percebi que João estava querendo brincar comigo.
medi força com o João. Eu puxava a camisa para um lado, e ele fazia força para o outro.
Comecei a sorrir daquela idiotice de nós dois.
João que antes apenas segurava a camisa, chegou a puxar, fazendo eu cair por cima dele.
João - ta muito fraquinho. (disse ele sorrindo).
Eu sorri também, sentindo o halito de bebida que exalava da boca de João.
Levantei do chão, e estiquei a mão para que João também levantasse.
Assim que ambos ficamos de pé, o coordenador dos garçons apareceu na cozinha.
- Vamos lá Arthur, voltar para o serviço?
Arthur - Já estou indo.
O homem se retirou da cozinha, e João saiu em seguida. Ajuntei a camisa do chão e a deixei na lavanderia.
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Já, pela madrugada, poucos convidados na festa. Dona Margor reuniu os que ainda restavam para baterem os parabéns a seu primogênito.
Havia uma mesa, próximo a piscina. Nela havia um bolo que cabia na palma da mão, e um balde com champanha.
A dona da casa, solicitou que todos se aproximassem, e em seguida começou um discurso, agradecendo aos amigos, e familiares pela presença ao comemorar os dezoito anos do filho.
- Meu amor, quer falar alguma coisa? (disse ela passando a palavra ao marido que eu ainda não conhecia).
- Faço minha as suas palavras querida.
Todos deram aquele sorriso de hipocrisia.
Margor - sem graça. (disse ela referindo ao marido). E você João Gabriel?
João - o que tem eu? (perguntou João, atrás da mesa do bolo, com uma taça de vodka nãos mãos).
Margor - não quer fazer um agradecimento? Nossos amigos estão aqui por você.
O rapaz ficou sem jeito e começou um discurso improvisado.
João - éeeeee. Eu queria agradecer a todos os meus amigos, meus tios, primos, meus avós, e meus pais. Éee.... É isso. Eu não sou bom com as palavras, mas estou feliz demais com a presença de vocês.
Era visível que João havia discursado apenas por causa da pressão da mãe.
Ao final do discurso, foi cantado parabéns para o aniversariante, e depois teve champanha para os convidados.
Aos poucos os amigos, e familiares foram deixando o ambiente. Já quase raiando o dia, apenas João e seus amigos permaneceram, todos tomando banho de piscina.
Eu e outros garçons revezávamos no atendimento.
Sentia-me cansado, não estava acostumado a passar a noite, e parte da manhã em pé. Não trabalhando.
enfim o dia amanheceu, e minha mãe chegou para me apanhar. Como ela ja trabalhava na casa, entrou e me aguardou na sala, enquanto eu recebia minha gratificação.
xxxxXX
Arthur - obrigado dona Margor. Quando rolar algo nesse naipe, se puder lembra de mim. (falei com um sorrisinho no rosto).
Margor - com certeza Arthur. Você me surpreendeu viu? (disse ela sentada em uma poltrona, atrás da grande mesa de vidro que tinha em seu escritório).
Despedi-me de dona Margor, e fui ao encontro de minha mãe. Ao chegar na sala, a encontrei sentada no estofado, e João estava apenas de sunga espalhado com a cabeça em suas pernas.
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- que é isso? (perguntei).
Joana - dormiu. (disse ela cochichando).
Arthur - ele ta é morgado isso sim. Passou a noite bebendo.
Joana - me da uma ajuda para levar ele ate o quarto.
Minha mãe e eu carregamos Arthur, até seu quarto. Assim que o deitamos na cama, senti um estalo na coluna.
Deixei escapulir um ''ai'' e minha mãe sorriu.
Joana - pesa ne!?
Arthur - muito.
Uma das empregadas da casa bateu na porta e foi entrando.
- Dona Joana. (disse a moça)
Joana - ola Raquel. (respondeu minha mãe).
Raquel - a dona Margor pediu que a senhora fosse ate o escritório dela.
Joana - diga a ela que eu já passo la.
Raquel -ta bem.
