Nota: Esse conto é uma fantasia baseada num desejo real. Moro em uma casa que fica em frente a um condomínio fechado. Minha casa fica próxima à cabine do porteiro. A cabine é revestida por um vidro fumê, mas somente tarde da noite, quando mais cedo posso enxergar o porteiro de dentro. O conto a seguir é fictício, mas a premissa é totalmente baseada no meu verdadeiro desejo de dar pra um desses porteiros. Fica então a informação a mais de que quem sabe algum dia eu consiga realizar meu fetiche.
Desde que a empregada se despediu por causa do trabalho extenuante na minha casa eu tenho feito boa parte da limpeza.
Sou preguiçoso e se tem uma coisa eu não gosto é dos meus afazeres domésticos. Principalmente por conta dos meus dois bichos de estimação, uma gata persa e um cachorro de grande porte. Os dois cagam e mijam pela como se comessem a cada segundo e eu não culpo a empregada por ter pedido as contas.
Meus pais são ocupados e mal param em casa. No entanto quando estão só sabem reclamar o quanto a casa está suja. Passo impune o dia todo, mas quando nos reunimos no café da manhã, antes de eles irem trabalhar é sempre a mesma conversa. Até que meu pai chegou ao limite e me deu o veredicto de que se eu não pusesse o lixo pra fora eu teria que voltar a ser tratado como uma criança, ou seja: ser corrigido fisicamente.
Por mim eu deixaria o lixo acumulado e voltaria a dormir. Mas como ainda não saí de casa e ainda dependo dos velhos, tenho que aceitar.
E assim eu fiz.
Recolhi tudo, desde os restos de comida, o lixo dos banheiros – o que me fez ter ânsia de vômito – e toda a porcaria acumulada no meu quarto. E claro, a merda dos meus animais de estimação.
Já era tarde da noite quando eu saí cambaleando porta afora até a lixeira que fica na calçada da minha casa. Olho pros lados pra ver se sou visto naquela situação nada agradável, mas pelo horário passo despercebido. Coloco os sacos um a um e é quando eu vejo a cabine do porteiro do condomínio em frente à minha casa.
É uma questão de segundos, mas dá pra captar bem.
Ele é novo, não muito, algo em torno dos finais dos vinte anos. Nosso olhos se encontram e isso me faz sorrir por dentro. Ele me atrai, o modo despretensioso e curioso como ele me olha, mesmo que seja só por curiosidade. O fato de ele ser um porteiro, eu um garoto. Isso me excita.
Ele desvia o olhar.
Aproveito que ele não me fita e o observo um pouco. É, eu não estava enganado, ele era bem atraente. Não que fosse um modelo a ser descoberto, mas também não era de se jogar fora. Se tivesse que transar com ele não seria de forma alguma um sacrifício.
No dia seguinte repeti a mesma coisa. Embora a quantidade de lixo fosse bem menor, já que eu já tinha descarregado boa parte na noite anterior, ainda consegui recolher alguma coisa. Nunca fiquei taõ animado em recolher lixo. Corri porta afora, quase no mesmo horário, algo em torno de onze pra meia-noite. Controlei o sorriso, quase rasgo os sacos e quando chego na calçada...
Outro porteiro.
Um senhor de idade, com a cabeça quase calva.
Não que eu tivesse alguma restrição à idade – eu praticamente não tenho restrições quanto a homens – mas aquele senhor tinha cruzado a linha tênue entre coroa a “vovô”. Sensualizar pra um avô era indecente demais até pra mim.
Eca.
Fui pra cama suspirando de frustração e sem sono depois de tanta excitação pra ver o tal porteiro gatinho.
Na noite seguinte eu já tinha esquecido e foi quando me dei conta do horário – meia-noite – que lembrei. No entando parecia bobo ficar procurando por um cara que trabalhava no condomínio em frente só porque ele era gatinho. Eu realmente não tinha nada melhor pra fazer?
Mas o tédio não me deixava pensar em outra coisa, e o rosto daquele porteiro novinho não saía da minha cabeça. Já que estava sozinho e ninguém ia mesmo me julgar por perto, resolvi repetir o protocolo.
Só que dessa vez resolvi inovar.
Tinha me depilado com um creme da minha mãe e minhas pernas pareciam de veludo. Meu corpo suplicava por um homem e eu estava mais do que pronto. Eu não podia simplesmente abrir a porta e jogar a porcaria de um saco de lixo e voltar pra casa. Eu tinha que dar o recado, algo a mais do que uma secada nele quando eu deixasse o saco na lixeira.
Pego uma camisa de seda no guarda roupa e visto. Tiro os shorts e sinto a camisa acabar na minha bunda. Um pensamento me vem à cabeça, mas eu o ignoro. Seria muita loucura. Mas então ele retorna. Eu devia? Então num puxão tiro minha cueca. A camisa cobre o suficiente pra não deixar evidente minha semi-nudez, mas fora a seda, estou completamente nu.
Caminho até a porta e logo o receio de que talvez não encontre o porteiro do qual estou a fim. Será que seria o turno dele? Era melhor que eu desistisse dessa ideia idiota. Mesmo assim aquilo era loucura demais. Aparecer assim na rua, nu, àquela hora... Era perigoso. Seguro a maçaneta do portão e fico me perguntando se valia realmente a pena ou se eu estava tão desesperado assim.
Cansado dos meus questionamentos, abro a porta de supetão só pra ver se ele estava lá. Se era o turno dele, se eu voltaria a vê-lo. O medo da frustração de ver o velhinho ou outro qualquer porteiro que não ele... Parecia infantil e sem noção, mas eu já estava começando a sentir saudade. Se é que isso era possível. E é quando eu saio porta afora.
O vento sopra violento e eu sinto um calafrio invadir meu corpo vulnerável. Olho pros lados antes de fazer minha constatação e é quando eu olho pra cabine e...
É ele.