Felipe - Lembra que eu te pedi pra mudar de colégio?
Guilherme - perfeitamente.
Felipe - pois é, o Luiz é o motivo.
Guilherme - Como é que é? - Me explica melhor, que eu não estou entendendo.
Tive medo, mas não podia recuar. Havia começado, e teria que ir ate o final.
Felipe - O Luiz tem pegado no meu pé desde que eu entrei na escola, nova.
Guilherme - pegado no teu pé, em que sentido?
Luiz - Isso é apenas brincadeira sr Blater. É tipo um trote quando chega aluno novo, entende?
Guilherme - eu quero ouvir o que o Felipe tem a dizer sobre isso, e dai eu decido, se entendo ou não.
Luiz ficou mudo a contragosto.
Guilherme - prossiga, Felipe. (Guilherme parecia, mesmo, interessado).
Felipe - E daí que começou com brincadeiras bestas, e foi ganhando proporções maiores.
Eu tentava articular com as mãos. Estava nervoso, e era evidente.
Felipe - Muitas vezes ele me obrigou a sumir da escola, que eu não era bem vindo, e que os outros alunos não me queriam pois eu não fazia parte do meio deles. Eu acho que ele sempre teve preconceito por eu ter uma certa aparência de pobre...
Luiz - Isso é mentira desse bicho, eu nunca fiz isso com ele. A única verdade foram as brincadeiras bestas. (Luiz falou me interrompendo).
Guilherme - cale sua boca. Eu tenho certeza que o Felipe não esta inventando nada disso.
- Sr Blater, tenho muito respeito pelo seu trabalho, mas não posso permitir que o senhor, e esse seu protegido, ofendam o meu filho. (Disse o pai do Luiz, levantando-se da mesa).
Guilherme - Não mandei levantar. (Disse Guilherme empurrando o Homem de volta, na cadeira).
O homem ficou com uma cara de apavorado, provavelmente, ele não conhecia aquele Guilherme.
Guilherme - o que mais ele fez, Felipe?
Guilherme ja havia se transformado em outro homem.
Felipe - Ele me ofendeu com palavras baixas, me humilhou... Hoje por exemplo, ele fez uma caricatura minha no quadro la do colegio.
Guilherme - qual caricatura?
Olhei para o Luiz, e eu conseguia ver nos olhos dele, que aquilo iria ter volta.
- Não seria melhor conversar em outro lugar? (Disse o pai do Luiz, tentando acalmar os ânimos).
Guilherme - qual caricatura ele fez de voce? (Guilherme bateu na mesa).
Outros clientes olhavam em nossa direção. Alguns garçons ficaram mais próximos da gente.
Felipe - ele fez um desenho, de mim, e do Danilo...
Guilherme - Danilo é o rapaz do prédio? ( Foi a vez do Guilherme me interromper).
Felipe - Isso... ele fez um desenho onde aparecíamos pelados, eu e o Danilo na cama. (fiquei nervoso, e comecei a suar frio, aquela conversa era um tanto inconveniente. Falar sobre minha orientação sexual sempre foi um tabu para mim).
Luiz - eu não vou ficar aqui ouvindo essa palhaçada.
Luiz pensou em sair da mesa, mas Guilherme o puxou pelo pescoço da camisa.
Guilherme - Voce só sai quando eu mandar.
Guilherme olhou pra mim, e eu entendi que era pra continuar.
Felipe - ontem a noite, Luiz apareceu no apartamento do Danilo, e me viu la. O pouco tempo que passamos a sós, ele me escorraçou, disse que se eu não sumisse, acabaria com minha vida. O Danilo ouviu toda a conversa, e ficou a meu lado, colocou o Luiz pra correr, mas ele jurou se vingar.
Guilherme - Por causa desse cara voce iria sair de um colégio fantástico, onde eu e e meu irmão recebemos uma ótima educação?
Eu apenas confirmei que sim.
- agora que ouvimos a versão do Felipe, poderíamos ouvir também a versão do meu garoto. (disse o pai do Felipe).
Guilherme - eu acho justo. (disse o Guilherme).
Eu fiquei triste, a raiva que o Guilherme sentia do Danilo, estava deixando ele cego ao ponto de não acreditar em mim.
Luiz ajeitou-se na cadeira, e começou a sua fala.
Luiz - na verdade não foi bem assim, não. O lance é só seguinte...
