BELEZA MORTAL – Parte Final
Quando parou seu carro na frente da clínica, o padre assassino estranhou a facilidade com que entrou no estabelecimento médico. A recepcionista o atendeu muito bem, talvez pensando que ele fosse marido de alguma das pacientes internadas ali. Esperava encontrar o prédio guardado pela Polícia Federal, ou por alguns policiais ao comando de Antônio ou de Cassandra, que por anos se empenhavam em captura-lo. Será que estavam relaxados ao ponto de acharem que ele não teria coragem de ir até ali? Ou aquela calmaria não passava, simplesmente, de uma armadilha? O melhor, então, seria partir para o ataque e pegar todos de surpresa. Claro que o assassino não sabia que o próprio Cassandra havia ligado para Antônio e tinha lhe dito que o padre estava morto. Portanto, cessaram a vigilância montada no local para pegá-lo. Inclusive, os policiais responsáveis pela segurança de todos dali já haviam ido embora, dispensados por Antônio e Santo, depois do telefonema do homenina. E a recepcionista não conhecia o padre Lázaro. Foi a primeira a morrer.
Depois de cortar a garganta da pobre moça e esconder-lhe o corpo sob o balcão da recepção, o padre sacou uma pistola e adentrou os corredores, à procura de Antônio, Cassandra ou do jovem Santo. E ia matando tudo que era funcionária que foi encontrando pelo caminho. Quando avistou uma porta fechada que não tinha um janelão de vidro, como as outras enfermarias que achou em sua passagem pelos corredores, desconfiou que Antônio estava naquele quarto, provavelmente convalescendo dos tiros recebidos. Abriu a porta com cuidado e viu o coroa pugilista alimentando de porra uma jovem. Guardou a pistola. Não lhe convinha fazer barulho de estampidos, para não chamar a atenção de quem quer que estivesse de vigia. Foi o seu erro.
Mesmo estando enfraquecido dos ferimentos à bala recebidos do ex-padre e por alimentar de porra a sua companheira, Antônio percebeu a porta ser entreaberta. Imediatamente, levou a mão à arma guardada sob o travesseiro, onde a havia escondido depois da notícia da morte do padre. Espantou-se quando o homem adentrou a enfermaria de lâmina em punho, mas foi mais rápido do que o sujeito. Mirtes assustou-se quando viu seu homem libertar o caralho da sua boca e apontar a pistola em direção à porta. O padre Lázaro estancou, quando percebeu a arma de Antônio apontada para si, mas já era tarde. Recebeu dois balaços no tórax. Caiu de joelhos, com uma expressão de surpresa no rosto. Ao reconhecer o ex-padre, a jovem Mirtes quis tomar a arma do amante, na intenção de descarrega-la no peito do assassino, mas Antônio não lhe cedeu a pistola. Pediu que ela corresse até onde estava Santo e o chamasse ali. Mas não foi preciso. O rapaz apareceu de revólver em punho, alertado pelos disparos. Havia encontrado umas pobres enfermeiras assassinadas pelos corredores.
O jovem ia atirar na cabeça do padre, quando foi barrado pela voz firme do pai:
- Não atire, meu filho. Ele já está dominado. Apenas afaste o punhal de perto e o reviste. Pode ainda estar armado.
O padre lutava para não perder a consciência. Tentou pegar a pistola, mas seus braços pesavam toneladas. A cabeça girava. O sangue ensopava sua camisa, saindo aos borbotões dos ferimentos. Duas balas. Tal qual havia ferido seu velho inimigo quando tentou matar a doutora Bauer. Foi ela quem invadiu a enfermaria, aflita, com as roupas ainda em desalinho. Todos perceberam que ela acabara de interromper um coito. Os cabelos desgrenhados comprovavam isso. Mas ninguém disse nada. Apenas, Antônio tranquilizou-a, dizendo que estava bem. O padre Lázaro, finalmente, desabou no chão, desmaiado.
