Zane se virou e viu Rafe encostado no batente da porta do quarto do lado ao seu. Imediatamente, seu coração disparou.
Ele tirou o paletó e afrouxou o nó da gravata.
— Somos vizinhos? — ele perguntou, tentando manter a voz firme.
— Como seu guarda-costas é necessário que eu fique perto de você.
Era sua imaginação ou a voz dele parecia mais terna e profunda?
— Me Desculpe por te faze mudar.
— Não tem importância — ele disse, encolhendo os ombros. — Está acomodado?
— A suíte é enorme. Acho que o banheiro é maior do que minha casa. Tudo é maravilhoso.
Zane virou o rosto e olhou para o oceano. Quando Rafe se juntou a ele na sacada, Zane disse a si mesma para não superestimar as ações dele. Um homem como Rafe não era gay e se fosse nunca se interessaria por um homem como ele. Se todos os desastres de sua vida pessoal não fossem suficientes para lembra-lo do seu passado infeliz, sempre haveria, Jhon para fazer isso.
— Você não parece muito animado — Rafe disse. — Tem outras preocupações?
— Sim, muitas.
— Você veio à procura de seu pai. Queria encontrá-lo.
— Sim, queria. Sei que não tem lógica questionar tudo agora. Eu deveria parar de me preocupar e ser agradecido.
— Ele ficou feliz em te ver.
— Feliz demais, mas essa reação foi por Fiona. Ele ainda não me conhece. — Ele apontou para o oceano. — Olhe para a água. Como é possível tanta beleza?
— O palácio ocupa uma grande área. Seu pai é um grande negociante de camelos.
Apesar da sua confusão e da proximidade de Rafe, Zane conseguiu sorrir.
— Não acredito... Se Negociam camelos? Quem compra camelos, gente?
— Sim, O mercado de camelos é um bom negócio , estamos no deserto Zane, o camelo é melhor que cavalo— ele respondeu, sorrindo.
O sorriso de Rafe fez com que o coração de Zane disparasse mais uma vez. Por razões que desconhecia, alguma coisa nesse homem despertava nele sentimentos primitivos.
— O que faz aqui? — ele perguntou. — Você é americano. Como chegou à Bahania?
— Como você. De avião. — Disse rindo ,Ele endireitou o corpo e encostou o quadril na beirada da sacada. — Trabalho para o marido do Principe Raj, o príncipe Kardal. Sou especialista em segurança e tática.
— Isso não esclareceu muita coisa.- Disse Zane curioso. Então Rafe não tinha problema com gays , interessante.
— Você achará meu serviço muito maçante.
Zane duvidou, mas decidiu não insistir. Devia haver uma boa razão para Rafe não querer falar sobre isso.
— Conheci o Príncipe Rafael. Ele está na sala conversando com Cléo.
— Sua irmã é muito comunicativa.
— E verdade. Na família Eu sou o inteligente, e ela é a engraçada, sexy e adorável. Pelo menos Cléo poderá distrair todos os membros da família e desse modo eles não notarão minha presença.
— Oh... Eles notarão sim.
Zane balançou a cabeça.
— Se você está tentando fazer com que eu me sinta melhor, perde seu tempo. Odeio encontrar muitas pessoas ao mesmo tempo. Nunca acerto os nomes e duvido de que a família real goste de ter seus nomes trocados, to te falando , sou um desastre.
— Provavelmente não, mas há compensações. Olhe o palácio.
— Não estou aqui por causa de dinheiro.
— Eu quase acredito em você.
Rafe falou tão suavemente que Zane achou que ele estivesse brincando, mas quando o encarou viu sinceridade naqueles belos olhos azuis.
— Sei que todos pensam que vim chantagear o rei, mas, depois de me investigar, pensei que você tivesse mudado de ideia.
— Estou noventa e oito por cento convencido.
— Me Avise quando estiver cem por cento convencido.
— Avisarei.
Zane endireitou o corpo e se sentou em um banco colocado entre as portas dos seus quartos.
— É isso que todos vão pensar? Que eu sou uma pessoa disposta a obter tudo que puder?
— O rei não pensa assim, e a opinião dele é a única que importa.
Zane não tinha tanta certeza disso e desejou muito que Rafe estivesse certo.
— Esta situação coloca minha vida em jogo .
— Pense apenas na excitação de ser um Príncipe.
—Príncipe? Não... Isto não é possível. Zane sussurou
— Isto nunca funcionará. Não nasci para ser Principe, mal conheço a Bahania e seus costumes e não saberei me conduzir. Não sou bonito e nem sofisticado, não tenho essa elegância que vi aqui. Sou apenas um professor Universitário de uma pequena cidade que ninguém conhece. Minha ideia de uma sexta-feira animada é ir ao jogo de basquete sozinho. Sou gay e Nem tenho namorado. Céus... Se todos pensavam que eu era extravagante e estranho por ser virgem, o que irão pensar de mim agora?
Zane piscou várias vezes, esperando que não tivesse pensando em voz alta. Infelizmente, pela expressão atônita de Rafe, percebeu que o tinha feito.
Ficou humilhado e ruborizou. Se Levantou e disse:
— Esqueça o que eu disse. Eu não pretendia falar nada disso.
— Que parte da conversa você não pretendia dizer?
— A conversa toda.
