Estava distraído quando alguém bateu a porta.
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Arthur - ta aberta. (falei sem dar muita atenção).
- Oi Arthur. (falou aquela voz ao abrir a porta).
Arthur - João?
João - e aí, vamos esclarecer algumas coisas que estão entre a gente?
Arthur - Não temos nada a esclarecer.
João - claro que temos, Arthur.
Arthur - Velho, eu fui ate a tua casa pra gente conversar, saber o que estava acontecendo, e você não quis nem papo comigo.
João - eu tava de cabeça quente. To enfrentando uns problemas com meu pai.
Arthur - mas eu não tinha nada haver pô.
João - eu sei cara, por isso estou aqui. Quero conversar e resolver esse mal entendido.
Arthur - Não temos nada a resolver não véi. Tu já deixou isso bem claro.
João - deixa de ser cabeça dura cara.
João sentou a meu lado na cama.
João - Eu não tenho nada contra gays. Pelo contrário, eu tenho amigos gays, só que em relação a ti eu fui pego de surpresa. Tu nem me falou nada.
Arthur - e porque eu falaria, se nem amigos nós somos?
João - de minha parte eu tava disposto.
Arthur - até descobrir sobre mim?
João - não. Claro que não, Arthur.
Arthur - então, qual foi o problema? Ficou com medo de eu atacar você?
João abaixou a cabeça e depois envergonhadamente me frisou.
Sem dizer uma palavra, sua expressão foi o suficiente para responder a minha pergunta.
Arthur - a pô vai embora daqui, cara.
João - mas eu não penso mais assim, Arthur. Você é um cara legal.
Arthur - João, por favor cara, sai fora.
João - eu que peço por favor brother, deixa eu terminar de explicar.
fechei a cara, mas deixei com que João defendesse seu ponto de vista.
João - Me perdoa. Eu juro que eu não tenho nada contra você.
Arthur - e nem poderia. Eu não te fiz nada.
João - eu vacilei né?
Arthur - Muito cara. você não poderia ter feito isso comigo.
João - vamos esquecer, é passado. Nós podemos até estudar juntos.
Arthur - eu não pretendo voltar a estudar. (falei olhando para minhas pernas).
João me acompanhou com os olhos.
João - porra. Que situação chata né?
Arthur - demais.
João - os médicos deram algum prazo para você voltar a andar?
Eu balancei a cabeça que não.
João - vou conversar com minha mãe, pode ser que ela conheça algum profissional que possa te ajudar.
- Não precisa. (falou o Barão entrando no quarto sem bater a porta).
Olhamos sério para ele que continuou.
Barão - já tomei todas as providencias, amanha mesmo o Arthur começa a ter algumas sessões de fisioterapia.
João - boa noite, Nícolas. (disse João levantando e o cumprimentando).
Barão - Boa noite. João, o Arthur precisa dormir cedo. (disse ele olhando no relógio).
João - claro. Eu já estava de saída.
João se despediu de mim, e saiu meio a contra gosto.
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Barão - e aí?
Arthur - e aí o que?
Barão - quero saber como você ta, poxa.
Arthur - não to bem não. Só em pensar que meus dias não serão mais iguais.
Barão - não por muito tempo. Já te falei que vou fazer o impossível. Tenta se animar.
Arthur - vai ser difícil.
Barão - quer assistir um filme? Comer uma pipoca? Sei lá, alguma coisa?
Arthur - Não, não. Quero só dormir mesmo.
Barão - tudo bem. (Disse barão, respeitando minha decisão).
Barão me olhou um tempo sem falar nada, e depois se retirou do quarto.
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Os dias seguintes foram de pura expectativa e esforço. Passei a ter sessões diárias de fisioterapia, mas eu não sentia que estava funcionando.
Meus amigos passaram a irem com frequência na casa do barão, o que não o deixava nem um pouco satisfeito.
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Maria - Arthur? (disse a funcionaria entrando no quarto).
Arthur - oi Maria.
Maria - já tomou banho?
Arthur - já sim. Queria agora era comer alguma coisa.
Maria - Vou providenciar, mas primeiro o Fred vai ajuda-lo a colocar essa roupa. (Dizia ela ao lado de um rapaz).
Arthur - quem é ele?
Maria - O Fred?
Arthur - sim.
Maria - é um enfermeiro que o Nícolas contratou.
Arthur - bacana.
Fred - tudo bem, Arthur?
Arthur - tudo sim, e você?
Fred - joia.
Arthur - pra que essa roupa, Maria?
Maria estava com uma roupa esportiva em mãos.
Maria - não me faça perguntas difíceis.