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Quando acordou, estava totalmente nu. Sentiu-se algemado à cama onde o haviam deitado. Tinham feito um curativo nos seus ferimentos. Decerto, a médica Bauer. Percebeu que suas pernas e seus braços também estavam algemados à cama, fazendo com que seu corpo formasse um xis sobre o leito. Quando a vista clareou totalmente, passeou o olhar pelo quarto. Ali estavam Antônio, Santo, Cassandra, a doutora Bauer e a jovem Mirtes. De todos, o que parecia mais odiá-lo era justamente a moça. Pensou que ela fosse um clone, como tantos outros, da jovem que assassinou dentro do carro. Só depois percebeu a leve marca de degolamento que ela tinha no pescoço. Aí, ouviu a voz grave de Cassandra:
- Acabamos de encontrar os cadáveres de tua amante e do teu clone no carro que você deve ter vindo dirigindo. Por que trazê-los para cá?
- Quero falar a sós com a doutora. – Foi a resposta do assassino.
- Eu sei o que você quer de mim. Mas, desta vez, você não terá. Não depois de tentar me assassinar várias vezes.
- Eles sabem dos teus experimentos, cadela? – Rosnou o padre assassino.
- Não, não sabem. Mas já está em tempo de saberem. Hoje, eu vou dar um fim a tantos anos de parceria com vocês. Vou me entregar à Polícia e contar tudo o que fizemos juntos: eu, você e aquela freira maldita.
- Você sabe que, se abrir a boca, também será presa. Ainda podemos escapar ilesos, como sempre fizemos. Prometo, desta vez, te esconder melhor e te dar tudo o que for necessário para as tuas experiências.
- Não confio mais em vocês. Sei que serei presa, mas é melhor do que viver minha vida toda com medo de vocês. Então, esqueça o que veio fazer aqui. – Afirmou a médica.
- Do que vocês estão falando? – Inqueriu Cassandra – O que ele veio fazer aqui, senão matá-la e matar os meus amigos?
- Eu também sei o que ele veio fazer aqui. Estou disposta a me entregar, se ele for severamente punido. - disse Mirtes.
- Disso, pode ter certeza, mocinha. Esse canalha não mais escapará de pagar por seus crimes. Mas vou querer ouvir o que tem a me dizer em separado da doutora. Quero confrontar os depoimentos de vocês com o que pretendo tomar do ex-padre.
- De mim, você não ouvirá mais nenhuma palavra – Prometeu o assassino – Nem que me torturem até a morte.
Nisso, o taxista Adriano entrou no quarto de enfermaria. Estava nu e agia de forma estranha, como se estivesse sentindo muita dor de cabeça. A médica o examinou rapidamente, enquanto dizia:
- Devia ter ficado me aguardando no quarto, como eu pedi. Volte para lá. Logo, irei dar o que você está precisando e essa dor de cabeça irá passar.
- Não, dói muito. Dói muito. Preciso daquele líquido agora! Por favor, doutora.
- Se for preciso, dê algum do meu estoque, senhora Bauer. - Falou Santo.
Aí, apesar de ter dito que não daria nem mais um pio, o ex-padre assassino afirmou:
- Eu também vou precisar do Sangue de Cristo. Faz tempo que tomei a minha dose diária. Você sabe que o meu estoque é quimicamente melhor processado, quase tão autêntico quanto o original. Eu tenho um pequeno lote no meu carro. Mas, prometa-me que salvará minha amante.
- Do que ele está falando? – Inquiriu Cassandra – Você é capaz de dar vida a um cadáver, doutora Bauer?
- É melhor contar a verdade a ele, doutora. E jogue limpo, pois disso dependerá a tua pena.
- Está bem. Vamos à minha sala. Lá, poderei comprovar melhor as minhas experiências. Veja se Lázaro tem mesmo o Sangue de Cristo no carro, Santo. A qualidade do composto dele é dez vezes melhor do que a do teu.
