MESA PRA TRÊS 3ª PARTE CAP 5 - DÊ

Um conto erótico de Cookie
Categoria: Homossexual
Contém 3192 palavras
Data: 28/06/2016 15:50:35

MESA PRA TRÊS

3ª TEMPORADA

CAPÍTULO 5

DÊMas me diga Jorge – Continuou Alice – Se ela não dissesse que era lésbica, você acha que vocês iriam...

Os quatro estavam sentados no sofá da sala, todos com pratos vazios ao lado, deixados, sem perceber, para Aaron lamber o Shoyo temperado.

- Transar? Ahhaha – Riu Jorge pensando na possibilidade – Não sei, eu acho que...

- Jorge, com quantas mulheres você transou? – Perguntou Gabriel sem pensar.

- Bom, contando com.... E aquela, acho que dá um total de.... – Jorge encenou um cálculo matemático. – Uma.

- Sério? – Perguntou Alice espantada – Até eu já transei com mais mulheres que você – Sussurrou para ela mesma.

- E homens? – Continuou Gabriel.

- Bom, você e o Mike! – Concluiu Jorge sem fazer drama.

- Só? - Perguntou Alice em choque.

- Aham! - Respondeu Jorge espantado com o espanto dos três.

- Mas por quê? - Perguntou Alice.

- Bom, eu nunca tive...

- Quarentão e só transou com três pessoas? – Se indignou Alice sem esperar ouvir a resposta – Com dezoito eu já tinha transado com mais que o dobro... - Continuou.

- Algum problema mocinha? – Perguntou Jorge num tom irônico.

- Não, não... respondeu Alice sem graça.... Eu só achei eu os gays fossem maisSafados? – Tentou continuar, Mike.

- Sem pudor? – Tentou Gabriel.

- Indecentes? – Arriscou Jorge.

- Não... quer dizer.... Também, mas o que eu quis dizer é que, bom, eu posso estar sendo boba, mas... Eu tenho impressão que sexo é mais fácil e vil pra vocês. Bom, eu vou fazer umas perguntas e vocês me respondam diretamente ok? - Perguntou Alice se preparando.

- Manda! – Respondeu Mike e interessando.

- Vocês já transaram no banheiro de bar?

- Não! – Afirmou Jorge.

- Várias vezes – Disse Mike.

- Punhetinha conta? – Perguntou Gabriel.

- Igreja?

- Não! – Afirmou Jorge.

- Várias vezes – Disse Mike.

- Boquetinho conta? – Perguntou Gabriel.

- Ônibus?

- Não! – Afirmou Jorge.

- Várias vezes – Disse Mike.

- Dedadinha conta? – Perguntou Gabriel.

- Cemitério?

- Não! – Afirmou Jorge.

- Várias vezes – Disse Mike.

- Uma chupadinha no mamilo, conta? – Perguntou Gabriel.

- Virtual?

- Não! – Afirmou Jorge.

- Várias vezes – Disse MikeHmm - Gabriel parou pra pensar e não respondeu.

- Viu? – Perguntou Alice.

- Mas você pode transar nesses lugares se quiser- concluiu Mike.

- Ai que nojo!

- Que horas são? – Perguntou Gabriel.

- Vai dar meia noite ainda - Respondeu Jorge – Por quê?

- Bom, hoje ainda é quarta... a noite e uma criança...

- O que você quer dizer? – Indagou Alice.

- Olha, eu pirei ali no quarto por saber que você tava ficando, ou sei lá, quase ficando com uma mulher.... Mas você só.... Enfim, acho que a gente deveria sair, ir pra uma balada.... Olha, eu deixo você ficar com uns caras, o que acha? Só não pode trazer pra casa.

- Você “deixa”? – Perguntou Mike, começando a rir freneticamente.

- Eu topo! – Disse Jorge prontamente.

- Como é que é? – Mike parou de rir. - E quem disse que eu deixo?

Jorge se levantou e foi até o quarto, dizendo:

- Só espera eu tomar um banho.

Mike, Gabriel e Jorge estavam dentro do carro estacionado a uma quadra de distância do clube Winky, onde se podia ouvir a música alta e uma pequena fila na portaria. Gabriel, que estava no banco de trás, inclinou-se para frente apoiando as mãos nos bancos e disse:

- Ok pessoal, as regras são....

- Regras? – Repetiu Mike rindo.

- Não levar ninguém pra casa... - Continuou Gabriel.

- Exatamente! – Confirmou Mike. - Transem no banheiro ou num beco escuro... Tá vendo aquela árvore ali...

- Mais alguma coisa? - Perguntou Jorge ignorando Mike.