Eu ri.
Maria - o Sr Nícolas ligou e pediu para que você colocasse isto, que a depois do trabalho ele vem lhe buscar.
Arthur - e pra onde vamos?
Maria - continua fazendo perguntas difíceis. (disse ela rindo).
Fred me ajudou a trocar de roupa, e Maria me trouxe um lanche.
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Já durante a noite, eu estava assistindo tv, quando Nícolas entrou no quarto.
Barão - ta pronto?
Arthur - tô. (respondi no susto).
Barão - ótimo.
Arthur - aonde vamos?
Barão - logo você vai saber.
Barão tomou o controle da tv de minhas mãos, e em seguida me pôs nos braços. Saímos do quarto e nos dirigimos a seu carro.
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Depois de pegarmos a estrada, paramos em frente a um lugar, que eu jugava ser um clube.
Barão, silenciosamente saiu do carro, e retirou uma cadeira de rodas do bagageiro.
- pronto para estreiar? (dizia ele como se referisse a um carro novo).
Arthur - cadeira nova?
Barão - pois é. Fui em uma loja ortopédica, gostei e comprei.
Barão me retirou do carro e me ajudou a se acomodar na cadeira.
Caminhamos por uma estrada de granito e chegamos a um ginásio.
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- Boa noite senhor. (disse um guarda noturno).
Barão - boa noite. Tudo certo?
Guarda - sim, conforme o senhor solicitou.
Barão - perfeito.
O guarda abriu passagem e Barão me conduziu ate a entrada do ginásio. Imediatamente vários refletores começaram a ser acesos, um seguido do outro.
Eu fiquei ali parado, só agora aquelas roupas esportivas faziam sentido.
Arthur - nós vamos jogar bola?
Barão - o que você acha? (perguntou ele com seu jeito hostil de ser).
Barão me levou ate o centro da quadra, em seguida retirou a camiseta que usava, ficando apenas com um short esportivo.
De cara eu fiquei paralisado com aquele corpo.
O barão começou a bater uma bola de basquete contra o solo, e em seguida me passou a mesma.
eu aparei a bola e fiquei sem saber o que fazer.
Barão - toca pra mim Arthur. (gritou ele tomando distancia).
Eu devolvi a bola. Barão a aparou e começou a circular pela quadra em pose da mesma.
Barão - apara, Arthur. (E tornou a me devolver a bola repetidas vezes).
Eu começava a bater a bola, e me sentia bem fazendo aquilo, mesmo que eu não tivesse habilidade em circular pela quadra com a cadeira de rodas.
Por reflexo senti alguém empurrando minha cadeira enquanto eu batia a bola no chão. Meu sorriso foi espontâneo.
Barão me levou até próximo ao aro de basquete e me motivou a acertar o alvo. Eu cheguei a fazer tanto esforço que senti um leve desconforto.
Barão - o que foi? (perguntou ele abaixando em minha frente).
Arthur - senti uma dor nas costas.
Barão - eu acho que isso é bom não é? (falou ele ofegante).
Arthur - eu não sei.
Barão - quer parar?
Sorrindo, balancei a cabeça que não.
Barão - ta certo, me espera aqui.
Arthur - O senhor vai aonde?
Barão - vou resolver uma situação, mas já volto.
Barão me deixou e entrou em uma das salas do grande ginásio.
Sem a pose de bola, comecei a circular pelo ginásio.
Do nada comecei a ouvir gritos, e olhando para trás vi uma imagem que me deixou impressionado.
O barão vinha em minha direção usando uma cadeira de rodas.
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Barão - aceita um desafio?
Arthur - desafio de basquete? Em cadeira de rodas?
Barão - claro. (disse ele com um sorriso no canto da boca).
Eu comecei a rir daquela situação.
Barão - ta rindo de que? (perguntou ele). Ta subestimando minha capacidade?
Barão começou a dar voltas ao redor da minha cadeira.
Arthur - beleza. Eu aceito o desafio.
Barão - como eu sou mais velho, começo com a bola.
Arthur - negativo. Vamos de pedra, papel, tesoura.
E assim fizemos.
Começamos a jogar basquete, e eu notei que o barão mandava bem; Eu ainda tinha muitas dificuldades em movimentar a cadeira, e bater a bola ao mesmo tempo.
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- Bora meu pato! (ele tirava onda enquanto gargalhava).
Eu estava me divertindo. Pela primeira vez após aquele acidente eu estava verdadeiramente feliz.
Em pose da bola, eu arremessei a cesta para marcar os meus primeiros dois pontos. Depois disso gritei na cara do barão.
