Capítulo 15-Lembranças
Narrador:Vítor
Sai do quarto e fui até a minha sala pensativo.O que o Daniel sentia não era amor,era paixão.Uma paixão obssesiva,que idealizava e idolatrava um Nicolas que não existia.
Eu temia o que aquele sentimento poderia fazer com ele.Daniel era frágil e muito sensível,mas era muito intenso em suas emoções e isso era um problema.
Outra pessoa havia amado o Nicolas do mesmo jeito e com a mesma paixão obsessiva.Diana havia se destruido por causa desse sentimento e quando descobriu quem era o Nicolas de verdade,quase enlouqueceu.
Mesmo fazendo tratamento e melhorando um pouco,Diana não parou de ir atrás do Nicolas.Se tornou sua amante e sofria ao saber que era usada por ele.
Lembrar da Diana me trouxe outra lembrança,que eu estava tentando esquecero dia em que o Nicolas morreu.
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17 dias atrás...
Estava escuro e deserto,então puxei ele para a calçada.O tiro em seu peito não parecia oferecer perígo,mas o do pescoço sangrava bastante e mesmo que tentasse estancar com um pano,continuava sangrando.
-Depois de tudo....Você...vai tentar...me salvar...Vitor!-Nicolas disse com a respiração entrecortada.
-Não fala,senão vai piorar o sangramento.-Eu disse baixinho rezando para que aquela rua não tivesse câmeras.
Diana se aproximou com a arma na mão e encarou nos dois.Nicolas olhou pra ela com uma fúria em seus olhos.
-Ela já foi...saiu pelo outro lado.-Diana disse sem me encarar.
-Meu carro esta aberto,lá tem um pano...Limpa essa arma!-Eu disse pressionando o ferimento dele com mais força.
Diana se afastou e eu peguei meu celular,ligando pra o hospital e pedindo uma ambulância urgente.Depois de algum tempo,Diana voltou segurando a arma,agora com o pano.
-Você tem certeza?-Eu perguntei sério.
-Sim!-Ela disse enquanto descobria e pegava a arma com a mão limpa.
-Vadia mise...Se eu...tivesse mais...tempo...Eu...acabaria...com...vocês...Eu...-Nicolas falou sem conseguir terminar demonstrando uma dor profunda.
-Joga a arma aonde o Nicolas levou os tiros,Diana!-Eu disse ignorando o que ele havia dito.
-Pronto!-Ela disse após fazer o que eu pedi e voltar.
-Eu não...não quero...morrer...me...me...me ajuda.-Nicolas disse enquanto pressionava o peito com força.
Qualquer um que o visse naquela agonia,teria pena e tentaria ajuda-lo.Mas eu não era todo mundo e por mim o deixaria
sangrando ali,como um porco no açougue,e em seguida iria embora,mas eu não podia deixar a raiva falar mais alto que os meus princípios.
-Eu amava você seu desgraçado,amava mais que a mim mesmo.Te amei de uma forma que ninguém vai te amar...E qual foi a sua retribuição?...Você destruiu a minha família.Você acabou com a minha vida...Tomara que morra e vá direto para o inferno.-Diana disse com raiva,enquanto dava um chute nele.
Nicolas se contorceu de dor e eu mandei Diana ir direto para o carro e se escondesse no banco de trás.Ela a contra gosto aceitou e foi,nos deixando ali sozinhos.
-Vitor...ainda não...não acabou...Mesmo que...que eu...morra...Você vai...vai...vai sofrer...e...e...pagar....tudo que....que...que me deve.-Nicolas disse em agonia.
A ambulância logo chegou e eu ajudei o enfermeiro a colocar ele na maca.Laura desceu e fez os primeiros socorros,sem olhar pra mim.
-É grave?-Eu perguntei enquanto a observava.
-Sim...ele perdeu muito sangue e agora está inconsciente.-Ela respondeu após terminar o que estava fazendo.
-Ele vai sobreviver?-Eu perguntei desejando que não.
-Não sei...só saberemos depois da cirurgia.-Ela respondeu após ajudar o enfermeiro a levantar a maca.
-Vaso ruim não quebra tão fácil,ainda corre o risco desse desgraçado viver.-Eu disse em voz baixa.
-O que disse?-Ela perguntou surpresa.
-Nada!-Eu respondi
-Vitor porque me ligou e pediu que eu trouxesse uma ambulância escondido de todos do hospital?-Laura questionou enquanto me encarava.
-Laura não posso falar agora,mas faz o que puder por esse miserável.E não conta a ninguém que me viu aqui,pra quem perguntar diz que recebeu uma ligação anônima e veio ver se não era um trote.-Eu pedi a encarando.-
-Tudo bem!-Ela disse contrariada enquanto subia na parte de trás da ambulância.