Em milésimos de segundos vi a mão de Guilherme colada ao rosto do Luiz.
Guilherme - Seu miserável filho de uma puta.
Luiz - Me solta. Segurança. (Luiz gritava, desesperado)
O pai do Luiz avançou em cima do Guilherme, e eu avancei em cima do pai do Luiz.
Guilherme ficou tão furioso de uma forma, que ninguém conseguia tira-lo de cima do Luiz.
Luiz - Socorro.
Luiz tentava uma luta corporal contra o Guilherme, mas era bem injusto, o Guilherme era muito mais homem que o Luiz.
Os seguranças conseguiram imobilizar Guilherme, e lhe aplicaram uma chave de braço.
Guilherme levantou as mãos para o alto, insinuando está rendido.
O pai do Luiz foi em socorro do filho, que estava no chão, totalmente destruído.
- Eu vou processar voce, eu processar voce. (gritava o pai do Luiz). - todos aqui viram que meu filho foi agredido gratuitamente. ( o senhor sacou um celular do bolso, e fez uma ligação que eu não consegui entender).
Guilherme - Não vai dar em nada. (Guilherme ria). - agora eu tenho como acabar com a vida do seu filho em dois tempos.
Guilherme secou o suor da testa, e disse ao gerente que arcaria com todo o prejuízo do estabelecimento. O gerente confirmou, e disse que enviaria a conta para o escritório.
Saímos do restaurante, e quando chegamos ao estacionamento, fomos surpreendidos pelos gritos do pai do Luiz.
xXXX
- Senhor Blater, Senhor Blater. (dizia ele correndo em nossa direção).
Felipe - vamos embora Guilherme, por favor cara, chega de confusão por hoje.
Guilherme - calma Felipe. Veja e aprenda. (disse ele com um sorriso no canto da boca).
- Senhor Blater, posso lhe trocar umas palavras? (disse o homem, finalmente nos alcançando).
Guilherme olhou no relógio.
- cinco minutos. (disse ele, sarcasticamente).
- Não vou tomar seu tempo. Queria apenas pedir desculpas pelo meu filho, ele é apenas uma criança, e eu mesmo lhe aplicarei uma lição, mas por favor não o processe.
Guilherme - um a mais, um a menos. Qual diferença vai fazer pra vida dele?
- meu filho esta quase concluindo o ensino médio, eu tenho planos de que ele faça uma faculdade, e melhore esse comportamento. Ele é meu filho, e eu sei que ele errou, mas por favor me de a oportunidade de corrigi-lo.
Guilherme - podemos fazer um acordo.
- qualquer um.
Guilherme - o vestibular esta em cima. Se o seu filho passar em uma boa faculdade federal, eu esqueço o que ele fez com o Felipe.
- Mas sr bla...
Guilherme - mas o que? - ele não tem capacidade?
- Sinceramente, não acredito que ele consiga. (disse o pai meio decepcionado).
Guilherme - essa é minha condição.
Eu ouvia tudo, sem falar nada.
- Tudo bem. (disse o Homem). - Farei o impossível para que ele ingresse em uma boa universidade publica.
Guilherme - faça isso. Sei que o senhor é pai, mas não tente fechar os olhos para os erros de seu filho. Um dia o senhor poderá se arrepender amargamente.
- Vou fazer a diferença na vida dele. Obrigado pelos conselhos, agora seria muito pedir para o senhor não largar o caso dele?
- Seria muito sim. Eu não defendo vagabundo. (disse Guilherme colocando os óculos escuros, e entrando no carro).
Guilherme deu partida, e pelo retrovisor, eu vi aquele homem parado, olhando o carro com a esperança de que Guilherme pudesse voltar atras.
xXXX
Todo o caminho de volta, foi em silencio, com exceção ao som do carro ligado, e alguma ligações que o Guilherme havia recebido.
xxXXX
- Achei que fossemos passar a tarde no escritório. (falei assim que entramos no apartamento).
Guilherme - estou sem cabeça pra isso.
Guilherme foi tirando a roupa desde a sala, quando chegou no quarto, ja estava apenas de cueca.
Felipe - Eu vou te fazer uma massagem.
Guilherme - Não. (disse ele, seco).
Felipe - eu vou fazer alguma coisa pra gente comer então, a comida do restaurante não desceu muito bem.
- Eu vou tomar um banho, e dormir. Estou com a cabeça quente. (disse ele friamente).
