Gabriel narrando.
Já era 01:00 da manhã quando me liberaram do hospital. Eu só queria dormir e acordar no dia seguinte e ver que tudo aquilo era um pesadelo, porém os machucados e as dores no meu corpo e principalmente no rosto me faziam lembrar o quão real essa noite tinha sido. Eu só conseguia enxergar com um do olhos, pois o outro estava completamente fechado pelo inchaço causado por um soco que meu pai me Deu. Na verdade não sei se eu ainda conseguiria chamar aquele homem de pai. Eu não sei o que estava mais quebrado no momento, se era o meu corpo ou a minha alma. O cara que eu sempre admirei desde criança; aquele que era o meu exemplo; Ele que sempre me defendia de tudo e de todos; O cara que eu tinha como herói, foi o mesmo que conseguiu partir meu coração em pedacinhos e me deixar nesse estado.
Era claro que eu esperava uma reação negativa do meu... de Miguel, em relação à minha homossexualidade, porém nunca passou pela minha cabeça que isso se transformaria na loucura que aconteceu hoje. Quando soube que Max foi feito de refém por ele, foi a gota d'água pra mim. Por incrível que pareça eu estou mais preocupado com o estado emocional de Max do que com o meu. Primeiro de tudo: Eu já sabia que alguma consequência eu sofreria nisso tudo quando meu pai descobrisse, por mais que eu não esperasse aquela covardia dele contra mim. Já o meu irmão foi pego totalmente de surpresa e se viu no olho do furacão sem nem sequer saber como e porquê tinha parado ali! Segundo que por mais errado que isso possa ser, o meu caso é tido como bem mais normal do que o que aconteceu com ele. A minha dor foi gradual. A dele, se algo tivesse acontecido, seria morte na hora. Foi uma situação bem mais delicada, onde todo cuidado era pouco. Qualquer movimento em falso e ele teria a garganta cortada. Fora que se pra mim meu pai era como um herói, para Max ele era quase uma religião. Nós eramos dois fodidos emocionalmente, psicologicamente e eu com o acréscimo de fodido fisicamente.
Estávamos dentro do carro do tio Alê indo para sua casa. Ele agora tinha nos "adotado". Não sei se essa é a palavra certa para essa situação, mas enfim, Nossa guarda agora está com ele e isso me parece muito com adoção. Gustavo e ele iam na frente, enquanto eu e Max íamos nos bancos de trás. Max era o único que ainda chorava e ainda era possível ver o pavor nos seus olhos enquanto seu lábios tremiam. Ele tentava disfarçar seu choro mas qualquer um veria o quão assustado ele estava. Eu estava mais tipo "foda-se". Não que eu não estivesse triste, ou com raiva, ou decepcionado, só que sabe quando isso tudo se junta numa bomba e explode em indiferença? Então, indiferença era o que, com muito esforço, eu conseguia sentir por aquele homem que um dia eu chamei de pai.
Chegamos à quase mansão do tio alê. Ele era mais novo que o meu pai, porém tão ou até mais inteligente que ele. Por não ter filhos, Tio Alê conseguia ter uma vida mais luxuosa que Miguel, que devia receber o mesmo salario. Isso explica o porquê de ele nos dar presentes sempre.
Passamos pelos muros da propriedade e pudemos ver uma parede toda de vidro espelhado, onde por dentro era a sala. O carro foi desligado e Todos saíram, menos eu que não conseguia me mover sozinho direito. O tio por ser mais forte, me pegou no colo e andou comigo até onde eu presumo que seria o meu quarto. Ele indicou aos meus irmãos para entrarem onde eu creio ser seus novos quartos. Sim, la cada um teria um quarto. Ele me deitou na cama e foi saindo.
- Tio?
- Oi...- Ele se virou para me encarar.
- Será que você pode... ficar mais um pouco?- Ele então me olhou com ternura.
- Claro...- Ele me lançou um sorriso e veio andando em direção à minha cama. Sentou, tirou seu sapato e deitou ao meu lado, pondo minha cabeça em seu peito. Aquela atitude vinda dele se mostrou tão paternal, que não tive como não chorar com a lembrança de como o meu pai me tratava antigamente.- Xiii... vai ficar tudo bem... Eu tô aqui agora...- Ele tentava me acalmar.- Me desculpa por não ter feito nada...