A moça se retirou do quarto.
Joana - o que você aprontou? (perguntou minha mãe me fitando).
Arthur - nada ué.
Joana - vou lá ver o que ela quer. Te encontro no carro.
Arthur - ta bom.
Falávamos, baixo, para não acordar o bebo.
Minha mãe saiu do quarto, e eu fiz menção de lhe acompanhar, mas dei meia volta, e acabei ficando. Um lado meu, pedia para eu analisar João enquanto este estava inconsciente.
Seus aproximadamente 1,85 estavam praticamente todo amostra, com exceção a parte da sunga azul que usava. João soltava leves roncos. Passei a mão por cima da sunga, e senti que ela estava úmida.
- será que vai parecer viadagem se eu troca-lo de roupa? (pensei).
Fiquei um tempo parado, e tomei coragem. Sentei a cama, e comecei a puxar a sunga de João, lentamente. Todo movimento dele fazia eu me arrupiar com medo de ser descoberto. Terminei de tirar sua sunga, e fiquei observando seus pentelhos. Tentei imaginar como seria aquele pau quando tivesse duro. João virou para o outro lado da cama, fazendo eu acordar dos meus pensamentos.
Rapidamente fui ate o roupeiro, peguei um short de futebol, voltei e coloquei em João. Fiquei mais um tempo ali, mas o medo de ser descoberto, e taxado de algum nome que eu não iria gostar, me fez sair do quarto. Antes disso, eu coloquei um edredom sobre o João, e liguei o condicionador de ar.
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- Hey, acorde! (disse minha mãe).
Arthur - é o que? (perguntei meio atordoado).
Joana - chegamos.
Abri meus olhos, e o sol estava tinindo. Saí do carro lentamente, e notei que realmente já havíamos chegado ao nosso lar.
Enquanto subíamos as escadas eu conseguia manter-me acordado... Mas quando entramos no apartamento, eu apaguei em cima do sofá.
xxxxXXX
Acordei depois de muito tempo, e ainda estava no sofá. Dei uma rodada pelo pequeno apartamento, e notei que estava sozinho.
Fui a cozinha, esquentei um leite, e fiz um sanduíche. Enquanto comia, meu celular começou a tocar.
* Loupan * Foi o nome que apareceu no visor.
Recusei.
- Vá tomar no cu. (exclamei em voz alta).
Voltei as atenções para meu lanche.
Loupan voltou a ligar mais algumas vezes. Resolvi atender.
*****
Arthur - Oi Loupan?
Loupan - Poxa. Até que enfim, Arthur.
Arthur - O que tu quer po?
Loupan - quero te ver, quero conversar, quero esclarecer algumas coisas.
Arthur - Vai rolar não.
Loupan - da uma chance cara. Deixa de ser amarrado.
Arthur - não tou sendo amarrado. Só não quero essa vida pra mim.
Loupan - é por causa da grana? Por que se isso te ofende, eu deixo de lado. Posso te ajudar de outra forma.
Arthur - Ia dar no mesmo cara. Porra Loupan, você é bonitão, e ainda por cima tem grana. Vai atras de um cara que realmente seja do ramo.
Loupan - Mas eu quero você pô. Gostei de você.
Arthur - mas não vai rolar cara, e eu não curto ficar prendendo ninguém não.
Loupan - mas você não vai me prender não. É como te falei Arthur, vamos curtir cara.
Arthur - sei não...
Loupan - bora, eu estou livre essa noite.
Olhei no relógio e passava das dezoito horas.
Arthur - ta querendo sexo ne!?
Loupan ficou mudo do outro lado da linha.
Arthur - sabia po.
Loupan - claro que eu quero sexo Arthur. Conversar eu converso com meus amigos. Com voce eu quero sexo.
Não pensei duas vezes antes de desligar a ligação.
Loupan ainda ligou outras vezes, mas eu recusei todas.
xxxXX
Passei o domingo na casa dos meus avós com minha mãe, e na segunda feira fui ate a empresa finalizar minha rescisão.
xxxXX
Arthur - então agora finalizou?