-E Laura quando estiver a dez minutos do hospital,liga pra polícia.-Eu disse antes que ela fechasse a porta.
Fui em direção ao meu carro e pode até parecer bizarro,mas estava mais tranquilo.Entrei e Diana pulou do banco de trás para o da frente.
-Vou te levar pra casa...Você vai esperar a polícia lá.-Eu disse sem olhar pra ela.
-E o que eu faço?-Ela perguntou
-Finge que é louca...Se corte,chore,puxe os cabelos,sei lá...O importante é que eles pensem que você o matou e que é um crime pacional...E eles tem que acreditar que você não está em seu juízo perfeito,entendeu?-Eu respondi após dar partida no carro.
-Entendi...E ela vai ficar bem?-Diana respondeu parecendo preocupada.
-Vai sim...Mas ninguém pode saber que ela atirou no Nicolas.-Eu respondi também preocupado.
-Ninguém vai...esse é o nosso segredo.-Diana disse parecendo distante com os olhos cheios d'agua.
-Você está bem?-Eu perguntei enquanto dirigia.
-Ele é um assassino miserável,mas eu o amo tanto...Porque não posso tirar esse sentimento de mim?Porque mesmo sabendo quem o Nicolas é,eu não consigo esquece-lo?-Diana respondeu em lágrimas.
-Eu não sei!-respondi com sinceridade.
Diana continuou chorando em silêncio até pararmos em frente a sua casa,e para nossa sorte a rua estava deserta.
-Eu vou trocar de roupa!-Ela disse após enxugar os olhos.
-Não...Você tem que ficar com essa.Daqui pra amanhã a polícia vira até aqui e é importante que você de sinais que está desiquilibrada.-Eu disse em voz baixa.
-Tá!-Ela disse seria.
-Diana você está assumindo a culpa para protegê-la e pra me proteger...Eu não sei como agradecer.-Eu disse desconcertado.
-Não podemos culpar ela por ter atirado nele...Ela tava cansada de tanto sofrimento...E é melhor que ele morra...Vai ser melhor pra todos...Eu só não quero ir pra o presídio.-Ela disse enquanto colocava a mão no meu ombro.
-Finja que é louca...e deixe que do resto eu cuido.-Eu disse lhe retribuindo o gesto.
Diana me deu um sorriso triste e desceu.Esperei que ela entrasse e parti,sem saber para onde ir.Aos poucos a ficha foi caindo e eu percebi,o problema que estava metido.
Desesperado rodei até um dos bairros que havia e parei em um prédio abandonado,peguei meu celular e fiz uma ligação.Depois de algum tempo,um outro carro parou e alguém desceu apressado.
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-VÍTOR!-Alberto chamou em voz alta me despertando das minhas lembranças.
-O que foi?...Aconteceu alguma coisa com o Daniel?-Eu perguntei assustado.
-Não...ele continua dormindo.Mas eu tô falando com você,há uns dez minutos e você não me responde.-Ele respondeu enquanto me analisava.
-Alberto você lembra da noite em que o Nicolas foi baleado?-Eu perguntei após um tempo em silêncio.
-Claro,eu fui te buscar em um prédio abandonado.Lembro até que estava muito nervoso e sujo de sangue.-Ele respondeu tenso.
-Você me deu outras roupas para vestir e me deu seu carro...O que você fez com as minhas coisas?-Eu perguntei após perceber que naquela correria depois da morte do Nicolas,eu havia esquecido do meu carro e das minhas roupas.
-Seu carro eu levei para o lava jato de um amigo,que lavou ele por dentro e por fora,depois pus em um estacionamento.Ja suas roupas eu queimei.-Ele respondeu após algum tempo pensativo.
-Você é incrível!...O que eu faria sem você? -Eu perguntei aliviado.
-Tive medo que alguma suspeita caísse sobre você.-Ele respondeu envergonhado.
-E por essas e outras que você é meu melhor amigo.-Eu disse com um sorriso.
-Eu vi o Júlio hoje mais cedo e o encontro dele com o Daniel não foi fácil!...O Daniel fez muitas perguntas e o Julio não aguentou a pressão.-Alberto disse mudando de assunto.
-Eu já sabia que isso aconteceria.-Eu disse enquanto me sentava na minha cadeira.
-Porque o Julio nunca denúnciou o Nicolas por chantagem e extorsão?-Alberto perguntou após se sentar a minha frente.
