Gabriel... espera! Cap. 13

Um conto erótico de Mark
Categoria: Homossexual
Contém 1927 palavras
Data: 21/04/2016 10:39:06
Assuntos: Gay, Homossexual

“Essa não fica legal”, “talvez aquela azul com detalhes alaranjados nas bordas”, “droga! Isso não vai dar certo”. Eu estava parado em frente ao meu guarda-roupa escolhendo as roupas que levaria comigo à casa do Gabriel para o final de semana. Nunca me imaginei numa situação dessas e até parecia meio bobo, para ser sincero. É só que eu precisava ocupar minha mente de alguma forma para ter um descanso do assunto “Pedro”, senão eu teria um colapso nervoso de tanto pensar.

A forma escolhida foi montar looks legais que me deixassem atraente. E ali estava eu parado em frente ao meu guarda-roupa procurando algo que fosse bonito e demonstrasse cuidado com o momento. Apesar de achar que minha ultima preocupação deveria ser a roupa que usaria, afinal, se tudo desse certo, não precisaríamos delas, mas era preciso se precaver.

De repente meu irmão entrou pelo quarto correndo e feliz, dizendo que naquela sexta as aulas tinham sido canceladas devido a um surto de intoxicação alimentar nas crianças. A escola estava apurando o ocorrido e até que achassem a origem daqueles problemas preferiram poupar as crianças que ainda estavam bem. Eu não havia ido a aula também, não me sentia preparado.

- Irmão, a mãe disse que você vai dormir fora neste findes...

- Findes?! De onde você tirou essa palavra, menino?

- Ahh o Caio disse que ouviu o irmão dele falando assim e falou que a gente deveria falar assim também pra ser legal.

- Meu Deus, Gabriel! Só vocês mesmo. – eu disse rindo daquela situação – Sim, eu vou mesmo dormir fora no “findes”.

- Posso ir com você? – por um minuto passou pela minha cabeça a cena do meu irmão junto comigo na casa do grandão... é, melhor não.

- Claro que não, menino!

- Você vai fazer aquelas coisas de adulto? – neste momento eu fiquei estático.

- Q-que coisas de adulto, príncipe?

- É que o Caio falou que ouviu o irmão dele e a namorada conversando muito alto e ela parecia cantar alguma música estranha, porque diz ele que ouvia muitos “ohs” e “ahs”, aí como a porta tava fechada ele perguntou pro Maurício (irmão do Caio) depois o que eles estavam fazendo, aí o irmão dele disse que estavam tendo uma conversa de gente grande... – eu ainda estava imóvel.

- NÃO, AMOR! O irmão vai fazer um trabalho da escola que vai demorar muito. – eu vou ter mesmo algum trabalho.

- Ahh sim... e quando é que eu vou poder conversar igual gente grande também, Mark?

- Eu espero que você fale como uma criança por muito tempo! – comecei a fazer cosquinhas nele e caímos os dois no tapete olhando para o teto. – Não tenha pressa de crescer, Gabriel. Ser grande é chato e você tem que se concentrar em crescer da forma mais divertida e saudável possível.

- Credo, não entendi nada do que você falou, irmão, mas deve ser alguma coisa bem legal. – eu ria da carinha de confuso que ele fazia.

- Não precisa entender – eu disse entre risos – é só crescer como um bom menino que você é.

Neste momento eu ficava imaginando como seria quando ele tivesse idade para saber e fazer certas coisas. Como seria ter a conversa sobre de onde vem os bebês com ele? Como seria falar sobre camisinha? Sobre puberdade? E, pior: como eu contaria para ele que eu era gay? É, eu estava fazendo de novo, me antecipando a coisas que só viriam dali a muito tempo. Era melhor deixar o tempo se encarregar dessas coisas.

Continuamos deitados por algum tempo, até que eu percebi que o safadinho estava cochilando no chão. Peguei-o no colo e coloquei na cama. Beijei sua testa, fechei as cortinas e saí do quarto. Fui ao quintal que tinha um pequeno banco de madeira à sombra de uma árvore grande. Há muito tempo eu não fazia isso: tirar um tempo para mim, para minhas reflexões e acho que nunca me fez tanta falta como naquele momento.

