— Há mais alguma coisa? — ele perguntou, desviando a atenção para Zane.
Zane pegou a mochila e tirou um bloco de papel.
— Aqui tem uma lista das joias que minha mãe vendeu. Não é uma lista completa porque ela vendeu algumas antes do meu nascimento ou quando eu era jovem demais para saber o que estava acontecendo. E também tem isto...
Ele entregou um anel de brilhante com as palavras “para sempre” inscritas no interior.
Rafe sentiu um nó na garganta.
Zane o encarava, com os braços cruzados. Ele usava uma calça jeans preta que se moldava a suas coxas e bunda e uma camisa branca estampada e tênis . Seus cabelos escuros caiam levemente nos olhos. Olhos chocolate e porte esguio, ele se parecia muito com o Principe Raj, um dos filhos do rei.
Havia algumas diferenças. Raj não usava óculos e tinha uma autoconfiança que faltava em Zane. Sim, Zane devia mesmo ser quem dizia ser, a semelhança era muita. Rafe começou a pensar no que o rei faria quando soubesse.
— Que histórias sua mãe te contou sobre seu pai?
— Ela contou pouca coisa. — Zane deu de ombros. — Quando eu fazia perguntas, ela dizia apenas que eles não puderam ficar juntos, que ele não sabia a meu respeito porque ela não pode contar nada. Eu costumava perguntar se meu pai poderia me querer se soubesse da minha existência e ela sempre respondia que sim, mas eu nunca soube se isso era verdade ou apenas uma interpretação dela.
As informações não foram de muita ajuda. Rafe olhou para Cléo, que estava esticada na cama, lendo uma revista de moda.
— Você lembra de alguma história sobre seu pai querida?
Cléo sorriu delicadamente
— Não tenho a sorte de pertencer a uma família real, infelizmente , mas eu daria uma ótima princesa .
— Cléo é minha irmã adotiva. Zane explicou
— Sim. Fiona me trouxe para casa quando eu tinha dez anos, como se eu fosse um bichinho de estimação.
Cléo falava em um tom alegre, mas havia tristeza nos seus olhos verdes. Rafe observou o rosto redondo, os olhos grandes e os cabelos loiros de Cléo. Ela realmente não se parecia nada com Zane.
Zane olhou para a irmã com carinho, amava essa pequena encrenca.
— Não foi assim dramática. Cléo foi adotada e rapidamente se tornou membro da família.
— Então, vocês não são parentes. Rafe concluiu
— Não lindo. Cléo falou
Zane abriu a boca, como se fosse dizer alguma coisa, mas apenas balançou a cabeça e se levantou.
— Não posso continuar com isso — ele disse, se dirigindo a sacada.
Cléo suspirou.
— Zane está assim desde que deixamos Atlanta — ela confidenciou. — Uma coisa é querer conhecer o pai, outra é enfrentar a situação. Zane sempre foi quieto e reservado.
Rafe começou a pensar por que o acaso fizera com que ele estivesse presente quando o guarda trouxera Zane. Não poderia outra pessoa o ter atacado e ser responsável por esse contratempo?
Resmungando baixinho, ele se levantou e caminhou até a pequena sacada.
Estavam no final de junho, e o dia era quente. Zane estava encostado na grade da sacada olhando para longe.
— Não quero que diga nada ao rei — ele disse, sem olhar para ele.
— Não tenho escolham infelizmente.
Isto despertou a atenção de Zane que se virou para encará-lo.
— Por quê? Não tem importância. Ele já tem seus filhos... Não precisa de outro. Além disso, acho que eu não seria um bom Príncipe, sou desengonçado demais.,
— Acho que se sairia muito bem.
Rafe se sentiu desconfortável. Não gostava de confrontos emotivos com pessoas que pareciam a ponto de chorar.
Zane engoliu em seco.
— Você acha que ele realmente... — E ele olhou para as cartas que Rafe ainda segurava.
Ele entendeu o que ele queria dizer.
— Sim, Zane. Acho que ele pode ser seu pai.
Zane olhou novamente em direção da cidade.
