Olá leitores da CDC.
Saindo do forno da minha cabeça mais um capítulo do "O Porteiro da Empresa". Conforme, desejo de CeF e ❌Hello❌ .
Para Plutão que está curioso pra saber o que aproximou Igor de Luis, aí está;
O dia em que a relação entre o Porteiro Igor e eu mudou foi muito ruim pra mim. Parece que eu acordei com o pé esquerdo, sabe?! Todos nós temos aquele – ou aqueles – dias em que tudo o que fazemos dá errado. Esse dia foi o meu.
Eu acordei tarde. Normalmente eu acordo às 6h30, para dar tempo de estar pronto às 8h20, e chegar na Empresa vinte minutos mais tarde. Mas eu despertei às 7h50. Acho que tomei um choque elétrico quando vi as horas. Corri o mais rápido que pude para o chuveiro, mas aí bati o meu dedo mindinho na quina da porta do banheiro. Quem já passou por isso sabe a dor que senti.
O banho que tomei tava mais para banho de gato. Me vesti com qualquer roupa que encontrei pelo caminho e saí apressado de casa. Meu Deus! Olhei o relógio e vi que era 8h24. Estou super atrasado! Eu corri tanto, mais tanto, que me sentia como um atleta numa corrida com obstáculos, quase um Usain Bolt.
Quando cheguei na empresa eram 8h43. Eu ainda tinha dois minutos para passar pela portaria, chegar até a Operação, iniciar a máquina e bater o meu ponto. Quando coloco as mãos no bolso, “Cadê o meu crachá?” MERDA!!! Eu exclamei isso enquanto remexia minha pasta igual a um condenado. Quando eu encontrei o danado, escondido dentro de um dos compartimentos internos da minha pasta, faltava um minuto para bater o meu ponto.
Eu passei pela portaria e corri para o prédio da Operação em menos de um minuto. Meus batimentos cardíacos estavam acelerados e minha respiração, ofegante. Sentei na minha posição, atendi normalmente até o horário do almoço.
Onze e meia, eu fui pra pausa refeição. Fui pra fila dos microondas para esquentar o meu almoço. Mas adivinhem: a minha marmita não estava na minha sacola. MERDA! Na pressa de chegar a tempo no trabalho, eu deixei o pote com minha comida em cima da mesa. Só me resta comprar comida fora da empresa.
Ao sair da empresa eu via várias pessoas vendendo almoço. Fui olhando as opções, mas nenhuma opção me agradava. Então peguei o almoço mais simples: feijão preto, macarrão e frango assado. “Comível”, pensei.
Esse processo me custou metade do meu tempo de pausa refeição. Voltei correndo pra empresa para comer aquilo logo. Cheguei na catraca, e de novo, “Cadê o meu crachá?”. EU MEREÇO!!! Lá fui eu novamente remexer na minha sacola e encontrar o meu passe em um outro compartimento da minha pasta. Tá parecendo até um dejavù. E lá se foram mais três minutos.
Passei pela catraca rapidamente e me dirigi até o “giga”, o espaço para almoço e passatempo dos operadores. Quando ia passar pela porta, eu escuto alguém dizendo “EI! Ei você!”. Quando me viro pra trás, eu o vejo. O meu colírio de terno e gravata, o Meu Porteiro.
IGOR: Ei, jovem. Você deixou cair isso!
E ele balançava no ar um saquinho com o garfo e faca de plástico e alguns guardanapos, parte do almoço que comprei. Provavelmente eles caíram no momento que eu passei correndo pela portaria.
Então eu voltei quase correndo até onde o porteiro estava para pegar os talheres. Confesso que estava meio sem jeito para me aproximar dele. Qual é?! O cara é lindo, gostoso, com uma mala enorme no meio das pernas e eu sou caidinho por ele, e tenho de aproximar dele por segundos. Estava todo arrepiado até...
EU: Obrigado, - disse após ter pego o saquinho da mão dele.
IGOR: Por nada. Cuidado na próxima vez! – disse com um sorriso no rosto.
No mesmo momento que eu fui olhar o seu sorriso meus olhos se prendeu ao seu olhar. Eu me senti meio que hipnotizado, me peguei admirando o seu rosto, tentando entender o que a combinação do seu olhar, sorriso e expressão facial queriam dizer pra mim.
IGOR: Tá tudo bem com você?
Com essa pergunta eu acordei do “transe” e percebi que dei a maior bandeira de que o curtia. Me apressei a sair dali o mais rápido possível e voltar para o “Giga” para tentar almoçar nos últimos cinco minutos que me restava.
