Cap.7
NO DIA SEGUINTE
Agora que ouvi a voz dele, parecia que estava completo. Enfim sabia coisas dele, enfim sai do vazio, do mistério. E enfim, provei o sabor da boca dele.
-O que você está fazendo ai ? - ele perguntou, da porta.
-Me barbeando – falei, jogando levemente nele espuma de barbear – eu não sou igual a você. Tenho barba, e eu não posso trabalhar com ela... - continuei a me barbear.
-Você vem almoçar aqui ?
-Sim, porquê ?
-Gostaria de comer o quê ?
-Ah, não sei... Vai cozinhar ?
-Sim... Vou ver se tem os ingredientes de não sei lá na geladeira – ri.
-Com quem você aprendeu a cozinhar ?
-Sozinho. Era eu aprender ou ficar com fome. Preferi aprender.
-Tá certo... - terminei de me barbear, sai, começei a vestir o meu terno. De repente, ele apareceu com o meu sapato – parece que você esconde todo dia para eu ficar procurando...
-Como adivinhou ? - ri – é brincadeira... Você que deixa em qualquer lugar... - não sei porquê, mas ele lembrava tanto a minha esposa. No jeito de falar, de agir, até de conviver comigo. Não sei se é coisa da minha cabeça, mas essa é a impressão que eu tenho.
TEMPO DEPOIS
Cheguei cedo em casa aquele dia. Normalmente eu acabava prorrogando a minha estadia lá na empresa. Mas aquele dia eu quis vir o mais rápido possível para casa e vê-lo novamente. No trânsito, foi que eu acabei me tocando de uma coisa.
-Será se eu estou me apaixonando por esse garoto ? - me perguntava, olhando pelo espelho do carro para mim mesmo – eu não sei o que está acontecendo comigo. Nunca reparei num homem na vida, mas com ele é tão diferente... Não parece errado... - balançei a minha cabeça rapidamente, como se quisesse colocar meu cérebro no lugar – é, eu não estou normal... - ri de mim mesmo.
MINUTOS DEPOIS
Cheguei em casa, e aquele cheiro de comida tomava conta do apartamento. Imediatamente parei, pensei. Quantas vezes já havia chegado e sentido cheiro de comida naquele apartamento... E fazia tanto tempo que não sentia. Porquê esse garoto é tão igual a minha esposa.
-Pedro ? Onde você está ?
-Na cozinha – logo ouvi a voz dele. Aquela voz que acelerava o meu coração. Caminhei até a cozinha, e lá estava ele a beira do fogão... Me aproximei, e o abraçei – eita, para que esse abraço ?
-Depois dos beijos que nos trocamos, um abraço não é nada – ele riu.
-Ainda não sei porquê você me beijou. Não tenho chance mesmo... - olhei para o espelho do fogão, a imagem dele refletia nela.
-Quem disse que não tem ? - ele virou o olhar, me olhou de olhos arregalados. O soltei, e fui caminhando em direção ao banheiro, pensando se namorar com ele era uma boa ideia.
MINUTOS DEPOIS
Se era uma boa ideia eu não sabia. Mas que ia ser bem legal ia. Apesar de ter conhecido o seu nome a um dia, eu já convivia com ele há muito tempo. Eu tinha certeza que ia ser bacana namorar com ele. Era homem, era. E daí ? O que importa é que ele estava fazendo o meu coração acelerar todos os dias, estava trazendo a minha felicidade de volta.
-Você estava falando sério ? - perguntava ele, assim que eu provei a primeira garfada da carne que ele havia feito.
-Sobre o quê ?
-Sobre eu ter alguma chance... - ri
-Aqueles beijos de ontem não foram suficientes ?
-Mas... A gente mal se conhece... - olhei para ele de olhos cerrados.
-Mal nos conhecemos ? Você mora comigo já há um tempão... Já conheço seus hábitos, você é caseiro, não gosta muito de banho porém mesmo assim é cheiroso – ele riu – cozinha muito bem, é lindo, acelera o meu coração sempre que se aproxima de mim. Então sim, nos conhecemos bem... - ele só me olhou, ouvindo eu falar. E depois que eu terminei, um silêncio ficou entre nós.
-Mas... Se rolasse algo, como você se comportaria perante as outras pessoas ? - naquele momento, parei para pensar durante alguns segundos.
-Oi mundo... Estou feliz de novo, e agora é com um homem – ele riu...
-Quem dera se fosse tão fácil assim...
-E porquê não pode ser ? Eu já sou um adulto de 30 anos, quem manda em mim sou eu...
-De qualquer forma, isso tudo é apenas uma suposição. A verdade é que eu apenas sou um hóspede aqui, nada mais que isso...
-Por enquanto... - falei, rindo. Ele apenas me olhou.
TEMPO DEPOIS
Quando terminei de comer, fiquei sentado na varanda, sentindo o vento bater. Não demorou muito e ele apareceu. Olhei ele andar e se escorar na beira da varanda. Ficou lá durante alguns minutos olhando para baixo.
-Ei ?
-O que foi ?
-Olha para mim... - fiz ele se virar. Fiquei em pé, olhei no fundo dos olhos dele.
-Você quer namorar comigo ?
Continua
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