Não demorou muito um carro, preto, estacionou a minha frente.
Me assustei ao ver aquele cara de terno saindo de dentro.
- o que você ta fazendo aqui fora? (perguntou o barão).
Arthur - eu to voltando pra minha casa.
Barão - sua casa agora é aqui. (disse o barão me pegando nos braços).
Fred - coloca ele de volta na cadeira. (disse Fred nos surpreendendo).
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Era ruim sentir-se impotente. O seu cérebro mandava varias informações para suas pernas, mas elas não obedeciam. Sentia-me em uma posição desconfortável, pois eu não era criança, e nem um homem fraco, mas quando o barão estava presente era a isso que eu me assemelhava.
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Barão - O contratei para cuidar do garoto, e ao invés disso, você tenta desgraçar a vida dele?
Fred - quem ta desgraçando a vida dele é você. Isso que você ta fazendo é crime.
Barão - crime? crime por cuidar de alguém?
Fred - você está o agredindo, e não cuidando dele.
Barão - você não sabe o que fala. Mas eu vou da-lo uma nova oportunidade. Não se meta nos meus assuntos, e eu finjo que isto nunca aconteceu.
Fred - você só pode ta de brincadeira!
Barão - eu não brinco. (disse barão, de forma direta). E aí, o que me diz?
Arthur - o senhor fala como se fosse detentor dos meus direitos. (falei entrando na conversa). O combinado foi que eu viria para ter melhores cuidados, mas não é isso que esta acontecendo.
Barão - você esta sendo injusto, Arthur. (disse ele dessa vez me olhando).
Arthur - o injusto aqui não sou eu.
Nesse momento Juliano apareceu na frente da casa.
Juliano - ainda bem que o senhor chegou há tempo.
Barão - Juliano, chame os seguranças e digam que este rapaz está incomodando. (falou referindo-se a Fred).
Juliano - é pra já.
Arthur - Não! não precisa, eu já vou entrar.
Fred - pode chamar. Eu não tenho medo não!
Barão - você é bom cara. Devo admitir que você é dos meus.
Fred - não me compare ao senhor. Eu não sou covarde, tampouco me escondo atrás de seguranças.
Barão - eu mesmo poderia resolver o seu problema, mas acontece que agora minhas mãos estão ocupadas. (disse ele ironicamente).
Arthur - senhor, Nícolas, não precisa chamar ninguém, vamos resolver de outra forma.
Fred - não tem outra forma, Arthur. Esse cara acha que pode fazer tudo, só porque tem dinheiro.
Barão - ainda bem que você sabe disso né!?
Juliano - Senhor Nícolas?
Barão - fala Juliano.
Juliano - é pra eu chamar ou não os seguranças?
Arthur - Não! (falei firme). Eu entro, mas eu quero uma condição.
Barão - que condição?
Arthur - eu não aceito que o Juliano continue sendo meu fisioterapeuta, e nem aceito que o senhor demita o Fred.
Barão - condição não atendida.
Arthur - então eu não fico.
Barão - isso não é uma questão de escolha, Arthur.
Arthur - como não? o senhor mesmo disse que minha casa agora era aqui. Eu entendo que eu tenho alguns direitos.
Barão - claro que tem, mas não esses. E vamos logo entrar que você ta pesando pra porra.
Arthur - por favor, deixa o Fred continuar aqui.
Barão - Ta bom Arthur, como eu sou bonzinho, vou deixar ele ficar. Mas ele só entra no seu quarto quando eu estiver presente.
Arthur - tudo bem.
Fred - Arthur, cara, não! Ta vendo que é isso que ele quer, fazer você se sujeitar a essas situações.
Barão - eu só quero o bem pra esse garoto. Juliano, traga a cadeira.
Barão foi falando e caminhando no sentido da casa.
Fred veio ,atras, tentando me convencer a sair dali. Não seria difícil ir para casa, precisaria apenas ligar para minha mãe, e ate mesmo pra policia, mas é como se algo me prendesse ali.
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- Me deixe sozinho com o Arthur! (disse o Barão assim que entramos no quarto).
Fred - Pra que? Pra você bater nele de novo?
Barão - rapaz, saia daqui antes que eu perca minha paciência.
Fred - eu não vou sair não, só se o Arthur quiser que eu saia.
Barão - você acha que ta aonde? Na porra da tua casa? (disse Nícolas, partindo para a ignorância).