- A culpa não é sua, tio. Eu só tô triste... minha vida virou do avesso de uma hora para outra, sabe? Minha familia acabou assim do nada...
- Ei, quem disse que sua familia acabou? Enquanto eu e seus irmãos e até mesmo o Ricardo estivermos por perto, você terá uma família!
- Você continua gostando de mim, tio? mesmo eu sendo... assim?
- Claro que sim, Gabe! Isso não interfere em nada no carinho que eu sinto por você. Eu te Vi nascer, crescer, se desenvolver... sabia que eu já até troquei suas fraldas?- Ele sorriu.- Gabe seu pai sempre foi assim. Apesar de amar vocês, quer dizer, não sei se isso é verdade devido às circunstâncias, Mas enfim, apesar de ele ser super carinhoso com vocês, ele sempre teve a mente fechada, vivia nesse mundinho dele... na faculdade eu vivia no seu pé, o controlando pra não arrumar briga com aqueles que a sociedade considera diferentes... Talvez se você tivesse me contado primeiro, quem sabe eu não conseguiria ter feito ele reagir de forma melhor?
- Tio, esse não é o tipo de coisa que a gente sai Espalhando por ai, ainda mais sabendo a familia que eu tenho!
- Pior que você tem razão... mas olha, eu prometo que vou fazer o meu melhor pra cuidar bem de vocês de agora em diante e vou fazer de tudo para que vocês sejam felizes aqui!
- Obrigado tio...
- Agora mudando de assunto, amanhã vou na delegacia... quero entender melhor tudo isso que aconteceu...
- Só não conte com a minha presença... eu não quero mais chegar perto daquele homem!
- Imaginei isso... como quiser! Só falei pra deixar você ciente mesmo. Bom, acho que agora é melhor você dormir antes que o efeito dos anestésicos passem.- Sim, eu estava quase dopado. Se não tivesse sido medicado todo os meus machucados estariam doendo muito. Aos poucos fui fechando os olhos até pegar no sono.
Quando acordei, ele já não estava mais la. Fiquei encarando o teto, sentindo mais dor do que na noite anterior. Sinal que o efeito dos medicamentos havia acabado. Minutos depois saio de meus pensamentos com o barulho da porta se abrindo. Pude ver Max e Gustavo entrando e fechando a porta atras de si.
- Será que a gente pode conversar?- Gustavo perguntou e Eu apenas confirmei com a cabeça. Eles dois sentaram na cama.
- Sente-se melhor?- Max perguntou.
- Na verdade, eu agora estou com mais dores...
- Vou pegar seus remédios.- Ele saiu do quarto prontamente e voltou com um copo com agua e alguns comprimidos.
- Bom.- Gustavo começou.- Agora somos só nós três. O tio Alexandre me falou hoje de manhã que nossa mãe não foi presa, mas foi impedida de chegar perto de vocês até o dia da audiência pra saber com quem ficará a guarda. Nós já sabemos que o tio alê ganhará a causa, isso é fato. Depois disso eles vão no Maximo deixar que a mamãe tenha acesso a vocês nos fins de semana, ou a cada 15 dias.
- Vai ser difícil sem a mamãe...- Max falou.
- Continuando. O que o Tio Alê fez por nós não tem preço, mas a gente não pode se conformar. Ele não tem obrigação de nos sustentar e nem nós vamos ficar aqui acomodados como se ele fosse cuidar da gente pra sempre. Eu vou ver se consigo um estágio remunerado na minha área pra que a gente não dependa tanto dele. Ou um emprego em qualquer outra coisa. Você- Apontou para o Max.- Quero você a partir de agora com a cara dentro dos livros. O vestibular ta chegando e você tem mais que obrigação de passar, já que se isso não acontecer, não vai ter papai nem mamãe pra pagar faculdade particular.- Max ouviu tudo calado apenas acentindo com a cabeça.- Quanto a você, Gabe, continue estudando também. Namorar é ótimo, mas agora nossas prioridades exigem mais responsabilidade.
- Entendido.
