O apartamento ao qual eu me referi, foi o apartamento do hospital. Geralmente, nos planos de saúde, existe a opção de em caso de internação o paciente ficar num apartamento. Era num desses que estava o Marcos.
Cap.22
Não acreditei no que aquela enfermeira falou. Parecia surreal. E aquilo, de alguma forma me alegrou de uma forma que eu nem consegui descrever. Parecia que eu queria ouvir aquilo. Ouvir que ele me amava.
NO DIA SEGUINTE
O médico pediu para que eu ficasse uma semana em observação. Fez algumas tomografias, alguns outros exames para ver se eu estava bem. No início foi ruim para levantar. Sem prática, meus músculos reclamaram e eu estava ligeiramente sem equilíbrio. Porém, aos poucos fui melhorando. E foi de pé, que vi Enzo naquele dia. Pela manhã, ele entrou no quarto. Estava trocando de roupa quando ele entrou. Ao me ver, sorriu.
-Você não tem noção da felicidade que eu estou sentindo em te ver de pé – falou, correndo para me abraçar. Eu sorri.
-Cuidado Enzo, eu ainda não estou 100 % bem – ele ficou tímido.
-Desculpa... É que eu tô muito feliz... - ele carregava um buquê, como nos outros dias, e uma sacola. Logo trocou as flores antigas pelas novas.
-O que você está trazendo ai nessa sacola ?
-Trouxe algumas coisas gostosas para você tomar café. O médico disse que eu podia, e essa comida de hospital deve ser intragável.
-É muito sem graça...
-Então pronto. Trouxe algumas frutas que eu sei que você gosta. Trouxe tapioca recheada também, e trouxe um suco... - ele estava tão entusiasmado. Estava me contagiando com aquela felicidade.
-Porquê você está tão alegre ?
-Porquê você está bem... - falou, sentando ao meu lado – e você é o meu único motivo de alegria hoje – aquilo me deixou envergonhado. Foi ali que eu percebi. Apesar de tudo, ele ainda me dominava por completo.
UMA SEMANA DEPOIS
E no Sábado, pela manhã, fui acordado por uma gritaria.
-Quem é que está feliz por voltar para casa ? - era ele, entrando no quarto – ainda dormindo Marcos ? Nesse dia tão feliz... Enfim você vai voltar para casa...
-Eu sou preguiçoso, não posso.
-Não num dia como esse... Vamos logo, seu médico me deu os documentos da alta, e eu não quero mais que você passe um segundo aqui nesse hospital. Já bastam os 6 meses que estou aqui diariamente – dizia, me puxando – vamos Marcos, vamos !
-Tá bom Enzo... Eu vou !
MINUTOS DEPOIS
E então, depois de seis meses, entrei no meu apartamento novamente. Eu não sabia o que esperar. Porém, quando entrei vi que o que ele dizia era verdade. O meu apartamento estava intacto, e limpo. Ele havia cuidado dele como ninguém.
-Que bom que isso não está uma zona... - dizia, enquanto entrava.
-Eu falei para você que iria cuidar, não falei... Ah- ele de repente saiu. Continuei andando por dentro do meu apartamento, que estava realmente um brinco. Intacto, como eu havia deixado – olha quem voltou Félix... - e quando ele virou, estava com o meu gato na mão.
-Félix ! - o peguei nos braços – que saudade de você meu bichinho. Está pesado ein, você andou paparicando ele, não é Enzo...
-Não tenho culpa se ele quer comer tudo o que eu como... - ele riu.
-Vai voltar para a linha comigo.
-Depois trago as vasilhas dele. Tinha levado para a minha casa porquê ficava mais prático para cuidar dele.
-Posso conhecer o seu apartamento ?
-Pode, claro... Nós somos vizinhos, então sempre que precisar de uma xícara de açúcar, de um ombro amigo, ou qualquer outro favor, pode pedir. Eu não nego nada a você... - e então eu fui o seguindo. Quando entrei, fiquei feliz. Ele estava conseguindo se reerguer. A decoração era parecida com a minha, e ao contrário da outra casa, eu podia notar a felicidade deles ali – o que achou ?
-É bem bonito... Tem a sua cara – ele riu.
-Não quer ficar para almoçar...
-Não precisa... Eu...
-Você ainda não está em condições de cozinhar ! Fique, eu cozinho para você..
-Tudo bem...
HORAS DEPOIS
Acompanhei ele cozinhar. Durante diversos minutos ficava o olhando. Enquanto o olhava, percebi algumas coisas. Eu já não mais reconhecia o antigo Enzo nele. A imagem que tinha dele se modificava a cada dia. E o interior dele ficava cada vez mais feliz com isso.
-Vamos comer Marcos ?
-Sim, vamos...
E durante os dias que se seguiram, ele estava ao meu lado o tempo todo.
-Posso fazer companhia a você ? - ele perguntava, assim que eu abri a porta.
-Sim.. Entre... - e assim ele passava tardes comigo, me divertindo, me trazendo a felicidade, me fazendo sorrir. E eu ficava ainda mais feliz com isso...
TEMPO DEPOIS
Além disso, ele me ajudou a ficar em dia com tudo o que aconteceu na empresa.
-A empresa aceitou seguir o projeto que eu fiz a respeito dos manipulados...
-Jura ?
-Sim...
-Que milagre ein... Eles quase sempre rejeitavam os meus projetos...
-Vai entender... A empresa cresceu durante os 6 meses que você esteve no hospital e... - durante o tempo em que ele falava, olhava para ele. E notava, o quanto ele havia mudado. O quanto estava responsável. O quanto estava diferente. O quanto ele me atraia. O quanto meu orgulho já não conseguia falar muita coisa – o que foi Marcos ?
-Não... nada... Continue – falei, sorrindo.
DIAS DEPOIS
No primeiro dia em que eu retornaria ao trabalho, não parava de pensar nele. Me olhava no espelho, colocando a gravata, e imaginava o quanto ele tinha mudado. Depois de tudo o que ele fez, não era possível que fosse a mesma pessoa. Me ajudou durante 6 meses, cuidou de mim, da minha casa, do meu gato, da minha vida. E agora, ele tem uma vida idêntica a minha. Qual seria o motivo de qualquer interesse dele ? Na minha mente só se formava um. O amor... E foi por isso que eu decidi dar uma chance a ele novamente.
MINUTOS MAIS TARDE
Parti para a empresa antes dele. E quando cheguei lá, corri para a nova sala dele. Entrei, estava superorganizada. Peguei um papel, escrevi um bilhete.Tirei o cordão, e dessa vez com um pingente adequado, coloquei na mesa...
“Obrigado por ter feito tudo isso por mim durante esse tempo. Eu nunca esquecerei tudo isso. Assim como não esqueci o meu pedido, a alguns meses atrás...”
Continua
E ai??? Gostaram ??? Comentem e Votem Por Favor. Vou dar uma de Globo e anunciar a minha nova história. Espero que gostem...
VEM AÍ, NÃO SE ESCOLHE QUEM AMA
“ Queria juntar as nossas mãos. Não me entendia. Todos, sem exceção diziam que era errado. Diziam que era uma doença. Eu poderia morrer. Mas eu não sei se viver, valia a pena sem ele. Lentamente minha mão caminhou... Quase que involuntariamente. Quando juntei nossos dedinhos, ele não esboçou reação. Depois de alguns segundos, nossas mãos estavam unidas. Meu coração disparou. Até que de repente ele soltou.
-Nós não podemos fazer isso ! É pecado...”
Não, o tema que rodeia essa história não é nada comum. Nunca vi algo igual aqui. Acompanhem, após o término de Enzo. Beijos.
