20 Anos depois_Lucas_---
Duas décadas da minha vida tinha se passado. Varias coisas na minha vida deram um giro de 360 graus. Mudanças radicais, mudanças fáceis, mudanças que fizeram meu coração apertar. Acontecimentos mudaram o meu interior, mudaram todos a minha volta, mudaram a minha vida.
Agora eu tinha 39 anos, era um medico respeitado nacional e internacionalmente. Tinha clinicas espalhas pelo país e um hospital que cuidava das pessoas carentes que não poderiam pagar por uma cirurgia ou algo do tipo.
Só que não existia remédio ou algo do tipo que tiraria um sentimento chamado saudades do meu peito.
Estava olhando para o mar já que agora morava em um condomínio a beira da praia e passava a maior parte do tempo na varanda do escritório olhando o mar.
“pai? Esta ocupado?”
Ouvi alguém batendo na porta e olhando pra dentro do escritório.
-estou não filho, pode entrar.
João era o meu filho, uma das razões que ainda me mantém vivo. Ele veio para minha vida quanto tinha dois anos. E hoje com 16 anos é um grande homem.
João- já esta na hora de irmos pai. Ele disse sentando na cadeira a minha frente. –sei que não é fácil, mas temos que ir.
-sei disso, não é fácil.
Descemos para o carro e depois pegamos um caminho que eu sempre ia com lágrimas nos olhos, faltava o ar quando chegava na porta no cemitério e muitas vezes eu não tinha como entrar sem estar chorando lembrando do meu passado. Lembrando de vários momentos da minha vida.
João- vamos entrar pai.
Segui o meu filho ate o túmulo e lá eu fiquei de joelho junto com o João. Fiquei olhando para a foto e não aguentei, desabei no choro abraçado ao João. Foram vários minutos assim.
Peguei as flores que havia trazido e depositei na lapide. –uma vez ouvi você dizendo que se a vida nos derrubássemos mil vezes, mil vezes nos levantaríamos com toda a força do mundo, encarando todos que nos fizessem mal, ou então enfrentaria tudo.
Coloquei as duas mãos no chão e fiquei ali, deixando minhas lágrimas caírem.
-não sei se aguento mais me levantar, todas as vezes dói o peito, uma dor forte, uma dor que eu não consigo suportar, não sem você aqui. Quantas coisas você não viu, não ouviu e não presenciou.
João colocou seu braço no meu ombro e ficou olhando para o túmulo.
-não viu o João crescer, se tornar esse homem que é hoje, não viu eu mudando o mundo, ou pelo menos tentando mudar.
“Quando o silêncio não é tranqüilo
E parece que está ficando difícil de respirar
E eu sei que você sente como se estivesse morrendo
Mas eu prometo que vou levar o mundo a seus pés”
-eu tento ser forte... mas é difícil... todos os dias eu acordo e lembro de você... você foi importante demais na minha vida... foi minha vida.
“E mover montanhas
Nós vamos caminhar com isso
E mover montanhas
E eu vou me levantar”
João- pai, vamos? Daqui a pouco o senhor tem que estar no aeroporto.
-jaja vamos filho.
Estava ali de joelhos que nem reparei alguém chegando perto de nos. Só percebi quando a sombra cobriu uma parte da lápide e uma Mao repousar em meu ombro.
“amor, eu voltei pra ficar agora”
Quando me virei e vi ele ali na minha frente, era como se o dia ganhasse cor.
-cla...Claudio? como? Você só viria ano que vem.
Claudio- eu não quero mais viver longe do meu marido e meu filho. Vim pra ficar.
Ele se agachou em minha frente e ficou olhando pra foto.
Claudio- saudades do tio. Ele foi nosso anjo. E ainda é nosso anjo.
Naquele momento não aguentei e o puxei para um beijo, fazia 7 meses que ele tinha ido para uma empresa fora no Canadá e só poderia voltar em um ano. Ele agora era um grande advogado.
-não vai mais embora, por favor. Disse enquanto o beijava.
Claudio- nunca mais vou sair de perto dos meus dois amores. Ele disse isso e abraçou a mim e ao João. –não suportaria ficar um ano longe de vocês.
“Eu vou me levantar como o nascer do dia
Eu vou me levantar
Eu vou me levantar sem medo
Eu vou me levantar
E eu vou fazer isso mil vezes novamente
Por você”
Meu pai morreu há exatos dez anos atrás. Ele estava dirigindo e uma carreta perdeu o controle, batendo de frente e o matando na hora. Eu perdi o chão, se não fosse o Claudio do meu lado e o pequeno João sempre me dando força e carinho, eu não sei o que tinha acontecido comigo.
A vinte anos atrás quando o Claudio levou os tiros na frente da boate, eu pensei que o perderia ali, eu o vi me deixando, fiquei desesperado e quase matei o desgraçado do Otavio na minha frente. Por sorte ele só desmaiou e graças a deus os tiros pegaram em partes do corpo que não causaram risco de vida. ele passou dois meses no hospital se recuperando e todos os dias eu ficava com ele, cuidava dele e o ajudava com suas necessidadesanos antes---
Estava com ele no quarto do hospital olhando umas revistas em quadrinho quando ele parou e ficou me encarando.