Neste dia minha mãe estava de folga do trabalho, então ela estava cuidando da casa. Particularmente eu acho que eu Gabriel dávamos conta da manutenção da casa, mas ela dizia que precisava estar tudo sempre limpo. Enfim, a faxina grossa ficava por conta dela, que gostava de fazer isso pessoalmente, enquanto eu e meu irmão cuidávamos no que podíamos quando ela estava ausente.

Eu estava viajando quando senti que alguém havia se sentado no banco. Era ela. Não disse e nem fez nada, apenas sentou-se ao meu lado por algum tempo, até que ela mesmo quebrou o silêncio.

- Acho que tem muito tempo que não conversamos, Mark! – eu não respondi nada, fitei o nada e assim permaneci. – Aparentemente eu não sou uma mãe tão boa quanto deveria, porque meus filhos não demonstram mais nenhum tipo de carinho comigo. O Gabriel respeita mais a você do que a mim, que ao seu pai eu nem digo, porque é óbvio que ele tem medo.

- Mãe, é só que ele é bastante apegado a mim, não tome como algo pessoal.

- Eu sei! Acho linda essa amizade de vocês, mas às vezes parece que eu perdi vocês. Parece que meus meninos que eu gerei, alimentei, cuidei, dei carinho, acalentei, passei remédio, ensinei a andar [...], se perderam de mim, e isso me dói.

- Uai, se a senhora acha isso, já parou pra pensar que deve ter feito ou não feito algo neste percurso?

- Você quer me dizer alguma coisa? – ela me olhava atenta.

- Não, mãe. Não tenho nada a dizer. – baixei a cabeça pensativo, afinal ela ainda era minha mãe.

- Olha, eu sei que ultimamente eu não tenho sido a melhor pessoa com você, principalmente, mas eu continuo querendo só o melhor pra vocês.

- Nada, mãe. Você não tem que se justificar. – ela ficou em silêncio.

- Enfim, eu sei que você faltou aula ontem e hoje dizendo que está com enxaqueca, mas eu sou sua mãe e sei que tem mais coisas. Você quer me contar? – balancei a cabeça em negação. – Fala comigo, meu filho. Eu quero fazer mais coisa por você, quero ser presente na sua vida, quero te ajudar, Mark. – ela levou suas mãos ao meu rosto e me fez olhar em seus olhos. Neste momento não pude segurar as lágrimas e irrompi em um choro triste. Eu estava segurando aquilo por muito tempo. Foi então que ela me abraçou.

Fui pego de surpresa, mas me agarrei aos braços de minha mãe chorando, sem saber exatamente o porquê.

- O que foi meu filho? Me conta o que houve. – eu não me sentia seguro em contar o que era. Na verdade eu queria dizer tudo: que eu era gay, que eu estava envolvido com um cara, que meu melhor amigo estava apaixonado por mim, mas algo me impedia de dizer, de contar. Eu tinha medo da reação dela, porque sabia que era uma religiosa praticante e já havia me dado sinais de que não seria meu favor caso eu me tornasse homoafetivo. Como se eu tivesse escolha.

- Não é nada, mamãe. Eu só estou cansado de tanta coisa no trabalho, na faculdade, fora uns problemas com um amigo meu...

- Entendi. Deve ser só cansaço, então. – ela desfez o abraço, enxugou minhas lágrimas e olhou nos meus olhos. – Querido, a vida não é fácil, mas você sempre pode contar comigo para o que precisar. – beijou minha testa e saiu dizendo que precisava cuidar do almoço e ver o Gabriel.

Fiquei sentado ali por mais um tempo, dessa vez sem chorar. Me doía tanto o fato de eu não poder viver minha vida da forma como eu me sentia melhor. Algumas pessoas podem dizer que isso é coisa de gente fraca, que não corre atrás do que quer. Eu digo que isso é a mais pura expressão do medo de ser rejeitado, de não ter para onde ir, de ficar à mingua sem proteção das pessoas que ama.

