Cap.3
Arregalei os olhos, me desesperei. Não sabia o que fazer. Não podia deixá-lo esperar, mas o que faria com o Ricardo ali ?
-Ricardo... Vai lá para o quarto...
-Mas porquê ? Você não disse que eu devia ir embora ?
-Por tudo o que é mais sagrado, vai pra lá... - ele apenas me olhou com uma cara de desconfiado, mas foi. E então eu pude abrir a porta – Elias ? O que quer aqui ?
-Queria a tua ajuda com esse paciente.
-O que ele precisa ? - então ele me deu os laudos do paciente
-Ele tá com uma infecção, eu já receitei diversos remédios mas até agora nada, me ajude a descobrir algum antibiótico ou sei lá, uma solução mais forte.
-Tá, vamos para o hospital, vou ver esse paciente...
-Ah, espera, eu não deixei o meu bloco de receitas aqui ? - de repente ele começou a querer entrar para o lado aonde o Ricardo estava.
-Não... Aqui não deixou, eu tenho certeza...
-Como sabes ? Eu lembro que daquela vez você pegou ele e não me devolveu.
-Eu deixei no seu consultório Elias- falei, o segurando.
-Tem certeza ? Mas parece que você não quer que eu vá para o quarto ? Tá escondendo algo ? Tem alguma mulher aí com você...
-Não, mas é que eu quero ver logo esse caso pra voltar cedo. Tenho plantão para cumprir amanhã, vamos logo ! - assim que sai, vi o olhar do Ricardo nos observando. Fiz então sinal para ele sair.
TEMPO DEPOIS
Aquilo acontecia de vez em quando. E como sempre, as escondidas. Era assim que eu tirava um pouco da pressão e da carência de cima de mim.
-Tem certeza que não tinha nenhuma mulher lá com você ?
-Absoluta, eu estava definitivamente sozinho...
-Não é o que parece...
-Porquê diz isso ?
-Você nunca me impediu de entrar em seu quarto... Algo está escondendo – era sempre assim, eu não falava nada. Ele ficava nas dúvidas. E creio que seria sempre assim. Eu nunca teria coragem de dizer a verdade ao Elias...
TEMPO DEPOIS
Quando voltamos em casa, ele subiu comigo para o apartamento.
-Ué, não vai para a sua casa ?
-Não, o detetizador foi lá hoje e a casa deve estar só veneno.
-Mas e os seus cachorros ?
-Não lembra que eu os levei para a casa da minha irmã porquê o espaço era pequeno ?
-Ah é, você tinha me dito. Vai querer dormir aqui então ?
-Vou sim... - quando entrei, vi um bilhete jogado na mesa de centro.
“Virei pela manhã. Quero que me dê uma resposta. Ricardo”
-É da mulher ? - falou ele, se aproximando de mim de repente
-Ai Elias, que susto !
-Assustado...
-Já disse que não é de mulher nenhuma. Deve ter sido minha irmã que veio aqui e deixou isso.
-Ok...
TEMPO DEPOIS
As vezes eu ficava pensando, será se valia mesmo a pena deixar os amores passarem apenas por causa de um outro amor ou de um emprego ? O emprego era ótimo claro, e eu devia muito a aquele hospital, mas valia a pena deixar pessoas que gostavam de mim por causa de uma paixão que tinha mais chances de não acontecer do que de acontecer ? O Ricardo não era o primeiro homem que eu despachava após pedir-me em namoro. Mas sempre que alguém assim me pedia em namoro, eu pensava em como seria ruim namorar com alguém sem amor. Seria praticamente um tiro no pé, eu já tinha cometido esse erro antes, não cometeria de novo.
NO DIA SEGUINTE
Quando acordei, escutei algumas vozes pela casa. E de repente uma batida na porta.
-Renato, tem um homem aqui te procurando... - era a voz do Elias. Arregalei os olhos quando ouvi aquilo.
-Quem ?
-Um tal de Ricardo...
-Já vou... Fique aqui Elias, pode dormir ai na minha cama.
-Tudo bem... - me vesti rapidamente e corri para a sala – quando o vi sentado no sofá, minha vontade foi de bater nele
-Eu já não disse que não queria ver-te aqui sem me avisar ?
-Mas eu avisei pelo bilhete...
-O que você disse para ele ?
-Eu, nada. Só perguntei por você. Afinal, quem é esse aí ?
-Esse aí é o meu melhor amigo Elias. E ele não pode nem sonhar com o que passa entre nós.
-Porquê você é assim Renato ? Porquê não assume tudo ?
-Porquê não Ricardo. Andas, diga o que veio fazer aqui ?
-Vim apenas perguntar uma coisa a você.
-O quê ? - de repente ele ficou de pé.
-Você gosta de mim ou não ?
Continua
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