Felipe - eu fiz alguma coisa?
Guilherme entrou no banho, e eu o acompanhei.
Guilherme - Não quero falar sobre isso. Eu tentei tanto que minhas forças acabaram.
Felipe - eu não tou entendendo, Guilherme.
Guilherme - Felipe, na boa. O que voce sente por mim?
Felipe - não entendi.
Guilherme - é disso que tou falando. Uma pergunta tão simples, e voce nem tem resposta.
Felipe - eu gosto de voce cara.
Guilherme - pra mim não é o suficiente. Agora sai do banheiro, e fecha a porta, por favor.
Felipe - mas Gui...
Guilherme - por favor, Felipe.
Guilherme apontou o caminho da porta, e eu apenas confirmei com a cabeça.
Saí triste. Não achei que minha relação com o Guilherme fosse chegar a esse ponto.
xXXX
A campainha tocou,e eu fui atender... Era o Miguel.
Miguel - oi ''Fe''
Felipe - Oi.
Miguel - o que foi? ta chorando?
Felipe - não. Entra.
Miguel - ja tou dentro. Cade o Guilherme? - Estou ligando no celular daquele puto, e só da caixa postal.
Felipe - ele ta no banheiro. É muito urgente? Ele disse que tava meio mal, e iria dormir.
Miguel - Voce esta sabendo, que eu vou para o Espirito Santo?
Felipe - Sim. O Guilherme comentou. Ta decidido, mesmo?
Miguel - em duas semanas no máximo. É só o tempo de eu acertar algumas coisas aqui na cidade.
Felipe - Voce vai casar?
Miguel - ahan. Vai ficar com ciúmes de mim?
Eu apenas ri.
Miguel - poderíamos fazer alguma coisa nessas ultimas semanas que estou aqui. O que tu acha? (falou Miguel se aproximando de mim, no sofá).
Felipe - agora eu só brinco com o Guilherme.
- O que tem eu aí? (perguntou Guilherme chegando na sala, apenas de toalha).
Miguel - é que eu tava procurando por ti, e o Felipe disse que tu estava no banho. Eu fiquei esperando. Tem um tempinho pra mim?
Guilherme - pode ser outra hora? - estou com muita dor na cabeça.
Miguel - pode, mas só pra te adiantar o assunto. Eu conversei com um amigo sobre a historia da saciedade no escritório, e ele ficou interessado.
Guilherme - isso é muito bom.
Miguel - Achei que voce fosse gostar. Eu combinei um jantar com ele la em casa. Fiz mal?
Guilherme - de forma alguma.
Miguel - amanhã a noite.
Guilherme - de onde é o cara? Eu conheço? Fez faculdade com a gente?
Miguel - Não, não. É um holandês.
Guilherme - naturalizado?
Miguel - Não. Mas ele não atua como advogado aqui no Brasil, ele é apenas empresario.
Guilherme - então eu ficaria sozinho do mesmo jeito, mas isso eu vejo a depois. Agora eu vou cair na cama.
Miguel - Vai la. Depois conversamos.
Guilherme não trocou uma palavra comigo.
xXXX
Miguel - Bora aproveitar que o Guilherme foi dormir?
Felipe - Não cara, na boa. Eu vou dormir também.
Miguel - vocês são dois chatos pô. Dão certinho um pro outro.
Miguel, se despediu, e saiu do apartamento.
xXXX
Fui ate quarto de Guilherme, e ele dormia calmamente.
Me aproximei da cama, sentei na beira, e passei as mãos em suas costas.
Lembrei do primeiro dia que eu conheci o Guilherme.
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- você esta atendendo alguém, rapaz?(um cliente me perguntou, sem eu saber de onde ele havia saído)
Felipe – O senhor! (respondi simpático).
#####
Levantei da cama, e peguei minha velha mochila, companheira, e amiga de guerra. Coloquei minhas roupas dentro, e olhei para o Guilherme pela ultima vez. Uma lagrima escorreu do rosto, eu passei o dedo a limpando, e saí do quarto.
xXXX
Cheguei ate a praça que me acolheu quando eu cheguei à cidade, coloquei a mochila no banco, e repousei minha cabeça.
- leke? (alguém havia falado comigo).
- Eu. (respondi, levantando a cabeça).
- Voltou pra ativa? Vai voltar a engraxar? tenho caixote pra alugar!
