Mais um capítulo. Pessoal, obrigado pelos comentários, adoroooo! e obrigado a todos por lerem...espero que gostem...bjkas... ;)
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Eu precisava de um apoio emocional. Seria muito estranho ver meu pai conversando com o Marcos e de certa forma, ele meio que estava sendo enganado.
Eu ajudava minha mãe na cozinha enquanto meu pai descansava na sala e tive a brilhante ideia de ligar pro meu tio Carlos. Ele antendeu. Parecia estar dormindo. Pedi desculpas por tê-lo acordado do seu sono de infinita beleza. Perguntei se ele não queria almoçar em casa e claro, aceitou de imediato.
Voltei pra cozinha e minha mãe preocupada se o Marcos iria gostar da comida.
— mãe, nervoso do jeito que ele está, ele come até pedra.
— quê isso, menino...
— ele não é de luxo, mãe. Fica sossegada, se a senhora pedisse uma pizza, ele comeria numa boa e pediria outra. Eu estou preocupado com o pai.
— vocês precisam resolver isso de uma vez...uma hora ou outra seu pai vai ter que saber.
— eu sei. Já estou até vendo ele me pondo daqui pra fora. Que saco isso... que raio de destino é esse que me fez amar logo o Marcos? — ela recheava o peixe e me encarou por alguns segundos.
— é estranho, as vezes, te ouvir dizer que ama outro homem. Porque dá impressão que isso não existe...
— amor sempre será amor, mãe. Não importa com quem...
Ela ficou em silêncio. Na certa, tentando absorver um amor que para muitos, é irreal, mas eu sentia o Amor com toda sua magnitude.
Ouvi uma buzina e era meu tio. Corri abrir o portão e ele trazia consigo uma caixa de cerveja. Lembrei o cabeça de batata que meu pai não podia beber por causa dos remédios, mas que com certeza, o Marcos o acompanharia. Ele me olhou espantado. Perguntou se meu pai já sabia e pedi que falasse baixo, e lhe expliquei a história toda do tal almoço.
— que paçocada é essa que você se meteu...
— obrigado pelo apoio.
— não falei por mal, mas as coisas poderiam ser mais simples: como você gostar de mulher por exemplo.
— Argh, me erra...não existe isso de simplicidade. Você acha que eu escolhi ser gay? Acha que acordei em um belo dia e disse a mim mesmo que iria começar a gostar de Homens?
— eu sei...não estou te impondo nada, só estou tentando discontrair. Poxa...você sabe que estou contigo.
— tudo bem, me desculpe. Daqui a pouco ele está aí e eu vou ter que dissimular, odeio isso. Ainda mais com meu pai.
— relaxa...vai dar tudo certo. Vamos lá colocar essa cerveja pra gelar.
— entra aí.
Passamos pela sala e meu pai pediu os remédios. O ajudei com a medicação e ajeitava o travesseiro em suas costas, quando uma voz pra lá de conhecida casseteou meus tímpanos.
" OW....de casa...posso entrar?" — era o Marcos, batendo no batente da porta.
Eu estava de costas e meus membros começaram a tremer. Meu pai, todo feliz, pediu que ele entrasse e que ficasse a vontade. Me virei e estendi a mão o cumprimentando. Ele sorriu, tentando conter ao máximo seu instinto em me abraçar e respondeu um " tudo bem e você?". Disse que levaria os remédios do meu pai até a cozinha e já voltava.
Minha mãe brigava com meu tio por ele querer provar o peixe antes de todo mundo. Em outras ocasiões, eu me rolaria se rir com os dois, mas aquele dia eu estava me borrando "toda".
Guardei os remédios e me sentei. Os dois pararam com a discussão e ouviram meu pai e o Marcos conversando na sala.
— ele já chegou?! — disse minha mãe.
— já...
— estão no maior papo... — meu tio definitivamente não sabia acalmar ninguém.
— é...estão. Estão até rindo...Gzuis! Eu vou sair correndo...
— calma...vamos lá.
— Carlos, eu não vou lá.
— odeio quando me chama de Carlos...
— mas é seu nome...abestado.
— sim, mas eu gosto de ser seu tio...e Carlos, não é nada íntimo.
— ain..minha Deusa...ta de brincadeira? Deixa de boiolice, tio. — ele começou a rir e eu também. Até minha mãe soltou um riso abafado.
— olha aí... fiz você rir. Venha, vamos lá.
— okay...vai na frente...que eu vou atrás... hahahah...
— sai pra lá!! Eu heim...
Ele foi e eu fui junto. Os dois conversavam sobre a fábrica e meu pai falava de alguns funcionários. Ele dizia que fulano trabalhava bem e que seria de grande ajuda ao Marcos se ele o promovesse.