- Não se envolver com um cara eu pareça ser casado e beber demais.

- Quê? – Perguntou Mike decepcionado – Mas os melhores são assim!

- Isso é só pra mim – Disse Gabriel baixinho enquanto saia do carro.

Logo antes de abrir a porta, Jorge sentiu Mike o segurando pelo braço.

- Jorge! – Disse firme e baixinho para Gabriel não escutar pelo lado de fora!

- Hã? - Perguntou atento.

- Tem camisinha aí, né? – Perguntou seriamente.

Jorge surpreso com a pergunta acenou que sim.

- Anda gente, tá frio aqui fora - Reclamou Gabriel cruzando os braços.

O lugar não era enorme, mas incrivelmente aconchegante, as paredes escuras eram enfeitadas com quadros de cantoras pops atuais e cantoras da jovem guarda. Haviam várias telas com diferentes grupos musicais dos anos noventa misturada com divas pops atuais, era difícil ouvir qualquer coisa que não fosse o som alto da música ali dentro, haviam garrafas espalhadas no cantos, casai e trios se beijando, grupos e drag queens coreografando, explosões de cores em todos os cantos, fila para entrar no banheiro masculino e duas pessoas no banheiro feminino.

- Não vai dançar? – Perguntou Mike sentado ao lado e Jorge no bar.

- Nem com todas essas bebidas ingeridas – Riu, olhando para o fervo de pessoas no centro do salão.

- Foi aqui, não? – Mike se virou e apoiou os braços no bar como quem pedisse uma bebida.

- Oi? - Jorge não entendeu.

- Vocês se conheceram aqui....

- Ah.... – Jorge ficou sem reação – Foi sim – Disse tentando evitar contato visual.

- Você dançou? – Mike se esforçava para disfarçar a seriedade, mas Jorge conseguia ver fragmentos de humanidade nele.

- Sim – Jorge gostaria de ter uma outra filosofia de vida às vezes, para poder mentir de vez em quando. – Mas não era música assim... Era uma música calma, porque era dia dos...

- Namorados? – Mike agora segurava uma cerveja de garrafa verde.

- Aham... - Disse sério.

- Qual música? – Perguntou Mike dando um gole logo em seguida.

Jorge se virou para o bar e pediu uma bebida.

- Qual Jorge? Relaxa, pode dizer... - Disse Mike parecendo calmo.

- The Way You Look Tonight – Rod Stewart….

Mike permaneceu em silêncio.

- Por isso eu dancei, porque já sabia dançar – Tentou se explicar

Mike olhou nos olhos de Jorge como se tivesse acabado de perceber que perdeu alguma coisa.

Sim – Interrompeu Jorge esperando que Mike não completasse a frase.

Perto dali Gabriel coreografava The Cardigans – Love Fool, com dezenas de rapazes.

- Você dança muito bem! – Gabriel ouviu alguém dizer no seu ouvido.

- Eu sei! – Disse rindo

- Você vem sempre aqui? – Continuou a voz grossa atrás dele.

- Essa é velha – Respondeu se virando para ver quem estava o cantando.

Ao se virar, Gabriel se surpreendeu ao se deparar com o pescoço do rapaz, o dono na voz era tão alto que ele deveria ter no mínimo dois metros de altura, careca, nariz e boca larga, sorriso amplo, olhos bem negros, charmoso, pele cor de noite.

- Olá! – Disse o rapaz olhando para baixo.

- Ai meu Deus – Disse Gabriel no exato momento que a música parou, fazendo com que todos ali olhassem para ele.

- Juan – Sorriu o rapaz estendendo a enorme mão para ele.

- Gabriel.... – Disse sem graça estendendo a mão.

A mão de Juan era tão grande que cobria facilmente a mão de Gabriel, que possuía mãos minúsculas para um adulto.

A voz da música que havia começado a tocar a seguir era facilmente reconhecida por Gabriel.

- Florence! Adoro Florence! - Gritou.

- Idem – Disse Juan numa voz grossa, dançando mais perto de Gabriel.

Gabriel se sentia aos poucos tendo seu espaço invadido por Juan, se preocupava às vezes se estava sendo visto por Mike e Jorge, mas em momento algum tinha os dois em vista.

- Essa parte é boa! – Gritou – Aah!

Gabriel sentiu um líquido gelado cair sobre sua cabeça, numa quantidade suficientemente grande para escorrer em formatos de rios pelo seu rosto, gotejando no chão e molhando sua camisa.

- Vem, vem! – Disse Juan agarrando sua mão, enquanto o arrastava para fora – Não abre, os olhos, se não vai arder.

