Gente? Tem alguém aí?><
Eu já tinha publicado um conto antes mas acabei por excluir, até mesmo porque ele estava parado kkkkkkkkkkkkkk
Aí eu decidi publicar esse, espero que alguém leia e goste :3
Esse é só um "pré-capítulo" para situar o enredo base, mas vocês já sabem como funciona rsrsrs'
Primeiro capítulo será postado em seguida :D
É isso, aguardando ^~~^
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Quando eu era mais novo eu era sempre o mais sacaneado da turminha. Meus pais, sempre me mimando, acabaram criando uma criança inocente e, consequentemente, influenciável de mais. Os meninos mais velhos sempre se aproveitavam de mim; inclusive nas brincadeiras. Nesse período era sempre o Guilherme que me defendia dos ‘moleques’ do bairro. Ele, do alto dos seus dez anos de idade, sempre se metia no meio dos meninos para intervir em qualquer maldade que fossem fazer comigo. Não tínhamos muita amizade, apesar que fosse comum ele viver na minha casa por causa da amizade de nossos pais, devido aos nossos quatro anos de diferença, mas, eu sabia que no que fosse preciso, ele me defenderia. E, de fato, foi assim; pelo menos até o dia em que ele precisou ir embora. O pai detinha parte da empresa da família e ficara destinada a ele a tarefa de dar início à uma filial nos Estados Unidos. Foi um dia triste quando ele foi embora. Lembro de termos levado ele e a família ao aeroporto e, quando já em casa, eu ter me trancado no banheiro e chorado muito. Chorei como nunca havia chorado. Sabia que a partir daquele ponto eu não teria ninguém mais para me defender. Para mim, eu havia sido deixado sozinho no inferno.
Depois que da partida de Guilherme eu ainda sofri algumas violências e ameaças, mas com o tempo parei de brincar na rua. Fui me fechando aos poucos; primeiro para os amigos, depois para os pais. Aos poucos fui me tornando irreconhecível. Com os meus pais sempre trabalhando e nunca me dando atenção, passei a cultivar dentro de mim um certo ódio. Uma raiva imensa de tudo e de todos, que ameaçava me sufocar a qualquer instante. Os anos passavam e eu só me sentia cada vez mais deslocado. Ora fazia planos de fugir pelo mundo sem dar notícias, ora de apenas ir morar em uma cabana escura no meio da floresta. Eu simplesmente não tinha ideia de quem eu era ou o que estava fazendo ali. Foi quando, no sexto ano, comecei a andar com uma galera “da pesada”. Eles sempre ficavam em frente à particular que eu estudava esperando um menino sair. Eu já havia visto ele pelos pátios na hora do intervalo, mas ele era sempre muito reservado. Tinha poucos amigos, falava menos ainda. A calça caindo, as camisetas largas e até o seu jeito de falar sempre o faziam parecer fora de lugar em meio aos metidinhos bem-arrumados daquela escola. Fui me aproximando desse menino e rapidinho saquei a dele. Ele falava de festas, sexo, drogas, e um milhão de gírias difíceis de acompanhar. Foi por intermédio dele que entrei naquela turminha. Eles fumavam, bebiam, faziam piadas de cunho sexual uns para com os outros, saiam para festas juntos. Eles eram muito próximos, sem segredos, riam alto no meio da rua e viviam alegres como se nada, nem ninguém no mundo todo, pudesse censurá-los. Eu queria ser igual eles.
Com o tempo virou rotina que eu saísse com eles depois da escola. Comecei a beber, fumar, falar gírias e palavrões. Adotei toda uma postura free que passou a me diferenciar no meio da multidão. O menino do recreio, Samuel, passou a ser meu melhor amigo dentro da escola. Juntos éramos desejados pelo nosso modo rebelde de viver. Eu nunca havia sido tão notado. No começo meus pais se preocuparam um pouco com a minha mudança, mas em questão de uma semana passaram a me ignorar de novo. O que preocupava mais os meus pais era o fato de eu estar andando com ‘pessoas de classe social mais baixa que a minha’, parafraseando minha mãe. Eu não me importava, é claro, pois quando estava com eles toda aquela raiva que eu sentia do mundo desaparecia. Com isso, passei a chegar cada vez mais tarde em casa, sempre bêbado e drogado.
Todas essas mudanças me levaram a um mundo onde eu podia tudo; todas as meninas me queriam, todos os meninos sonhavam em ser como eu. Eu entrei de cabeça em um universo movido a álcool, fumaça e sexo, e o melhor de tudo: Eu recebia tudo isso de bandeja. Pouco a pouco, dia após dia, eu deixei aquele menino inseguro de lado para me tornar a última palavra em rebeldia; cada vez mais envolto naquele obscuro mundo que eu passei a adorar. O Guilherme, junto com o resto da minha vida passada, havia sido arrastado para um canto nublado e frio da minha memória. Provavelmente para não voltar.
