BELEZA MORTAL IX
Antônio deixou a mulher descansar um pouco, dando um tempo deitado para ele mesmo se recuperar. Percebeu que, por mais incrível que parecesse, ainda estava com vontade de copular. Depois, recomeçou o interrogatório. Ela continuava algemada à cama. Ele fez a primeira pergunta:
- Como é teu nome, jovem gostosa? – Desta vez ele adotou nova tática para interroga-la.
Ela sorriu. Espreguiçou-se, antes de responder:
- Mirtes. Não tenho sobrenome, se é isso que vai perguntar em seguida...
- Quem te contratou, Mirtes?
Ela sentiu um arrepio na espinha. Pediu para não dizer, pois poderia morrer por causa disso. Antônio deu de ombros, antes de garantir:
- Já disse que te protejo. Com a minha própria vida, se for preciso. Mas terá de me dar nomes, garota...
- Fui mandada te seguir pelo padre Lázaro e sua companheira, aquela bruxa!
Dessa vez, Antônio é quem sentiu um arrepio na espinha. Engrossou a voz, mostrando-se zangado:
- O maldito padre Lázaro está morto, garota. Tanto ele como a Madre Superiora. Estavam encarcerados na sede da Polícia Federal, ano passado, quando isso aconteceu. Estive, inclusive, nos funerais dos dois (ver A Freira e o Negrão de Estimação).
- Aquilo foi uma farsa muito bem executada por minhas irmãs. Duas delas invadiram as celas onde estavam instalados os prisioneiros, disfarçadas de advogadas, e mataram os dois. Eu e uma outra irmã minha ficamos encarregadas de resgatar os corpos depois de enterrados.
- Que merda você está dizendo? Para que iriam querer resgatar os corpos, se ambos estavam comprovadamente mortos? – Ele estava incrédulo.
- É uma longa história – disse ela –, mas você pode confirmar o que eu digo mandando exumar os corpos. Verá que não estão mais lá. Então, façamos um acordo: você me liberta e me dá dinheiro para eu fugir para bem longe daqui, se eu estiver certa. Senão, pode me prender. Mas minha vida não duraria por muito tempo, pode acreditar!
Antônio ficou indeciso. Depois, mostrou o endereço que o taxista Adriano havia dado para ele.
- Reconhece este endereço?
Ela não precisou olhar muito para o pedaço de papel. Respondeu imediatamente:
- É da clínica onde se trata a esposa do seu amigo taxista. Ela é apenas mais uma cobaia, como eu. Logo estará morta.
- Como assim? – Estava cada vez mais surpreso, o quase sessentão.
- Os comprimidos. Controlam a nossa pressão arterial. Sem eles, podemos literalmente explodir. A menos que façamos sexo diariamente. Sexo, também, estabiliza o nosso fluxo sanguíneo.
- Mais uma pergunta, para a gente ir cuidar da vida, garota: conhece esse rapaz? – Perguntou o coroa, mostrando uma foto de Santo.
Ela olhou detidamente para a foto, mas balançou negativamente a cabeça.
- Rapaz bonito. Mas nunca o vi. Quem é ele?
Antônio estava certo de que ela não o conhecia mesmo. Parecia sincera. Então, soltou-a das algemas e pediu que ela fosse tomar uma ducha. Enquanto isso, ele ligava para o delegado seu amigo. Pedia para que ele exumasse o corpo e confirmasse o que Mirtes havia dito.
- Para exumação de corpos, tem todo um processo, Antônio. Não é assim de uma hora para outra – advertiu o delegado.
- Então, esqueça. Não tenho tempo a perder. Estou indo checar mais uma informação e depois vou aí, para a gente conversar – e encerrou a ligação.
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Antônio parou o carro defronte à clínica cujo endereço estava no papel. A jovem Mirtes também indicara o caminho até lá. Antes de descer do carro, porém, ele a algemou ao volante. Disse que já voltava e mandou-a aguardar sem tentar fugir. Ela estava visivelmente apavorada de ser deixada sozinha, mas ele prometeu voltar num instante. Quando o fez, no entanto, achou a pobre mulher com a garganta mortalmente cortada. O banco do carona, onde ela estava sentada, estava todo sujo de sangue. Antônio procurou em volta, avistando uma câmera que deveria cobrir aquela área do estacionamento. Entrou novamente na clínica, de arma em punho. A recepcionista, que o havia atendido tão bem minutos atrás, apavorou-se. O vigilante que estava perto dela, também. Ele pediu desculpas pelo susto provocado, mas precisava das imagens da câmera do estacionamento. Ela lhe deu um disquete imediatamente. Ele disse ser policial e pediu que ela chamasse uma viatura. Informou que, no tempo em que estivera conversando com ela, haviam assassinado alguém na frente do estabelecimento médico. A mulher, apavorada, ligou para alguém de dentro da clínica. O vigilante perguntou se poderia sacar sua arma e ir ver o que estava acontecendo. Antônio saiu com ele, mostrando a moça assassinada ainda à luz do dia, nas dependências do estacionamento. O homem aperreou-se. Garantiu que não havia visto nenhum movimento suspeito antes, no momento em que Antônio havia estado conversando com a atendente.
Pouco depois, apareceram outros vigilantes da clínica e quiseram deter Antônio. Ele informou que a polícia já deveria estar vindo. Mas os caras queriam recuperar o DVD de gravação da vigilância do local. Antônio não cedeu. Um dos vigilantes quis tomar o objeto na marra e levou um murro tão potente do ex-pugilista que caiu desacordado. Os outros ficaram indecisos se atacavam ou não o coroa. Então ouviram as sirenas da polícia e resolveram aguardar.