E ouvindo a música cada vez mais distante, Gabriel foi.

Ainda no bar Mike e Jorge conversavam.

- E aquele? – Apontava Jorge.

- Muito escandalosa – dizia Mike

- Humm... e o de camisa verde?

- Bom, mas você não viu ele dançando? - Disse dando mais um gole na cerveja.

- AHhaha, tá bom – Ria Jorge – E o de regata?

- Não, ele tá de regata!

- E isso é motivo?

- Pra mim não, pra você deveria ser. - Relutou Mike.

- Tá.... E o de social? - Tentou Jorge o encarando de longe.

- Pior.... o típico discreto e fora do meio.... Passivo, certeza, mas não. - Disse Gabriel terminando a cerveja e se virando para o bar afim de pedir mais uma.

- E o de preto na mesa a esquerda?

- O namorado dele é ciumento. - Disse de costas.

- Como você sabe? - Perguntou Jorge percebendo que Mike estava de costas

- Longa história.

- Impressão minha ou você não quer que eu saia com alguém? - Perguntou Jorge com um sorriso de lado.

Mike o encarou enquanto bebia um longo gole da sua nova garrafa.

- Você quer que eu sinta ciúmes? - Perguntou Mike com os olhos semiabertos.

- Lógico! – Disse Jorge.

- Enfim, o ruivo tá te encarando a um tempo, ele tá atrás de você. Ele é bom, vai lá!

- Aqui? – Sussurrou.

- Isso! – Confirmou Mike com a cabeça – Vai lá! – Continuou Mike com um sorriso.

Jorge não sabia bem o que estava fazendo, talvez fosse efeito do efeito do álcool ou a adrenalina que Helena o tinha proporcionado, mas gostava da ideia.

- Olá moço bonito – Disse Jorge se aproximando.

O ruivo riu.

- Tudo bom?

- Sim! E você?

- Bem!

A conversa havia parado aí, Jorge não sabia o que fazer com as mãos e os segundos insistiam em não se mover.

- Você é péssimo nisso, sabia? – Disse ruivo.

- É, já me disseram isso uma vez... Duas na verdade, mas eu pretendo melhorar...

- Tudo bem, você é bonitão... Tô afim de ir no banheiro.

- Aah, ok! – Jorge apoiou os cotovelos no balcão do bar, como e fosse aguardar, reparou eu Mike o encarava do outro lado fazendo gestos como “Vai! Vai!”. Jorge reparou que a ida do ruivo ao banheiro era na verdade um convite. – Aah, ok!

Longe dali, Gabriel sentia algum tecido úmido sobre suas pálpebras.

- Calma, não se mexe! - Dizia a voz grossa calmamente.

- Isso tem cheiro de chocolate – Disse Gabriel pausadamente.

- Humm.... - Juan lambeu o rosto de Gabriel – Amarula, certeza – Disse sentindo o gosto - Pode abrir.

Gabriel reparou que estava num carro preto, conhecia a rua, tinha passado ali pela frente para chegar ao clube.

- Você me lambeu? – Perguntou desconfiado.

- Talvez – respondeu Juan receoso.

Gabriel conseguiu com esforço permanecer dois segundos sério e começou a rir, provocando risos também em Juan.

Passando o som das risadas um silêncio sabor chocolate começou a se desfazer no ar.

- Eu.... – Começou JuanPosso te beijar?

Gabriel não respondeu, mas acenou que sim.

Os dois se beijaram ali enquanto o cheiro de Amarula se fazia mais presente, os largos lábios de Juan se encaixavam perfeitamente com os grossos lábios de Gabriel e ele sabia usar exatamente a quantidade de língua que Gabriel apreciava, era difícil achar beijo assim.

Os dois se desgrudaram no carro.

- Meu Deus! – Exasperou Gabriel.

- E a segunda vez que eu ouço isso hoje! - Disse Juan confiante.

- Desculpa, é que...

- Tudo bem....

Gabriel arregalou os olhos como se de repente lembrasse de algo.

- Foi ótimo te conhecer, mas eu...

- Precisa ir...? Entendo. - Disse Juan conformado com qualquer coisa que Gabriel viesse dizer.

- Desculpa mesmo... - Disse Gabriel passando a mão no rosto e se levantando, indo em direção do Clube.

- Mas você deveria saber que não vai dar certo sabe.... Com aqueles dois. - Gritou Juan fazendo com que Gabriel congelasse no meio da rua.

Mike bebeu o gole da cerveja que Jorge havia deixado no balcão, decidiu dançar um pouco no salão e procurar Gabriel, mas sem sorte, dançou até se sentir tonto, se sentiu tonto e desmaiou.