— Não pensei que seria desse modo. Toda minha vida eu quis pertencer a uma família verdadeira, ter parentes, raízes... Mas não aqui. Eu queria uma família normal, uma família tipicamente americana. Uma família cheia de crianças e talvez um ou dois parentes excêntricos.
Zane tinha um perfil perfeito. Rafe olhou para a curvatura dos seus lábios e o contorno da calça sobre a bundinha dele e Rafe se arrepiou. Nada que tivesse a ver com seus instintos, mas sim, com o fato de ser homem.
Uma leve brisa soprou, trazendo até ele o perfume de Zane. Um aroma que o fez se lembrar de quando o havia atacado e apontado o revólver contra ele, pronto para defender a casa real da Bahania. Mesmo naquele momento, ele tivera consciência de seu perfume inebriante, para não mencionar seu corpo sob o dele. Rafe reprimiu uma gemido.
— E se eu não conseguir me encontrar com o rei? — ele perguntou, olhando para ele.
Havia dúvida e dor nos olhos chocolate.
— Eu poderia servir de intermediário — ele se surpreendeu dizendo. — Posso levar as cartas e o anel para o rei, em particular. Você não precisa estar lá e ninguém mais precisaria saber.
Zane mordeu o lábio inferior, e isso não estava fazendo bem ao auto controle de Rafe.
— Depois que for mostrado para o rei ,não terá volta. Não gosto disso.
— Você não teria vindo aqui se não quisesse que isso acontecesse
— ele o lembrou. — Foi você que começou isto.
— Mas talvez fosse melhor eu e Cléo desaparecermos.
— Se o fizer, passará o resto da sua vida pensando no que poderia ter acontecido.
— Talvez isso não seja tão ruim — Zane hesitou. — Mas... Você tem razão. Eu quero saber a verdade. Será muito bom se você puder levar as cartas ao rei. Não tenho coragem suficiente para ser rejeitado pessoalmente.
Rafe não sabia como o rei reagiria, mas estava quase certo de que Hassan era o pai de Zane. E isso poderia provocar muitas complicações.
— Provavelmente você vai querer levar o anel também — afirmou Zane.
— Como você tem certeza de que eu o devolverei? – Brincou com ele
— Para que você iria ficar com ele?
— Vocês estão viajando sozinhos? — ele quis saber.
— Sim, somos apenas minha irmã e eu.
— Um cego conduzindo o outro.
Zane ergueu a cabeça para olhar para ele que era bem mais alto do que ele e disse:
— Cléo e eu estamos perfeitamente bem e não precisamos da ajuda de ninguém.
— Posso perceber isso, Ser atacado no palácio fazia parte do seu plano?
— Foi culpa sua, não minha. – Zane disse petulante
— Em uma situação dessas, você deveria estar preparada para o inesperado, tipo ser atacado por um guarda.
— Eu... eu realmente me pareço com o Príncipe? — Zane perguntou, mudando de assunto.
— O suficiente para enganar um guarda novato.
— Mas não você, você percebeu na hora.
— Não eu, me Desculpe por ter te atacado.
— Tudo bem. Você pensou que eu fosse uma ameaça, um impostor.
Zane tirou os óculos.
— Acha realmente que eu posso ser filho do rei?
— O que você sabe a respeito do seu nome? — Rafe perguntou, em vez de responder a pergunta.
— Nada. Sei que não é um nome comum, mas se você houvesse conhecido minha mãe isso não constituiria uma surpresa. Ela não era uma pessoa nada convencional.
— Zane é o nome do pai do rei Hassan.
Zane estremeceu, se sentindo de repente com frio.
Rafe não o culpou. Ele tinha vindo à Bahania para procurar o pai, mas estava prestes a ter muito mais.
Em vez de ir direto ao rei, Rafe passou antes pelo seu escritório. Lá, foi ao Mac
para pesquisar alguma possibilidade de Zane ser filho ilegítimo do rei Hassan.
Uma parte dele já havia aceitado a história, mas ainda estava inquieto. Exceto por um pressentimento, ele não tinha motivo para confiar nele. Estaria ficando fraco? Estaria longe de combate por muito tempo? Ou seus instintos estavam lhe apontando a verdade ou ele estava encantado pelos lindos olhos?