Felipe - Não. Vou só passar essa noite aqui. Amanha cedo, eu vou viajar.
- Pra onde?
Felipe - interior. O ruim é que não tem mais ônibus a essa hora.
- Tou ligado. Bom meu amigo, se voce mudar de ideia, é só me procurar.
Felipe - ta certo.
O cara saiu, e eu voltei a deitar no banco da praça.
A cidade grande realmente não era pra mim, mas ela tinha me ensinado importantes lições. Lições que eu levaria pra vida toda.
Acabei dormindo, e acordei diversas vezes durante a madrugada. A praça estava deserta, estava fria, e eu sentia falta do conforto da casa do Guilherme.
Levantei e fiquei olhando para os lados. Não tinha mais ônibus circulando, mas ainda passavam muitos carros.
Abri a mochila, e contei meu dinheiro. Tinha o suficiente, que desse de eu pegar uma moto ate o termina. Eu iria dormir o restante da noite la, que era bem mais seguro.
Coloquei minha mochila, e me aproximei da rua. A primeira moto que parasse, eu iria pegar.
xxxXXX
Fiquei muito tempo sentado na calçada, e um carro parou praticamente em cima de mim.
- O que tu faz aqui ''Fe''?
Felipe - Tou esperando um moto táxi. (respondi)
Guilherme - pra que?
Felipe - tou indo pro terminal.
Guilherme - fazer o que no terminal a essa hora?
Em momento nenhum eu levantei do chão, e nem olhei nos olhos do Guilherme.
Felipe - Eu vou voltar pra fazenda, amanhã.
Guilherme - que historia é essa?
Felipe - depois de hoje, eu resolvi voltar, e recomeçar minha vida por la, mesmo. Eu não preciso de muita coisa pra ser feliz.
Guilherme - E voce não se preocupa comigo?
Felipe - justamente por isso, eu tou indo embora.
Guilherme - pra ficar longe de mim?
Felipe - Eu sou muito bobão cara, só faço besteira. Voce precisa de alguém melhor que eu. Alguém já vivido pra não cometer os mesmos erros que eu cometi.
Guilherme - eu quero voce. Voce é meu bobão, desse teu jeito assim.
Guilherme sentou a meu lado, na calçada.
Eu balancei a cabeça em negativa.
Felipe - eu ja tou decidido. Não vou ficar mais aqui.
Guilherme - então eu ja estou decidido... Eu vou com voce.
Felipe - pra onde?
Guilherme - pra onde voce for.
Felipe - eu não tenho lugar certo. Provavelmente eu vou voltar a ser boia fria.
Guilherme - será?
Felipe - é o mais provável.
Guilherme - eu acho que não. Vem comigo de volta que eu tenho algo pra voce.
Felipe - eu não quero atrapalhar tua vida pô.
Guilherme - para com isso Felipe. Voce não me atrapalha em nada.
Felipe - então por que hoje voce me tratou daquele jeito?
Guilherme - aquilo era ciumes. Eu tenho ciumes ate da tua sombra... Eu confio muito em voce, mas não gosto quando voce faz amizades.
Felipe - Ta falando do Danilo?
Guilherme - de todos.
Felipe - é só amizade.
Guilherme - mas eu não gosto. Volta pra casa, volta... por mim.
Felipe - eu volto. Eu te amo ''Gui'', e eu não tenho duvidas disso.
A rua estava deserta, e trocamos um beijo ,ali mesmo, na beira da calçada. Eu entrei no carro, e voltei para casa com o Guilherme.
xXXX
Quando passamos pela porta, ja fomos trocando beijos ardentes.
Guilherme - eu te amo tanto cara. Eu fiquei tão preocupado.
Felipe - eu também. Te amo demais cara. Quando voce me ignorou, hoje a tarde, eu tive a certeza que era voce quem eu queria.
Guilherme me deu um longo, beijo.
Guilherme - eu tenho uma surpresa pra ti.
Felipe - o que é?
Guilherme - é surpresa. Fecha os olhos.
O Guilherme colocou em minhas mãos duas embalagens. Uma caixa, e um envelope. Eu chutei vários objetos que passaram em minha cabeça, mas não acertei nenhum.
Abri meus olhos, e rasguei a primeira embalagem. Estava curioso pra saber o que tinha dentro.
Felipe - Um celular?