Meu tio entrou no assunto e pelo amor de deos, virou um assunto de trabalho. Eu fui pegar mais cerveja na geladeira, à pedido de meu pai e servi meu tio e o Marcos. Eu não conseguia olhar pra ele. Não podia dar bandeira, mas ele me olhava com aqueles olhos que imploravam por minha atenção. Eu estava de costas pro meu pai e disse um "eu te amo" sem emitir nenhum som e ele agradeceu por eu ter servido a cerveja.
Minha mãe foi até a sala e perguntou se eu poderia colocar à mesa. Disse que sim e fui ajudar.
— como estão as coisas lá, Tito?
— só papo de macho.
— rsrs...isso é bom ou ruim?
— eu não sei de mais nada. Ah, o pai desconfia do Marcos. Ele tem certeza que o Marcos é gay.
— ele te falou isso? Ai, meu pai...
— falou. Vou conversar com o Marcos e quero contar pro pai sobre a gente, ainda essa semana. Não aguento mais. Está me sufocando. Ver os dois lá, conversando e saber que estou escondendo do meu pai, está me matando.
— ei...não fica assim...
Minha mãe me abraçou. Me aconcheguei no colo materno. Meu pai foi até a cozinha e quando me viu nos braços de minha mãe, perguntou se eu estava bem. Disse que sim e que era só carência e dei um sorriso descontraído.
Minha mãe disse que o almoço estava pronto e que poderia chamar meu tio e o Marcos.
Fui ao banheiro lavar as mãos e quando voltei, estavam todos sentados e só havia um lugar vago ao lado do Marcos. Me sentei e "dále" conversa fiada.
Minha mãe pediu que nos servissemos e quando coloquei minha comida no prato, o Marcos me olhou, tipo: ei, vai comer tudo isso? Eu queria rir, mas disfarcei e servi meu refrigerante.
Meu pai conversou durante todo o almoço. Dado momento nem eu escapei. Meu tio começou a dizer pra eu parar de comer, ou a visita ficaria sem almoço. Eu queria matar meu tio. Meu pai que adorava me ver passar vergonha, começou a contar sobre meu apetite exagerado desde criança e que ele e minha mãe passavam vergonha quando iam almoçar na casa dos parentes.
— pai, por favor...ninguém está interessado nesse assunto. — disse envergonhado e o Marcos ria.
— ué, está com vergonha de quê? Deixa de ser bobo. — meu pai disse e serviu mais um pedaço de peixe.
— eu também sou bom de garfo. Confesso. — o Marcos tentava não me deixar envergonhado.
— eu já terminei...está bem? Ninguém vai ficar sem comida. — disse brincando.
Começaram a rir e minha mãe pra zuar com a minha cara, colocou mais um pedacinho de peixe no meu prato.
Todos já tinham acabado e ficamos de papo furado à mesa. Meu pi deu um longo suspiro e perguntei se ele estava bem. Todos pararam de falar e o Marcos segurou a mão do meu pai, como se o tivesse o confortando. Perguntou ao meu pai se ele esta bem e se queria ir até o hospital. Meu pai disse que não e começou a chorar. Eu e minha mãe nos levantamos e ficamos ao seu lado. Peguei um guardanapo e sequei suas lágrimas. Ele disse que estava bem e minha mãe perguntou porque ele estava emocionado.
— eu só estou feliz em poder estar com minha família. Ainda mais agora, que o Marcos faz parte da família.
Minha mãe e meu tio ficaram em silêncio e o Marcos e eu nos olhamos. O Marcos se pronunciou.
— Enrique...eu... — meu pai pediu que ele se sentasse.
— senta aí. E não precisam me olhar com essas caras...eu não vou matar ninguém...
— pai...
— Tito, quando eu estava passando mal, bem ali, perto do aparador. A primeira pessoa em quem eu pensei, foi em você. Foi o único momento da minha vida em que eu senti medo de verdade. Sabe porque?
— não... — lágrimas rolavam pelo meu rosto.
— porque eu tive medo de morrer sem dizer o quanto eu te amo, do jeito que você é...
Eu me levantei e fui abraçar meu pai. Disse que o amava e que me perdoasse.
— não, eu é que tenho que te pedir perdão por ser tão intorelante as vezes. E sabe, realmente não é tão difícil receber o namorado do meu filho em casa. Tanto que ele ainda continua com a cabeça no pescoço... não é mesmo, senhor Marcos?
— bom...eu acho que sou um cara de sorte, então. Enrique...eu acho que te devo muitas explicações. — meu pai balançou a cabeça em negação.
— olha, Marcos, eu não sei quando tudo isso começou, mas ouvir meu filho me pedindo perdão em um leito de hospital por amar uma pessoa, dispensa qualquer explicação.
— como assim? O senhor estava na UTI.