Arthur - Fred, pode sair cara, se precisar eu chamo. (falei antes que os dois partissem para vias de fato).
Fred - tem certeza?
Arthur - sim.
Fred - Vou ficar aqui no corredor, qualquer coisa você grita.
O barão ria como se estivesse debochando da gente.
Arthur - beleza.
Lentamente, Fred deixou o quarto.
Barão - vai logo viado do caralho. (disse o barão assim que Fred passou pela porta). Não sabia que eu era tão temido assim. (Disse ele assim que virou na minha direção).
Arthur - e qual a sensação disso?
Barão - tem seu lado bom. (disse barão sentando em uma cadeira ao lado da minha cama).
Arthur - qual lado bom? ser odiado?
Barão - por ti ou por ele?
Arthur - pelos dois.
Barão - tu me odeia, Arthur?
Arthur - não tem como não odiá-lo.
Barão - não foi isso que eu perguntei.
Arthur - vem cá, qual é a do senhor? Quer mesmo me ajudar? Por que as vezes eu acho que o senhor quer descontar em mim alguma frustração da sua vida.
Barão levantou-se e arremessou a cadeira a qual estava sentado. (O semblante que antes era de vitória e zombaria, agora trajava um rosto fechado, e enraivecido).
Neste momento alguém bateu a porta.
- Quem é? (gritou ele fazendo eu me borrar).
Maria - o Henrique e a Valentina estão aqui, sr Nícolas.
Barão bufafa igual um touro. Eu, mudo, lhe encarava, mas por dentro, tremia.
Barão me apontou o dedo.
- Não apronte mais nada. (disse ele como se tivesse soletrando a uma criança). Sua cota já se esgotou.
Depois disso saiu do quarto, me deixando com aquela pergunta sem resposta.
Fred entrou logo em seguida.
- ele te fez alguma coisa?
Arthur - não!
Fred - Tem certeza que quer ficar aqui?
Arthur - É só até melhorar. Por um lado ele tem razão, aqui tem mais recursos pra mim.
Fred - cara, se você quiser voltar, eu posso ficar te atendendo em casa. Faço um precinho camarada pra ti.
Arthur - valeu Fred, mas aqui eu vou ficar bem, e você vai continuar comigo né!?
Fred - eu não queria, Arthur. Nada contra você, mas eu não vou com a cara desse sujeito.
Arthur - eu também não, mas por enquanto não tem outro jeito.
Fred - eu vou te que dar uma passadinha em casa, e depois vou tirar um plantão no pronto socorro. Vou deixar meu número, e qualquer coisa tu liga tá?
Arthur - eu achei que você fosse ficar exclusivamente aqui.
Fred - infelizmente eu não posso, mas volto amanhã.
Arthur - beleza. Antes de ir, me diz uma coisa, aquele baba ovo ainda ta por aqui?
Fred - O Juliano?
Arthur - isso.
Fred - ta la na sala.
Arthur - ele vai continuar por aqui?
Fred - pelo visto, acho que sim.
Arthur - droga.
Fred - fazer o que né!? Agora tenho que ir nessa. Beleza?
Arthur - beleza!
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Fred saiu do quarto, e eu me senti sozinho. Era como se eu estivesse em um habitat estranho, com pessoas estranhas que a qualquer momento iriam me atacar.
Na parte da tarde eu fui à piscina com o Juliano para mais uma sessão de fisioterapia.
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- vai ficar com essa cara até quando?
Arthur - é a única que eu tenho. (falei enquanto ele movimentava minhas pernas como se eu estivesse aprendendo a nadar).
Juliano - no futuro você vai me agradecer pelo que eu fiz.
Arthur - pela trairagem?
Juliano - não foi trairagem, aqui é o melhor lugar pra você.
Arthur - mas não era melhor eu decidir sobre isso?
Juliano ficou calado, provavelmente não tinha resposta.
Depois de um bom tempo dentro da piscina, Juliano soltou um grito.
Arthur - que foi pô? (falei assustado).
Juliano - Arthur, você sente isso?
Minhas pernas estavam dentro da água. Sentia Juliano alongando e flexionando.
Arthur - sinto. Você ta puxando minhas pernas.
Juliano - exato. Agora tenta fazer sozinho.
Arthur - eu não consigo.
Juliano - claro que consegue, Arthur. Falta pouco, cara, vamos lá.
Arthur - não! Não consigo. (comecei a me desesperar com uma falsa ilusão de que para eu voltar a andar, dependeria apenas de mim. E se eu não conseguisse?).
