Cap.5
Ele recostou todo o corpo sobre mim, enquanto eu fazia carinho nele.
-Tem ?
-Sim... A minha mãe... Bem... Ela morreu a uns 4 anos atrás...
-Sério ? De que ?
-Ela morreu, dando a luz ao meu irmão. Ela era o meu maior apoio. O motivo de eu viver. Quando ela morreu, fiquei sem rumo, sem saber o que fazer... Não tinha um diploma, não tinha famíliares, não tinha ninguém. E com um garoto pra criar, eu precisava de dinheiro, pelo menos até o fim da faculdade que eu faço. Por isso começei a me prostituir... - falei – e você, qual história acha que nunca vai superar ?
-Comparada a sua, a minha não é nada. Mas mesmo assim, me dá muita tristeza. Sempre tive um bom emprego, uma boa vida. Tinha uma esposa, que me fazia razoavelmente feliz, que me deixava feliz a cada dia que passava, que me deu uma filha. Até que, a alguns dias atrás eu peguei ela na cama, me traindo com outro...
-Jura ?
-Juro... E o cretino ainda teve a cara de pau de me enfrentar.
-E o que houve ?
-Expulsei ela da minha casa. Entrei com um pedido de divórcio, e a minha filha continua morando comigo. Poxa, eu fiz de tudo... - falou. Foi só então que eu reparei as lágrimas que desciam dos seus olhos – dei casa, amor, tudo para aquela mulher, e ela fez isso comigo... - percebi ali que ele a amava muito, e que ele era um homem sensível.
-As vezes as pessoas não sabem reconhecer o quão bom algumas são para elas... Digo isso por mim, várias vezes desprezei pessoas que poderiam me trazer alegria. Mas não se preocupe. Você é bonito, não demora muito e encontra alguém que dê valor a você... - falei, limpando os olhos dele com a minha mão. Ele continuou a chorar, mesmo depois daquilo – não fica assim não – falei, beijando a nuca dele – como dizia a minha mãe, tudo vai passar – aquilo definitivamente não era um programa. Mais parecia uma consulta ao psicólogo. Mas eu estava gostando, por incrível que pareça – mas, se você foi casado com uma mulher, porquê veio me procurar ?
-Ah... Porquê eu sou bissexual – falou, rindo – na adolescência reparava tanto nos garotos quanto nas meninas. Só que depois que me casei parei de reparar. Agora que me separei, nada mais me impede de matar a minha vontade de saber como é transar com um homem.
-É, mas pelo jeito você não vai querer isso hoje, não é ? - ele virou e me olhou.
-Não estou com cabeça para isso... Mas não se preocupe, eu vou pagar o tempo que você passar comigo
Durante aqueles minutos que eu fiquei com ele dentro da banheira, deslizando a minha mão por quase todo o seu corpo, sentia algo estranho dentro de mim. Algo como desejo. Como se eu quisesse que ele criasse vontade, e que fossemos pra cama. Pela primeira vez eu me senti assim, desde que começei a fazer sexo por dinheiro.
“Porquê estou me sentindo assim ?”
Era estranho, mas pela primeira vez eu não estava sentindo nojo do meu cliente. Estava me sentindo atraído por ele. E os outros não eram menos bonitos que ele.
-Você é diferente... - falei, enquanto deslizava minhas mãos pelo abdomen dele.
-Como assim ?
-Você não me dá nojo... Sei lá... Não estou conseguindo te ver como mais um cliente...
-O que você quer dizer com isso ?
-Não sei... Não sei explicar – ele virou a cabeça, me olhou...
-Você parece ter bom coração Paulo. Deviamos ter nos conhecido a mais tempo... - falou, beijando o meu rosto. Eu olhei para ele, sorrindo.
MINUTOS DEPOIS
Saimos da banheira, nos enxugamos.
-Vejo que você realmente não quer fazer nada hoje ?
-Pensar no que aconteceu me deixou triste – falou ele, terminando de vestir a calça – eu vou te procurar de novo ok ? - falou, me abraçando – você é muito bonito... - eu não sei porquê, mas não queria me distanciar dele, ele estava me trazendo uma energia tão boa.
-Você já jantou alguma coisa ?
-Não. Porquê ?
-Não quer ir a minha casa jantar ? A gente pode pedir alguma coisa, sei lá – ele riu.
-Quer dizer que você está querendo ganhar mais ? - arregalei os olhos
-Naaaaooooo – ele riu – dessa vez estou te convidando apenas como amigo. Pra que você não pense mais nisso esta noite...
-Tudo bem – falou ele, tirando os 500 reais da carteira – Aqui está... Eu te chamei, agora tenho que pagar...
-Ok... A partir de agora, você não precisa mais me pagar. Somos amigos – sim, eu queria que ele continuasse perto de mim. Ele me trazia tranquilidade, algo que ninguém mais trazia. Além do mais, fazia o meu corpo ferver, sem eu saber direito o porquê – a menos que você ainda queira fazer alguma coisa... - ele riu.
-Pode deixar, quando eu quiser serei o primeiro a avisar... - ri
TEMPO DEPOIS
Ele foi dirigindo em direção ao meu prédio.
-É aquele ali... - falei, apontando.
-Aquele ?
-Sim. O que foi ? Porquê você arregalou os olhos ?
-Aquele é o meu prédio !
-Jura ? E em qual andar você mora ?
-No 7º – foi a vez de os meus olhos arregalarem.
-Será se somos vizinhos e nem sabiamos ?
Continua
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