Pessoal mil desculpas pela demora, mas passei os últimos três dias meio acamado e indisposto... voltei agora, obrigado pelo acompanhamento de vocês! fico grato pelos comentários e votos. Obrigado de Verdade.
/ / COMO APRENDI A VIVER A VIDA / /
Passou-se três meses desde que comecei a cursar medicina, meu avô estava a todo esse tempo me dando suporte em tudo. Eu falava com minha mãe freqüentemente, acabei perdoando ela afinal ela não tinha me rejeitado.
Durante esses três meses eu fui o mais humilhado e mais caçoado possível na faculdade pelo Mauricio, ele e seu grupinho não saiam da minha cola, eu sempre fugia e me escondia deles, sempre esperava todos irem embora pra eu sair da sala, o garoto da carona que agora eu sabia o nome (Julio), sempre me observava, mas desde o dia que bati a porta do carro dele e gritei com ele que ele não me procurou mais, às vezes topávamos na rua ou na universidade e tudo o que falávamos era “eai” ou “Oi, tudo bom?”.
Um dia estava em uma aula de Anatomia Geral e o professor passou um trabalho em dupla, alguns logo formaram seus grupos e ficamos apenas eu e Mauricio sobrando.
- Não vou fazer o trabalho professor! – falei levantando a mão.
- Ok! Tudo bem Paulo! Mas sinto lhes informar que você e o Mauricio vão ficar devendo nota esse semestre!
Percebi que Mauricio me olhou com uma cara de ódio, olhei para ele e dei um sorriso sarcástico e em seguida pisquei para ele, era o ultimo horário e logo o professor liberou a turma e todos foram saindo... Ficamos apenas eu e Mauricio na sala.
- Que história é essa de não vai fazer o trabalho?!
- Não sou obrigado a Nada! Não quero fazer o trabalho com você.
- Caralho tu vai se prejudicar!
- Pelo ao menos não serei prejudicado sozinho, e se esse é o preço pra ver vc se ferrar, pagarei com prazer! – Falei me virando de costas e arrumando meus livros na mochila.
Mauricio veio até mim me virou com violência e me levantou segurando na gola da minha camisa, eu segurava nas mãos dele tentando me soltar, já estava sufocando.
- Larga ele seu babaca!
- O que você ta fazendo aqui?! Agora está correndo atrás desse aqui? - Falou Mauricio me jogando no chão.
- Sai de perto dele ou ligo para a Policia agora e te denuncio! Tenho obsevado há meses o que você tem feito com ele, isso é discriminação!
Mauricio saiu da sala dando de ombro com Julio, eu ainda estava deitado no chão recobrando o fôlego.
- Você está bem?
- Sim! Obrigado. – falei me levantando.
- Você deveria processar esse cara! Ele precisa aprender a lição. Vamos eu te levo em casa... – Falou segurando em meu braço.
- Cara, porque você voltou?! Porque você Insiste em querer falar comigo? EU SOU POBRE. Não sou riquinho como a maioria de vocês, sou bolsista... Não vou processar esse idiota porque não tenho dinheiro para pagar um advogado! Agora porque você não corre lá e vai sentar ao lado dos Ricos e poderosos e rir de mim também?!
- Ei! Eu não sou assim! Eu acabei de te ajudar... Cara porque você é assim? Nunca deixa que ninguém se aproxime sempre fechado... Já são três meses juntos e você não fez amizade com ninguém!
- Já disse obrigado! Não? E não preciso de ninguém... Todos que se aproximam de mim só me machucam... – falei me virando e sentando em uma mesa e comecei a chorar.
- Ei... Você não é assim! Eu vejo que você é gente boa! Eu não sou como você pensa que sou!
- Me desculpa cara... Eu fui estúpido... Senão fosse você eu não sei o que aquele psicopata faria comigo! Eu às vezes sou idiota e bruto rs, você não teve sorte comigo! As duas vezes que falei com você estava de cabeça cheia e falei o que não devia.
- rsrs me deixa pensar se te desculpo – falou ele colocando a mão no queixo como se estivesse pensando. – Bom! Eu só aceito seus pedidos de desculpa se você me prometer duas coisas... A primeira é que deixa eu te levar em casa, a segunda é que não vai mais me tratar com indiferença... Afinal quem se desculpa está arrependido.
- Olha, só porque você me salvou hoje e porque eu te tratei mal vou deixar sim você me levar, e tudo bem não vou mais te tratar da forma como tenho te tratado.
- Ótimo! Vamos?
Peguei minhas coisas e segui-o até a SW4 Preta, ele abriu a porta pra mim, achei estranho afinal um cara só abre a porta pra alguém que esta flertando ou para alguém que esteja namorando. Seguimos em frente e eu peguei meu celular e fiquei mexendo nas redes sociais, quando percebi que já deveríamos ter chegado a casa levantei minha cabeça para olhar e andávamos pelas ruas do centro.
- Ei, minha casa não é por aqui! Acho que vc errou o caminho rs.