A médica chamou o taxista a vir consigo. Santo foi até o estacionamento e voltou com uma embalagem contendo uma dúzia de ampolas com o líquido esverdeado, de cor pouco mais escura do que o que ele costumava aplicar em si. Antônio e Mirtes ficaram vigiando o padre assassino. Cassandra também seguiu com a doutora. Antes que Santo chegasse com o estoque de Sangue de Cristo, a médica aplicou uma ampola inteira na perna do taxista, do estoque do jovem. Cassandra perguntou o porquê daquilo. Ela disse:
- Sente-se. Vai ser uma longa história. Que eu vou procurar contar desde o início...
- Tenho tempo para escutá-la e sou todo ouvidos.
E a médica contou de quando tudo começou: com a participação do padre Lázaro na expedição missionária brasileira que lutou contra Hitler na II Guerra mundial. De como o padre achou o líquido que acreditavam ser uma poção do sangue de Jesus Cristo, relíquia encontrada entre os tesouros do ditador nazista. De como ela fez experiências com o líquido, resultando num tônico capaz de ressuscitar cadáveres. O composto fazia as células se multiplicarem de forma extraordinária, permitindo a criação de clones perfeitos. Aliás, quase perfeitos, pois estes morriam prematuramente. Contou de como misturou o composto com um tipo raro de anêmona, resultando na transformação dos ossos do corpo. No entanto, como efeito colateral, a fórmula causava uma enorme dependência de sexo.
Enquanto contava sua história, a doutora Bauer preparava uma mistura com a ajuda de alguns tubos de ensaio. Quando Santo voltou com o estoque oferecido por Lázaro, ela pediu que ele e o policial trouxessem até ela o corpo de uma das enfermeiras assassinada há pouco pelo padre. Aplicou-lhe a mistura em uma das veias do cadáver, após Cassandra ter comprovado seu óbito. Como ela havia aumentado a dose, avisou que deveriam esperar por cerca de meia hora, para que o policial testemunhasse o milagre da volta à vida. Mesmo cético, Cassandra aguardou.
Enquanto isso, ela cuidou do taxista. Adriano ficou aliviado quando, pouco depois de ela aplicar-lhe uma dose do líquido esverdeado do estoque de Santo, a dor de cabeça começou a ceder. Em compensação, seu pau ficou duríssimo. Quase que imediatamente, o taxista foi ficando com o rosto relaxado, até sorridente. Perguntou se a médica poderia satisfazê-lo. Ela disse que ele aguardasse um pouco, pois ela ainda tinha o que fazer. Que ele a esperasse fora do laboratório, pois ela não queria que ele presenciasse o que estava por vir. Um tanto chateado por não ser logo atendido em sua fome de sexo, o taxista disse que iria dar umas voltas e logo retornaria. Foi aonde estava seu amigo Antônio. Encontrou-o entretido em “amamentar” a bela garota chamada Mirtes. O padre assassino assistia à felação agoniado, pois ansiava meter numa boceta ou gozar de uma chupada, como o inimigo agora se deliciava. Mas, sabia que Antônio não emprestaria sua parceira para ele. Nisso, viu quando o taxista entrou nu no quarto, com o enorme caralho ereto. Imediatamente, intuiu o que estava para acontecer. Forçou as algemas que lhe prendiam as mãos e as pernas, mas eram muito resistentes. Então, ouviu Adriano dizer:
- Já que ele não deixou nenhuma das enfermeiras viva, vou foder esse filho-da-puta! – Resmungou o taxista, caminhando em direção ao padre assassino.
- Ei, amigo, o que está pretendendo? – Gritou o boxeador – Afaste-se dele. O cara é perigoso e, mesmo algemado, pode atingi-lo.
O taxista, no entanto, parecendo estar maluco, subiu encima da cama, onde o coroa estava algemado. Ajoelhou-se entre suas pernas, cuspiu na mão e lambuzou o cu do ex-padre com o cuspe. Este debateu-se, tentando se libertar.
