/ / COMO APRENDI A VIVER A VIDA / /
Sabe aquelas pessoas que nasceram para sofrer? Prazer! Eu sou um desses!
Levantei do chão onde eu e Gusta estávamos eu estava destruído; mas precisava ser forte pelo Gusta. Peguei meu Notebook e entrei em um site e comprei duas passagens aéreas para Minas.
- Gusta precisamos arrumar nossas malas e correr pro aeroporto o avião sai em duas horas. Já comprei as passagens paguei com um dinheiro que o vovô me passou semana passada.
- Muito obrigado primo! Eu até tenho dinheiro na minha conta, só que é conjugada com o Júnior e eu não quero mexer nesse dinheiro agora, vai que ele alega alguma coisa na justiça!
- Relaxa, está tudo bem...
Arrumamos as malas, e fomos direto para o aeroporto, fizemos check in e logo embarcamos, logo estávamos em BH. Ricardo um dos meus primos estava nos esperando no aeroporto de BH ele nos levaria até o interior onde seria o velório do meu avô.
- Oi Paulo, oi Gustavo! Tudo bem com vocês? – Perguntou Ricardo.
- Sim – respondemos sincronizados ao mesmo tempo.
Eu e Ricardo sempre fomos muito próximos, mas desde que me “assumiram” ele mudou radicalmente comigo.
- Então vamos? – perguntou ele andando em direção à saída.
Nós o seguimos e não falamos nada desde a saída até a chegada na cidade em que eu morava antes.
- Onde vocês vão ficar?
- Pode nos deixar em algum hotel.
- Paulo a sua mãe disse que você ficaria na sua casa.
- Minha casa é em SP Ricardo! Não tenho casa aqui! Você pode nos deixar no hotel? Ou nós descemos aqui e vamos a pé?
Ele não falou nada, apenas deu partida no carro e seguiu viagem parando em frente a um hotel que ficava próximo ao cemitério.
- Vocês ficam nesse aqui! Fica próximo do cemitério onde o vovô será enterrado, vai ser mais fácil pra vocês.
- Quanto ficou sua viagem Ricardo?
- Vc ta falando sério isso?
- Ué! Vc foi nos buscar em BH e rodou com a gente aqui dentro da cidade... Teve gastos não é? Fala ai quanto foi?
- Para de graça Paulo! Não fui como Taxi para buscar você! Nosso avô morreu... Seria o mínimo que eu pudesse fazer ainda mais pra você que sempre foi o mais apegado a ele.
Nessa hora meus olhos lacrimejaram, mas eu logo sequei.
- Certo então, muito obrigado Ricardo! Vamos descansar agora e mais tarde nos vemos no cemitério.
- Ok!
Descemos e entramos no hotel, ficamos com um quarto duplo.
- Ricardo está diferente! O moleque cresceu!
- Pse Gusta, confesso que fiquei surpreso quando o vi no aeroporto. Um dos motivos por eu ter escolhido mudar de estado e ir cursar faculdade fora foi justamente o desprezo deles... Fui duro.
Deitamos e tentamos dormir, mas o cansaço misturado com a dor da perda não deixou, quando deu 6h da manhã eu levantei, fui até o banheiro, tomei banho... Logo em seguida Gusta foi, nos arrumamos e fomos pro cemitério.
Quando entramos na capela, todos sem exceção pararam o que estavam fazendo e ficaram olhando pra gente que ficamos atordoados parados na porta da igreja, parece que o caixão tinha acabado de entrar, mas não! Era só eu e Gusta.
De longe vi minha avó sentada do lado do caixão, eu comecei andar em direção ao centro e já estava me desmanchando em lágrimas, quando cheguei próximo do caixão vi meu avô lá deitado e me ajoelhei repousando minha cabeça sobre as pernas da minha avó, choramos juntos por um tempo, ela acariciava meus cabelos e eu só chorava. Eu levantei meu rosto e beijei a testa da minha avó.
- Eu te amo vozinha...
Gusta estava atrás de mim e também chorava muito, logo em seguida ele foi até nossa avó e abraçou-se a ela. Os dois choraram e depois se acalmaram... Eu me aproximei do caixão e toquei em meu avô, sentir a pele dele fria e ver que ele não estava mais ali me cortava o coração.
- Obrigado vovô! Você foi o pai e o amigo que eu nunca tive! Eu te amo e sempre te amarei.
Eu me afastei do caixão e pude dar uma olhada em volta e estava todo mundo ali.
Eu fui em direção a porta dos fundos da igreja e quando estou saindo.
- Filho!
- Mãe...
Eu me abracei a ela e foi mais um tempo de muito choro...
- Como você ta? Você está mais cheinho...
- Estou bem mãe, pse essa vida de faculdade está me engordando... Vou procurar uma academia quando voltar pra SP. E por aqui como está tudo? E afinal como foi que o vovô morreu?
