Cap.10
TRILHA SONORA: Cedo o Meu Lugar - Mesa
Depois de algum tempo passei a me habituar com aquele trabalho, e aos poucos fui pegando o jeito e tudo aquilo foi ficando mais fácil.
-Aqui está o que você me pediu Marcos... - dizia, entrando na sala dele com alguns relatórios.
-Ah, obrigado Paulo...
-Precisa de mais alguma coisa ?
-Não, mas, senta aí. Vamos conversar um pouco...
-Tudo bem... - fiz o que ele mandou, sentei na frente da mesa dele.
-Tem ido tudo bem na sua função ?
-Sim Marcos, já estou bem mais situado. Aquele momento perdido que eu estava metido nos primeiros dias já se foi.
-Que bom Paulo, não sabes como quero te ver bem nesta função. Tu mereces isso... Vem cá, não gostaria de jantar comigo no meu apartamento hoje ?
-Não quero ser incômodo ein...
-Imagina, não é incômodo nenhum. A Leandra está me pertubando a dias querendo comer peixe, então vou cozinhar hoje e gostaria que você e o Gabriel estivessem lá.
-Sendo assim, eu vou. Levo o vinho.
-Tá bom – ele dizia, me vendo sair sorrindo.
TEMPO DEPOIS
Não nego, o salário era mais baixo que o que eu “recebia” como GP. Mas eu estava muito mais feliz. Me sentia completo, sentia a dignidade que eu havia perdido retornar para mim, e era aquilo que mais me importava naquele momento.
-Gabo ! - gritava para ele na entrada da escola.
-Oi Paulo, tudo bem ?
-Tudo meu lindo... E como foi a escola ?
-Foi muito bem, nós estudamos diversas coisas legais hoje – olhava para o lado e via Marcos também colocar Leandra no carro. Não sei porquê, mas via nele um exemplo de pai. E por causa da minha pouca idade, tentava sempre me espalhar nos pais que conhecia. E mais essa, ele é um ótimo pai ! Era mais uma qualidade que ele apresentava.
TEMPO DEPOIS
-Já está pronto Gabriel ?
-Ai Paulo, não sei porquê eu preciso me arrumar. Vamos jantar no apartamento da frente...
-De qualquer forma saíremos de casa, e não se sai de casa desarrumado Gabriel... - ria. Ele lembrava muito eu quando criança. Sinceeeeero.
MINUTOS DEPOIS
Quando mal entrei na casa dele, o cheiro de peixe veio no nariz.
-Nossa, mas está gostoso ein...
-Como sabes ?
-Só esse cheiro já diz tudo.
-Você sempre me elogia...
-Que culpa eu tenho de você cozinhar bem ?
-Onde está a Leandra tio Marcos ?
-Na varanda Gabriel... - como havia proteção, não havia perigo. Olhamos um pro outro naquele momento, como se quisessemos dizer algo um pro outro.
TEMPO DEPOIS
-Como você tem estado ? - eu perguntava, na cozinha, vendo ele cozinhar.
-No geral bem... Porquê ?
-Não, só queria saber. E com a sua ex-mulher ?
-Assinaremos os papéis do divórcio daqui a uns dias.
-Sério ? E aí ? Está preparado ?
-Sim, já tenho me preparado para isso a algum tempo. É o melhor a se fazer, sinto que não há volta nessa relação.
-E com a Leandra ?
-A guarda é minha, o juiz já disse isso. Ela pode vir visitar e quando se estabilizar, deixarei a Leandra visitá-la. Mas ela não vai poder tirar a minha filha de mim...
-Melhor, não é... E aí ? Encontrou outra pessoa ?
-Na verdade eu encontrei sim... Resta saber se ela percebeu isso – falou ele, então olhando nos meus olhos de uma forma que eu não entendi.
-Espero que dê tudo certo...
-Eu também espero – olhei nos olhos dele, uma corrente elétrica percorria o meu corpo. De repente uma vontade de beija-lo tomou conta de mim e eu tive que me segurar...
-Eu abro o vinho – falei.
MINUTOS DEPOIS
Já depois do jantar, via as crianças brincarem na sala, enquanto eu e ele bebiamos umas taças de vinho na varanda, sentindo a brisa vinda do mar.
-E tu Paulo ? Não sentes falta de namorar ?
-Não... Enquanto não aparecem pessoas decentes, que façam um namoro valer a pena, eu não sinto vontade nenhuma de namorar. Se bem que eu não tenho nem condições de me meter com alguém complicado neste momento, tendo uma criança para criar e todo o resto
-Sei, entendo...
-De modo que... - de repente então ele me roubou um beijo.
Continua
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