Falei espantado, e animado ao mesmo tempo.
Guilherme - gostou?
Felipe - muito.
quando abri a caixa do celular, algo caiu de dentro, fazendo barulho de metais.
Felipe - uma chave?
Guilherme - não sei. Será?
Felipe - é... é uma chave sim. É uma copia das chaves da porta.
Guilherme - acho que ja esta passando da hora de tu ter tua própria chave.
Felipe - tu acha?
Guilherme - tenho certeza que sim. Agora falta o ultimo presente. Abre.
Eu rasguei o envelope em dois tempos, e tinha uma penca de papéis.
Felipe - o que é isso?
Guilherme - lê.
Felipe - Tou lendo, mas não tou entendendo nada.
Guilherme - isso é um contrato, Felipe. Voce agora é fazendeiro.
Felipe - é o que? - Eu nao entendi.
Guilherme - O Miguel descobriu que o maior sonho do seu avô, era comprar terras pra voce, era deixar voce bem de vida, mas infelizmente ele não conseguiu realizar esse sonho antes de morrer... Então nós dois resolvemos comprar alguns hectares pra voce começar.
Felipe - Eu não posso aceitar.
Guilherme - Já esta no seu nome. olha aqui. (Guilherme apontou para o meu nome no contrato).
Felipe - caralho. Isso não ta acontecendo. Eu não mereço isso.
Guilherme - claro que voce merece, e isso é só o começo. Se vai da certo ou não. Só o tempo vai dizer.
Guilherme, e eu deixamos os presentes na sala, e fomos quase nús para o quarto.
xXXXX
No dia seguinte, eu fui para aula com o Danilo, e o Luiz não deu as caras. A noite Guilherme me levou para o jantar na casa do Miguel.
xxxXXX
Miguel - então Guilherme, este é o Bastiann. Bastiann, este é meu irmão Guilherme, e este é o Felipe.
Bastiann nos cumprimentou, e em seguida comemos do buffet que Miguel havia contratado.
O Miguel realmente, iria sair da empresa, e Bastiann aceitou de cara a parceria com o Guilherme.
xxxXXX
O tempo passou, e Miguel viajou para a terra dos familiares de sua noiva.
O Luiz frequentava as aulas normalmente, mas não trocava palavras comigo, e nem com o Danilo.
xXXX
No dia 15 de dezembro, era uma data especial. Dia da minha formatura.
xXXXX
No dia 16 eu fui ao cinema com o Danilo.
Danilo - Porra mano, e quando tu volta?
Felipe - eu não sei cara. O certo é que eu vou estar aqui quando as inscrições para a faculdade começarem.
Danilo - Vou sentir tua falta meu garoto.
Felipe - eu também velho, pode ter certeza.
Danilo - mano, aconteceu uma parada meio estranha.
Felipe - O que?
Danilo - eu fico meio sem jeito em falar sobre isso.
Felipe - fica tranquilo pô. independente do que for, eu não irei juga-lo.
Danilo - é que... (Danilo gaguejou)... Não tem o lance que tu tem com o teu amigo?
Felipe - o Guilherme?
Danilo - isso.
Felipe - o que tem?
Danilo - é que o Luiz se declarou pra mim mano, disse que gosta demais de mim, bem mais que apenas amigo.
Felipe - tu ta de brincadeira.
Danilo - juro.
Felipe - e o que tu acha disso?
Danilo - Não vai rolar, mano. Mesmo que eu curtisse homem, jamais, ficaria com o Luiz depois de tudo o que ele fez.
Felipe - ele te espancou quando tu falou isso pra ele?
Danilo - Não, mas ele chorou muito cara, muito mesmo. E eu não queria ter que fazer isso com alguém, eu sei bem o que é sofrer por amar, sem ser amado. sacas?
Felipe - entendo bem como é isso.
Danilo - Pipoca de qual tamanho? (perguntou ele quando chegou a nossa vez).
Felipe - Jumbo.
Compramos guaraná, pipoca, e entramos na sala.
xxxxXXX
No dia 17 de dezembro eu pegava a estrada, juntamente com o Guilherme. Sentia cheiro de terra molhada, e mata verde.
Guilherme estava no volante. Usava regata, bermuda, e um óculos escuro. Já eu estava o tipico Cowboy.
Felipe - Tu ja viu aonde é essas terras?
Guilherme - ainda não mo. O Miguel acertou tudo com o antigo dono.