Os policiais que vieram na viatura já conheciam Antônio e facilitaram as negociações. Porém, de última hora, apareceu a responsável pela clínica. Disse que não permitiria de jeito nenhum que a polícia levasse o disco original com as imagens do estacionamento, mas poderia disponibilizar uma cópia. Antônio estava desconfiado da atitude dela, uma senhora muito bonita, muito parecida com a moça recém-assassinada. Mesmo assim, voltou a entrar na clínica, de modo a fazerem a duplicata. Queria que fizessem a cópia na sua presença. Um dos policiais entrou com eles, mas, assim que ficaram a sós numa sala, o sujeito sacou da arma e apontou para Antônio. Antes que o coroa reagisse, a mulher cravou-lhe nas costas uma seringa com algum tranquilizante. A cabeça começou a girar e Antônio caiu pesadamente no solo.
- Leve-o para junto do filho, mas sem que ninguém da clínica o veja. Imobilize-o também, de modo que não consiga fugir. Depois, diga para os seus companheiros que ele conseguiu fugir com o disco.
- Sim, senhora – respondeu o policial – farei isso imediatamente. E saiu apressado da sala, voltando pouco depois com mais dois policiais. Os três eram bonitões, quase parecendo gêmeos. A mulher sorriu, satisfeita, quando levaram Antônio desacordado.
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Antônio piscou os olhos várias vezes, antes de permanecer com eles abertos. A mulher que o desacordara com uma injeção estava sorridente, junto a ele.
- Não está me reconhecendo?
Antônio mirou-a por uns instantes, antes de responder:
- As feições me são totalmente estranhas. A voz, porém, me lembra a de alguém que conheci há muito tempo. Não me diga que...
Aí um rapaz invadiu a sala. Parecia irritado. Dirigiu-se à mulher, pois pareceu não ter visto Antônio:
- Havíamos combinado de que não haveria mortes. Acabo de saber que houve um assassinato bem defronte à clínica. Exijo uma explicação!
Antes que a mulher respondesse, o rapaz viu Antônio. Espantou-se por ele estar fortemente amarrado.
- O que está fazendo aqui, meu pai? E por que está amarrado?
- Oi, meu filho, estive procurando por você, desde que sumiu. Consegui este endereço, mas fui surpreendido por essa mulher e seus cúmplices.
- Você não recebeu meu recado? – Estranhou o rapaz.
- Seu recado não chegou até ele – intrometeu-se a linda mulher – foi interceptado pelo nosso inimigo em comum.
Antônio olhava para um e para outro, sem saber do que estavam falando. Foi preciso que o jovem explicasse:
- Acho que não a está reconhecendo, papai. Esta é a doutora Bauer. Eu a estou ajudando em suas pesquisas. Porém, achei que já soubesse, pois mandei uma de suas ajudantes com um recado meu, justamente lhe informando onde estava e dizendo que poderia demorar a voltar para casa.
- Bem que imaginei que fosse você, maldita. Seu rosto está irreconhecível, mas sua voz ainda lembra a médica que conheci. Onde está seu maldito cúmplice? Soube que, ao contrário do que a polícia pensa, ele está vivo.
- Eles não são mais cúmplices, pai. O padre Lázaro quis matar a doutora, depois que ela descobriu uma nova fórmula milagrosa de rejuvenecimento.
- Santo tem razão. Eu e Lázaro somos, agora, inimigos. Ele juntou-se à madre superiora e estão ambos querendo roubar as minhas experiências. Por isso, pedi proteção a Santo.
- E você acredita nessa víbora, meu filho? Ela me drogou à traição. E deve ter matado a jovem que estava comigo. A polícia, também, tem gente paga por ela.
- Sim, isso é verdade: eu pago a alguns policiais, mas não da forma que pensa. Além de que, eu não poderia deixar aquele disquete chegar às mãos da Polícia Federal. Se o que a câmera de vigilância gravou é o que penso, eu seria incriminada como cúmplice do padre Lázaro. Se não acredita, podemos ver a gravação juntos, agora mesmo – garantiu a mulher. Mas antes, eu vou precisar de minha dose diária. Quem se habilita?
- Você poderia contemplá-la, pai? Eu estou esgotado. Tive que atender a algumas pacientes, hoje...
- Do que você está falando?
A doutora sorriu docemente. Ajoelhou-se perante o coroa e abriu o zíper da calça dele.
- Pode nos deixar à sós, por um instante, Santo? Gostaria de matar uma velha saudade. Enquanto isso, pegue este disquete e vá assisti-lo em algum dos aparelhos de DVD da clínica. Verá que as minhas suspeitas não são infundadas – Pediu a doutora.
Santo saiu levando o disco. A doutora Bauer ajeitou-se entre as pernas de Antônio e começou a massagear seu pau. O coroa sabia que ela precisava se alimentar de porra, para manter a aparência jovem. Mas as feições da mulher estavam muito diferentes.
- Você fez plástica?
- Não, bobo. Meu corpo é resultado da nova fórmula que criei. Mas ainda a estou aperfeiçoando. Santo tem me ajudado muito. Mas, depois, a gente fala sobre isso. Deixe eu matar a saudade deste caralho. Será que ainda é gostoso como eu me lembro dele?
Antônio não respondeu. Apenas fechou os olhos e voltou o rosto para o alto. Estava sentado, amarrado a uma cadeira giratória. Lembrava-se de como ela chupava bem. Desta vez, não foi diferente. Ela roçava as unhas em seu cacete, provocando-lhe um arrepio de prazer. Sua boca era quentíssima e, por um momento, lembrou a da jovem assassinada defronte à clínica. Balançou a cabeça, querendo afastar esses pensamentos. Ela abocanhou mais o seu membro. Ele relaxou. Sabia que não iria demorar muito a ter um orgasmo.
FIM DA NONA PARTE