-Pelo mesmo motivo que não denunciei os últimos crimes dele...Nós não temos nenhuma prova ou testemunha de algum ato criminoso do Nicolas...Tudo o que nós sabemos que ele fez,ou soubemos por suas vítimas,ou por ele mesmo.-Eu disse enquanto brincava com os lápis.
-E nenhuma das vítimas a quem o Nicolas mostrou sua verdadeira face,sobreviveu pra contar história.-Alberto disse desanimado.
-Eu denunciei o Nicolas pelo estupro da Cecília,pelo assassinato do Pedro e pelo sequestro e tortura do Lucas,mas a polícia nunca encontrou nada que ligasse esses casos ao Nicolas e ainda achou que eu estava paranóico,inventando casos pra prejudicar o pobre do meu irmãozinho.-Eu disse com um sorriso cansado.
-Nicolas era um psicopata,e planejava tudo com riqueza de detalhes.Ele pensava em tudo e depois de executar o crime,ele repassava tudo pra ver se não havia deixado um ponto solto,se tivesse ele destruía...Tinha prazer em ver os outros levar uma culpa que era dele.Nicolas era mestre em confundir,manipular e plantar a indecisão nos outros.-Alberto disse em um tom profissional.
-Constrói uma estátua em homenagem a ele,ja que está tão admirado.-Eu disse enquanto o encarava.
-Sou psicólogo...tenho um fraco por mentes perturbadas.-Ele disse com um sorriso.
-Nicolas era doente...ele planejou tudo de um jeito pra que eu não pudesse fazer nada para para-lo...Por isso estou aliviado que ele tenha morrido,e como se um pesadelo tivesse acabado.-Eu confessei sem sentir dificuldade para falar aquilo.
-Vitor seja sincero...Você não assassinou o Nicolas não é?-Alberto perguntou sério.
-Não!-Eu respondi o encarando.
-O Nicolas se foi e tudo isso que a gente passou,vai ficar no passado.Nos temos um futuro pra construir.-Alberto disse com um sorriso após algum tempo em silêncio.
-Eu tô morrendo de fome.-Eu disse com um sorriso.
-Vamos ver se achamos alguma coisa pra comer.-Ele disse enquanto se levantava.
Eu o acompanhei me sentindo mais leve,o Nicolas tinha morrido e aquele pesadelo tinha acabado.Não tinha mas com o que me preocupar.
-Vamos logo que eu quero ir pra casa...Quero ver a Mari,transar com ela.-Eu disse enquanto caminhava ao lado dele.
-Você não presta!-Ele disse com um sorriso enorme.
-Porque?-Eu perguntei o encarando.
-Você acha que sou cego?...Eu vi você acariciando o Daniel e depois beijando ele.-Alberto disse sem me olhar.
-Ele está frágil...só quis lhe dar um carinho de amigo.-Eu disse sem me irritar com aquela provação.
-Eu dispenso esses carinhos.-Alberto disse agora me encarando.
-Qualquer dia a gente podia sair Alberto...e transar.-Eu disse entre risadas.
-Nem se eu tivesse muito desesperado.-Ele disse também sorrindo.
-Ah,eu não sou de se jogar fora.-Eu disse arrancando uma gargalhada dele.
-Achei que você era mais macho.-Ele disse enquanto ajeitava os cabelos.
-Eu sou macho...mas posso abrir uma excessão pra você.-Eu disse enquanto tirava a jaqueta.
-Eu dispenso...Gosto de mulher é se um dia virasse gay,você seria minha última opção.-Ele disse animado.
Entre brincadeiras e sorrisos chegamos a cozinha do hospital,aonde comemos uma refeição maravilhosa.Nao que a comida fosse boa,mas o clima a tornava assim.
Continua...
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Como o capítulo 14 e 15 já estavam escritos aqui,resolvi edita-los e posta-los,mas o próximo vai demorar um pouco pessoal.A gripe tá acabando comigo e tô sem inspiração nenhuma kkkkk
Ola marc01CL,FlaAngel,Digos2,Haryan,Martines,K-elly,denil1245 e esperança obrigado pelos votos de melhora,e pelos seus comentários.Espero que gostem desse capítulo é me digam aí o que acharam!Abraços pessoal...
Cintia C como o Vitor diz nesse capítulo,ele não tinha provas para fazer uma denúncia.E quanto ao Nicolas ter tanto poder sobre as pessoas,era porque ele era manipulador,inteligente,e um otimo ator,fato que da para se verificar pelo Daniel,que o defende com unhas e dentes.Cintia não fica claro mais tentaram para-lo várias vezes,mas ele sabia se cuidar.
Obrigado a todos que leram...
Um ótimo fim de semana gente...
E até a próxima!