No banheiro, Jorge era beijado pelo ruivo no pescoço, tinha sua barba fazendo sincronia com o cabelo de fogo, chupões seriam deixados com certeza e ele não se importava, o som da música lá fora do banheiro abafava os mini gemidos dados ali dentro, tinha a impressão que também havia sexo na cabine ao lado.

O ruivo já havia se ajoelhado para abrir o botão da calça jeans de Jorge com a boca e fez isso com certa habilidade, segurou o órgão de Jorge com as duas mãos e sorriu olhando para cima, sabendo que havia espaço para mais uma mão ali. Ele salivava para colocar aquilo tudo na boca, mas antes mesmo desse ato prazeroso, o som da porta se abadernou!

- Todo mundo desse banheiro sai! – Gritou uma voz grossa! – Aqui não é motel! – Continuou!

Pelos barulhos nas cabines ali, agora tinha certeza de que não era o único a utilizar a cabine para outros fin naquele banheiro. Aos poucos as portas das cabines foram se abrindo e sons de passos mudos foram sendo ouvidos ao se retirarem do banheiro emudecidos.

- Eu sei que vocês estão aí! – Dizia a voz batendo com algum instrumento na porta do banheiro onde Jorge e o ruivo estavam.

O ruivo simplesmente abriu a porta e saiu, não deixando espaço para Jorge pensar.

Jorge sabia que a situação na qual estava era ridícula e com certeza era o mais velho ali. Imediatamente um quê de autoridade, vergonha e responsabilidade deram um choque nele e enquanto se retirava da cabine resolveu se explicar.

- Me desculpa – Começou Jorge – Eu....

- Finalmente! – Disse o segurança.

Jorge percebeu que era o único no banheiro, ouviu o barulho da tranca da porta ser virada pelo segurança.

- Hã? – Perguntou Jorge sem entender.

- Eu acabei de tirar todo mundo daqui.... É bom seu pau ser maior do que eu acho que é!

Jorge expressou um sorrisinho de lado.

Aquela frase fez Gabriel congelar na rua e voltar ao carro em pequenos passos.

- Como você sabe? – Perguntou baixinho, curioso e nervoso.

- Eu vi vocês entrarem e pré assumi.... Agora tenho certeza. - Concluiu Juan.

- E por que você acha que não vai dar certo? - Perguntou Gabriel fingindo segurança.

- Experiência própria... - Disse Juan olhando para o chão.

- Você já... - Começou Gabriel.

- Sim, mas.... enfim, situação completamente diferente... Imagino.

- Pois pode me explicar! – Disse Gabriel voltando a entrar no carro.

- Bom, depois de eu abandonar a carreira de jogador de basquete....

- Ah, você jogava basquete? – Interrompeu Gabriel.

- Sim....

- Legal.... E porque parou? - Perguntou Gabriel pouco se importando se estava desviando do assunto ou não.

- Eu amava o esporte, mas não dava pra me manter com o dinheiro.

- Hm, e faz o que hoje em dia? - Perguntou Gabriel interessado.

- Sou garoto de programa!

- Eita! – Se surpreendeu Gabriel – Quero dizer.... Legal!

- AHaha você é engraçado. - Riu Juan ao se deparar com a reação de Gabriel.

- Não é a primeira vez que eu ouço isso também....

- E como é? – De repente Gabriel mostrava um interesse tamanho em Juan, que começava a se sentir mais à vontade

- Eu comecei com uns clientes particulares, sempre os mesmos dois, eles eram bem financeiramente, então nunca me faltou nada, não me davam só dinheiro, me pagavam mensalidade de apartamento, faculdade, me levavam pra viajar, jantar fora, me davam coisas....

- Mas peraê... - Gabriel parou para pensar - Os dois juntos?

- Sim e não! Inicialmente um não sabia do outro, mas depois de um tempo souberam.... Eles começaram a ficar com ciúmes um do outro, o que não faz sentido nessa...

- Profissão? – Tentou completar Gabriel.

- Eu ia dizer nessa área, mas profissão serve. Ainda mais porque os dois eram casados, os dois tinham família, eram pais e tudo mais.... Bom, por meio de um incidente os dois e conheceram.

- E aí? E aí? – Gabriel se flagrou super curioso e envolvida com a estória.

- Por incrível que pareça os dois se deram bem, jogavam bola, faziam essas coisas de hétero, sabe? – Brincou Juan.

- HAhahha, imagino – Sorriu Gabriel.

- Mas isso tudo foi temporário....

- O que aconteceu?

Juan encarou o volante por um tempo, ficou sem reação por uns segundos.