Amanda - sim Arthur. Só achei uma pena você ter tomado essa decisão, mas se é pelos estudos, foi o certo.
Arthur - foi sim. Uma hora vai compensar.
Me despedi de Amanda, e Juliana.
Juliana - vamos combinar alguma coisa Arthur. Uma saideira, um almoço, jantar... sei lá... qualquer coisa.
Arthur - vamos sim, é só me ligar.
Juliana - mantemos contato então.
Dei um abraço em Juliana e me retirei da sala delas.
Fui ate a sala do Benjamim e ele estava pegado, arrumando uma prateleira.
xxxX
Arthur - já ta sabendo o que aconteceu com o barão?
Benjamim - tou sim. Ele esta internado ne!?
Arthur - ele ficou internado foi? Achei que ele já tivesse saído.
Benjamim - o que ta rolando aqui na empresa, é que ele fez uma cirurgia e ficou internado.
Arthur - pois é pô. No sábado, ele foi a uma festa aonde eu estava trabalhando de garçom.
Benjamim - tu de garçom? (disse Benjamim me interrompendo).
Arthur - deixa eu continuar, caralho.
Benjamim - continua. (disse ele rindo).
Arthur - pois é, daí ele foi pra essa festa, e por la, passou mal. Advinha quem foi ajudar o otário?
ben - o herói?
Arthur - exato. O papai aqui mesmo. (disse eu batendo nos peitos).
Ben gargalhou.
Conversamos mais algumas coisas atoas, marcamos de sair, e depois disso eu retornei pra minha casa.
Como eu tava burgues, resolvi voltar de táxi. Chegando ao condomínio, cumprimentei o porteiro, e subi ao nosso apartamento. Passei minha chave na porta, e ao adentrar percebi que tinha lanche especial na mesa da sala de jantar.
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- Mãe chegou cedo. (pensei comigo mesmo).
Passei a mão em uma fatia de bolo de prestigio, e o levei a boca.
- tira a mão dai. (disse minha mãe, surgindo com uma jarra de suco).
Arthur - o que tão comemorando? (perguntei com a boca cheia).
Joana - nada, ué. Por que?
Arthur - lanche especial desses. Bolinho, leitinho, suquinho, rosquinha, até salgadinho tem... Alguma coisa estão comemorando.
Joana - não estamos comemorando nada não, foi o...
Minha mãe iria falar alguma coisa, mas não completou, sua voz travou assim que viu o João saindo do meu quarto.
João - boa tarde, Arthur.
Arthur - boa tarde, João. Ta passeando cara?
João - pois é. Vim estudar aqui hoje. Lá em casa ta muito movimento, e não teria como estudar.
Arthur - entendi. (falei me servindo de suco). Então vou para o meu quarto pra vocês estudarem tranquilos.
João - estuda com a gente pô. Tua mãe disse que tu também ta se preparando para o enem.
Arthur - e tou mesmo, mas eu tenho um curso online. Hoje eu vou estudar matemática.
João - então beleza.
Peguei mais uma fatia de bolo, e fui a meu quarto.
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Tomei um banho, coloquei uma roupa confortável, peguei meu notebook, acessei minha conta do skype e depois tentei estudar meu conteúdo. Pelo menos essa era a intenção. Meus olhos estavam no monitor, mas minha mente estava pensando no estado de saúde do barão. Aos poucos meus olhos foram esquentando, até eu apoiar meu corpo na almofada, e cair no sono.
Acordei com meu celular tocando. Olhei no visor, e era um número que eu não tinha na agenda.
*****
Arthur - alo. (falei atendendo).
- é o Arthur? (perguntou uma voz feminina).
Arthur - sou eu. Quem fala?
- Vou passar o telefone a alguém que quer falar com você.
Arthur - alguém quem? (perguntei curioso).
- Arthur? (uma voz grossa, porém meio abatida falou do outro lado da linha).
Arthur - sou eu. Quem fala?
- Nícolas.