- E por ultimo queria dizer pra gente se manter os mais unidos possível. As circunstancias fizeram com que nós nos tornassemos adultos antes da hora, e isso exige maturidade da nossa parte. Chega de briguinhas por besteiras e principalmente de esperar pelos outros. A gente tem que o mais rápido possível buscar a nossa independência.- Ouvir aquelas coisas do Gustavo me deixava muito orgulhoso da maturidade dele, mas ao mesmo tempo com medo de ter que crescer. Eu não sabia se estava preparado para aquilo tudo. E o pior é que preparado ou não, eu iria ter que enfrentar aquela realidade, já que eu não tinha escolha.- Eu amo vocês, suas pestes!- Gustavo falou abraçando a nós dois.- Agora é um por todos e todos por um.- Nesse momento o tio entrou no quarto.
- Que coisa mais linda ver meus sobrinhos assim.- Ele abriu um sorriso.- Eu estava procurando você, Gustavo. Queria avisar que vou na delegacia assim que terminar de tomar café.- Automaticamente o clima pesou.
- Tudo bem, tio.- Foi só o que ele respondeu.
Meus irmãos me ajudaram a tomar banho e depois me levaram pra tomar café. O clima continuou meio pesado, todos comiam em silêncio.
- Tio, eu quero ir com você à delegacia.- Gustavo falou, com o semblante sério. Eu e Max o encaramos.
- Por mim tudo bem.- Tio alê respondeu.
- O que você vai fazer lá?- Perguntei.
- Eu preciso perguntar o porquê disso tudo.- Foi o que ele respondeu. Preferi não me meter no assunto. Nada sobre aquele homem me interessava mais. Logo após o café, me levaram de volta ao quarto, onde fiquei com Max enquanto o Gus e o Tio saiam de casa.- Cuida bem dele, Max.- Foi o que Gustavo falou antes de sair pela porta.
Gustavo narrando.
Ainda não entrava na minha cabeça como um ser humano poderia agir assim com os próprios filhos. Não tinha explicação lógica para isso. Eu tava com raiva, me sentia impotente por ver meus irmãos assustados e machucados sem eu poder fazer nada para ajudar! Nessa noite eu chorei como nunca antes na minha vida. Fui dormir já era cinco da manhã, pois o choro e os meus pensamentos tiraram o meu sono. Eu tentava me mostrar forte na frente dos meus irmãos, pois agora eu tinha virado seu ponto de referência, seu porto seguro e se eu fraquejasse perto deles, como eles se sentiriam seguros? O pior é que por dentro eu estava tão quebrado quanto qualquer um. Eu estava com tanto medo quanto eles...
No caminho da delegacia liguei pra Patricia e pedi pra ela ir pra casa do tio Alexandre, ficar de olho nos moleques. Chegando lá eu estava nervoso, tenho que admitir. Os policiais nos direcionaram a uma sala que tinha uma mesa e três cadeiras. Sendo uma do lado oposto às outras duas. Sentei ao lado do meu tio, e esperei trazerem ele. A porta se abriu e eu Vi na minha frente um homem derrotado. Ele estava algemado e levou até um certo susto ao me ver ali. Ele parecia ter apanhado muito, mas não sei de quem. Ele se sentou e o policial se retirou. Eu fiquei encarando ele por algum tempo em silêncio, até que ele começou a chorar e abaixou a cabeça.
- Desculpa...- Foi tudo o que ele disse.
- Desculpa? Você acha que resolve todos os danos que causou, com apenas meia duzia de lagrimas e um pedido de desculpa?- O tio se exaltou.
- Eu não queria ter feito aquilo... eu juro que não...- Ele falava mais pra si mesmo do que pra nós dois.
- Pelo que eu me lembre você não foi obrigado a espancar o meu irmão.- Fui frio com ele.- Eu só queria entender como de uma hora pra outra você conseguiu odiar seu próprio filho a ponto de fazer aquilo com ele.
- É que...- Ele não conseguiu terminar sua frase.
- ANDA, PAI. FALA! COMO É QUE VOCÊ PÔDE SER TÃO DESUMANO?- Não consegui me controlar e gritei com ele.
- EU FUI VIOLENTADO, TA LEGAL?- Ele soltou aquilo de uma vez só, ,e deixando mudo por alguns segundos.
