar.
Ana Amélia aproveitou que o filho havia subido para o seu novo quarto e pegou seu celular. O mesmo estava desbloqueado e rapidinho achou o numero que desejava. Anotou rapidamente num pedaço de papel e colocou o aparelho no mesmo lugar. Diogo Novaes desceu as escadas da mansão Novaes de dois em dois degraus, beijou a mãe, pegou as chaves do carro e saiu após pear o celular.
Uma vez sozinha em casa ela fez a ligação que tanto precisava. Rapidamente tratou do assunto que queria e rezou para que tudo desse certo de uma vez por todas.
Aquele era mais um domingo que passaria sozinha na companhia dos empregados da casa. Sua vida social estava nula, as amigas que pensava ter se afastaram sem motivo aparente e pela primeira vez desde que a mãe viajara para a Europa sentiu solidão... As palavras recentes do filho Diogo a fizeram chorar... " Vamos seguir a vida do ponto em que ela parou "...
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Estar próximo ao homem que passara a admirar e ter que conviver de pertinho com ele diariamente na Empresa acabou por solidificar o sentimento que nascera num mero acaso.
Quando seus olhos se encontravam era inegável que o brilho emitido era de contentamento e alegria. Descobri que olhos podiam sorrir também...
O cheiro másculo natural aliado a um delicioso perfume seco e levemente amadeirado, trazia conforto e sonhos a minha mente...
O gestual das mãos ao falar, os lábios que sempre sorriam ao final de uma frase, o andar cheio de firmeza que demonstrava mais que segurança...
A clareza e firmeza em sua oratória ao explanar suas ideias, convicções e vontades com a voz rouca e grave era o que mais me deixava completamente apaixonado por ele porque havia muito mais que um líder... Havia também um homem que amava o que fazia e que estaria pronto pra fazer sempre o melhor por sua empresa e seus colaboradores...
A força atrativa de sua personalidade quando ele chega em qualquer dos ambientes da Brandão Engenharia ou quando se juntava a nós, simples mortais, num simples bar na esquina da rua após o expediente era revigorante... Ele sempre nos deixaria nivelados a ele... " Deus, me ajuda a não sonhar "... Pensou Fernando enquanto terminava de vestir a sunga de banho para ir à praia com o pessoal da faculdade. O irmão rapidamente entrou no quarto que os dois dividiam falando com alguém ao telefone e combinando alguma coisa que envolvia um pagamento até alto para um provável serviço de última hora.
_ O horário de saída de casa é sempre esse?... E sempre só?... Qual a cor?... Assim que tiver terminado ligo pra dizer olugar e a hora do pagamento, beleza chefia?... Tô saindo de casa agorinha mesmo... Assim que trocou o calçao que dormia por uma bermuda e as chinelas por um tênis novinho, bateu no ambro do irmão Fernando que também se dirigira para o guarda roupas atrás de uma camiseta e foi inevitável o choque entre os dois...
_ Vai tirar o pai da forca, porra? Perguntou Armando com cara de mau.
_ Tu que tá com pressa e eu é que vou tirar o pai da forca? Tá doido mano?
_ Não enche Fernando. Tô indo fazer uma parada legal e maneira... Vai entrar uma grana no bolso do papai aqui... Grana alta, mano...
_ Toma cuidado rapaz. Armando saiu de camiseta azul e Fernando pegou uma amarela pra combinar com sua bermuda preta.
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_ Filha, não esqueça de trazer os documentos que você mesma pediu para eu dar uma olhada... Outro pra você minha filhota.
Carol Brandão antes de sair de casa fez mais uma ligação para o filho que morava nos Estados Unidos cuja conversa demorou mais que o previsto pois o garoto insistia para que a mãe lhe mandasse mais grana. O banho foi também demorado e assim que pegou os documentos que o pai lhe avisara para levar trancou a cobertura onde morava praticamente sozinha com os empregados e desceu pelo elevador privativo até a garagem. O Lugar estava quase deserto e após destravar o carro deu mais uns sete passos e abriu a porta traseira para colocar a bolsa e outros pertences que tinha nas mãos... Calmamente fechou a porta e abriu a do motorista para poder se acomodar. Antes da porta fechar ela foi abordada por um dos funcionários do Condomínio e achou estranho porque já tinha visto aquele rapaz antes e por várias vezes e jamais imaginaria que ele trabalhasse como zelador onde ela morava...
_ Você por aqui? Desde quando você...
A frase jamais foi terminada porque O corretor de imóveis da sua empresa lhe colocou uma pistola com silenciador na boca e a fez calar de vez. Os olhos do garoto que sempre foram amáveis e cordiais demonstravam um ódio genuíno por ela. O coração da mulher acelerou tanto que o ar começou a lhe faltar e ela sentiu uma leve tontura que a fez encostar no carro...
_ Você me conhece, é? Falou Armando já destravando a pistola...
_ Fernando, eu faço o que...
_ Fernando? Que Fernando, vagabunda?
Carol levou um forte tapa na altura do olho direito que o fez fechar parcialmente enquanto a pele mudava de cor até atingir um vermelho sangue por conta da força empregada pelo seu funcionário Fernando Castro.
_ Por favor Fernando... Pelo amor de Deus não me faça mal... Eu faço o que você quiser... Eu juro...