-que foi? Disse assim que percebi ele olhando pra mim.
Claudio- não posso olhar a pessoa mais linda da minha vida. ele disse sorrindo.
-poder ate pode. Disse chegando mais perto dele. –só que essa pessoa linda queria um beijo de outra pessoa maravilhosa que esta doente.
Disse isso e o beijei, um beijo calmo, com carinho e amor, que era disso que estávamos precisando.
-há quanto tempo eu queria isso. Disse sorrindo para o Claudio.
Claudio- não mais que eu, eu sempre te amei Lucas, sempre quis ter você do meu lado. Ele então olhou para a janela e ficou encarando o céu. –só que eu era muito teimoso e não queria deixar esse amor que eu sentia por você ficar mais forte.
Foi então que ele olhou pra mim e seus olhos estavam marejados.
Claudio- me perdoa por fazer você sofrer, não queria isso.
-você não tem que pedir perdão, por nada. Estamos aqui juntos, felizes e com todo o apoio da nossa família e amigos.
Ele ficou mais uns dias no hospital e depois teve alta para ficar de repouso em casa.
Claudio- ei meu lindo.
Ele disse olhando pra mim que estava jogando no quarto dele enquanto estava deitado em seu peito.
-oi. Disse olhando pra ele.
Claudio- estava aqui pensando, ate hoje ninguém pediu formalmente o namoro.
-e precisa disso? Porque já somos namorado a muito tempo. Disse sorrindo pra ele que também sorria pra mim.
Claudio- precisa sim.
Foi então que ele se levantou sem camisa e só de short de futebol. Desligou a TV e ficou em minha frente sorrindo.
Claudio- Lucas meu amor, meu porto seguro. Aceita namorar esse imbecil que esta aqui na sua frente de short de futebol?
Ele dizendo isso quase me fez chorar de alegria. Puxei ele pra cima de mim e fiquei com nossas testas coladas um olhando para o outro.
-é claro que eu aceito. Meu super namorado.
Comecei a beijar ele com muita vontade, não queria nunca mais largar aquela boca macia e aquele gosto de menta que ele insistia em me deixar viciadoAtualmente-----
Estávamos saindo do cemitério.
-cadê seu carro? Disse olhando para o estacionamento.
Claudio- deixei no prédio, eu vim de taxi.
A entendi.
João- pais, eu queria ir no shopping com a galera.
Claudio- mas agora? Acabei de chegar filho, queria ficar com meu filhote um pouco.
Ele disse isso e abraçou o João.
João- credo pai, é so um tempo la, hj a noite a gente fica jogando play a noite toda.
Claudio- ta vendo ai Lucas, o moleque quer passar o tempo jogando play com o pai. Vou te dizer viu, os adolescentes de hoje estão cada vez mais estranhos.
Ele abraçou o João e ficou sorrindo.
João- credo pai, estranho eram vocês que passava o tempo jogando bola de gude.
Lucas- éramos felizes, mais que vocês hoje com esse monte de tecnologia fundida nas mãos.
Riamos muito no carro, aproveitei pra deixar o João com a galera dele no shopping e eu e o Claudio fomos direto pra casa.
Enquanto estávamos no caminho eu e ele não desgrudava um minuto nossas mãos.
-estava morrendo de saudades de você amor. Disse colocando minha mão em sua coxa e apertando.
Claudio- não mais que eu amor. Esse tempo que eu fiquei la longe de você e do nosso filho, eu refleti muito, senti muita falta de vocês e cheguei a conclusão que não conseguiria ficar sem um minuto longe de você e de suas bagunças, longe do João e de sua teimosia pra tudo. Amo demais meus dois homens.
-se não fosse o João naquele apartamento eu acho que teria ficado louco. Todos os dias eu olhava a nossa foto, todos os dias eu entrava no whats pra ver você online e puxar assunto, tentando matar um pouco a saudade.
Ele pegou minha mão e a beijou. Paramos em um semáforo e foi naquele momento que ele achou a oportunidade para me dar outro beijo, um beijo calmo, com pegada e pouco apimentado. Levei minha mão a sua calça e constatei que ele estava duro feito pedra. Claudio fez o mesmo e quando senti sua mão massageando meu penis eu quase gozei ali mesmo.
Claudio- vamos com calma. Ele disse parando o beijo e voltando a ficar quieto no banco. –sinal já esta aberto, acelera e vamos pra casa descansar.
-e eu? Fico como nessa historia?
Claudio- você não tem mão? Então, usa ela.
O desgraçado disse isso sorrindo e olhando pra janela os prédios la fora.
-você não presta sabia.
Claudio- sabia, por isso você me ama tanto.
Começamos a rir e eu liguei o som do carro pra descontrair o Claudio aproveitou e pegou uma camiseta que estava no banco traseiro e foi colocar pois estava com calor. Foi naquele momento que eu vi as duas cicatrize no local dos tiros, eu nunca vou me esquecer daquele diaanos atrás----
Quando vi ele ficando sem vida em meus braços eu me desesperei. Comecei a chorar muito com ele apoiado me meu peito.