- Corra, e vá chamar meu filho ou Cassandra aqui – ordenou Antônio para Mirtes.
Ela, ainda babando esperma, apressou-se em cumprir a ordem. O velho boxeador tentou levantar-se, mas estava muito fraco. Desabou na cama. Porém, ainda viu o assassino, num esforço desesperado, conseguir libertar umas das mãos antes que o taxista tarado lhe enfiasse o pau na bunda. Com o punho livre, esmurrou o adversário. Pego de surpresa, Adriano tombou de cima do leito, caindo com todo o peso no chão. Depressa, o padre juntou as duas mãos e puxou com força, novamente. Conseguiu romper a outra corrente que unia as algemas do braço direito. Os curativos dos seus ferimentos do tórax estavam empapados de sangue. Mesmo assim, dobrou o corpo e tentou libertar as pernas. Levou um murro potente do taxista, que lhe acertou a ponta do queixo, fazendo-o quase desmaiar.
O taxista deu-lhe outro murro, muito mais potente, fazendo com que o padre perdesse a consciência. Antes disso, ele viu Cassandra entrar às pressas no quarto e vir em seu socorro. Salvo pelo inimigo – pensou ele.
Ledo engano. Quando recobrou a consciência, sentiu imediatamente uma dorzinha incômoda. E estava novamente com os quatro membros algemados ao catre, só que dessa vez deitado de costas. Sentiu a respiração quente em seu cangote. Só então se deu conta do que estava acontecendo: Cassandra o estava enrabando! Apavorou-se. Tentou se libertar, mas uma voz ordenou:
- Fique quieto, se não quiser levar outro murro no pé do ouvido. Assim que Cassandra terminar de te foder o cu, será a minha vez de te enrabar de novo. Até deixar teu cu bem deflorado. – Era a voz do taxista. Mesmo assim, o assassino ainda tentou livrar-se do caralho do homenina que lhe enchia o rabo. Sentiu claramente o jato de esperma que inundou seu túnel estreito. Conseguiu virar a cabeça de lado, procurando Antônio. Este assistia, impassível, os dois foder-lhe a bunda. Criou um ódio maior ainda dos rivais. Prometeu a si mesmo que a sua vingança seria implacável. Cassandra retirou-se de sobre ele, quando se fartou de enrabá-lo. O coroa fechou os olhos. Estava morrendo de vergonha. Aí, o taxista apontou o caralho já duro para as suas pregas e, antes que o padre assassino retesasse o fiofó, este empurrou a trolha de vez. O ex-padre reprimiu um grito. Não sabe quanto tempo durou aquela sevícia. Engoliu seu ódio calado e recebeu no cu toda a porra do seu estuprador. Afastou seus pensamentos daquele quarto.
Lembrou-se claramente de quando recebeu o telefonema da amante dizendo haver sido capturada. Apesar de ela ter dito que a jovem que ele havia tentado tirar a vida decapitando-a estava ajudando o casal, Lázaro desconfiou que podia ser uma cilada. A amante podia estar sendo forçada pelo inimigo a dar aquele telefonema. Por isso, instruiu um de seus últimos clones vivos a tomar de assalto a residência no meio do mato. Armado com duas pistolas carregadas, ele escondeu-se dentro da mala do carro, que ficou destravada. Quando ouviu a saraivada de tiros, permaneceu escondido e atento, de armas na mão. Deduziu que seu clone havia sido executado a tiros e esperou pegar seus inimigos de surpresa, caso o descobrissem em seu esconderijo. Por sorte, ninguém abriu o porta-malas do carro.
