Ação e Reação – Descoberta
- Você! – exclamei
- Oi priminho que cara é essa?Viu o bicho papão – disse meu primo Marcos rindo de deboche.
- Não a sua namorada não deu as caras aqui ainda – disse rindo pra ele.
- Escuta aqui – disse ele vindo bem perto de mim – essa tua pose vai acabar, eu vou fuder a sua vida ouviu, eu devia ter te matado não só ter quebrado os ossos.
Eu senti um arrepio, e pela primeira vez em anos fiquei com medo do meu primo.
- Sabe Marcos, é engraçado – disse em tom sarcástico – você percebeu que toda hora você me enche o saco, é necessidade de ficar perto de mim?
- Cala a boca seu merda, eu venho que é pra te lembrar que eu estou aqui agora – disse ele batendo no peito que nem o king kong - e que é pra você tomar cuidado ouviu?
- Ouvi perfeitamente – falei com um riso cínico – agora me da licença que eu tenho mais o que fazer. Sai da sacada e joguei meu copo na lixeira, voltei pra minha mesa e continuei meu serviço. Na hora do almoço aparece meu tio, seu Antônio, Luiz e Marcos com a cara de sempre.
- Bom dia Nando – disse seu Antônio.
- Seu Antônio bom dia quase boa tarde – falei rindo.
- Fernando você não que ir almoçar com a gente – perguntou o Luiz
- Não! – disse a ele.
- Por que não Fernando – perguntou meu tio, que quando estava com os outros me chamava pelo nome – posso saber?
- Pode tio – disse sorrindo – é que eu vou almoçar com a dona Rosa, e o Marlon aqui mesmo na copa, na quinta combinamos de trazer dinheiro na sexta pra dona Rosa comprar os ingredientes pra fazer uma galinhada, ai nós só vamos esquentar entendeu – disse gesticulando com as mãos.Meu tio me olhou com aquela cara de não acredito que você prefere almoçar com eles do que comigo e disse.
- Bom já que é assim bom almoço – disse ele.
- Pra vocês também – respondi.Conforme foram saindo eu percebi que o Luiz não tirava o olho de mim, ele estava com cara de decepcionado vai saber né.
O nosso almoço foi legal, eu ri demais, na verdade eu gostava almoçar com o pessoal de apoio afim de conhecer melhor a história dos funcionários, o Marlon mesmo já tinha 30 anos e sustentava a mãe doente, tinha dois empregos aqui de dia e como segurança a noite ele realmente era bonito um negão de 1,90 arrudão dentes brancos e sempre um sorriso lindo, dava pra ele sem pensar duas vezes, o legal é que ele sabia de mim e não se importava, já a dona rosa já tinha seus 54 anos e trabalhava na limpeza do escritório junto com mais 3 meninas para complementar a renda, ela é branca e magra o cabelo preto sempre em coque, era separada e tem uma filha que é enfermeira, ela é muito amiga da Maria..Eu acabei meu almoço, joguei dama com o Marlon enquanto a dona Rosa contava das fofocas e voltei pra minha mesa, aproveitei que estava vazio e dei uma fuçada no facebook, quando abri havia uma solicitação de amizade a muito tempo pendente, era a do Luiz, decidi aceitar, quando vejo o elevador se abre e saem os quatro falando alto e dizendo que deveriam voltar ao restaurante, vejo o Fernando olhar seu celular e acenar com a cabeça e sorrir pra mim, o meu primo percebe e fica com cara de curioso, o meu tio vem até mim e me pergunta se eu comi direito.
- Almoçou bem? – ele perguntou com uma expressão de raiva.
- Sim – disse em resposta.
- Ok então! – achei ele meio frio comigo, poderia ser só impressão até por que meu tio as vezes parece doido vai entender. O resto da tarde tive bastante trabalho pra fazer, meu tio não me chamou na sala e nem me ligou, melhor pra mim, quando vi já era hora de ir embora, fui na sala do meu tio perguntar se ele queria alguma coisa.
- Oi tio! – ele não respondeu
- Já deu meu horário, seu não tiver mais nada pra me passar ou vou embora – disse a ele.
-Tudo bem pode ir – meu tio disse sem olhar pra mim, eu percebi que tinha algo errado.
- Tio , aconteceu alguma coisa ? – pedi tentando entender
- Não sei, você pode me responder – ele falou sendo grosso – ta acontecendo alguma coisa Fernando?
- Olha tio eu não to te entendendo, mas não vou ficar aqui pra levar patada, tchau – sai e fui em direção aos elevadores.
- Fernando volta aqui – disse ele saindo da sua sala.
- Não tio, não vou – entrei no elevador e a porta se fechou.
Cheguei no térreo e rapidamente fui pro lado de fora, meu celular tocou, vi que era meu tio não atendi e coloquei ele no silencioso, andei uns 5 minutos tentando entender o por quê de ele me tratar daquele jeito, depois que meu primo voltou ta tudo dando errado e olha que só estou no terceiro dia.Sou tirado desse pensamento quando um carro buzina do meu lado.
- Fernando entra ai – disse Luiz – eu te dou uma carona.
- Não obrigado – disse a ele – eu vou andar um pouco.
- Ok, então vou andar com você – disse ele encostando o carro. Ele deixou seu carro próximo ao meio fio e veio em minha direção.
- O que foi aquilo lá na empresa – disse ele olhando pra mim.
- Sabe que eu não sei – falei pra ele. Então ele começou a rir
- Do que você está rindo – perguntei a ele.
- O seu tio arrumou um drama por que você não quis ir – disse ele rindo – foi engraçado.