— Aí está você...
Zane, agradecido pela interrupção, olhou para Rafael que estava na sacada. Rafe levantou-se.
Rafael olhou para ele.
— Oh, por favor — ele disse, rindo. — Vai ser formal comigo agora Rafe?
— Estamos em um lugar diferente Alteza.
Rafael suspirou, e o sorriso desapareceu.
— Me Conte sobre o que estavam conversando — Rafael pediu a Zane, que também havia se levantado, e sem esperar pela resposta continuou: — Queria te avisar de que você e Cléo foram convidados a um jantar formal amanhã à noite. Meu pai estará recebendo diversas visitas importantes, e meus irmãos estarão aqui também. É uma boa oportunidade para que você conheça a família.
— Um jantar for.., formal? — Zane gaguejou. — Não sei se é uma boa ideia.
— Sinto muito, O rei insiste. Não se preocupe, você apenas deverá aparecer e conversar com alguns dos convidados.
— Não é uma boa idéia — Rafe interveio, como se realmente acreditasse que ele pudesse recusar um convite do rei.
Embora estivesse na sacada, Zane se sentia cercado por paredes altas que o sufocavam.
— Eu... não tenho nada para vestir.
E nem tinha condições de comprar alguma coisa apropriada para a situação. Bem, para isso haviam sido inventados os cartões de crédito. Mais tarde negociaria com seu orçamento.
— Há alguma loja por perto onde Cléo e eu possamos comprar roupas apropriadas?
Rafael suspirou.
— Posso emprestar alguma coisa — ele disse, olhando Zane de cima a baixo. — Você é mais alto e mais magro, mas acho que poderemos dar um jeito.
Zane não identificou se o Príncipe estava ou não brincando. Sentia que Rafael não gostara dele, embora não soubesse o motivo. Estava na cidade havia tão pouco tempo.
— Você é muito atencioso — Zane disse, tentando parecer gentil.
— Em todo caso — Rafael disse, se preparando para sair. — Embora não vá haver um anúncio oficial sobre você, as pessoas vão querer te conhece, portanto se prepare para ser o centro das atenções. Ninguém será rude para te fazer perguntas, mas te darão sugestões não tão sutis.
Dito isso, ele deu um sorriso e partiu.
Zane se sentou novamente no banco.
— Por que ele me odeia?
Esperava que Rafe negasse, mas ele nada disse. Zane olhou para ele que colocou as mãos nos bolsos e pareceu desconfortável com a pergunta.
— Ele não.., não odeia você exatamente.
Zane fechou os olhos.
— Como assim?
— É uma longa história.
— Não tenho nenhum compromisso até amanhã. Tenho tempo para ouvir.
Rafe se sentou perto dele novamente.
— Os pais de Rafael casaram-se apressadamente. Quando ele nasceu, havia problemas no relacionamento. Eles se divorciaram logo e, quando a mãe dele pediu permissão para sair da Bahania com ele, o rei concordou. Rafael foi criado passando o ano escolar com a mãe, na Califórnia, e os verões aqui.
— Espere um minuto. O que quer dizer com “a mãe dele pediu permissão para levá-lo para fora da Bahania”?
— A lei da Bahania exige que as crianças da família real sejam educadas dentro dos limites do país. Isso não é incomum por aqui. El Bahar tem a mesma lei. Quando os casais reais se divorciam, eles não podem levar os filhos para fora do país. E a maneira que a monarquia usa para assegurar que seus herdeiros cresçam conhecendo seu país e seu povo.
Zane achou que fazia sentido.
— Então Rafael foi criada nos dois países. Por que isto é ruim?
— Nunca nenhum príncipe ou princesa tinha saído do país, mas, na realidade, Hassan não se importava suficientemente com o filho para mantê-lo perto dele.
— Talvez ele se importasse, mas percebesse que a mãe o amava muito para separá-los.
Rafe o interrompeu, balançando a cabeça negativamente.
— Os pais de Rafael não estavam muito interessados nele. Ele ficou de um lado para o outro durante toda a vida, deixado aos cuidados de babás e empregadas. Rafael é um homem inteligente e foi um excelente aluno, mas seus pais não perceberam. A mãe de Rafael levava uma vida selvagem e promiscua, e a imprensa presumiu o mesmo para ele, o que não era verdade. Quando o rei o arrumou um casamento sem consultá-lo, porque a imprensa o pintou de promiscuo, magoou-o demais.
— E o que aconteceu?
Ele hesitou.
— Ele fugiu, mas acabou se casando com o príncipe Kardal, e eles são muito felizes juntos. Apenas recentemente ele se reconciliou com o pai.
— Então, eles se reconciliaram depois de mais de vinte anos, mas ele ainda está magoado. E, de repente, eu apareço do nada, e ele me recebe de braços abertos.
— Exatamente.
Zane se recostou no banco e gemeu.
— Estou no palácio há menos de três horas e já tenho um inimigo. O que acontecerá em seguida?
Ele meio que não queria saber.
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Boooommm. Kkkk Como não tenho nada para fazer e tá um clima delicioso para escrever, aí está outro. Eeeeh . Obrigada por comentarem , [e bom para saber se tem alguem lendo, o que estão achando ou me ajudando . Obrigado mesmo.
Bjinhos e até amanha.