- Acho que a vida aconteceu.... Eu queria dizer que não deu certo por ciúmes ou porque um de nós fez algo imperdoável, mas.... Não. O tempo passa e a gente muda, não quer mais as coisas que queria, não cabe mais onde cabia, a gente mudou muito, foi incrível, eu não me arrependo de absolutamente nada.

- O que aconteceu com os outros dois?

- Aaah, eles estão.... Bom.... Não importa, né?

- E.... O que você me aconselha? - Perguntou Gabriel já a algum tempo sem piscar.

Juan parou para pensar um pouco seriamente e depois abriu o vasto sorriso.

- Você está naquela fase de ouro? Que ama os dois?

- Acho... - Gabriel se reconheceu nele - Acho que sim!

- Então dê!

- Hã? - Perguntou Gabriel tentando entender o que tinha ouvido.

- Isso mesmo! Dê! Dê bastante! Dê com gosto, dê tanto, até você não conseguir andar no dia seguinte! Dê! – Disse sorrindo.

Gabriel caiu na risada, mas aquela trilha sonora da satisfação foi repentinamente interrompida pelo barulho de algo se partindo a quase uma quadra atrás diretamente do clube. Algumas pessoas gritavam para uma pessoa que se levantava do chão!

Gabriel forçou os olhos:

- Mike?

Minutos atrás Mike se recuperava do desmaio em uma sala privada, com dois sofás pretos.

Tu bebeste muito? – Uma moça perguntou.

- Não.... Isso é só um dos sintomas do.... Eu tô bem! – Disse se levantando rapidamente. – O que aconteceu?

- Você caiu na pista... Tu tá bem?

Mike pode ver agora uma moça de pele negra e cabelos encaracolados.

- Mônica? – Disse baixinho.

- Não, meu nome é Gisele! Pega um pouco da água lá para ele – pediu ela para um rapaz que estava logo atrás.

Relaxa, eu tô bem... Eu tô tomando um remédio aí e um dos efeitos é tontura, mas é rápido, eu apago por um momento.... mas fico bem logo.... Não se preocupa.

- Ah.... Entendi.

- Bom, eu tô com uns amigos, tô indo embora, obrigado por cuidar de mim. - Disse Mike se levantando rapidamente envergonhado e se retirando do local, tendo certeza de que havia dito exatamente o que a garota precisava ouvir para o deixar ir embora sem fazer mais perguntas.

- Ok, se cuida! - Disse Gisele o perdendo de vista.

Mike se levantou e se dirigiu em direção a única porta daquele recinto, esbarrou em um rapaz que passou a mão e apertou suas nádegas com força.

- Tu não devia ter feito isso amigo – Disse Mike.

Minutos depois, Mike via Gabriel correndo em sua direção na rua, em frente ao clube.

- Mike, o que aconteceu!? – Perguntou Gabriel assustado.

- Leva esse cuzão que arranja briga, longe daqui! – Disse um dos seguranças.

- Tu arranjou briga? Porra Mike! – Gritou Gabriel.

- Ah relaxa! Vamo embora! - Disse Mike com tom de irritação.

- Cade o Jorge? - Perguntou Gabriel procurando na sombras da porta uma imagem conhecida.

- Ocupado! Vamos? – Disse Mike prontamente começando a andar.

- Como assim ocupado? Ele não tá lá dentro? - Perguntou Gabriel parando Mike.

- Ele deve estar totalmente dentro agora! - Disse Mike arrotando e andando torto.

- Hã? Espera que eu vou lá chamar ele.

Assim que Gabriel entrou, ele foi interrompido por um dos seguranças.

- O senhor não pode mais entrar.

- Hã? Como assim? - Perguntou Gabriel nervoso. - Me deixe entrar!

- Senhor por favor! Insistiu um dos seguranças.

- O que está acontecendo aqui? – Jorge surgiu de dentro do clube.

- Jorge? - Perguntou Gabriel enquanto Mike se desfazia em desgosto logo atrás.

- Olha só quem está aqui! – Disse Mike.

- Eu não tô entendendo mais nada! – Confessou Gabriel. – Vamos pra casa!

- Dormir? – Perguntou Jorge.

Gabriel olhou para trás esperando ainda ver o carro estacionado de Juan e percebeu que ele não estava mais ali, olhou para Mike e Jorge e se deu conta do quão efêmero era aquele momento e antes de que qualquer pensamento pudesse inundar sua mente de incertezas, sentiu uma cãimbra interna em formato de chamas salivar seu corpo por dentro enquanto de sua boca saiu apenas uma palavra.

- Não.

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