- O meu tio gosta de dramatizar as vezes – disse sorrindo e olhando pros passarinhos que estavam a nossa frente na calçada – acho que até exagera as vezes, não sempre.
- É verdade – concordou Luiz – a aliás, obrigado por me aceitar no facebook, eu fico muito feliz com isso.Olhei pra ele e vi que el falava a verdade.
- Fernando me responde algo – disse ele mudando o semblante agora pra sério e parando no meio da calçada – por que você se afastou de mim? – porra essa foi na lata.
- Hã – respondi surpreso coma pergunta.
- Por quê você me trata assim? – disse olhando nos meus olhos – com indiferença.
- Olha Luiz está ficando tarde – disse desconversando – tenho que ir pra casa.
- Não vai não ! – disse ele bloqueando a minha passagem e me empurrando contra o murro – antes você vai me responder -disse em tom autoritário, eu fiquei com um tesão da porra quando ele chegou perto de mim e eu senti seu perfume – por que você me trata assim.
- Isso é sério? – disse fazendo cara de frustração pra ele – vai querer dar uma de machão pra cima de mim? – falei pra ele.
- Fernando para com isso cara, deixa eu me reaproximar de você porra! - disse ele exaltando a voz – por que você não me deixa ser seu amigo de novo – ele dizia chacoalhando meus ombros – para de ser esse garoto imaturo.
- Imaturo Luiz! – disse eu ficando puto – cala essa boca pra falar de mim, porque você não sabe nem a metade do que eu passei ouviu – disse já alterando a voz pra ninguém ouvir.
- Sabe o que é engraçado - disse ele se escostando na parede – que você já me chamou de Luisão lembra, quantas vezes eu não levei um game novo pra você, e as vezes em que eu, você e seu primo a gente ia olhar o pouso das aeronaves na cabeceira do aeroporto lembra Fernando – ele falava e um filme ia passando na minha cabeça, realmente ele fazia isso sim – quantas vezes não fui te buscar na escola lembra cara – ele dizia – depois que você e seu primo brigaram, você mudou comigo, quando ele foi embora pra São paulo e eu ia te ver em casa quantas vezes você mandou dizer que não estava, e outras que você me tratou friamente – dizia ele olhando os carros que passavam na avenida.
- Sabe Luiz – não foi uma briga, disse respirando fundo – você sabe o que
aconteceu não é?
- Sim – disse ele olhando pra mim – foi horrível – ele disse com olhar de pena.
- Pois é – disse lembrando da noite que aconteceu – você é amigo do Marcos e pra mim tudo ligado a ele me da medo, me da asco , eu imagino que todos são que nem ele.
- Ei ! – disse ele me virando – eu sou amigo do Marcos, não uma cópia dele – Luiz me olhou sério quando disse isso – além do mais você me conhece desde pequeno, sabe que eu sempre fui legal contigo - já falava apontando o dedo no meu peito - eu lembro de você quando você era um criança com 6 pra 7 anos e usava um casaco dos ursinhos carinhosos - eu olhei pra ele e acabei rindo pois era verdade gostava muito daquele casaco.
- Nossa Luiz você foi longe hein – disse rindo pra ele.
- Pois é – ele me olhou – eu falei isso por que fui eu que dei aquele casaco pra você, e toda vez que eu ia lá você buscava pra mostrar que estava limpo e guardado – ele me olhou – você não sente minha falta, quer dizer da nossa amizade Fernando. Ele me olhou e esperou e resposta. Me dei por vencido.
- Sinto sim Luiz! – olhei pra ele – mas tenho medo de você acabar se queimando por minha causa.
- Fernando – ele me segurou pelos ombros de novo – pra mim não importa, deixa eu chegar perto de você, não me mantém longe não – disse quase suplicando.
Realmente ele tinha razão, me afastei dele e não percebi que ele era diferente do meu primo, que bobo eu.
- Ok Luiz, você venceu – disse apertando a mão dele, que em resposta me puxou para um abraço apertado.
- Isso merece um happy hour no London Pub que tal – disse ele me soltando do abraço.
- Então tá , vamos – disse sem pensar – mas olha lembre que hoje é terça – feira.
Ele sorriu e me disse que não ia beber muito e nem ia me deixar beber muito também, até pra não sair dando fiasco por ai depois e também pelo fato de ser Terça – Feira. Entramos no seu carro e fomos ao pub, chegamos e entramos ainda estava um pouco vazio pelo horário. Eu gostava muito desse bar/pub pelo fato de ser um dos mais badalados da cidade onde era certeza de encontrar gente bonita e também pela decoração, acabamos pedindo uma torre de shop e fritas com bacon e queijo, bem coisa de mineiro mesmo, o gelo entre a gente foi se quebrando e em certo momento eu já dava risadas que nem uma hiena, ou seja eu já estava alto, o Luiz parecia se divertir com a minha diversão. Não sei se era a bebida mas ele estava mexendo comigo, eu estava com um tesão enorme já que não transava há alguns dias então de repente ele me puxa pelo braço e eu saio do transe em que estava.Ele me olha com uma cara e diz
- Fernando , eu posso lhe confiar um segredo – me disse com olhar sério – é muito importante pra mim contar isso pra você.
- Tudo bem – disse pra ele – você não matou ninguém não é? – disse rindo, maldito chopp.
- Não – ele olhou sério, eu me calei – não é isso – ele falou e baixou a cabeça.
- O que é então? – perguntei – pode me falar.
- Eu sou bissexual – ele disse rápido , quase não consigo entender – é isso eu sou bissexual.
- O que? – disse surpreso
Continua...