Arthur - o senhor está bem?
barão - na medida do possível.
Arthur - que bom. Eu não tou podendo falar agora, depois nos falamos.
barão - serei breve.
Arthur - o que aconteceu?
barão - Amanda disse que você se desligou da empresa. O que houve? Recebeu uma proposta melhor?
Arthur - eu me desliguei pra estudar. Pretendo ingressar na faculdade.
barão - compreendo, mas poderia ter conversado com a Amanda ou até mesmo comigo, antes de tomar uma decisão tão extrema.
Nesse momento alguém bateu na porta do meu quarto.
pedi um minuto ao barão.
*******
- ta aberta. (gritei).
Era o João.
João - posso usar teu banheiro? (disse ele com a mão no pau, por cima da bermuda).
Arthur - claro pô. Usa aí.
João - valeu.
João entrou no banheiro, e eu continuei minha conversa com o barão.
*****
Arthur - foi mal. É que chegou alguém aqui em meu quarto.
barão - tudo bem. De qualquer forma quero que volte amanhã para empresa, pensei em seu caso, e resolvi lhe dar outra chance.
Arthur - chance? Mas não foi o senhor quem me demitiu. Fui eu quem pediu as contas.
barão - sei disso. Já conversei com a Amanda, e você ira trabalhar apenas meio período. O restante do dia fica livre para você estudar, ou fazer o que quer que seja.
Arthur - eu não quero.
****
Nesse momento ouvi o barulho de descarga. João saiu do banheiro, e sentou na mesinha do meu computador.
Fiquei sem jeito de manter a conversa com o barão com o João ali olhando para mim.
****
barão - como não quer? - Só um acéfalo não aceitaria uma proposta dessa. É pegar ou largar.
Arthur - tudo bem. Eu largo. (falei desligando o telefone).
*****
O barão tentou argumentar, mas eu já havia desligado meu celular, e o coloquei somente para vibrar.
Arthur - e os estudos? (falei, encarando o João).
João - tua mãe foi buscar tua irmã na creche, dei uma pausa.
Arthur - entendi.
João - e tu ta vendo o que aí?
Arthur - Matemática.
João - posso dar uma olhada?
Arthur - claro.
Estiquei o not para o João. Este o pegou em seus braços, e sentou na cama a meu lado. Dei uma leve afastada, e João sentou apoiando as costas na cabeceira.
João - maneiro. (Disse ele dando uma olhada na qualidade da aula). Mas o presencial é melhor.
Arthur - tou ligado, mas eu não tenho grana para pagar presencial.
João - fica tendo aulas comigo.
Arthur - contigo?
João - sim pô. Só é ficar indo la pra casa.
Arthur - acho melhor não. Sua mãe pode não gostar, alem do mais deve ser aulas caras.
João - quem tem que gostar ou não gostar, sou eu. E minha mãe nem em casa fica pô, passa o dia fora.
Arthur - Isso é tentador. Tu ta me chamando do vera mesmo? (perguntei olhando em seus olhos).
João - claro que sim. (disse ele sorrindo)
Arthur - fechado então.
ficamos um tempo assistindo a minhas vídeo-aulas. Em um certo momento eu levantei e fui ao banheiro, deixando meu not nas pernas de João.
Quando retornei, João me entregou o notebook, e levantou-se da cama.
- pega aí. (disse ele).
Arthur - vai estudar mais não?
João - vou.
Arthur - então pô. Ta indo pra onde?
João - vou estudar lá na sala.
Arthur - minha mãe chegou?
João - não.
Arthur - então po. Estuda aqui.
João - vou esperar tua mãe la fora.
Disse isso, e se retirou do quarto.
Eu fiquei sem entender nada.
Coloquei meu notebook nas pernas, e alguns sinalizadores do skype estavam acessos.
Fui ver quem teclava comigo e para minha surpresa tinha uma conversa do Loupan.
******
Loupan diz: Arthur ta aí? Me responde cara. Vamos sair. Eu prometo não vacilar mais. Vamos ao menos conversar.
******
Continua...