Juliano - Arthur, presta atenção e faz uma forcinha.
Arthur - Não dá cara. Não dá. (falei lamentando ter feito tanto esforço em vão).
Juliano - claro que dá, só depende de você.
Fechei meus olhos e tentei fazer o máximo de força possível.
Sentia que estava quase conseguindo, mas meus esforços foram interrompidos pela voz do barão.
Barão - o que esta passando aí? (disse barão se aproximando, trajando apenas uma bermuda tactel, uma toalha em seu ombro direito, um óculos escuro, e acompanhado dos filhos, Henrique o qual eu já conhecia, e uma garota um pouco mais velha).
Juliano - Sabe o que é senhor Nícolas? Eu acho que pro Arthur andar, só depende dele. É como se alguma parte do cérebro dele tivesse impossibilitando a comunicação com os membros inferiores.
Barão - Será? (disse o homem me encarando por trás dos óculos). Não creio que seja isso não.
Barão tirou a bermuda, e pulou na piscina apenas de sunga.
Barão - o que você acha, Arthur? (perguntou ele já do meu lado).
Arthur - eu não sei o que pensar. Eu faço forças para me movimentar por conta própria, mas não consigo.
- Pois é. (interrompeu, Juliano). As pernas dele não obedecem aos comando dados pelo celebro, mas o que eu estou estranhando é que ele consegue movimentar os pés.
Barão - também percebi isso. É uma evolução não é?
Barão e Nícolas conversavam sobre meu estado de saúde, e eu prestava atenção nas duas crianças que brincavam ao lado da piscina.
Henrique era branquinho dos cabelos castanhos ondulados, possuía alguns sinais pelo corpo; a menina era maior que ele, mais magra, estava com o cabelo longo, e também castanho, solto. Ambos estavam com roupas de banho.
Ouvia barão e Juliano conversando, mas não conseguia entender, era como se as palavras saíssem desconexas.
A menina se distanciou um pouco, e em questão de segundos o menino caiu na água. Sem pensar em nada, larguei os macarrões que estavam amarrados a meus braços e nadei ao seu encontro. Barão e Juliano fizeram o mesmo, mas chegaram depois de mim. Peguei Henrique, e o carreguei ate a parte mais rasa da piscina.
Barão - Henrique, Henrique. (gritava Barão).
Arthur - ele ta bem. (respondi de imediato).
Saímos da piscina, e barão rapidamente abaixou-se e começou a se comunicar com o filho.
Barão - meu filho, olha pro papai. (dizia ele com as mãos no rosto do garoto).
O menino não chegou a ficar desacordado, apenas engoliu um pouco de água. Utilizei a técnica de respiração boca a boca, e o ar retornou aos pulmões do garoto.
Arthur - novinho em folha. (falei sorrindo).
O menino estava com uma expressão assustada, e uma cara de choro, mas em nenhum momento chorou.
Barão - porra Henrique, quer me matar seu moleque irresponsável? Nunca mais faça isso entendeu, nunca mais faça isso! (repediu duas vezes).
O menino não conseguiu se segurar, e abriu um berreiro.
Arthur - hey manin, chora não, já passou. (peguei o menino e o acalentei em meus braços).
Barão ficou me encarando, sério e mudo. Lembrei da vez que eu havia salvo o filho pela primeira vez, e ele havia sido grosseiro comigo.
Nesse momento vários empregados estavam à beira da piscina querendo saber o que havia acontecido.
Arthur - pega ele aqui, Maria. (Me pus de pé, e passei a criança para a empregada).
Maria enrolou o pequeno rapaz em uma toalha e o levou para dentro de casa.
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- Precisava disso cara? Tu acha o que, que o moleque caiu na água porque quis? acha que ele queria se suicidar? ele é só uma criança cara, pelo amor de Deus. (falei olhando para o barão que ainda estava sentado no chão, abraçando os joelhos).
O barão nada respondeu, nem sequer me olhou nos olhos.
Tentei sair dali, mas o barão segurou pelos meus braços.
Barão - que palhaçada é essa? (disse ele me segurando firme).
Arthur - ta falando de que?
Barão - há uma hora atrás você estava totalmente debilitado, e agora está andando?
Só então eu havia percebido que o que ele falava era verdade.
Toda aquela tensão, e emoção tinha tirado o foco de mim.
Soltei um sorriso e um grito espontâneo.