Arthur - Chupaaaaa! (gargalhei fazendo dançinha).
A noite foi perfeita, mas como tudo, teve seu fim.
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Dentro do carro, enquanto voltávamos para casa, aquele rotineiro silencio continuou.
Uma chuva forte despencou a cair. O barão continuou no volante do carro, e depois de ver que seria mais seguro, resolveu encostar o carro em um posto de combustível.
Barão - Não se importa de eu parar néh!?
Arthur - o carro é seu.
Barão - Por que você é tão estúpido? (disse ele me encarando).
Arthur - só trato os outros, como sou tratado por eles.
Barão - então to sendo estúpido com você?
Abaixei a cabeça olhando para o chão do carro, e depois encarei o rosto do barão.
Arthur - quero falar sobre isso não. Vai acabar em briga, e eu to tão de boa.
Barão - mas eu quero falar. Me responde, tô sendo estúpido com você?
Arthur - Por hora não. Mas o senhor já foi muito sacana comigo.
Barão esmurrou o volante, fazendo a buzina ecoar.
Barão - que droga! (esbravejou ele). Vai viver de passado agora?
Arthur - um passado não muito ditante né!?
Barão - mas não precisa lembrar a cada 10 segundos.
Arthur - acontece que a cada 10 segundos eu lembro. O senhor me tratou da pior forma que um ser humano pode ser tratado.
Barão - Mas acontece que eu não o trato mais assim. Que porra voce quer que eu faça para esquecer isso?
Arthur - por que não me pede desculpas? Simples assim cara.
Barão calou-se e me fitou por um tempo.
Barão - você tem razão. (disse ele lúcido). Vamos encerrar essa conversa para não ter que brigarmos novamente.
Falando aquilo, saiu do carro na chuva, antes que eu pudesse falar alguma coisa.
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Com o para-brisa ligado, eu conseguia ver o barão entrando na loja de conveniências,e pouco tempo depois retornou ao carro com alguns produtos.
Assim que entrou no carro, ele esticou o braço e me entregou um pacote de salgados, e uma coca-cola. Depois disso abriu uma garrafa de ''skol beats'' e a tomou em três goladas.
Arthur - voce vai beber?
Barão - e o que tem? (disse ele sem me olhar).
Arthur - você ta dirigindo.
Barão - Não sou nenhuma criança, que bebe e sai fazendo merdas por aí.
Eu dei de ombros.
Assim que o volume da chuva diminuiu, o barão deu partida no carro.
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Após chegar a casa do barão, este me deixou no quarto, e pediu que Fred me ajudasse no banho.
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Já estava quase dormindo, quando a porta foi aberta. Acendi o abajour imaginando que fosse o Fred, ou a Maria. Mas não era nenhum desses, era o barão que trajava apenas um short de jogar bola.
O encarei e aos poucos ele foi aproximando-se da minha cama.
Barão - Ta sem sono também?
Arthur - sim. Ainda to muito eletrico depois da partida de basquete.
Barão - você gostou?
Arthur - bastante, e o senhor?
Barão - eu também gostei. Ta afim de jogar uma partida de baralho? (disse ele mudando o rumo da prosa).
Arthur - tô.
Barão - deixa eu te ajudar a levantar. (disse ele colocando as cartas em cima do criado mudo, e impulsionando para que eu pudesse ficar sentado com as costas encostada na cabeceira da cama).
O barão sentou ao lado da cama, traçou o baralho, e me entregou nove cartas. Começamos o jogo que durou pouco mais de duas horas.
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Arthur - o sono chegou. (disse eu bocejando).
Barão - o meu também.
Arthur - pois é.
Barão - então vou pro meu quarto. (dizia ele calmamente).
Arthur - e eu vou dormir.
Barão - e eu te ajudo a deitar.
Arthur - tá.
Enquanto barão me ajudava a deitar na cama, eu podia sentir o halito de álcool, e sua forte respiração.
Barão - Arthur?
Arthur - senhor?
Barão - me desculpa.
Enfim ele havia pedido desculpas. Julguei que era efeito do álcool, mas aceitei suas desculpas mesmo assim.
Arthur - Tudo bem.
Barão, que já havia levantado, voltou a sentar a meu lado, na cama.
Barão - eu nunca tive a intenção de ser grosseiro com você. É que esse é o meu jeito de ser,e as vezes é difícil de controlar.
Arthur - beleza! Não precisa justificar não.
Barão - Ta certo. Eu estou voltando a meu quarto. Qualquer coisa você chama pelos funcionários... ou... por mim.
Eu confirmei com a cabeça que sim.