Por outro lado eu sabia que um dia eu reuniria as forças e as condições necessárias para me libertar. Não que eu vivesse numa prisão de todo, mas ainda assim eu parecia um prisioneiro em regime semiaberto.

Eu ansiava pela liberdade, mas entendia que eu precisava me adaptar ao tempo das coisas. O tempo... sempre ele. Eu não tinha condições de me manter e por isso teria que aceitar essa parte da minha vida por enquanto. Além do mais, é claro que eu dava meu jeito; João e Gabriel eram provas disso. Não era como se eu fosse um "vegetal" né.

Enfim, despertei dos meus pensamentos com minha mãe chamando para o almoço. Não sei quanto tempo eu fiquei ali sentado, mas sei que aquele foi um tempo importante para minha reflexão.

- Mark, acorda seu irmão para almoçar!

Subi as escadas em direção ao quarto e vi que Gabriel estava todo esparramado na cama. Não era ideal que ele dormisse a manhã toda, porque a tarde era o horário ideal para isso. Mas é que ele dormiu tão pesado que ficamos com receio de acorda-lo.

Sentei ao seu lado na cama e passei a dar beijos em sua bochecha.

- Gabriel! - eu o chamava carinhosamente. - Acorda, amor, você precisa comer.

Ele ia abrindo os olhos lentamente e ao me ver sorriu.

- Ei irmão! - espreguiçando-se me abraçou. Era incrível como entre eu ele havia uma situação de conforto que encontrávamos um no outro. Isso era reconfortante.

Levei Gabriel ao banheiro para lavar o rosto e depois fomos em direção à cozinha para almoçar. Quando chegamos ele estranhou a presença de nossa māe e fez uma carinha fofa de confusão. Eu ri e saindo puxando ele para a cadeirinha à mesa.

- Eu já sou grande! Não preciso comer nessa cadeira chata.

- Ah é mesmo?! Então senta aqui do meu lado. - quem falou foi nossa mãe e ele me olhava como se procurando aprovação. Fiz sinal positivo com a cabeça, incentivando-o a sentar-se com ela. Apesar do receio, ele sentou ao lado dela e eu pude perceber que a matriarca de nossa família estava feliz com aquilo.

Almoçamos tranquilamente, como uma família, mas estava na hora de eu me apressar e me arrumar para ir ao trabalho e depois casa do Gabriel(zão).

Fui ao banheiro, me higienizei, usei uma máscara anti cravos, tomei banho, lavei muito bem cada parte do meu corpo e fui ao quarto. Escolhi uma roupa legal, preparei uma pequena mala com roupas extras, caso preciso, e alguns itens de perfumaria. Me sentia ridículo, mas sabe quando você quer que a coisa funcione?! Então.

Enfim, estava na hora do trabalho... me despedi com um beijo e uma bagunçada de cabelo no Gabriel(zinho), abracei minha mãe, dei um beijo em seu rosto e fui ao ponto de ônibus.

Cheguei ao escritório, fiz o mesmo ritual de esperar o elevador, mas fui surpreendido quando ouvi meu nome ser chamado como num grito.

- Mark... espera! - olhei em direção ao meu interlocutor e era o Gabriel. Estava tão lindo naquela polo azul cobalto, contrastando perfeitamente em sua pele dourada e seu sorriso branco. - E aí, tudo certo?

- Comigo ou pra hoje? - ele corou.

- Os dois, oras!

- Ahh eu vou bem; sobre hoje tudo de pé! - eu corei.

- Beleza! - ele disse sorrindo e esfregando as mãos.

Ele me deu um rápido beijo e saiu pela porta me deixando ali, mais uma vez, pensativo se de alguma forma aquela era mesmo uma boa ideia. Como eu li em algum lugar “penso que eu penso demais”. Estava na hora de aceitar o que viesse e esperar chegar o fim do dia.

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É, não demorei tanto dessa vez... gratidão a todos vocês pelas leituras, votos e comentários :-*

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Comentários

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Amei. muito bom espero que vc volte a postar esse conto. to doida pra saber o que vai dá esse fds. bjos

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Ansioso para saber no que vai dá esse fim de semana do Mark com o Gabrielzão... amando o conto!

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