Enquanto atendia aos clientes, eu meditava sobre o que aconteceu na hora do almoço. Aquele foi o primeiro contato – de verdade – entre o Meu Porteiro e eu. Não era exatamente o que eu esperava de nossa primeira conversa, mas para quem não conseguia ter a atenção dele, hoje foi muito bom.
Na volta combinei com um colega estenda de carro e que morava próximo do meu bairro que ele me levaria até a minha casa. Combinamos de nos encontrar na portaria. Quando faltava um minuto para encerar minha jornada de trabalho, caiu uma chamada. Esse cliente eu tive que explicar detalhadamente como funciona o nosso serviço, o que ele teria a disposição, as taxas e tudo. Sabe aquele tipo de cliente que quer saber de tudo, TUDO mesmo? Esse era o perfil desse cliente. Que merda!
Assim que eu terminei de atender a chamada, eu me desloguei e fui correndo para a portaria para encontrar minha carona. Quando cheguei lá, eu olhei ao redor, e não vi mais o meu amigo. Alguns segundos depois eu recebo um torpedo no meu celular. “Luís, eu não pude te esperar. Eu já fui. Me desculpe.” foi o texto que eu li no meu celular. Droga de novo. Perdi minha carona!
Eu resolvi sentar um pouco no sofá da portaria, já que eu corri que nem um doido para nada e precisava descansar antes de voltar pra casa. Peguei o celular e fiquei vendo as mensagens nas minhas redes sociais. Nem percebi que alguém se aproximou de mim.
IGOR: Você correu, hein?!
Levantei a vista e em minha frente estava o meu colosso de roupa social. Um calafrio correu pelo meu corpo.
EU: Pois é, né?! E acabou que nem adiantou, já que eu perdi a minha carona.
IGOR: Sua casa é longe daqui?
EU: Nem é, Igor. Mas um amigo me ofereceu uma carona para ir de carro pra casa. Então eu iria pra casa...
IGOR: Que azar, né?! – disse ao se sentar ao meu lado no sofá. Tinha outro porteiro no posto dele.
EU: Azar? Azar é pouco! Eu acordei hoje com o pé esquerdo. Eu acordei tarde, esqueci o meu almoço em casa, quase bato meu ponto atrasado por causa do crachá...
IGOR: Eu vi. Foi engraçado... – sorriu ao se lembrar da minha desventura.
EU: Muito engraçado - ¬¬ - e ainda por cima perdi boa parte de minha pausa lanche para comprar a comida. E deixei cair os talheres. E agora essa: perdi minha carona pra casa.
IGOR: É.. barril. Mas minha mãe sempre diz que nada melhor que um dia após o outro. Amanhã você estará melhor.
EU: Valeu... Hum... Que cheiro é esse? – e me aproximei do cheiro, que vinha do porteiro.
IGOR: Deve ser o meu perfume. – disse com um sorriso safado.
EU: Só se esse seu perfume tiver essência de queijo.
IGOR: Ah, é o meu almoço de hoje. – Ele pega algo ao lado de onde estava sentado e apoia sobre as suas musculosas pernas – Veja, é a minha especialidade: macarrão com queijo.
EU: Hum, está gostoso de ver. Acho que não foi você que fez.
IGOR: Oxe! Fui eu que fiz sim. Eu me garanto na cozinha!
EU: Eu duvido! Isso tá com cara – e cheiro – de foi feita por uma cozinheira. Fale a verdade: foi sua mãe que fez esse macarrão com queijo. Não foi?
IGOR: Ah é? Você vai ver amanhã eu vou fazer de novo e vou trazer um pouco pra você ver e provar.
EU: Tá bom... - Disse, mas nem pus fé no que me disse.
IGOR: Você não acredita em mim, né?! Aguarde.
Bom, ficamos calados durante uns segundos, e isso me deu tempo para meditar. Me dei conta de que estou conversando com o meu Porteiro. Fiquei feliz e notei que ele é sabe conversar. Não parece muito chato, nem metido. Conversar com ele me divertia. Aproveitando que estamos conversando, deixa eu me manter próximo a ele.
EU: Por favor, me passe suas redes sociais, para eu te adicionar.
IGOR: Claro! Anota aí.
E me falou o seu Facebook e seu número de celular e Whatsapp.
EU: Valeu. Agora deixa eu ir, já está tarde e eu já descansei. – eu me levantei – Obrigado pela companhia. Foi um prazer conhecer você, Igor.
IGOR: O prazer foi meu! – e apertamos as mãos. Nem preciso dizer que fiquei arrepiado de novo.
E fui para minha casa andando. Confesso que o meu dia foi ruim, mas ter feito amizade com o meu porteiro e poder “stalkear-lo” nas redes sociais me deixou bem feliz hoje. Por um lado, meu dia foi uma merda, por outro, consegui fazer, enfim, amizade com o gostoso do porteiro Igor.