Continuação...
-Mas o que é isso?
Nos desgrudamos e vimos uma enfermeira de idade nos olhando com olhos assustados.
-Calma enfermeira, não foi nada. -Disse Tamires, cheia de paciência.
-Tudo bem. Eu volto depois. -Disse a enfermeira saindo.
-Vc tá bem? -Perguntou agora me olhando. Eu não sabia onde enfiar a cara.
-Sim... -Respondi com a cabeça baixa.
-Vc deve estar ansiosa pra viagem, não é? -Falou um pouco desanimada.
-Que viagem? -Perguntei curiosa.
-É... -Ela pareceu exitar. -Sua mãe me contou que vcs vão passar as férias em outra cidade, longe daqui e por isso, vc terá que fazer fisioterapia com outra pessoa...
-Sério? -Me assustei com a notícia. -Minha mãe não me disse nada.
-Pois é. Parece que ela tá bastante irredutível quanto a isso. Se vc não for, vai partir o coração dela. -Disse visivelmente triste.
-É... Eu sei como é minha mãe. -Eu também me entristeci.
Eu olhei pra ela e vi seus olhos tristes, me aproximei e toquei seu rosto, seu cabelo.
Ela me olhou nos olhos e nos beijamos novamente. O beijo de Tamires era como ela, calmo, carinhoso. Não sabia por que, nem como ela consiguiu me atropelar, com aquele posso de paciência. Eu queria que ela cuidasse de mim pra sempre... Me protegesse, como vinha fazendo.
-Obrigada... -Falei depois do beijo, sem deixar de abraçá-la.
-Pelo quê? -Perguntou sem entender.
-Pelo beijo e... Por cuidar de mim... -Ela me apertou mais forte.
-De nada... Sempre estarei aqui... -Falou próximo ao meu ouvido. Eu extremeci.
-Eu nunca esquecerei de vc, Tamires. -Falei enquanto aspirava o cheiro de seu pescoço.
-Nem eu de vc, solzinho. -Falou beijando levemente meu rosto.
Tamires jamais demonstrara segundas intenções ou algo assim, era carinhosa e respeitosa.
-Eu preciso ir... -Disse me levantando, tentando me apoiar.
-Tudo bem... Olha, esse é meu número. Se algum dia precisar de qualquer coisa, me chama... -Falou me entregando seu cartão.
-Obrigada. -Falei sorrindo e a abraçando uma última vez.
-Tchau, solzinho. -Sorriu.
-Tchau... -Falei me apoiando com as muletas.
-Vamos, filha? -Falou minha mãe que chegou ao quarto.
-Sim, mãe.
Nós saímos e fomo pra casa de táxi.
-Mãe, por que a senhora não me contou que íamos passar as férias em outro lugar? -Perguntei, já em casa.
-Por que eu não queria te estressar, filha. Já que a escola para de funcionar daqui uma semana, logo depois disso, vc partirá. Então, arrumame suas coisas, por que vc vai pro litoral, querida. -Sorriu.
-Como assim eu, mamãe? A senhora não vai? -Perguntei desconfiada.
-Não minha filha, vc irá com a sua amiga, Júlia e eu irei pra sua vó, ela ainda está muito mal. Tudo bem querida? -Perguntou me encarando.
-Sim... -Falei meio sem pensar.
Depois dessa conversa, fui pro meu quarto e me tranquei, coloquei os fones de ouvido e adormeci ouvindo a bela voz de Cristina Scabbia...
Me lembro de ter acordado algumas horas depois. Peguei meu celular e havia uma mensagem na tela dele que me chamou atenção:
"Sabe, se vc quiser continuar saindo comigo, sem um compromisso, eu estou aqui..."
Continua...
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