Não vi mais o Hugo nos quatro anos seguintes depois daquela conversa. E tinha sido mesmo uma longa conversa, que não parou nem com a chegada do Lipe, que entrou em casa e meio assustado, depois que viu o tio Hugo na sala, foi direto pro quarto e não saiu mais de lá. Hugo falou pra eu ir logo até ele e dizer que estava tudo bem, que estávamos conversando sobre outra coisa, que não tinha nada a ver com ele. Fiz isso e Lipe se acalmou. Garanti que ele ficaria lá, pra não atrapalhar, e retornei à conversa com o tio Hugo, que se prolongou quase até o início da noite.
Uns quinze dias depois, resolvi perguntar ao meu pai porque o Hugo não ia mais lá em casa e se eles estavam brigados. Ele riu e disse que não ia brigar nunca com o Hugo, mesmo que o Hugo quisesse, que eles eram como irmãos. Mas que as coisas no escritório estavam difíceis.
– Acho que o seu tio acha que é melhor ficar um pouco afastado quando não estamos no escritório. São muitos problemas, a cabeça da gente fica cheia. Então, a gente ia acabar falando nessas preocupações o tempo todo, sem relaxar. É melhor cada um ficar no seu canto quando estivermos fora do expediente, entende? Eu acho que ele está certo.
– Poxa, que pena.
– Você gosta muito dele, né, meu filho? Desde pequeno.
Concordei com a cabeça. Eu sempre fui muito ligado ao tio Hugo, e isso desde que eu nem sabia falar ainda. Quando eu nasci, eram todos muito jovens. Meus pais tinham 18 anos, e Hugo, que praticamente foi criado com ele, era um garoto de 13. Imagina como esse bando de jovens recebeu aquele bebezinho... Sem problemas financeiros e com apoio de ambas as famílias, eu nasci por acidente mas não era um estorvo. Na verdade, imagino que pra eles eu fosse quase que um brinquedo!
Meus pais se casaram justamente por causa da gravidez, mas acho que teriam se casado de qualquer forma. O meu nascimento só adiantou as coisas. Meu avô providenciou um apartamento pra eles, muito próximo da casa onde moravam, e a família da minha mãe entrou com a mobília. O “acidente” do meu nascimento não foi nenhuma desgraça pra eles, tanto que os dois não atrasaram os estudos e se formaram sem problemas, e não tive uma infância ruim: nada faltou lá em casa, e eu nunca soube de grandes desentendimentos entre meu pai e minha mãe.
Mesmo depois de casar, meu pai continuou muito próximo do tio Hugo. Quando nasci, foi mais uma razão pra ele passar muito tempo na casa dos meus pais, e não me lembro de minha mãe lembrar disso em tom de reclamação, embora pudesse ser chato ter um garoto enfurnado na sua casa quando se é recém-casada. Para o tio Hugo, com apenas 13 anos, eu devo mesmo ter sido um “brinquedo”, ou mesmo um bichinho de estimação, e ele vivia pra cima e pra baixo comigo.
Depois daquela primeira investida com meu pai, passou um tempo e eu voltei ao assunto. Estava com saudade do Hugo e, além disso, estava preocupado: era muito estranha aquela ausência dele, principalmente depois do flagrante que ele tinha me dado. Ele e papai eram como unha e carne. Ele vivia indo lá em casa e de repente eu não o via mais, só sabia dele de ouvir falar. Talvez fosse só uma fase, porque isso já tinha acontecido várias vezes: quando ele estava num romance, meio que sumia. Ele só aparecia com a namorada muito tempo depois, ou às vezes nem chegávamos a conhecer ela. Quando ele voltava a ficar mais frequente, todo mundo já sabia que o romance tinha acabado. Mas era estranha a coincidência dessa vez. Ele conversou comigo sobre o acontecido e imediatamente sumiu. Podia mesmo ser coincidência, mas era estranho.
Aquele sumiço do Hugo tinha um lado bom, porque eu continuei comendo o Lipe às escondidas e, como ele já sabia de tudo, se ficasse muito lá em casa poddia perceber alguma coisa só de ver a gente junto. Sem ele, era mais tranquilo. Mas o lado ruim era maior, porque eu gostava dele, e fiquei gostando mais ainda depois dessa história toda. Eu pensava muito no tio Hugo e umas coisas que ele tinha falado volta e meia voltavam à minha cabeça, com a voz dele mesmo, e meu pau subia na hora. Até na sala de aula isso acontecia, e uma vez até quando eu fazia uma prova!