Barão - isso não tem graça. (disse ele finalmente levantando e me encarando nos olhos). Por que você me fez de otário esse tempo todo? queria que eu sentisse peninha de tu, era isso?
Juliano nos observava.
Arthur - isso é brincadeira né? O senhor tá brincando comigo.
Barão - olha pra minha cara, e ver se eu to brincando?
uma lágrima de raiva escorreu pelos meus olhos.
Juliano - Sr Nícolas, ele não fingiu nada, o Arthur sofreu sim uma lesão na cervical, em outras sessões já era notorio a evolução dele.
Barão - isso é verdade, Arthur?
Arthur - de que minha resposta vai influenciar?
Virei as costas, e tentei entrar para apanhar as minhas coisas. Não tinha nada mais pra fazer naquela casa.
Barão - volta aqui, Arthur, eu estou falando com você.
Saí andando meio tropeiro, e assim fui até chegar ao quarto.
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Barão - não vira as costas pra mim. (disse o barão me puxando pelo braço).
Arthur - me deixa em paz sr Nícolas. Acabou, acabou. (falei abrindo o roupeiro).
Barão - quem diz quando acaba sou eu, e ainda não acabou.
Comecei a pegar minhas poucas roupas, e as jogando de qualquer jeito dentro da mala.
Barão tirava minhas roupas da mala, e as colocava de volta ao guarda roupas.
Arthur - vai ser assim? Tem problema não. Eu vou de sunga pra casa.
Tentei passar pelo barão, mas não consegui. Mais forte que eu, ele me jogou sobre a cama.
Barão - não vai embora não. Fica aqui comigo.
Arthur - eu já estou bem.
Barão - não está. Você parece um amontoado de bosta andando. (disse ele meio nervoso).
Arthur - amontoado de bosta? Olha a forma que o senhor me trata.
Barão - me desculpa, mas é que você ainda não está totalmente curado.
Arthur - Mas já consigo me virar sozinho.
Barão - Mas eu não consigo, porra. (disse ele soltando salivas). Que droga! não ver que eu preciso de você?
Aquilo me deixou meio desnorteado.
Arthur - eu não entendi.
Barão - fica comigo. (dizia ele com cara de cachorro).
Arthur - eu não posso ficar aqui. Eu me sinto cada vez mais atraído pelo senhor, e sei que isso vai me fazer sofrer ainda mais do que já estou sofrendo. Eu sou totalmente dependente do senhor, e isso não é bom.
Barão - claro que é bom. É assim que eu quero, Arthur. Quero você totalmente dependente de mim. (disse ele prensando meu corpo sobre a cama).
Seu corpo molhado sobre o meu, também, molhado.
Sua respiração ofegante sobre a minha tremula.
Barão - fica, Arthur, fica aqui comigo. (disse ele com os olhos fechados).
Arthur - eu não posso. (falei fraco).
Barão - claro que pode. (disse ele roçando sua barba em meus ouvidos). Seja meu, Arthur, seja minha propriedade e de mais ninguém. Renuncie a tua vida, e eu prometo cuidar de você.
Ele afastou um pouco seu rosto do meu, e pude perceber que ele falava sério.
Barão - o que me diz? Eu cuido de você, Arthur, eu cuido de você.
Arthur - se eu ficar eu vou apanhar todos os dias?
Barão - ...
Arthur - não dá.
Barão - é que você me deixou irado. Só de imaginar a cena do Loupan te penetrando, me deu vontade de matar os dois.
Arthur - o senhor iria me matar de graça, porque o Loupan nunca me penetrou.
Barão - não? (perguntou ele fazendo uma expressão de curioso).
Arthur - não.
Barão sorriu, seus lábios que antes estavam distantes, começaram a se aproximar até que encostaram nos meus. Suas mãos começaram a percorrer pelo meu corpo, meus batimentos cardíacos triplicaram, minha barriga começou a doer de ansiedade.
Arthur - aqui não. (falei, interrompendo aquele momento).
Barão - tem razão. (disse ele caindo na realidade). Vou tomar um banho e vamos dar uma volta.
Arthur - volta aonde?
barão - eu nunca fiquei com um homem, Arthur, mas você me atrai.
Como é que aquele cara conseguia me deixar ainda mais nervoso?
- Tu topa ir a um motel comigo, Arthur? Eu vou ter o maior cuidado contigo. Deixa eu ser teu dono!
Continua...