Antes que o barão saísse do quarto, eu soltei um gemido baixo.
Barão - sentiu alguma coisa? (perguntou ele apreensivo).
Arthur - meus pés.
Barão - o que têm eles?
Arthur - ta tipo pinicando.
- Aiaiaiai. (voltei a sentir as dores).
Barão foi até meus pés e começou a tocar neles.
Barão - Arthur?
Arthur - senhor?
Barão - você havia perdido os movimentos dos pés?
Arthur - sim.
Barão - Arthur! (disse ele em êxtase). seus pés estão se movimentando. Tente mexer as pernas.
Fiz força, mas não consegui.
Arthur - não dá. (disse eu decepcionado).
Barão - tenta, Arthur. Tenta meu garoto.
Tornei a movimentar as pernas, porém mais uma vez foi inútil.
Arthur - não consigo. (disse eu fechando a cara).
Barão - não tem problema, Arthur. Seus pés já são um grande avanço.
Barão sentou na cama, ao lado do meu estomago, e do nada começou a passar as mãos pelo meu rosto.
Barão - não te falei que você iria voltar a andar? É só ter paciência cara.
Arthur - sim. (falei sorrindo).
Do nada paramos de sorrir, e percebemos que estávamos muito próximos.
Barão chegou com o rosto mais perto do meu, e de forma lenta encostou sua boca na minha.
Virei meu rosto.
Arthur - Não posso fazer isso senhor Nícolas.
Barão - Por que não, Arthur? (perguntou ele calmamente, ainda próximo a mim).
Arthur - Por que hoje eu não tenho possibilidade de voltar pra casa, andando.
Barão percebeu que eu me referia ao dia do beijo no carro, e não insistiu.
Barão - Tudo bem.
Levantou-se da minha cama e retirou-se do quarto.
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No dia seguinte, pela parte da tarde, após eu ter recebido a visita da minha mãe, iniciei mais uma sessão de fisioterapia.
O fisioterapeuta fazia alguns movimentos em minhas pernas, quando o barão entrou no quarto.
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Arthur - O fisioterapeuta disse que eu estou respondendo bem ao tratamento. (falei sorrindo).
Barão - isso é bom. Muito bom! (disse ele com suas, habituais, mãos nos bolsos). Eu gostaria de ficar a sós com o Arthur. (disse ele, pedindo que o fisioterapeuta se retirasse do quarto).
Arthur - o que foi senhor Nícolas?
Barão - Arthur, se eu fizer uma pergunta você me responde com sinceridade?
Arthur - claro.
Barão retirou sua carteira do bolso, e sacou um cheque de dentro dela.
Barão - o que é isso aqui?
Arthur - Não sei. (falei sem maldade, e sem tom de brincadeira).
Barão - é um cheque que o Loupan mandou pra você. E não é o primeiro. Da outra vez você disse que era por ter prestado um serviço de computação a ele. E agora foi o que?
Eu fiquei calado, sem respostas. Mais uma vez o Loupan ferrando com minha vida.
Barão puxou a cadeira, e sentou ao lado da cama.
Barão - e aí?
Arthur - eu não sei sr Nícolas. Sinceramente eu não sei.
Barão - você esta mentindo pra mim. (disse ele calmo).
Arthur - tô não senhor.
Barão esmurrou o criado mudo.
Barão - esta mentindo sim. (disse ele aumentando o tom da voz).
Arthur - o senhor quer saber mesmo o porquê dessa grana?
Barão - claro. Você está morando na minha casa. Quero saber com o que você está metido.
Arthur - eu não estou metido com nada. (falei me exaltando). Precisava de grana, e esse cara me ofereceu um dinheiro se eu quisesse sair com ele.
Barão - como é que é? (dizia ele como se não acreditasse no que eu estava falando).
Arthur - é o que o senhor ouviu. Saí com esse cara por dinheiro. (falei com lágrimas nos olhos. Sentia vergonha em dizer aquilo).
Barão - então ele te ofereceu dinheiro, e você cedeu?
Arthur - já falei que eu tava precisando do dinheiro.
Barão - agora eu entendo tudo.
Arthur - tudo o que?
Barão - você não me beijou ontem a noite, por que você só faz em troca de grana.
Arthur - eu não sou nada disso que o senhor está pensando. Foi uma vez apenas. (tentei argumentar em vão).
Barão - aqui óh. (disse ele abrindo a carteira). Também tenho dinheiro, não é isso que você quer?
Arthur - o senhor ta me ofendendo.
Barão jogou a carteira em cima dos meus peitos.
- escolhe o valor. (disse ele já começando a tirar a roupa).
Continua...