Eu estava pilhado pra saber se tinha havido algum problema. Talvez no fim das contas o Hugo não tivesse cumprido a palavra e tivesse insinuado que eu estava trepando, sem dizer com quem, mas que não era com mulher, e meu pai tivesse puto dele dar a entender que eu pudesse ser viado. Sei lá, um monte de coisas que me davam medo passavam pela minha cabeça, e o pior mesmo era a saudade dele. Eu não perguntava muito por ele pra não chamar a atenção, embora na verdade não tivesse nada demais eu perguntar, porque eu era mesmo muito grudado nele e era natural que eu sentisse a sua falta.
– Você e o tio Hugo ainda não fizeram as pazes?
– Nós não brigamos. – meu pai repetiu mais uma vez.
– Mas ele se afastou da gente.
– Agoira é por causa de uma mulher.
Sorriu, olhando para o bife que estava cortando, e murmurou:
– Mulher tira a gente do sério...
– Ele está namorando? – eu quis saber.
– Apaixonadíssimo.
– O tio entende de mulher, né, pai.
– Não mais do que o seu pai. Ninguém entende uma mulher melhor do que o teu pai – minha mãe falou.
Papai retribuiu com um sorriso, depois emendou:
– Eu que ensinei o Hugo a pegar mulher. Ele era um bobo, não sabia chegar.
– Não fala isso, Nestor.
Meu pai voltou-se pra mim, sem atender a recriminação da minha mãe:
– Ele era mais garoto que eu. Então eu fui na frente e depois ensinei o caminho das pedras pra ele. Coisa de irmão. O Hugo é meu irmão.
Eu só fiquei lembrando daquela nossa última conversa. Hugo quis fazer pra mim mais ou menos a mesma coisa que, pelo visto, meu pai tinha feito com ele. Achei bacana isso.
– Você que ensinou?
– Claro. Ele só ficava manjando as gatas que eu arrumava, ficava perguntando coisas como quem não quer nada, umas vezes nuns amassos lá em casa peguei ele de butuca ... Nessa idade de vocês os hormônios mandam na gente. Então, dei uma ajuda a ele. Eu pegava muita mulher...
– Não exagera, Nestor. Nem deu tempo pra isso.
– Você é que não sabe...
E olhou pra mim, com um sorriso cúmplice. Aproximou-se e, fingindo cochichar ao mesmo tempo que olhava pra minha mãe, completou:
– Ela finge que não sabe...
Meu pai e ele foram criados praticamente juntos. Os pais do Hugo morreram quando ele era bem pequeno e eram vizinhos da minha avó. Quando eles morreram, uma tia dele resolveu criá-lo, muito a contragosto, e se mudou pra mesma casa onde eles moravam, vivendo lá com o Hugo. Minha avó se afeiçoou ao órfão, porque com o parto do meu pai ela teve problemas e não poderia ter mais filhos, e a tia dele trabalhava fora e não tinha com quem deixar o garoto. Mas ela também não era de dar muita atenção a ele mesmo. Minha mãe dizia que essa tia só tinha ficado com ele pra criar por causa da casa, mas não sei se é verdade.
– Seu tio é romântico... se apaixona... depois fica com o coração partido...
– Mas ele gosta. – minha mãe completou.
– Gosta não, adora. Depois fica pronto pra outra, levanta a cabeça e se apaixona de novo.
– É bonita a namorada dele?
– É... – fez um certo muxoxo. – Não é lá tão bonita assim, mas é bonita.
– Achei ela muito simpática. Parece boa pessoa. – comentou minha mãe.
– Ela é mais gostosa do que bonita.
– Nestor!
Eu e papai nos entreolhamos e rimos da bronca da minha mãe. O assunto acabou aí, mas não muito tempo depois, ouvi uma conversa dos dois, meu pai e minha mãe, sobre a saída de Hugo da sociedade com meu pai. De novo, perguntei se eles tinham brigado. Ele disse que não.