— sim, mas eu não estava morto. Eu só não tinha forças para abrir os olhos e vivia sonolento. Aprendam uma coisa, se vocês têm um segredo, nunca diga, mesmo em voz baixa dentro de uma UTI. — meu tio deu uma gargalhada.
— então quer dizer que...
— sim...sim...eu já sabia desse "lance" de vocês dois. Juro que pensei que iria ter outro infarto, mas ouvir você chorando e me pedindo perdão...me fez ver o quanto você me ama e ama esse cara aí.
— claro que eu te amo, pai...e que feio heim...me fez de bobo esse tempo todo. — disse e ele começou a rir.
— até que me diverti um pouco. Olha Marcos, você é um homem feito e não sei até onde vocês vão chegar com tudo isso. Então, não magoe meu filho. De certa forma eu me sinto aliviado em saber que o Tito...OW Meu Deus...em saber que é você que o Tito ama.
— pode ter certeza que eu amo demais esse garoto. Vou cuidar dele, pode ter certeza.
Minha mãe se levantou e veio nos abraçar. Meu tio Carlos parecia uma criança chorona e não se aguentou: ele se levantou e foi dar um abraço no Marcos. Eu estava meio enjoado e sei lá, era um misto de sentimentos. O Marcos — pedindo licença — perguntou onde era o banheiro e disse que o levaria. No corredor, ele se virou pra mim e me abraçou. Senti seu coração acelerado e lhe dei um selinho.
— calma, homem... já passou.
— eu não esperava por isso...caramba! Me abraça...Acho que vou infartar.
— ahh, nem pense em infartar agora. Eu estou tão surpreso quanto você, mas acho que está tudo bem.
— é verdade o que ele disse? Que você pediu perdão a ele por me amar?
— é sim...eu achei que ele estava sedado. Que loucura... eu e minha boca...
— é...você e sua boca...que por sinal...é muito gostosa...e linda. Adoro essa boca.— ele disse em meu ouvido.
— não começa, não. Você tem o dom de me fazer ficar besta perto de você...vai logo no banheiro.
— já vou...já vou.
Voltei pra cozinha e meu pai me puxou pro colo dele. Ele perguntou se o Marcos estava bem e disse que ele estava se acalmando no banheiro. Meu pai riu.
— é meio estranho. Ainda mais por ele ser mais velho.
— eu nunca me preocupei com idade. Eu disse pra mãe também que nem pensei nisso.
— tudo bem. Acho que já te fiz sofrer o suficiente pra ficar me preocupando com idade. Como você está?
— pai...eu me sinto mais aliviado, de verdade. Mas me desculpe por não ter te contado antes...
— eu imagino. Estou aliviado também, mas não posso te culpar por não confiar em mim. Eu só não esperava que seria o Marcos. Começou quando vocês se viram aqui em casa?
— não, eu conheci o Marcos na praça. Aí, quando cheguei aqui em casa, dei de cara com ele. Lembra? Ele veio entregar as chaves do depósito pro senhor.
— lembro. Que coincidência...nossa.
— ou Destino...sei lá.
Minha mãe perguntou se queríamos a sobremesa e meu tio ainda estava emocionado. Fui até ele e o abracei.
— quê isso, peludo? Pare de chorar....
— não to chorando, é só um cisco de nada...bestão.
— hahaha, Ahh...sim...entendi. Vou servir a sobremesa pra você.
— obrigado. Está feliz?
— posso dizer que estou. Feliz e emocionado, como você.
— então eu também estou, por você. Cadê a sobremesa?
Dei beijo na testa dele e o Marcos saiu do banheiro com o rosto corado. Ele se sentou ao meu lado e nos servimos do pudim que minha mãe fez. Meu pai puxou assunto e o clima tenso foi se desfazendo aos poucos. Alguns minutos depois eles foram para a sala assistir o futebol e fiquei ajudando minha mãe na cozinha. Ela me abraçou e disse que estava feliz por ter dado tudo certo. Assim que terminamos fomos para a sala e me sentei ao lado do Marcos. Meu pai disse que ia dormir um pouco e que estava cansado, mas disse ao Marcos que ficasse a vontade, afinal...ele já era de casa. Meu tio disse que já ia, pois tinha que pegar a Daiane na casa da mãe dela, mas que talvez voltaria no final do dia.
Ficamos só o Marcos e eu. Tombei minha cabeça em seu peito. Seu coração estava calmo e me senti envolvido em um abraço. Abri dois botões da camisa dele e dei uma fungada gostosa em seu peito. Ele suspirou a contento, mas chamou minha atenção.
— não faz assim... — ele disse baixinho.
— eu sei que você gosta...
— garoto...garoto... não provoca. Eu gosto, mas não estou na minha casa.
— rsrs...vamos lá pro meu quarto...