-não vai, não vai, fica comigo amor, fica por mim.
Nossos amigos vieram correndo aonde eu estava e com eles vieram os paramédicos com a SAMU para levar ele ao hospital.
-ele morreu, ele morreu. Dizia me tremendo enquanto Vitor e Ander me seguravam.
Vitor- ele não morreu Lucas, fica clamo.
Dizia isso chorando. E me segurando para não correr ate onde os enfermeiros faziam os preparos para levar o Claudio ao hospital.
Ander- calma mano, o Claudio é forte, ele vai sair dessa.
-SEU DESGRAÇADO. Me soltei deles e fui ate onde o Otavio estava. Desferi um soco nele que caiu desacordado. Pensei em dar outro soco mas os meus amigos me seguravam e eu tentava com todas as forças em matar aquele filho da puta.
Ander- CALMA LUCAS, A POLICIA CUIDA DISSO, DEIXA ESSE VERME AI.
O enfermeiro perguntou quem era da família e eu disse que era primo, ele então pediu para que eu fosse com ele urgente, pois ele estava perdendo muito sangue. Corri para dentro da ambulância e meus amigos levariam os carros para o hospital, aproveitei no caminho e liguei para meus tios e meu pai. Não era justo eles ficarem sem saber.
Depois de muito grito e choro no telefone eles avisaram que iriam direto para o hospital. Desliguei o telefone e fiquei segurando a mão dele.
-não me deixa amor, eu não consigo viver sem você. Fiquei olhando seu rosto ali calmo. –você é o motivo de eu acordar todas as manhas Claudio. Não vai embora, por favor.
Fui todo o caminho segurando sua mão, quando chegamos ao hospital já foram levando ele para a cirurgia e eu corri para a sala de espera onde todos estavam la o esperando.
Juliana- onde meu filho Lucas. Minha tia veio correndo e me abraçou. –onde ele esta Lucas?
Antonio- calma amor, ele vai ficar bem.
Gabriel- filho, olha pra mim. Meu pai pegou em meu rosto. –como ele esta?
-ele foi levado para a cirurgia, o caso dele é grave porque ele perdeu muito sangue. Eu não posso perder o Claudio, não posso.
Me sentei e comecei a chorar com as mãos no rosto.
Gabriel- você o ama muito mesmo.
Meu pai se sentou do meu lado e meus tios ficaram olhando pra mim.
-como é? Disse ficando sem cor na hora. Não era para eles descobrirem assim.
Antonio- os pais sabem tudo o que se passa com os filhos Lucas. Eu, seu pai e a Juliana víamos o quanto você estava sofrendo com o namoro do Claudio, ficou mais que na cara que você o amava.
Gabriel- não pense que vou te odiar, nada disso, eu quero ver vocês dois felizes, quero que lute por esse amor com todas as forças, agora o Claudio precisa de você Lucas, mais que tudo.
Juliana- pois é, agora todos nos temos que ser fortes, rezar e pedir a deus que ele saia dessa.
Ficamos todos ali, torcendo e orando para ele sair dessa. Não poderia perder o meu mundo, nunca mais iria deixar eleatualmente------
Estava chegando ao condomínio quando o Claudio pegou minha mão e ficou fazendo carinho.
Claudio- lembra que há 17 anos atrás você me levou a um parque que estava aqui na cidade e quando fomos na roda gigante eles pararam ela deixando nos dois la no topo.
-lembro, a vista era linda lá de cima. Comecei a rir e olhei pra ele. –e você estava morrendo de medo, foi ai que eu peguei em sua mão. Da mesma forma que você esta fazendo agora.
Claudio- e foi lá que você me disse que se fosse possível me daria o mundo de presente, você enfrentaria todos os perigos por mim, se eu estivesse na escuridão você roubaria todas as luzes do mundo para iluminar o meu caminho.
-faria e faço, quantas vezes for preciso.
Claudio- não sei como você consegue amor, mas a cada dia que passa eu me apaixono mais por você.
-isso é amor seu idiota. Foi nesse momento que ele deu um tapa em minha cabeça. –ai, isso dói sabia.
Claudio - eu sei que dói. Por isso mesmo lhe bati, quem mandou ficar me chamando de idiota.
-vamos logo para o apartamento que eu estou morrendo de saudades de você.
Claudio- não mais que eu, hoje eu quero matar esses meses que eu fiquei fora.
Ele deu um beijo em meu pescoço que me fez arrepiar por inteiro. Desceu do carro e foi na frente pro elevador enquanto eu travava tudo.
-hoje você não me escapa amor.
Claudio- e quem disse que eu quero escapar?
Ele disse isso entrando no elevador e tirando a camisa, deixando seu peitoral a morta. Hoje pega fogo.
---continua---
Obrigado pelos votos e comentários do capitulo anterior galera. essa historia é curtinha mesmo, ate porque sou novo nisso. mas eu tenho outra em mente, que só vou publicar ela no futuro. ainda tem muita coisa que eu tenho que colocar no papel. no capitulo final darei dicas da próxima historia. ótimo fim de semana e ate o penúltimo capitulo. =)