– Seu tio resolveu largar tudo. Tudo aqui na cidade. Comprei a parte dele da firma e com esse dinheiro e o da venda do apartamento dele ele comprou um sítio em deus me livre, gastou uma nota com um equipamento de comunicação de dados por rádio e vai trabalhar de lá. Mas comprou um quarto-e-sala aqui, pra quando vier.
– Ele não vai se despedir da gente?
– Já se despediu e já foi pra lá.
– Assim sem mais nem menos, pai?
– Ele está todo esbaforido. Disse que o sítio é isso e aquilo, tudo perfeito e por um preço ótimo, e que ele tinha que se mudar logo pra fechar a compra e não perder a oportunidade. A gente pensou em fazer uma festa de despedida aqui pra ele, mas ele não quis nada. Já estava com a cabeça no sítio e queria viajar logo.
– É longe esse sítio?
– Em deus me livre, perto de onde o vento faz a curva e do lado de onde Judas perdeu as botas.
– Ele não volta mais?
– Não falei que ficou com um apartamentinho aqui? É no Flamengo. Claro que volta.
Mas não voltou. Só fez isso quando meus pais comemoraram 20 anos de casados, quando eu já estava com 19 anos. Foi uma puta festa. Meu pai alugou um clube bacana na Região dos Lagos e chamou meio-mundo. Foi de manhã até bem tarde da noite. Hugo chegou até cedo, quando eu ia cair na piscina. Quando vi ele saindo do carro e abraçando meu pai, corri até lá.
– Tio!
– Mateus! Me dá um abraço aquí, garoto!
Ele me apertou muito forte e depois se afastou, me olhando de cima abaixo.
– Mas como você cresceu!
– Você já foi mais original, tio. – eu disse, rindo.
Ele ficou bagunçando meu cabelo e depois se virou pro meu pai:
– Esse menino vai ser um garanhão. Aliás, pelo visto ele já é.
Corei, me lembrando de quando ele já tinha me dito isso. Tive na hora a certeza de que ele estava se referindo aquela nossa última conversa. Mas não acxhei isso ruim. E, na hora, sem pensar, dei uma olhada rápida pra minha sunga, pra ver se estava aparecendo alguma coisa.
– Pelo que sei, anda comendo todas. – meu pai falou, como se fizesse uma confidência.
Eu fiquei entre envergonhado e orgulhoso. Hugo me afastou ligeiramente pra trás com a mão que estava no meu ombro e me olhou novamente de cima abaixo.
– Esse menino devia ser modelo. Ele está muito bonito.
– Não inventa, Hugo. Deixa o Mateus fazer a faculdade dele. Não pretendo sustentar marmanjo e muito menos ver meu filho sem camisa em revista de moda.
Os dois riram.
– Ele sempre foi muito bonito, desde que nasceu.
– Hugo, o pai sou eu e a corujisse é sua? Ele era um monstrinho, deus me livre. Eu tinha até vergonha!
Eles riram de novo, mas eu não entendi bem.
– Você nasceu muito feio, Mateus. – Hugo me explicou, mas eu já sabia, só não tinha me ligado que era disso que falavam.
– Até hoje a mãe dele esconde as fotos. Dá pra acreditar? Esconde tudo! – disse meu pai, rindo, e era verdade.
– Que que eu escondo? – perguntou minha mãe, se aproximando e logo emendando com um abraço em Hugo.
Acabamos indo todos para a área da piscina, ficando numa mesa. Eu sentei junto. Eles ficaram conversando muito animados, especialmente ele e meu pai, e aos poucos fui percebendo que eu estava demais ali. Mas não fiquei chateado por Hugo ter parado de me dar atenção. Eu e ele não nos víamos há quatro anos, mas ele e meu pai, que sempre conviveram desde pequenos, não se viam há quase dois! Era natural que quisessem ficar um com o outro.
Eu queria apresentar a ele a garota com que eu estava namorando, a Sandra, mas deixei pra outra hora. Melhor depois, quando ele estivesse sozinho e mais à vontade, porque quem sabe estando só comigo e ela ele não ia deixar escapar alguma coisa que mostrasse que tinha aprovado a minha gostosa e eu visse nos olhos dele a confirmação de que estava tudo bem comigo, que além de bonito eu era mesmo um pegador à altura dele. Dei uma ajeitada no pau quando senti que ele começava a crescer só de eu pensar que ao olhar pra ela talvez ele fosse na mesma hora me imaginar metendo nela, como tinha me visto meter no Lipe.