- Esta tudo bem! Pedi divórcio do seu pai, seu avô enfartou... Seu pai esta está muito abalado, perder o pai assim. Você podia ir falar com ele meu filho, eu sei o canalha que ele foi comigo e com você, mas ele ainda é seu Pai.
- Não mãe! Isso não!
- Vou em casa preparar alguma coisa pra comer, vc vem almoçar com a gente?
- Não... Eu combinei de almoçar com uns amigos... – Não gostava de mentir, mas tudo para não ficar no mesmo ambiente muito próximo do meu pai.
Minha mãe saiu e eu fui até o jardim da capela, tinha algumas arvores fechadas e lá tinha alguns banquinhos estilo de praça. Sentei em um deles e fiquei olhando pro nada.
- Oi!
- Oi Ricardo! Quer sentar? – falei afastando um pouco. E ele sentou
- Você está bem Paulinho?
- Sim, nossa você me chamava assim antes de...
- Me perdoa Paulinho? Eu fui muito idiota e preconceituoso, me perdoa?
- Sabe Ricardo, a gente sempre foi muito próximo... Bem mais próximos do que com os outros meninos, e foi muito duro ver você e eles me virando as costas, me desprezando... Vocês eram as pessoas que eu mais confiava e amava e quando eu mais precisei vocês me viraram as costas... – eu já estava chorando.
Ele se ajoelhou na minha frente chorando.
- Por favor Paulo me perdoa, por favor!!
- Por mais que eu quisesse te odiar virar de costas pra você e te deixar aqui no chão, você sabe que não faria isso...
Ajudei ele a levantar do chão e demos um abraço.
- Estou perdoado?
- Acho que esse abraço é um sim rs
Ele sorriu pra mim...
- Vem comigo? Quero te levar em um lugar.
Eu segui ele até o carro, entramos e ele me levou há um antigo clube onde na nossa infância passávamos o dia. Quando cheguei lá todos os meus primos estavam lá.
- Ricardo vc conseguiu mesmo trazer ele? – Falou Lucia uma das primas.
- Consegui!!
- Então Paulo, nós estamos aqui porque nós queríamos todos te pedir perdão...Vc sempre foi nosso irmão, e quando você mais precisou em vez de te dar apoio nós viramos as costas a você e deixamos você sozinho, nós sofremos muito com a sua partida e todo esse tempo longe nos fez entender que você não escolheu ser assim, e que alem de qualquer coisa o amor que temos uns pelos outros sempre terá que falar mais alto.
- Uau, quase chorei aqui, mas minhas lágrimas estão secas rs, enfim eu senti muita falta de vocês! E Claro eu ainda amo vocês e ainda sou louco por vocês seus bobos.
Abraçamos-nos e aquilo foi como uma cura pra mim. Fomos almoçar e eu chamei o Gusta, eles pediram perdão a ele também pela indiferença e logo estávamos todos dboa.
No fim do dia fomos pro enterro do nosso avô e foi mais um mar de lagrimas, me doeu muito enterrá-lo. No final eu fiquei sozinho diante do tumulo, eu segurava uma rosa branca.
- É vozinho... Descanse em paz, saiba que sempre te amarei... se for verdade espero que de onde você esteja você esteja orando por mim, e quero que você se orgulhe muito de mim!
Coloquei a rosa sobre o tumulo e senti uma brisa fria e calma passar por mim, eu me arrepiei e quando me virei tive um susto afinal estava ali sozinho.
- Você?!
- Oi amor! Senti falta de você!
- Sai daqui seu doente! O que você quer aqui?
- Hoje você vai ser meu Paulo! Hoje você vai conhecer seu macho! – falou ele me segurando pelos braços.
Eu tentava me soltar mas ele era mais forte que eu.
Eu: Me larga Andrè!!! SOCORRO! SOCORRO!!!
Ele: Cala essa boca porra – falou dando um tapa na minha cara.
Eu comecei a chorar e ele estava me arrastando pro fundo do cemitério, eu estava desesperando. – o que ele faria comigo?
- Larga ele seu babaca!
Quando olhei Ricardo vinha correndo, e foi chegando derrubando André com um soco... André levantou e saiu correndo.
- Você está bem? – falou ele me dando a mão para levantar.
- Sim estou. – comecei a chorar novamente.
- Ei, não precisa temer! Eu estou aqui. – falou me puxando para um abraço.
- Ele ia me...
- Shhhhiiii, ele não vai tocar em você! Não até que ele passe por cima de mim!
- Como você me encontrou? Por que você voltou?
- Nem eu sei... só tive uma sensação estranha com você e voltei imediatamente, fui até o hotel e Gustavo disse que você tinha ficado, quando cheguei aqui só vi aquele cara te arrastando.
- Muito obrigado... Não sei o que seria de mim.
Incrivel como eu tinha um imã para atrair babacas violentos e inconseqüentes. Mas Deus sempre coloca um anjo no meu caminho para me salvar, dessa vez o meu anjo foi o Ricardo.
/ / CONTINUA / /