Felipe - ha, mas eu tenho certeza que ele fez um bom negocio. As terras pra cá são boas demais.
Guilherme - Mo?
Felipe - Oi?
Guilherme - como era o nome do teu antigo patrão, mesmo?
Felipe - o fazendeiro?
Guilherme - isso!
Felipe - Sr Nicolau. Faz tempos que não o vejo.
Guilherme - voce pode me levar ate a fazenda dele?
Felipe - mas o que voce quer fazer la?
Guilherme - tenho curiosidade de conhecer. Podemos passar na fazenda dele, e a depois vamos para a sua fazenda.
Felipe - Para a nossa fazenda, mo.
Guilherme me deu um beijo, e eu fui passando as coordenadas, ate chegar a fazenda do sr Nicolau.
xXXX
Guilherme - é aqui? (perguntou Guilherme descendo do carro).
Felipe - é sim. Mas ta tudo tão diferente.
Guilherme - melhorou, ou piorou?
Felipe - Com certeza melhor. Bem melhor.
Caminhamos pelo campo, ate chegar a casa grande.
xXXX
Felipe - Artemísia? (coloquei a mão sobre meus olhos para poder enxerga-la melhor).
Artemísia - Lipe?
Felipe - sou eu.
Artemísia deixou a bacia com roupas de lado, e correu a meu encontro.
Artemísia, era uma das funcionarias mais antigas da fazenda.
Artemísia - Como voce cresceu. ta tão bonito.
Felipe - a Sra também. Ta gatona hen!? - E os forrós da vida?
Artemísia - todo final de semana tem. Marminino.
Nós rimos.
Guilherme tirou o óculos, escuros, e cumprimentou Artemísia.
Guilherme - Boa tarde, Artemísia.
Artemísia - Boa tarde.
- E quem é o bonitão aí? (Artemísia, perguntou um pouco alto demais).
Felipe - ele é um amig...
Guilherme - eu sou o namorado do Felipe. (disse ele me cortando).
Eu fiquei feliz. O Guilherme nunca havia comentado com alguém sobre nós dois.
Felipe - E o sr Nicolau, ta aqui na fazenda?
Artemísia - esta sim. Lipe nem te conto.
Felipe - o que?
Artemisia - O sr Nicolau esta caducando!
Felipe - serio? por que diz isso?
Artemisia - ele vendeu toda a fazenda, com nós tudo dentro.
Felipe - vendeu? E ele vai fazer o que agora?
Artemísia - dizem que ele vai morar na praia, mas também vamos combinar neh!? O Sr Nicolau ja ta véio. Os filhos não querem nem saber de aparecer por aqui, tinha mais é que vender mesmo.
Felipe - tou impressionado. Nunca achei que ele faria isso. Pra voce ver como o ser humano é mutante neh!?
Artemísia riu com minha besteira.
Felipe - em qual lugar ele esta? queria falar com ele.
Artemísia - No escritório.
Felipe - eu vou la falar com ele, mas antes de ir embora eu te procuro.
Artemísia - Fica pra almoçar com a gente. Voce e o...?
Felipe - Guilherme.
Artemísia - Isso. voce e o Guilherme.
Felipe - que tu acha, ''Gui''?
Guilherme - eu adoraria.
Felipe - mas tu acha que não vai ter problema, Artemísia?
Artemísia - problema de que?
Felipe - de nós almoçarmos aqui. O sr nicolau nunca deixou agente comer da comida da fazenda.
Artemísia - mas agora ta tudo diferente. O novo dono não é nada amarrado, e deixa todo mundo comer com fartura.
Felipe - opa. Sendo assim, então ficamos sim.
Nos despedimos de Artemísia, e fomos ate o escritório do Sr Nicolau.
xXXX
Sr Nicolau - menino, Felipe.
Felipe - tarde sr Nicolau. Ainda lembra de mim?
Sr Nicolau - claro que sim. Voce não mudou nada, e faz pouco tempo também que voce saiu daqui. Sente-se.
Guilherme - boa tarde.
Sr Nicolau - Boa tarde, Guilherme. Tudo bem?
Guilherme - Tudo ótimo.
Felipe - sr Nicolau, esse é o Gui... Pera ae. voce ja se conhecem?
O Guilherme riu.
Sr Nicolau - O Guilherme, e eu fechamos um acordo aqui na minha fazenda. Eu estou indo embora ainda, Hoje, Felipe.