Levantei de fininho e caí rápido na piscina, acho que a tempo de ninguém notar a ereção, o que não era coisa fácil de esconder. Depois que mergulhei, ainda debaixo d’água, dei um sorrisinho pra mim mesmo, lembrando que o Hugo é quem tinha me dado a dica de como arrumar o pau na cueca, e que eu tinha aprendido com ele a como disfarçar o volume pra não ser inconveniente.
Sandra estava encostada numa pilastra conversando com minha mãe e eu sabia que aquilo ía durar um tempo, porque já tinha sacado que ela gostava de agradar a sogra em potencial pra tentar prender de vez o bom partido aqui. Eu até gostava dela, mas às vezes achava ela meio sacal. Não dava pra ficar direto com a Sandra, porque ía me dando uma aflição que me obrigava a ter que inventar alguma desculpa pra me livrar dela e só voltar depois, já renovado pela solidão de alguns minutos. Peguei um colchão e dei uma deitada, pegando sol enquanto boiava na piscina. Não olhei, mas desejei que o tio Hugo estivesse olhando pra mim lá da mesa dele e visse de novo, agora comigo todo exposto, ali deitado todo largadão, como eu tinha virado mesmo um homem feito, que não era mais só um fedelho de pau grande que prometia.
Mesmo correndo o risco de armar a barraca ali no meio da piscina, me deixei levar pelas lembranças da última vez que estivemos juntos. Aquela conversa tinha sido longa, e só não foi cansativa porque eu fiquei o tempo todo vidrado com aquele mundo que ele me apresentava com todas as palavras e que eu ainda só tinha provado um gostinho: o mundo dos homens de verdade, dos machos, dos que comiam.
Acho que ficamos falando mais de uma hora, depois que eu tinha voltado da punheta no banheiro. Quer dizer: ele falando e eu escutando. O assunto não era mais o flagrante que ele tinha me dado, mas a minha vida de macho dali pra frente. Recomeçou me explicando os cuidados com o sexo anal, que era só o que eu conhecia. De como eu devia cuidar do meu pau, como lavar direito (eu não sou circuncidado), como disfarçar na calça ou, quando eu achasse que devia, uns truques pra realçar sem ficar exagerado. Como fazer pra o beijo na boca ficar mais gostoso. Depois, de umas variações que eu podia fazer pra que as preliminares ficassem mais intensas. Isso, claro, depois que explicou o que eram as preliminares, que eu já sabia na prática mas na hora não uni o nome à pessoa.
Aí, de como era meter numa mulher, como era uma buceta, que tinha grelo (uma grande novidade pra mim), como é que se fazia e tal. Que a maioria dos homens preferia buceta, mas que muitos também gostavam mais de cu e que não tinha nada demais eu gostar também. Ele mesmo disse que gostava, apesar de achar buceta mais gostosa de meter, mas que cada um tem seu gosto. Eu só conhecia o cu do Lipe, e fiquei curioso de imaginar como alguma coisa podia ser mais gostosa do que aquilo. Aí depois me explicou de como eu podia fazer pra conquistar alguém com mais facilidade e aí me encheu a bola, disse que eu era bonito, que estava ficando com um corpo muito bom e que pra mim ia ser fácil conseguir quem eu queria, mas eu tinha que saber fazer. Mas que não tinha regra, não tinha fórmula, e que eu que tinha de ndescobrir a melhor maneira pra mim, de acordo como a situação e com quem eu estava querendo. Essa parte de eu descobrir como fazer melhor me amedrontou um mpouco, mas eu não disse nada.
Com o efeito daquelas lembranças, resolvi dar uma virada no colchão e ficar de bruços, porque, não tinha jeito, meu pau estava começando a endurecer e, mesmo a sunga sendo preta, não ía ter jeito daquilo não chamar a atenção. Recostei a cabeça de lado e fechei os olhos, lembrando de novo como ele falava as coisas e de vez em quando ria, olhando pra minha bermuda e vendo que eu ficava de pau duro.
