Oii gente mil desculpas pela demora pra publicar o segundo capítulo. Mas é aquele ditado, antes tarde do que nunca. Prometo publicar agora com mais frequência. O conto terá um capítulo novo toda a semana, mas não tem dia específico.... Sem mais delongas, o capítulo 2 de Pele Marcada. Aproveitem.
Música sugerida: The Last Day (artista Moby)
Que lugar é esse? Eu nunca estive aqui, mas tenho que confessar é um vista linda. A grama ainda levemente molhada pelo o orvalho, a luz do sol amanhecendo entre as árvores e o completo silêncio trazia uma sensação de tranquilidade. Finalmente a paz reinara.
Resolvo sentar no gramado e contemplar aquela bela vista. Passados alguns minutos vejo uma nevoa prateada começar a surgir, esfrego os olhos para entender o que estava acontecendo. Curvas começam a se formar, vejo que está começando a ganhar formas humanas. Não acredito no que estou vendo, uma mulher que aparentava ter 80 anos, cabelos grisalhos e crespos, baixa estatura e pele negra, minha avó, que morrera alguns anos atrás, estava defronte de mim.
- Não precisa se assustar querido – disse ela ao ver minha cara de espanto – Venha, vamos andar.
Levantei rapidamente e fui ao seu encontro. E como num piscar de olhos estávamos nas margens de um lago.
- Impressionante não? – perguntou minha avó Angelina olhando fixamente para a água serena daquele lago.
- Incrível, nunca vi água tão limpa como essa.
- Ah, mas com certeza você vai ver- diz ela num tom calmo, como se estivesse sussurrando.
- Vó, mas como você poderia estar aqui? Quero dizer a senhora se foi – digo olhando agora em direção ao seu rosto, seus olhos negros estavam mais vivos como nunca.
- Definitivamente, eu estou morta, mas isso não quer dizer que nunca deixei de zelar por você.
- Isso quer dizer que eu estou morto também?
- AH – disse minha avó com um sorriso maior ainda – Morto você disse, bom creio eu que não.
- Não?
- Não – respondeu minha avó dando uma risada meiga.
- Mas eu apaguei, tomei os calmantes para que todos aqueles sentimentos ruins desaparecessem – contrapus minha avó tentando encontrar significado em tudo o que estava acontecendo.
- E acho que foi isso que fez a diferença.
Minha avó parecia estar a par de tudo, e era isso que me deixava mais intrigado.
- Explique.
- Gustavo, menino de bom coração, meigo e amável, mas que foi burro – disse minha vó me serrando com seus olhinhos – você que por um momento de fraqueza fez algo estupido pensou nas pessoas que te amam? Pensou em como sua mãe sofreria?
Então as águas antes calmas começaram a se agitar. Imagens foram se formando, embora sem som, era perceptível a dor que a mulher refletida no lago passava.
- MÃE!- gritei ao perceber que minha mãe estava aos prantos.
- Pensou também nas outras pessoas que te amam?
Agora outra forma feminina parecia se formar ao lado de minha mãe. Era Helena. A calmaria e tranquilidade, que antes reinavam no meu interior, se transformavam em algo extremamente dolorido, dor essa equiparada a de um soco no estomago.
- Guto o erro é inerente ao ser humano, nós cometemos diversos erros durante a vida, mas é com eles que aprendemos e nos tornamos mais fortes. Mas é aquele ditado, o cair é do homem, mas o levantar é de Deus. – disse minha avó secando minhas lagrimas sorrindo para mim.
- Inês Brasil – ri.
- Aprendi alguma coisa enquanto viva – ria minha avó.
“Eu sei que as pessoas do teu colégio te julgam pela cor de tua pele, te botam para baixo e destroem sua alto estima, mas não pense que você é o único do mundo a sofrer racismo, não pense também que tentar se suicidar vai resolver o problema. Não pense que na minha época era diferente. Eu com 80 anos enfrentei muita coisa, coisas que te deixariam aterrorizado, vou admitir que ficava triste com as coisas que me falavam e muitas das vezes faziam, porém isso nunca foi desculpa para eu desistir de tudo, sabe por quê? Porque tinha uma filha para criar, tinha que dar à ela exemplo de força e determinação”.
Minha avó dizia cada palavra de uma forma não séria, mas sim de alguém que tivesse te advertindo.
- Nossa eu não pensei por esse lado – as imagens de Helena e minha mãe ainda me deixavam angustiado – Me desculpe vó, eu não queria ter feito isso.
- O que está feito está feito, e nada você pode fazer para apagar isso– disse minha vó ainda séria.
- COMO ASSIM? – o medo tomou conta de mim, nunca iria me perdoar por causar tanta dor na vida das duas pessoas que eu mais amo. – Achei quuee...que eu não estivesse morto, a senhora disse...
–Quer saber de algo? - interrompeu minha avó- A vida é uma caixa de surpresas, ela as vezes nos presentei com uma segunda chance, não três, mas duas. Agora cabe somente a você essa escolha. Voltar ou seguir em frente? Espero que escolha com sabedoria.
E assim como ela veio minha avó foi embora. Tentei agarrar a nevoa prateada, mas de nada adiantou.
Então o silêncio voltou. Não se ouvia nada além da água que agora estava mais agitada. Sentei e resolvi refletir sobre o que minha avó falou.
“Voltar, isso significaria ter que aguentar tudo de novo, sofrer de novo, apanhar de novo” pensei.
“Mas seguir em frente significaria nunca mais ver a Helena e principalmente minha mãe”
Levantei, respirei e gritei.
- EU TOMEI MINHA DECISÃO... EU QUERO VOLTAR- porém nada aconteceu.
- Mas que droga – me joguei no chão.
Então comecei a chorar pensando no estado em que deixara minha mãe. Como faria para poder voltar. Então uma gota caiu em cima de mim, percebi que o tempo tinha mudado, estava escuro, parecendo uma tempestade.
Começou então a ventar e chover fortemente, as águas do lago pareciam vivas pela forma que se agitavam. Ao levantar para fugir daquela tempestade ouvi uma voz.
...
Sim era a voz de alguém me chamando, mas de ninguém que eu nunca tivesse escutado antes. Tento prestar atenção e ver de onde vinha a voz.
- Guto – a voz era suave, mas ao mesmo tempo grossa, parecia cantar o meu nome.
Percebi que a voz vinha do lago. Aproximei-me com cautela, pois água estava avançando violentamente. Então uma mão surgiu do lago e desapareceu. Então de repente sou puxado pela as águas violentas. Por mais que eu tentasse nadar de volta a margem eu não conseguia, estava sendo arrastado para o centro do lago. E como se fosse mágica, o lago começou a ficar mais tranquilo, eu já não estava sendo arrastado.
Então sinto uma coisa me arrastar para de baixo d’água. Nada eu podia para tentar me libertar e voltar para a superfície. À medida que eu era arrastado ficava mais escuro. Por fim já não era possível ver mais nada. O escuro parecia me consumir.
Então dei por mim que deveria fazer minha escolha, chegara a hora.
Fechei os olhos e pensei...
“Eu Quero Voltar”.
Continua...
***OBS: Pessoal eu vou pedir que vcs comentarem o que estão achando da série, é muito importa saber a opinião de vcs, e quero saber tbm se o tamanho dos capítulos está bom, ou se vcs querem mais longos. A decisão está nas suas mãos hahahaha. Até semana que vem :*