FIZ MEU AMIGO HETERO SE APAIXONAR POR MIM (HISTÓRIA REAL) - Parte 12.

Um conto erótico de ...
Categoria: Homossexual
Contém 1314 palavras
Data: 18/04/2016 22:02:04

– Tô com muitas saudades de você, Théo.

E aquele “tô com muita saudade de você” soou como um alívio pra mim. Sei lá o porquê, só sei que me deu uma sensação boa.

– Mas você tá aqui por isso? – fui ingênuo.

– Não. Sim. Quer dizer... Eu não sei porque tô aqui. Minha cabeça não para de pensar em você. Quando eu como, penso em você; quando ando, eu penso em você... Não sei mais o que fazer.

– E me ver foi a solução pra tudo isso?

– Sim. Fiz mal em te procurar?

Se ele fazia mal em me procurar? Não mesmo. Mal ele sabia que eu também pensava nele – e no Ícaro – sempre, sempre, sempre...

– Você só não devia estar aqui.

– Não achei que você já tivesse me perdoado... O que eu fiz, pelo menos pra mim, foi errado pra caramba. A gente tava se curtindo e eu me aproveitei da sua situação grave lá no hospital...

– Sabe que eu nem tenho mais raiva de você? Na verdade, nunca tive. Sempre tentei esquecer esse lance, e consegui, de fato consegui. Eu nem pensava nisso mais.

– Mas você não pensar nisso não anula o que eu fiz com você. Mas o melhor é saber que você não tem mais raiva de mim.

– Eu nunca tive raiva de você. Nunca vou ter raiva de você, Dan.

– É bom ouvir isso. É muito bom ouvir isso.

Senti que o Dan tinha ficado feliz mesmo, porque, na maioria dos casos, as pessoas dizem uma coisa e demonstram outras. Ele se despediu de mim, falou que ia trabalhar – o que achei estranho – e se foi. Ia convidá-lo pra entrar, mas resolvi deixar essa situação passar.

Olhei pro meu apê e senti um vazio enorme. Eu me sentia mais sozinho do que nunca. Era triste saber que você tinha “amigos”, mas você não podia falar com nenhum, porque você gostava do único “errado”.

Sentei-me no meu velho e bom sofá e pensei na vida – coisa que eu andava fazendo muito, por sinal. Olhei pro meu notebook e vi que tinha me esquecido de certa coisa: olhar meus e-mails. Pra quem fazia isso toda manhã...

Ao notebook, vi as notícias mais importantes do dia e logo após eu vi meu e-mail. Quando abri, uma surpresa: vários, VÁ-RI-OS e-mails da Nina. É, Nina. Todos eles desesperadores. Não me lembro muito bem se eram de três ou quatro dias atrás, mas era uma coisa assim. Li todos e falavam sobre o quê? Ícaro e suas maluquices. Eu já estava cansado de tudo isso, sinceramente.

Liguei imediatamente pra ela, e ela não atendia. Ligava pro Ícaro e ele também não atendia. Coloquei um calçado e fui pra casa dele. No caminho, não parava de ligar, e ninguém atendia. Fiquei preocupado pelo fato de ninguém atender... Quem pede socorro e não atende o telefone? A Nina!

Já em sua casa, eu batia na porta, chamava... Nada! Toda escura tanto por fora quanto por dentro. Perguntei a alguns vizinhos e uns me diziam uma coisa, outros me falavam outras... Um deles tinha me dito algo que tinha me deixado bastante intrigado. Estava indo ao meu carro e ele me chamou.

– Olha, eu não sei pra onde eles foram, mas eles se mudaram.

– E faz tempo? – perguntei com medo.

– Ontem. Ontem de tarde.

Segui meu caminho, depois de um rápido “obrigado” ao senhor. Ele era macabro. Tinha uma aparência já acabada, beirava seus 90 anos, e seu rosto não dava pra ver um pingo de felicidade. Aquele homem tinha me deixado assustado, não sabia o que fazer. A Nina me pedia socorro e eu sem saber o que fazer. Tudo bem que ela tinha me pedido socorro há quatro dias atrás, mas e daí? O velho me disse que ela e o Ícaro tinham se mudado... Tudo estava estranho. Ainda no carro, eu ligava pra Nina sem parar, para ver se eu conseguia encontrar alguma solução, mas sempre dizia que o número era desconhecido... Tentei ligar pro Ícaro e, depois de umas quinhentas vezes, ele me atendeu.

– Alô, Ícaro?

– Oi, Théo.

– Onde você tá? Quero falar com você...

– Eu também quero fala com você... Pode ser agora?

– Pode. Onde eu te encontro?

– Tô indo aí no seu apê.