Uma hora eu devo ter ficado muito vermelho e ele me mostrou rapidamente o volume do pau a meia-bomba na calça dele, dizendo que ele também às vezes estava tendo ereção falando aquelas coisas pra mim, que era normal e que eu não tinha nada que me envergonhar, já que tínhamos intimidade pra isso.
Eu olhei o volume que ele mostrava, mesmo que tenha sido meio rápido, e fiquei muito excitado, porque dei a conferida e deduzi pela meia-bomba dele que o meu devia estar mesmo quase do tamanho do dele, como ele tinha dito no dia do flagra. Talvez o dele fosse mais grosso, me pareceu que seria, mas não dava pra ter certeza porque estava a meia-bomba e então a calça não fazia um volume tão definido assim.
Além do mais, tinha sido muito rápido pra eu poder sacar esses detalhes. Mas fiquei satisfeito de comprovar que o meu já estava chegando perto do de um de adulto de pau grande como ele era. Na verdade, eu queria mesmo é que ele botasse pra fora prta eu ver direito e comparar o meu com o dele, um do lado do outro mesmo. Mas é claro que não tinha dado nenhuma pista disso, porque ia ficar estranho e eu já tinha notado que às vezes ele me olhava como se eu fosse um supermonstro do sexo. Eu ia parecer mais tarado ainda. E desconfiava que estava com uma imagem tão doida que era capaz dele achar que um dia eu fosse na cozinha pra comer até uma forma de bolo daquelas que tem um buraco no meio.
Quando terminou, já estava anoitecendo e estava na cara que ele estava cansado de tanto falar. Eu era todo alegria. E tesão também, claro. Depois, quando tirei a cueca, vi que ela estava toda manchada, de tantoi que eu tinha me melado ouvindo o Hugo. Eu me sentia um homem mesmo, de verdade, e claro que assim que ele saiu eu me acabei numa punheta. Quis entrar no quarto e pegar o Lipe de jeito, mas era arriscado, por causa da hora, então me contentei em gozar sozinho mesmo. Tinha pau grande, era comedor de gozar muitas vezes, tinha tido um papo de homem pra homem de verdade e agora já sabia de tudo pra comer quem eu quisesse. Toquei aquela punheta eufórico, e nem sei como o coitado do meu pauzão resistiu sem despencar do meio das minhas pernas.
O Hugo tinha me dado o serviço todo, ou quase todo, porque tinha aquela história de eu ter que descobrir qual era a minha forma certa de chegar junto. Mas acho que ele teria falado mais ainda se não estivesse na hora de meus pais chegarem. Ele não queria que meus pais o vissem lá, para não ter que explicar porque tinha saído do escritório em pleno expediente para ir lá em casa. Ele estava zelando pelo meu segredo, e na hora da punheta eu pensei nisso, que ele podia estar me dando força pra continuar metendo no Lipe sem ninguém saber.
Essas coisas do tio Hugo me davam um tesão do caralho e agora, ali na piscina, não estava sendo diferente. Meu pau estava duraço pressionando o plástico do colchão que boiava, e eu me virei pra ver se dava uma aliviada caindo na água. Não via mais a Sandra e não resisti a me deitar de novo no colchão, continuando de bruços pra esconder a ereção, que não tinha baixado nada.
Lembrei de umas punhetas que me perseguiram muito tempo, aliás, de vez em quando até retornavam. Depois daquela vez, várias vezes eu gozei desejando que um dia ele me pegasse no flagra de novo com o Lipe. Que me visse por mais tempo em ação, e tirando tudo e botando denovo e tirando tudo outra vez, só pra ele ver minha pica metendo, ver como eu era macho e que também podia dar uma aula de foda pra qualquer um, pra ele também. Uma vez, imaginei isso quando estava mesmo comendo o Lipe de bruços e foi um tesão. Eu metia e olhava a porta do quarto, quase vendo a imagem dele ali me assistindo. Eu naquela hora me senti mesmo fazendo aquilo como se estivesse na frente do Hugo, naquela loucura da trepada eu realmente acreditei que estava acontecendo, e comecei a tirar tudo e por de novo, falando “Tá vendo? Tá vendo? Tá vendo?” e na hora do gozo tirei e deixei a porra cair toda nas costas do Lipe, em tudo em volta, olhando pra porta e mostrando o pau gozando. O Lipe nem falou nada sobre isso, porque deve ter achado que era com ele (eu metia fundo pra caralho e ele soltava uns “ais”). Mas depois que o gozo passou eu me senti muito mal com isso e nunca mais fiz, só de vez em quando na punheta mesmo.