Depois de quase quarenta minutos de pesquisa, ele viu o registro das viagens do rei, trinta anos atrás. Não havia muitos detalhes, mas era óbvio que o rei visitara o EUA várias vezes.
Pegou o anel que havia colocado no bolso e o girou na mão. O diamante brilhou sob a luz. Mais uma vez, olhou a inscrição “para sempre”. Teria o rei sido sincero? Ele nunca mantivera uma amante ou uma esposa durante muito tempo. Não amara nenhuma das três esposas. Teria sido a mãe de Zane a única mulher que o rei amou?
Havia apenas um modo de descobrir. Rafe telefonou para a secretária de Hassan e pediu alguns minutos de conversa particular com o rei. Felizmente, o rei estava
com algum tempo livre antes de seus inúmeros compromissos oficiais. Rafe pegou as cartas, colocou o anel no bolso e se dirigiu à parte do palácio onde o rei morava.
Sua Alteza, o rei da Bahania, acreditava em primeiras impressões. Sua suíte era do tamanho de um campo de futebol e dava para um jardim ao redor de uma grande fonte. Quatro homens de terno ficavam de guarda na frente de portas duplas e muito largas.
Rafe cumprimentou os guardas ao se aproximar e, ao entrar, um gato branco persa parou para se esfregar nas suas pernas, deixando sua calça cheia de pêlos. Rafe gostava de cachorros e odiava gatos, mas esse não era o lugar adequado para mencionar Sua preferência. O rei adorava seus gatos.
Dois gatos cinzentos estavam enrolados sobre um sofá perto da janela. Um outro se deitara perto da escrivaninha da secretária, usando uma pilha de arquivos como almofada. Rafe ignorou os felinos e se aproximou da mesa principal.
Akil, um homem mais velho, que servia o rei por muitos anos, sorriu para ele o cumprimentado.
— Sr. Stryker, sua Alteza o espera. Por favor, entre.
Rafe tocou o bolso da calça para se assegurar de que o anel estava lá e se dirigiu a uma porta semiaberta. Ao entrar no quarto do rei, ele fez uma reverência.
— Sua Alteza — disse respeitosamente.
rei Hassan estava sentado atrás de uma mesa de madeira maciça. Geralmente, se vestia como os ocidentais durante os dias de trabalho. Usava um terno feito na Itália, com tecido especial para não pegar pelos.
— Rafe, o que o trás aqui? — Hassan perguntou, acenando para que se aproximasse.
Rafe esperou que um gato saísse da cadeira para que ele pudesse se sentar, mas teve de aceitar que o animal se acomodasse no seu calo logo depois. Mal podia esperar para voltar ao seu serviço habitual. Pelo menos seu patrão não tinha gatos. Odiava gatos
— Tenho uma situação incomum para te relatar.
Hassan ergueu as sobrancelhas. O rei estava próximo dos sessenta anos, e ainda era um homem bonito. Tinha alguns fios brancos na barba e poucas rugas no rosto.
Antes da decisão recente de formar um exército comum entre a Bahania, o vizinho El Bahar e a Cidade dos Ladrões, Rafe pouco falava com o rei. Ele ainda não tinha uma opinião formada sobre O monarca e não conseguia saber a reação que o rei poderia ter sobre as notícias que ele trazia.
— Alguma coisa com a segurança do país? — perguntou o rei
— Não. É um assunto pessoal que ainda não discuti com ninguém, Alteza. Se o senhor determinar que eu não fale mais sobre isso, nunca mais o farei.
Hassan sorriu levemente.
— Estou intrigado. Prossiga.
Rafe hesitou. Estava prestes a mergulhar em águas perigosas, ainda bem que ele estava com as aulas de mergulho em dia.
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Oioi, bom,Sobre a postagem eu vou postar dois capítulos por dia. A historia não é 100% minha, uns 90% apenas. Tem coisas que tirei de outros livros héteros. Sobre o narrador, eu não vou indicar, pq não tem um narrador apenas. Bom, espero que gostem e é isso ai, e espero opiniões e comentários , se não tiver tbm não tem problema, não ligo para isso.kkkk. Aaaah, alguém pode ser gentil e me dizer se é possível vê quantas pessoas leu ou está lendo o conto? Bjss , Até daqui a algumas horas