Todos os oito tiros foram abafados pelo silenciador. Todos os oito tiros fora na cabeça da Vice Presidente da Brandão Engenharia... Todos os oito tiros foram com requintes de crueldade extrema...E ninguém viu a cena enquanto acontecia ou mesmo pelo sistema de segurança do Condomínio que havia sido desligado anteriormente por Armando e dois comparsas que sempre diziam em conversas entre si que quando as coisas eram gravadas o trabalho ficava complicado e os mesmos não gostavam de suas imagens na TV.
Armando encontrou com os comparsas e os três separaram por razões de segurança...
_ Não vai esquecer da gente não, chefia... Falou um dos caras.
_ E eu já fiz isso alguma vez com vocês, porra? Mais tarde lá no cinema eu levo o bagulho combinado que cada um vai ter direito, beleza? Agora segue reto e nem olhem pra trás.
_ E tu ta indo pra onde, chefia? Perguntou o outro que tinha uma tatuagem de lágrima no olho esquerdo.
_ Tô indo buscar a grana pelo cumprimento do serviço... Tô chegando no cinema lá pelas 21:30 h.
Os dois foram em direção a uma parada de ônibus que ficava no outro lado da larga Avenida em que estavam num bairro nobre da Capital e Armando ligou para o numero que havia ficado em seu celular...
_ Serviço feito, madame. Tua ex-cunhada acabou de virar presunto. Acho que não vai demorar nadinha até que alguém encontre a carcaça daquela filha da puta.... Garanto que aquela ali deve estar nesse exato momento falando com satanás enquanto entra na fila da suruba bem no meio do quinto dos infernos. .. Ninguém viu... Não tem como chegar até a senhora, relaxa... Dois amigos meus... .. Agora a madame vai anotar o endereço onde vai me encontrar em no máximo uma hora com o pagamento combinado dentro de um envelope amarelo... Não, tem que ser hoje... Nem pense em atrasar, madame... Eu não costumo brincar em serviço... Uma hora, não esquece.
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Os amigos Fernando, Augusto, Sergio, Rafaela, Aline e Fred j´´s estavam na praia quando o celular de Fernando começou a vibrar...
_ Tá por onde, vagabundo? Perguntou Renato cheio de sorrisos para o amigo.
_ Tô com a turma aqui na praia. E você bonequinho de luxo, tá por onde nesse dia tão quente? Zombou Fernando já se afastando da mesa por conta do som alto da barraca.
_ Bonequinho de luxo é o corno do teu padrinho... A gargalhada dava pra ser ouvida por alguém que passasse perto de Fernando.
_ Olha o respeito filhote de cruz credo... Vem pra cá, cara. A turma tá toda aqui.
_ Não dá Fernando, almoço com a família todo domingo. meu pai não abre mão disso. Também tava com saudade dos meus irmãos gêmeos... O Sergio tá por aí com vocês? Perguntou Renato já em expectativa e mudando de assunto.
_ Tá, né... E só fala em você, menino. Eu tô achando que vocês já se acertaram de vez e esse lance de amizade é conversa mole pra boi dormir...
_ Somos só amigos, cara. Juro.
_ E eu vou ser eleito o próximo papa se isso for verdade. Ele praticamente me disse que vocês já são um casal... Falta só você deixar de frescura e pronto.
_ Ele disse isso, é? Filho da mãe... Eu tinha pedido pra ele guardar segredo.
_ E seu segredo esta bem guardado, amigo. Não sou de espalhar nada por aí... Você me conhece.
_ E ele tá com alguém por aí?
_ Ele tá é meio pra baixo porque você não tá aqui. Vem pra casa, Renato... Quebra um pouquinho esse lance de ritual, família... Tô esperando.
No mesmo momento em que Renato Brandão e Fernando Castro se falavam pelo celular, o aparelho de Fernando recebeu um bip avisando de uma outra ligação enquanto no outro lado da linha Renato se assustou com um grito que parecia ter sido dado por avó do garoto...
_ O que aconteceu Vó? Fernando depois falo com você... A ligação foi encerrada sem nenhum tipo de brincadeira ou um mero cumprimento entre os dois.
O celular de Fernando voltou a vibrara e era o numero de sua casa...
_ Fernando? Vem pra casa imediatamente... Falou sua irmã mais velha.
_ Calma mana, o que aconteceu? E ela falou com a voz embargada...
_ Mataram o Armando perto do posto de gasolina do seu Amaro.
Fernando ouviu rapidamente o que a irmã lhe dissera antes de encerrar a ligação, sentou na cadeira de plástico mais próxima, bebeu um gole da cerveja que havia pedido há pouco tempo e disse aos amigos que estavam em volta da mesa...
_ O dia nublou lá em casa... Mataram o meu irmão.
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P A na área novamente. Povo do Lado Esquerdo do Nando... Nosso amigo tá meio doente ainda e se recuperando. Nada de muito grave podem ter certeza disso. Ele mandou beijo e abraço pra todo mundo daí do outro lado do monitor e que estará em breve de volta. Então é isso. Pediu pra dizer que ta tudo bem mesmo e que sem essa força que recebe de cada um a coisa poderia ser bem pior... Então é isso. Um grande abraço, agora da minha parte e se der... Rezem pra que ele se recupere rapidinho, beleza? valeu Povo do Lado Esquerdo.