Quando ouviu o barulho do motor de um carro se afastando, deu um tempo e saiu do esconderijo. Deparou-se com o corpo do clone e o da sua amante. Colocou-os dentro do carro, sem se preocupar em manchar os estofados do veículo. Tinha que ser rápido, senão perderia para sempre a mulher, pois esta havia sido atingida na cabeça. Forçaria a médica renegada a devolver a vida da companheira. Porém, a chegada dos peritos enviados ao local por Cassandra atrapalhou a sua partida imediata. Teve que se esconder no mato, quando ouviu o barulho de motor se aproximando. Deixou os cinco homens entrarem na casa e depois atacou-os de surpresa, tirando a vida de todos eles. Mas agora tinha certeza de que tomara uma má decisão vindo à clínica. Caíra prisioneiro e dificilmente escaparia dali com vida. Abriu novamente os olhos e percebeu que Santo também assistia impassível a sua curra. Mas, onde estaria a doutora Bauer?
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Percebendo-se sozinha depois do rebuliço causado pela invasão à clínica pelo padre assassino, a médica tratou de aproveitar a chance de escapulir dali. Sabia que o ex-padre tinha a péssima mania de deixar as chaves de ignição do carro no painel, para o caso de escapulir às pressas numa necessidade e, depois de juntar alguns papéis de suma importância do seu laboratório, correu até o veículo abandonado no estacionamento da clínica. Pegou pelos pés e arrastou o cadáver do clone do padre, jogando-o no chão, e deu uma olhada rápida nos ferimentos à bala daquela que um dia foi sua amiga. O buraco na testa indicava que ela teria trabalho para ressuscitar o cadáver da madre superiora. É que ela precisava da mulher viva, caso quisesse ter uma moeda de troca para negociar com o padre assassino se ele conseguisse escapar de Antônio e seu filho. Cassandra era um osso duro de roer, mas ela conhecia bem o padre Lázaro: ele daria um jeito de escapar dos seus captores. Era só uma questão de tempo. Por isso, queria estar longe dali quando dessem pela falta dela.
A grande quantidade de sangue no banco de trás do carro não a incomodava. Se fosse parada por alguma blitz no meio do caminho, era só se identificar como médica socorrendo uma vítima. Na fuga, trouxera também o estoque de Sangre de Cristo ofertado pelo padre, que Santo ingenuamente havia deixado em suas mãos, no laboratório da clínica. Também havia pego um grande estoque de ampolas com a nova fórmula em que vinha trabalhando e destruído o resto jogando os tubos no assoalho, estilhaçando-os. Levariam meses colhendo amostras do chão e analisando-as, se quisessem replicar o composto. Ademais, era uma fórmula ainda incompleta e defeituosa. Teria mais cuidado, dessa vez. Iria para bem longe das garras de Antônio, Cassandra e Santo. Recomeçaria suas pesquisas já com uma nova identidade. Parou em algum lugar mais ermo, desceu do carro e entrou pela porta traseira. Examinou com calma o cadáver da ex-amiga e depois aplicou-lhe uma enorme quantidade de líquido esverdeado na veia. Era uma das ampolas pertencentes ao padre. Depois, catou outra ampola numa valise que carregava ao seu lado, no banco do carona, e aplicou o composto no outro braço da defunta. Sorriu satisfeita e voltou ao seu lugar no volante.
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Depois de rodar a noite toda, sem ser incomodada por nenhuma viatura policial, a médica finalmente chegou ao seu destino: uma pequena vila de pescadores na Praia dos Carneiros. Só então, pegou seu celular e, abrindo-o, retirou o chip e substituiu-o por outro. Jogou o anterior fora. Fez uma ligação e se preparou para esperar. Com muito esforço, retirou o corpo da mulher que transportara no carro até ali e deitou-a com cuidado na areia branca da praia. Com uma lanterna retirada do porta-malas, examinou a testa do cadáver. Um pequeno pedaço de metal já aparecia, como se estivesse sendo expulso do ferimento na cabeça da mulher. Sorriu satisfeita. Tudo estava correndo às mil maravilhas. A escuridão era total, facilitando que ela pudesse ver uma pequena luz em movimento ao longe, em alto mar. Pegou novamente o celular e fez mais uma ligação:
- Quanto tempo?