— não... não quero problemas com seu pai.
— deixa de ser bobo...
Ele não queria ir, mas o arrastei. Quando abri a porta, ele riu da cama de solteiro. Ele disse que não ia caber de jeito nenhum, mas o empurrei e fechei a porta. Ele estava sentado, com as pernas abertas. Tirei minha roupa e ele ria baixinho. Fui chegando mais perto e suas mãos me seguraram pela cintura. Minha pica já estava meia bomba e numa só bocada, ele engoliu. Meu corpo foi pra frente e quase bati com a cara na parede, mas me apoiei com as mãos.
— caralho...quase guilhotinou minha pica.— aham... — foi só o que ele conseguiu dizer.
— diz que gosta da minha pica...
— gosto da sua pica...adoro o cheiro da tua pica...
— ta cheirosa? Me fala...
— tem cheiro de homem...tem o cheio do meu garoto...ta cheirosa...ta gostosa...
— então chupa!
Ele me tirou todos as forças e me fez cair sobre ele num gozo alucinante. Procurei um beijo e senti o gosto da minha porra na boca dele. Comecei a rir. Ele quase engasgou. Fiz ele limpar minha pica e mostrei um exaguante bucal na gaveta da minha mesinha. Ele botou na boca, bochechou e cuspiu pela janela. Fiz o mesmo. Bocas limpas e pica ainda em pé, ele me puxou pra cima dele.
— quase me matou afogado, garoto...
— ai...ai...ai...não reclama. Você gosta.
— abusado. É meio estranho fazer essas coisas na casa do seu pai.
— daqui uns dias eu me mudo de vez pra sua casa e...
— pra nossa casa...
— isso...lindo! pra nossa casa. Aí a gente vai ter total liberdade.
— eu estava pensando... já que você está aqui e vai lá pra casa depois...eu posso fazer sua mudança e pago esse mês pra você o kitnet. O que acha?
— eu aceito a mudança, mas não aceito que pague meu aluguel...
— por favor... você vai poder ficar com seu salário livre. Me deixa fazer isso por você... eu quero.
— tudo bem...eu agradeço, de verdade. Você não está com sono?
— não precisa agradecer. Pra falar a verdade...estou meio sonolento. Comi demais...
Tiramos um cochilo e quando acordei, meus pais ainda dormiam. Acordei com uma fome danada e arrastei o Marcos pra cozinha comigo. Perguntei se ele queria comer e esquentei dois pratos no microondas pra gente. Ficamos conversando e rindo com suas histórias absurdas da época da faculdade. Ele me contava sobre seus namoros frustrados, suas paqueras e loucuras de um passado opressor. Se atualmente ainda sofremos por sermos quem somos, imagine duas décadas atrás? Lamentamos a perda de alguns de seus amigos queridos, levados por uma AIDS ainda não controlada. Ele fez uma pausa...uma pequena prece.
Me levantei e fui lhe confortar. Lhe beijei a testa suada e afaguei seus cabelos macios. Olhei em direção a porta e meu pai acabara de se levantar. Ele pediu desculpas por ter ouvido um trecho da conversa sem querer. Disse que não tinha problema e perguntei se ele queria comer alguma coisa. Ele me pediu que passasse o café e se sentou. Soltei os cabelos dos meu homem-saudoso e fui pro fogão.
Os dois conversavam. Meu pai desabafou. Seu medo quando me assumi era que eu não me cuidasse. Tranquizei meu pai.
Terminei de fazer o café e fiz um lanche pro meu pai. Minha mãe apareceu e intimou o Marcos a jantar conosco e não teve como ele dizer não.
Já era tarde e eu cochilava ao lado do Marcos no sofá da sala. Meu pai e ele conversavam, mas ele disse que ia embora. Pedi que ficasse um pouco mais, mas ele tinha que acordar cedo para ir à fábrica. Disse que o levaria até o portão e se despediu dos meus pais agradecendo pelo almoço e jantar.
Saímos na rua e deu uma espreguiçada. Ele me segurou e acariciou meu rosto e em seguida abriu a porta do carro e me fez entrar.
— vou te buscar na faculdade amanhã. Posso?
— pode. Claro que pode.
— eu te levaria, mas tenho uns problemas pra resolver e não vai dar tempo...
— não tem problema, indo me buscar já está ótimo. Agora vai...tem muito assalto a essa hora. — ele encostou a cabeça no banco e ficou me olhando. — que foi? — perguntei, com um sorriso bobo na cara.
— nem acredito que seu pai não surtou. Me beija, pra eu ter certeza que não estou sonhando?
Me inclinei...minhas mãos acariciavam seu rosto. Sua língua buscava a minha, mas com ternura. Dei um selinho, selando nosso doido e maravilhoso dia e ele se foi.
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Continua...