- C-como é que é?- Falei quase em um sussurro.
- Quando eu tinha mais ou menos a idade do Gabriel, o meu irmão mais velho, que já faleceu e que eu nunca mais tive contato depois do ocorrido, me estuprou. Então assim que eu soube do Gabe, comecei a reviver todos os sentimentos ruins que eu tive contra o meu irmão e descontei nele. Entenda que eu tava fora de mim, não sabia o que eu estava fazendo... Foi mais forte do que eu! Não tive como não lembrar do que aconteceu comigo.- Fiquei calado fitando-o. Eu não sabia nem o que falar diante da situação. Primeiro que uma história não teve nada a ver com a outra. Como ele pôde lincar os dois acontecimentos?
- Eu sinto muito pelo que aconteceu com você, de verdade! Mas isso não foi, não é e nunca será desculpa para a monstruosidade que você fez. Eu só vim aqui reforçar algo que você já deve estar ciente: Eu não quero que você chegue mais perto de mim ou dos meus irmãos, entendido? Nunca mais chegue perto de algum de nós. Tudo o que você nos fez foi pesado demais pra que a gente mantenha qualquer tipo de relação. Assim como você não manteve contato com o seu irmão, nós queremos distância de você.
- Não, filho... por favor, eu te imploro...
- Não me chama de filho.- Eu o interrompi.- Desde ontem que nós não te consideramos mais como pai. E não se preocupe, a partir de agora eu e o tio Alexandre vamos cuidar deles e sempre que eles precisaram de um pai, eles vão encontrar alguém compreensivo e não alguem que queira matar eles. Já falei tudo o que eu tinha pra falar pra você. Tio, te espero la fora.- Falando isso sai e fui em direção ao carro do meu tio. Meu "pai" naquele momento era página virada. Eu agora estava muito mais preocupado em encontrar um emprego, conseguir me dar bem na faculdade, cuidar dos meus irmãos e ainda não deixar meu namoro cair na rotina! Eu queria poder me dividir em dois, pra dar conta de fazer tudo isso. Meu tio chegou no carro, entramos nele e voltamos para casa. Chegando la, o Ricardo também estava. Meus irmãos ficaram me olhando como se esperassem eu falar algo sobra o nosso pai, porem não o fiz.
- Ric, vem aqui na cozinha comigo.- Chamei e ele veio.
- Fala ai, mano.
- Cara, to precisando arrumar um emprego. Tu não sabe de alguem que esteja contratando?
- Só, sei que o pai do Lucas la da nossa sala que tem um escritório de advocacia ta precisando de estagiário. Fala com ele e vê se ele fala com o pai dele. Explica tua situação aqui e tal, vai que isso ajuda né?
- Valeu, cara! Vou fazer isso mesmo.- Agradeci.
- E tu sabe que qualquer coisa eu to aqui, né?
- Claro, mano.- Respondi e voltamos pra sala. Depois de um tempo a paty e o Ric foram embora e nós voltamos para o quarto do Gabe.
- Gus... como foi lá com o papai?- Max perguntou deitando sua cabeça em minhas pernas.
- Eu acho melhor a gente tentar superar isso tudo e esquecer que ele existe.- Preferi não falar o que ele me disse.- Essa é uma nova fase pra gente e temos que aceitar a nossa realidade.
- Vai ser difícil...- Max começou.- Tinha tantas coisas que nós fazíamos juntos...
- Max, não importa o que aconteça, eu sempre vou estar aqui! Quem sabe agora nós podemos fazer essas coisas que vocês faziam? Minha prioridade agora são vocês dois e não quero que sintam falta de nada.
- Eu nem sei o que seria de mim agora se não fosse por você, Gustavo. Muito obrigado pelo que você ta fazendo pela gente.- Gabriel me abraçou.
- Como eu poderia não fazer? Vocês são sangue do meu sangue. São meus irmãos... Eu daria a vida por vocês, se preciso fosse.- Beijei sua cabeça.- Agora eu vou tomar um banho e sair. Preciso falar com um cara da faculdade.- Fui em direção ao banheiro. Aquele emprego tinha que ser meu!