Tentei pensar em outra coisa, ali na piscina, pro pau voltar pra um tamanho pelo menos razoável. O Hugo talvez ainda estivesse naquela mesa, talvez estivesse me olhando, e eu queria dse novo me exibir pra ele. Foi difícil, mas a esta altura eu já sabia mais ou menos como me controlar. Mais ou menos, mas até conseguia. Fiquei pensando no meu namoro com a Sandra, na chatura que ía ser aguentar a faculdade até o fim, e aos poucos ele foi dando uma retraída.
Abri os olhos, com a cabeça ainda deitada no colchão, pra ver se estava na direção da mesa do Hugo, mas não estava mais. Se eu estivesse de óculos escuros, poderia levantar mais o rosto e procurar melhor, sem dar tanto na vista, mas não era o caso. Girei o corpo e me pus de novo de frente pro sol. Me larguei todo e levantei os braços, cruzando atrás da nuca, pra que ele pudesse ver tudo melhor. Minha vontade mesmo era tirar aquela sunga pra me mostrar inteiro, o cacete a meia-bomba, meio inchado com parte da cabeça pra fora, de lado, repousando na coxa, minha mata de pentelhos brilhando sob o sol, os culhões inchados, cheios da porra acumulada que tinha sido produzida por aquelas lembranças todas.
Se estivesse me olhando, ia ver como, apesar da ausência dele, eu tinha seguido os passos que ele tinha me mostrado, ou pelo menos quase todos eles, ou pelo menos meu corpo ía mostrar a ele que parecia que eu tinha seguido. Lembrei nessa hora daquela vez que ele tinha dito pra eu me vestir, vendo meu pau que insistia a ficar a meia-bomba, e disse “esse teu pauzão pendurado é uma indecência”. Agora, me olhando ali todo me exibindo, talvez pensasse: “esse teu corpo assim à mostra é uma indecência”. Ou mesmo: “você todo é uma indecência”.
Me virei e caí na água, deixando o peso me afundar. Eu estava ficando teso de novo. Aquilo estava gostoso, mas era maluquice continuar. Me acalmei, brinquei com umas crianças na piscina e depois agarrei a Sandra, que mergulhou logo depois. Abracei ela, que me afastou rinbdo depois que percebeu que meus beijos estavam quentes demais e meu corpo roçando apertado demais nela, ali no meio da piscina, com todo mundo podendo ver. Pensei que o tio Hugo pudesse ter visto aquele meu arroubo com ela e sorri pra mim mesmo.
Saímos, pegamos uma bebida e depois de um tempo voltei com ela pra perto do Hugo, que ainda estava perto daquela mesma mesa, só que de pé e com duas pessoas que eu não conhecia e que acho que ele também não, porque não estavam conversando. Apresentei a Sandra a ele, ansioso pela reação. Trocaram uns beijinhos e eu com jeito peguei ela pela cintura e afastei um pouquinho, pra exibir o corpo inteiro dela pra ele. Sandra era bem gostosa. Mas não notei nada de especial na atitude dele, ficou só naquele papo morno de tio que acaba de conhecer a namoradinha do sobrinho. Não ficamos muito tempo lá, e levei Sandra pro campo de futebol, dando uns amassos nela pra tentar me aliviar. Mas só dei uns amassos, pus o pau pra fora e rocei um tempo nela e mais nada, nem gozei, porque não tinha ninguém perto mas, apesar de estarmos junto de umas árvores, tinha o campo inteiro à nossa frente e não seria difícil alguém que aparecesse ver o que acontecia. “Você todo é uma indecência”, cheguei a escutar a voz do Hugo falar no meu ouvido, como eu tinha imaginado antes. Saí de mãos dadas com a Sandra, aquela gostosa que era doida pra casar comigo, e atravessamos propositadamente parte do campo vazio, o cacete dduro explodindo na sunga, quase desfilando pra uma plateia imaginária que pra mim só precisava ter um único expectador pra comemorar minha vitória.