- Cerca de uns quinze, talvez vinte minutos. Acho que já dá para ver a luzinha da minha lancha daí... – Respondeu uma voz masculina.
Ela desligou o aparelho sem confirmar que já via sinais da embarcação ao longe. Estava feliz. Fazia tempos que não voltava àquele pedaço de paraíso. No prazo previsto, a lancha encostou na praia, perto do carro em que ela viera. O dia já amanhecia. O jovem que desceu da lancha abraçou-se a ela com muito entusiasmo, beijando-a na boca. Era enorme sua semelhança com Antônio, o pai de Santo. Mas o que estava ali, em seus braços, era mais jovem e viril. Ela sentiu o pênis duro dele através do calção de praia que ele vestia. Levou sua mão até ali. Pegou no cacete dele, duro como pedra. Ele derrubou-a na areia, bem perto do cadáver da amante de padre Lázaro. A visão do corpo não arrefeceu a vontade do jovem de foder com a médica. Ela abriu as pernas e ele a chupou com gosto.
- Ah, meu anjo, você tem aprendido mesmo a me chupar do jeito que eu adoro. Que delícia...
Cada lambida dele em seu grelo lhe causava um estremecimento. Ela estava muito excitada e pronta para receber o caralho dele na vulva. Aí, ouviram o barulho de outra lancha vindo em direção à praia. O clone jovem de Antônio avexou-se em dizer:
- Eu cheguei primeiro. Mereço ser o primeiro a gozar entre tuas coxas.
- Você não prefere foder meu cuzinho? Vim doida para cedê-lo a você...
- Não, eu quero que faça de novo aquela coisa maravilhosa que só você sabe fazer: engolir meu caralho com a entrada do útero. Fico o tempo todo pensando na sensação que isso me causa.
- Pois então se prepare para matar tua vontade. Não consigo fazer isso muitas vezes, pois depois fica dolorido. Meta com gosto na minha boceta até que eu peça para diminuir o ritmo.
E assim ele fez. Quando ouviram o ronco do motor perto da praia, o clone de Antônio já tinha seu pênis adentrando o útero da mulher. O homem que saltou do barco também era idêntico a Antônio, só que um pouco mais velho que o que fodia a doutora. Quando percebeu que ele se aproximava do casal, o que copulava com a médica jogou o corpo, rolando na areia, deixando-a por cima de si. O outro não ignorou o que ele pretendia. Por isso, tirou suas roupas de pescador, deixando à mostra um pau avantajado.
- Vem, vem depressa que estou quase gozando – pediu a mulher.
Aí o outro deitou-se sobre ela, pincelando o enorme pau em seu cuzinho. Apontou a glande e, guiando o mastro com uma das mãos, enfiou-o no cu da doutora. Ela gemeu alto, de prazer. Nem bem ele começou a fazer os movimentos de cópula, ela iniciou a série de gozos. Os gemidos se transformaram em urros, ela empalada pelos dois lados. O mais jovem gozou primeiro, e ela sentiu seu jorro dentro da abertura liberada em seu útero. O que veio por trás demorou mais a ejacular e ela continuou se deliciando com a pica dele dentro do cu. Até que ele, finalmente, explodiu em jatos fortes dentro do rabo dela. Gozaram ao mesmo tempo. Depois ela caiu exausta, entre os dois.
- Uau, vocês estão cada vez melhores na arte de foder. Mas o tempo urge. Precisamos levar o cadáver da madre superiora para o meu laboratório. Tenho que reparar os danos causados pela entrada do projétil no cérebro dela.
- Ainda tem salvação? – Perguntou o que parecia mais jovem.
- Veremos – foi a resposta da doutora, levantando-se e caminhando em direção a uma das lanchas que era idêntica à outra.