Gabriel narrando
Já havia se passado três dias desde o fatídico ocorrido. Eu teria que voltar pra escola e o pior de tudo é que a noticia do que aconteceu comigo e com o Max saiu na TV local, ou seja, eu acabei sendo retirado do armário pra todo mundo da cidade.
- Boa aula e estudem, viu?- Gus falou assim que nos deixou na porta da escola. Ainda eram bem visíveis as marcas dos golpes que sofri, principalmente as do rosto. Confesso que fiquei com vergonha de as pessoas me olharem assim. Quando passamos pelos portões da escola, todo o burburinho de gente conversando parou, dando lugar a um silêncio absoluto. Todos olhavam pra mim, creio eu que por causa das marcas. Eu não conseguia identificar o motivo de seus olhares. Se eram de pena, de admiração por eu estar ali mesmo naquele estado, de raiva com quem fez aquilo comigo, enfim... Max passou o braço ao redor do meu pescoço e puxou meu corpo pra junto do seu.
- Continue andando como se nada tivesse acontecido.- Ele sussurrou no meu ouvido.- Você não teve culpa de nada e nem fez nada de errado! Não interessa o que esse povo pensa ou fala de você, o que importa é que eu te amo e te aceito do jeito que você é!- Tive vontade de chorar por tê-lo ao meu lado, porém não o fiz. Apenas o abracei com toda a minha força quando chegamos na porta da minha sala. Eu entrei e ele foi pra sua sala.
Sentei bem la no fundo, bem no canto esquerdo do fim da sala e abaixei a cabeça. Não queria que as pessoas chegassem e ficassem olhando para os hematomas no meu rosto como se eu fosse uma atração de circo. Fiz os braços de travesseiro pra testa e fiquei de cara com a mesa. De repente sinto uma mão alisando o meu antebraço, fui levantando a cabeça aos poucos e Vi que o João lucas estava sentado na carteira ao lado da minha e era ele quem alisava meu braço. Quando, sem falar nada, ele me abraça. Um abraço tão forte, que mesmo sem palavras, podia me dizer tudo. Eu não sei porque, se talvez tenha sido por medo de ele não me aceitar, ou justamente pelo fato de ele estar me aceitando e me apoiando, que eu comecei a chorar em seu ombro. OK, admito que sou meio chorão, mas é que eu me senti tão bem dentro do abraço do meu melhor amigo, que não tive como segurar. O João é um cara meio fechado e definitivamente não faz o tipo que sai demonstrando afeto pelas pessoas, o que me fez sentir-me mais especial ainda pra ele já que ele estava me abraçando em frente ao pessoal da sala, que inclusive poderia usar o fato de ele estar abraçando um gay, pra zoar ele. Porem nada daquilo pareceu importar pra ele. Quando saímos do abraço, ele enxugou minhas lágrimas com o polegar e me deu seu melhor sorriso, e bagunçou meu cabelo com sua mão o que me fez sorrir também. Aquela atitude dele fez eu ganhar meu dia. Agora seria muito mais fácil enfrentar a escola, sabendo que meu melhor amigo estaria ao meu lado!
O resto da aula ocorreu normal. No intervalo as pessoas me olhavam, mas percebi que era mais por curiosidade mesmo. O Gus apareceu para nos buscar na hora da saída e fomos pra casa do tio alê, que por mais que estivesse com nossa guarda, não considerávamos aquela casa como sendo nossa. Tomamos banho e almoçamos. Em seguida eu e Max fomos para o quarto, quando escutamos alguem la fora gritar.
- UHUUUUL!!!!- Gustavo entrou no meu quarto.
- Qual foi mano?- Max perguntou.
- Advinhem quem conseguiu um estágio remunerado?- Quando ele falou aquilo, foi instantâneo o meu sorriso. Apesar dos pesares, aquela era uma grande vitoria pra gente, em meio a tanta coisa ruim que aconteceu nos dias anteriores.
- AAAH NÃO ACREDITOO!- Max praticamente voou em cima do nosso irmão mais velho.- PARABÉNS GUS!!!
- É, mano, você merece!
- Tô tão feliz!!!
- Pelo visto agora as coisas vão começar a tomar um rumo melhor!- Falei esperançoso.