Depois, eu e Hugo nos cruzaríamos várias vezes pela festa, quando eu ía pegar bebida ou algo assim. Às vezes um ou outro fazia um comentário bobo, na passagem, mas não ía além disso. Sorríamos, ou às vezes ele me dava uns catiripapos, ou acenava de longe, ou dava uma piscada quando me via, que era uma coisa que ele tinha muito o hábito de fazer, esse negócio de piscar com um olho só, às vezes pra dar ênfase em alguma coisa, ou pra mostrar parceria. Achava isso muito bacana, bem estiloso. Eu copiava esse truque discaradamente quando não tinha por perto ninguém que o conhecia e pudesse descobrir minha imitação. Naquele dia, com o Hugo ali, tive medo que Sandra descobrisse de onde vinha aquele meu charme, mas ela nunca falou nada sobre isso.
De tarde, barriga cheia e com alguma bebida na cabeça, vi que ele me olhava fixamente. Fiquei exultante. Sorri e acenei. Resolvi sair da piscina e fui até ele.
– E aí, tio?
Eu estava ensopado, porque fui quase que correndo até ele e não me dei conta. Balancei a cabeça pra tirar o excesso de água e acabei respingando ele todo. Ele se afastou, rindo.
– Você e essa sua cabeleira. Sempre teve o cabelo muito cheio.
Eu ri e ele ajeitou sem muito cuidado os cachos que caíam na minha testa.
– Você sempre teve o cabelo bonito, Mateus.
Eu ri, contente por estar de novo saboreando aquele gosto doce de quando ele me enchia a bola. Sentia saudade de ouvir essas coisas da boca dele. Todo mundo elogiava meu cabelo, mas quando vinha dele era diferente, porque parecia que eu estava passando numa prova, como se tivesse tirado um 10 com louvor. Eu sentia falta dessa sensação durante aqueles anos todos. Fiquei rindo e olhando pra ele, não sei por quanto tempo, porque meio que desliguei.
– Já tá meio alto, né, garoto?
Eu confirmei com a cabeça e olhei pra baixo, rindo ainda.
– Nada tio, é porque eu estou feliz de você estar aqui. – e o abracei de supetão.
Ele riu também mas me afastou, porque eu de novo estava molhando ele todo. E na hora me veio à mente aquele dia em que, completamente nu, eu pensei em abraçá-lo mas não pude porque meu pau ia encostar nele. Dessa vez, o pau encostou mesmo. Eu estava de sunga e ele também. Coisa de macho, pau a pau mesmo, dois homens bem dotados que tinham se encostado e que não tinham como evitar o contato daqueles volumes. Gostei dessa intimidade, senti isso na hora. Mas nada importante, foi tudo muito rápido.
Conversamos mais um pouquinho de nada, mas logo alguém se aproximou e novamente eu me senti sobrando ali. Na piscina, abraçado com a Sandra sob a tarde que caía, começou à vir à minha mente que nada daquilo era à toa: tive a certeza que ele estava me evitando. O álcool já me ajudava a pensar melhor no que estava acontecendo.
Já de noite, cheguei nele e na chinfra perguntei porque aquilo, porque ele me evitava. Ele riu e me tratou como se falasse com um bêbado querido e simpático. E eu estava mesmo bêbado. Foi atencioso, mas logo se livrou de mim sem levar em conta o que eu tinha dito, como se não percebesse que aquela seria a hora de um papo reto.
Tive que disfarçar minha tristeza na frente da Sandra. A festa pra mim tinha terminado ali. Aliás, tava na cara que a festa toda pra mim tinha sido ele, e depois daquela dispensa era como se tivessem apagado tudo e desligado a música. Falei pra Sandra que estava com ssono e com dor de cabeça, bancando o zé ruela que tinha bebido além da conta, e disse que ia tirar um sono no carro, esperando a hora de ir embora. Recostei no banco, mas não chorei. Não chorei. Tive vontade, mas não chorei.
Eu só veria o Hugo de novo seis anos depois. Talvez, se eu pudesse prever que ele sumiria novamente, eu tivesse tido mais atitude. Mas não tive. Me escondi ali naquele carro.