Eu nem respondi e ele já me cortou, desligando o telefone. Queria saber o que tinha rolado com eles... Guardei o celular pelo banco do carro e, quando olhei pra frente, uma blitz de polícia estava ali. “Que droga”, eu disse esmurrando o volante. Qual era o problema em ser parado em uma blitz policial? Nenhuma, desde que você não dirija falando no telefone. Encostei o carro e o policial fez a mesma abordagem de sempre. Me deu vários sermões, perdi dois pontos na carteira de habilitação. E o resultado disso tudo: tive que pagar uma multa altíssima, de imediato, pra não ser preso e para não levarem o meu carro. Passei uma hora só tentando resolver aquilo com a polícia... Querem uma dica: nunca dirijam falando ao telefone. Você pode pagar caro.

Estacionei meu carro feito um louco e subi diretamente pro meu apê. Ícaro me esperava no sofá sentado.

– Me desculpa essa demora toda. Fui parado pela polícia e tudo mais...

– Você demorou bastante, mesmo. Tava quase indo embora daqui.

– Bom, eu já pedi desculpa... O que você queria falar?

– Eu quero pedir a sua ajuda. Vou me divorciar da Nina e quero saber se você sabe de algum advogado por aqui no Rio.

– Divórcio? Vocês já vão se divorciar? Ainda vai fazer dois meses de casados e vocês já pensam nisso?

– E tem data certa pra pensar nisso, Théo? A gente é infeliz. Não tem amor.

– Vem cá, onde é que vocês tão morando? Fiquei sabendo que vocês se mudaram daquela casa...

– A Nina se mudou de lá. Só a Nina. Desde que saí daqui naquele dia, eu não voltei mais pra lá. Tô hospedado num hotel bacana.

– Não dá pra entender nada. Juro que não dá pra entender nada.

– Será que eu posso ficar aqui com você, mano? O hotel é legal pra caramba, mas não é a mesma coisa de um apê normal. E se eu for alugar um agora, só pra mim, não vai ser uma boa idéia.

Eu tinha percebido uma coisa: Ícaro estava no mesmo ambiente que eu. E pedindo pra ficar no meu apê. Comigo. Sim, é isso.

– Você quer ficar aqui?

– Se for um problema pra você, eu posso continuar lá no hotel. Só quero saber mesmo do advogado...

– Desde quando você aceita ficar no mesmo teto que um gay? Lembra que você arrebentou a minha cara bem aqui nessa sala só porque eu sou gay?

– Lembro. Lembro muito bem, mas bem pouco, mas lembro. Me arrependo de ter feito isso com você. Eu tava bêbado, não aceitava bem esse lance de opção sexual...

– Opção sexual, não, cara. Eu não escolhi ser assim, ninguém escolheu a sua orientação sexual. Eu nasci assim e tenho orgulho disso.

– Que seja, Théo. Eu não me dava bem com isso, mas por você... Por você, eu aprendi que isso não leva ninguém a lugar nenhum. Quando saí daqui naquele dia, pensei muito no que tinha rolado com você, comigo... Quando eu apareci bêbado aí, todo sujo, fiquei até doente, você me ajudou muito, e eu não podia mais ser daquele jeito com você, só porque você gosta de homem.

– Ainda bem que agora você é sensato.

– Ainda bem, mesmo! Mas e aí, posso ficar aqui contigo, cara?

– Claro que pode!

Eu estava feliz demais. Mas por dentro. Se eu demonstrasse a minha emoção, seria capaz dele sair dali e perceber tudo... Por dentro, soltava balões, fogos de artifício... Duas coisas boas naquele dia: Ícaro ia vir morar comigo e Ícaro ia pedir divórcio. Eu comemorava demais.

Ícaro, finalmente, ocupava o lugar de onde nunca deveria ter saído: o quarto do lado do meu.

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Comentários

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Eu vejo que Ícaro vai muda ,afinal todos merecem uma segunda chance

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Poxa e o Dan?! Poxa é muita falta de amor próprio se "vender" por meia dúzia de palavras, desculpa, mas é o que eu acho.

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Gostei do capítulo! Quero ver como vai ser daqui pra frente!

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Quero mais q o theo se ferre. ele é muito hipócrita, é o pior personagem do conto

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Quanto ao Ícaro: não gosto dele, mas a vida é sua...

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Molhando a mão do policial pra não perder tempo...Olha a corrupção de cada dia...

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eitaa isso nao e uma boa idéia... o theo ta seguindo mt o coraçao .... mas espero q ele nao sofra mais ....

contoo mais q perfeitoooo♡♡♡♡

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Bacana, vamos ver no que vai dar, não deixe de postar logo 🙌🏼🙌🏼

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Acho que não foi uma ideia muito boa! Se o Ícaro estiver confuso com seus sentimentos; ele ficará pior ao ver o Dan te visitando...

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