Cap.4
No momento da pergunta eu meio que não entendi o porque dele ter perguntado aquilo.
-Ué ? Mas porquê eu deveria dizer ?
-Ah... Para eu saber oras. Somos amigos, e eu apresento todas as mulheres que fico para você.
-Como se você estivesse ficando com muitas nos últimos tempos...
-Mesmo eu não ficando, me apresente os seus pretendentes. Quero ter certeza que você não sai com nenhum maníaco tarado – ri
-Pode deixar, eu não saio com maníacos tarados. Eu conheço as pessoas com quem saio.
-Hum... - não entendi todo aquele interrogatório.
-Você está com ciúmes de mim Raul ? - foi a vez dele rir
-Ciúmes não. Estou preocupado, apenas isso...
-Fingirei que acredito... - falei, saindo do quarto.
TEMPO DEPOIS
Mas eu sempre achei que aquele ciúme era mais um ciúme realmente de quem se preocupa com você. Não valia a pena me iludir achando que aquele ciúme era causado por outra coisa. E enquanto isso, ele continuava com aquela mulher que acaba iludindo ele sempre.
-Wil ?
-O que foi ? Tenho trabalhado de Bioquimica agora, me deixa...
-Não... Me empresta seu celular ?
-Pra quê ?
-Pra eu ligar para a Bia... - olhei no fundo dos olhos dele com os meus cerrados.
-Você vai ligar para ela ? Quer que eu espanque você ? Depois de tudo você ainda vai dar atenção a ela.
-Depois você me dá sermão, agora eu quero seu celular – olhei no fundo dos olhos dele, agora de pé.
-Aquela mulher só está interessada no seu dinheiro e na sua piroca... Se quiser, liga pra ela do orelhão. Se depender de mim, ela nunca mais veria você – ele saiu com raiva. Mas eu sabia que dali a algumas horas ele voltaria, com o rabinho entre as pernas, se lamentando por ela tratar ele daquela forma.
HORAS DEPOIS
Comia pizza tranquilamente na frente da TV. Tinha pedido justamente porquê já sabia que ele viria triste da rua. Não deu outra. Naquele dia apenas mexi o olho e vi ele vir, meio que se arrastando pela porta. Ele passou pela minha frente, e então sentou-se ao meu lado no sofá.
-Pode dizer...
-Dizer o quê ?
-Eu te avisei...
-Não... Já cansei de falar isso... Você não me escuta... Acho que ela deve ter mel lá embaixo, para você não conseguir esquecer essa vadia...
-Isso é paixão...
-Sei... Paixão... Me parece mais masoquismo...
-Para de me dar bronca... - dizia ele, abraçando o meu braço – pena que você nasceu homem... - me deu vontade de perguntar qual era a importância disso ?
-Pena que você nasceu hetero – ele riu...
-Quem disse que sou hetero ? - arregalei os olhos na hora que eu ouvi aquilo... De repente ele se levantou e foi em direção ao banheiro, me deixando todo atordoado e com dúvidas.
MINUTOS DEPOIS
-Pegou corda ? - ele perguntou, vindo apenas de toalha do banheiro.
-Não... Você só tá querendo ver a minha cara... - ele riu – vem comer logo essa pizza que eu comprei pra você... - falei, trocando de canal na TV. De repente ele pulou o sofá e sentou-se novamente ao meu lado.
-Obrigado – falou, beijando o meu rosto. Corei e meu coração acelerou de uma forma como há muito tempo eu não sentia. A vergonha tomou conta de mim, tanto que olhei para ele sem acreditar no que ele havia feito. Era só um beijo no rosto, e apesar dele ser carinhoso, não estava acostumado a receber beijos. Ainda mais dele.
-Está querendo me iludir mesmo ? - dizia a mim mesmo, apenas sussurrando.
-O quê ?
-Não, nada...
TEMPO DEPOIS
Já estava quase dormindo na cama, quando de repente ouvi a voz dele.
-Wil ? Já dormiu ?
-Quase... O que quer ?
-Porquê será que eu não consigo esquecer a Bia ?
-Não sei... Ela deve ter feito uma macumba, sei lá...
-Poxa... Eu sei que você está certo. Que ela não quer nada comigo... Mas sei lá, parece que algo não me deixa eu me soltar dela...
-Ela deve fazer de tudo ein... - dizia eu, agora me virando para olha-lo de frente.
-Na verdade, acho que é porquê eu nunca encontrei ninguém que me desse valor. Então acabo ficando com a única pessoa que ainda me procura – naquele momento eu queria dizer. Queria alertar a ele, mostrar que eu estava ali, que eu me interessava nele. Mas o meu medo me deixava calado – pelo jeito a única pessoa que realmente quer o meu bem é você – dizia ele, me olhando.
-Porquê está me olhando assim ?
-Não, nada... Só que... - e então ele desviou o olhar – esquece...
Continua
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