Os dois carregaram com cuidado o cadáver deitado ao solo. O dia já estava bem claro, dando para ver a beleza do local.
- Praia do Porto, aqui vamos nós. – Disse a médica.
Pouco depois, as duas embarcações aportavam na Praia do Porto, um paraíso ecológico que serviu de cenário para as gravações da novela A Indomada. Badalada na época das filmagens, a praia depois foi esquecida. De onde estavam, àquela hora, dava para ver a Ilha do Coqueiro Solitário, marca registrada da praia. A doutora Bauer respirou o ar até encher os pulmões. Havia muito tempo que não visitava aquele paraíso. Os dois homens improvisaram uma maca e carregaram o corpo da amante do padre Lázaro. Pouco minutos depois, um Jeep veio ao encontro do grupo. Era dirigido por um coroa de cabelos brancos, idêntico ao padre assassino. Este desceu do carro e acudiu, preocupado com o cadáver. A médica o acalmou:
- O estrago não foi irreparável. Logo, acredito que ela estará bem.
- E o meu sósia, como atuou? – Perguntou o coroa.
- Ele demonstrou ser a melhor cópia já feita, tua. Infelizmente, caiu nas mãos de Antônio, Santo e da Polícia.
- Não dá para resgatá-lo? Gosto muito daquela cópia. Ele pode me ser útil, novamente.
- É, acredito até que ele pense que é você, e que você é que seja o clone dele. Mas, não vale a pena resgatá-lo. Sem o composto, ele logo morrerá.
- Tem razão. Ter recuperado o corpo da minha amante foi mais importante. Obrigado. Terá minha eterna gratidão.
- Não preciso de gratidão, e sim de dinheiro para continuar minhas pesquisas. Agora, mais ainda, pois estou cada vez mais próxima de conseguir a cura contra qualquer tipo de câncer.
- Inclusive o da minha mulher?
- Claro que sim. Esse sempre foi o meu objetivo principal. O sangue coletado do jovem Santo foi primordial para o aperfeiçoamento da fórmula, mas ele não sabe disso. Desconhece que seu corpo desenvolveu células idênticas ao do Salvador.
- Está querendo me dizer que o jovem agora tem o sangue idêntico ao de Jesus Cristo? – Perguntou o coroa.
- Sim, mas suas células ainda estão em formação. Devemos esperar um pouco mais para que elas atinjam a maturidade necessária, senão a perfeição. Aquele garoto tem um grande futuro pela frente.
- Bem, vá tomar um banho e descansar. Eu ficarei de vigília para o caso da minha amante acordar.
- Descansar? Ainda não posso fazer isso. Tenho que operar a cabeça dela, para sanar os estragos feitos pela bala. E ver se os dois petardos também não atingiram algum nervo importante das pernas dela. Só depois é que poderei finalmente relaxar.
EPÍLOGO
Três dias depois, foi noticiado nos telejornais a fuga da doutora Bauer e a morte do padre Lázaro no cárcere da Polícia Federal. O padre assassino – diziam os jornais – teve morte misteriosa e muitos suspeitavam de assassinato. A própria Polícia prometeu abrir um inquérito e o agente Cassandra foi temporariamente suspenso de suas atividades no órgão. Antônio e Santo, que colaboravam com a polícia, foram também afastados e estavam sob investigação. O padre Lázaro e a doutora ficaram sabendo desses informes pelos rádios das lanchas. Sorriram satisfeitos pelo baratinamento da Polícia. Dariam um tempo desaparecidos, escondidos naquela ilha deserta, antes de voltarem às suas atividades criminosas. O cadáver da amante do padre, aos poucos dava sinais de ressurreição. A doutora Bauer, por um tempo, desfrutaria sozinha das picas dos três amantes. Existiria paraíso melhor do que aquele, cercado de pedras que tornavam a Praia do Porto isolada, separando-a da civilização, para quem quisesse passar uns tempos escondido?
FIM DA SÉRIE