Felipe - que acordo.
Sr Nicolau - ele comprou.
Felipe - O Guilherme comprou sua fazenda?
Sr Nicolau - Justo.
Felipe - então quer dizer que?
Sr Nicolau - quer dizer que voce é o novo dono disso tudo aqui. Essa era a vontade do Sr Francisco.
Uma lagrima me escorreu dos olhos. Olhei para o Guilherme, e ele sorria pra mim.
Parece que foi ontem que isso tudo começou. Lembro do dia em que meu avô me apresentou para o Sr Nicolau, eu era uma criança. E Hoje aqui estou. Dono disso tudo.
Eu ainda não conseguia raciocinar, era muita emoção.
Felipe - isso é serio?
Guilherme balançou a cabeça que sim.
xXXXX
Depois do almoço, o capataz reuniu todos os funcionários para dizer que eu seria o novo dono da fazenda do sr Nicolau.
Foi um alvoroço só.
Eu que antes havia trabalhado junto deles, agora iria coordena-los.
No fim da tarde, eu juntamente com o Guilherme fomos dar um volta de cavalo. Eu estava empolgado, e queria mostrar toda a dimensão da terra à ele. Queria também falar dos planos que eu tinha, ja que seria dono. Dono. Aquela palavra fazia eco na minha mente.
xxxXX
Guilherme - eu não sei andar de cavalo mo. Nunca nem cheguei perto de um.
Felipe - Meu Deus mo. Não sabe o que está perdendo.
Guilherme - não estou perdendo nada mo. Eu gosto mesmo é de carro, que não tem perigo.
Eu ri.
Felipe - cavalo também não tem perigo algum.
Guilherme - eu não confio. Esses bichos são arredios.
Felipe - eu te ajudo, agente começa de leve. Bora?
Guilherme não aceitou de primeira, mas de tanto eu insistir, acabou cedendo.
xxXXX
Demos algumas voltas, ate ele se sentir seguro, e dai eu o convidei para ir mais longe.
Guilherme - rapaz mo, eu quero voltar pra cidade, vivo.
Felipe - kkkk. Só confiar em mim.
Eu ia tomando as rédeas do meu cavalo, e do cavalo do Guilherme.
Nos distanciamos demais da casa central. Mostrei pra ele todos os pontos da fazenda, e relembrei alguns momentos que eu vivi ali.
xXXXX
Paramos na beira de um açude, onde colocamos nossos cavalos para beber água.
Guilherme - Ta feliz?
Felipe - muito.
Guilherme - missão cumprida então. Eu sempre quis te ver feliz, e não sabia como. Tu gosta mesmo dessas coisas neh!?
Felipe - demais mo. Como não gostar? Olha esse por do sol mo.
Ficamos ali olhando para o horizonte.
Guilherme me puxou para um beijo.
Felipe - quais teus planos, mo?
Guilherme - são os teus.
Felipe - os meus são tocar essa fazenda, melhorar a vida desse pessoal, assar carne toda noite, sem se preocupar com nada.
Guilherme - é moço... Vida sofrida. (disse ele sorrindo) - mas eu vou tentar por voce.
Felipe - Voce vai ficar aqui comigo?
Guilherme fez um suspense.
Guilherme - todo fazendeiro precisa de um advogado.
E me deu um beijo, enquanto a noite escondia o sol.
***************
A vida é complicada, ou somos nós que a complicamos?
Os dias são corridos, ou somos nós que não o aproveitamos por completo?
Somos os maiores sofredores do universo, ou temos preguiça de procurar melhoria?
Sigamos três passos para a felicidade.
1) Erre bastante, errar não é o problema. O problema é cometer os mesmo erros.
2) Ame... mas não ame da boca pra fora. Ame de corpo e alma.
3) Viva... viva como se não existisse um dia após esse. Mas não viva pra bens materiais, não viva
escravo do trabalho, não viva escravo de alguém. Viva pra voce, viva da forma que melhor lhe convém...
♫♫♫♫
Quando o sol bater
Na janela do teu quarto
Lembra e vê
Que o caminho é um só.
Por que esperar se podemos começar tudo de novo
Agora mesmo
A humanidade é desumana
Mas ainda temos chance
O sol nasce pra todos
Só não sabe quem não quer.
♫♫♫♫
FIM!