- Relaxa, vou te levar ali rsrs.
- Onde Julio?! – Falei com ar de assustado.
- Ei, calma ow kkk vc não esta com fome? Eu estou morrendo. – Falou estacionando o carro de frente a uma pizzaria.
Descemos do carro e entramos na pizzaria, não era uma pizzaria comum era meio sofisticada e tinha algumas pessoas bem vestidas, eu fiquei com vergonha por ser pobre e estar em um local daquele tipo. Chegamos à mesa e mais uma vez ele teve uma atitude estranha, puxou a cadeira para eu sentar.
- Julio não me leve a mal, mas eu sei abrir a porta do carro e sei afastar a cadeira pra sentar ok?
- rsrs posso nem ser legal com você. Eita que você é difícil Paulo!
- Sério cara pare viu! Rsrs essa é a primeira vez que você me chama pelo nome, aliás, é a primeira vez que a gente para pra conversar.
- Pse, enfim consegui ultrapassar as barreiras, e percebi que vc rir.
- Nossa é tão notável assim meu fechamento?!
- Sim! Demais! Mas eu vejo que existe uma pessoa que gosta de rir e ser feliz por trás dessa casca toda cara.
- Enfim, vamos pedir? – falei tentando mudar de assunto.
- Do que você gosta?
- Vamos fazer assim! Deixo você tentar adivinhar...
- Hmm - falou mais uma vez colocando a mão no queixo em forma de pensamento. – Você tem cara de que gosta de camarão!
- Parabéns!
- Nossa! Acertei?! Kkkk
- Sim rs.
Ele pediu a pizza e ficamos um tempo conversando sobre a universidade, descobri que ele já tinha começado a cursar uma vez, mas acabou desistindo e trancou a faculdade; só agora resolveu voltar a estudar. Eu contei a ele que era de Minas e que havia passado no Enem e havia conseguido uma bolsa na USP.
A pizza logo chegou e nós comemos, que pizza divina; acompanhada a um bom vinho. Ele pediu a conta.
- Toma aqui! – Falei estendendo a mão entregando um dinheiro para ele.
- Quando eu levo alguém para sair, eu pago ok?! – falou ele sério e abaixando minha mão
Ele pagou a conta e levantamos da mesa, seguimos até o carro e depois até a minha casa, antes de chegar à minha rua eu pedi que ele me deixasse em uma casa bacana que tinha na rua de cima.
- Chegamos! É aqui! – falei apontando para a casa.
- Que dia você se mudou?!
- Uai sempre morei aqui!
- Sério? Meu amigo Marcos mora em uma casa igual a essa, nessa mesma rua!
Nessa hora procurei um buraco para me enfiar de tanta vergonha.
- Ei, eu sei onde você mora... Por que você mentiu?
- Porque a ultima pessoa que viu onde eu moro, agora passa o dia me infernizando me chamando de Pobretão e Bolsista.
- Paulo! Olha pra mim! – Eu não sou assim! Meu pai nem sempre foi rico! E mesmo se tivesse nascido em berço de ouro isso não seria motivo para eu te discriminar.
- Desculpa mais uma vez cara! É que... Sei lá acho que sou muito inseguro, vejo que as pessoas só se aproximam de mim em busca de algo que eu possa oferecer, no final quando conseguem ou se frustram por não conseguir dão um chute na minha bunda e me deixa no canto.
- Quantas vezes vou ter que falar que não sou assim? Confia em mim! – falou ele pousando a mão sobre a minha perna.
Eu olhei a mão dele sobre a minha perna, me subiu um frio sob a coluna. Abri a porta do carro e dei um salto pra fora.
- Obrigado pela Pizza! Obrigado por me defender! Obrigado pela carona! – Eu estava visivelmente nervoso.
- Foi um prazer! Até amanhã!
- Até... Falei fechando a porta do carro e saindo andando até minha casa, ele só se foi quando eu entrei em casa.
- Gusta o que aconteceu? – Meu primo estava com a cara inchada e os olhos vermelhos de chorar.
- O mundo está caindo sobre a minha cabeça Paulo! Peguei Júnior com outro na minha cama... e... e... o vovô morreu – falou ele desabando em choro.
- Para de graça Gusta! Se você está de brincadeira já pode falar que eu estou começando a acreditar – falei já chorando.
Peguei meu celular que estava guardado na bolsa e vi muitas ligações da minha mãe e do Gusta.
- Não! Vovô não – falei sentando no chão e colocando as mãos sobre meu rosto.
Gusta foi até eu e me abraçou... Choramos muito juntos, a dor dele era meio que dobrada, pela traição do marido e pela morte do nosso avô.
Parei de chorar, limpei meu rosto. Precisava ser forte, Gusta estava precisando de mais apoio que eu, limpei o rosto dele.
- Sinto muito Gusta! Você não merecia passar por isso... Mas vai ficar tudo bem ok?! Estou aqui e vou cuidar de você.
- Obrigado Paulinho, vou precisar muito.
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