Acredito eu que o Renato é um apaixonado, e apaixonados costumam fazer de tudo pela pessoa amada. Acima de tudo, Renato é amigo de Elias e não está em seu pensamento qualquer segunda intenção. Ele tem noção de que Elias, naquele momento não poderia retribui-lo. E Elias está se descobrindo. Sempre foi um homem instruído para ser machista e preconceituoso. O fato de ter transado com um homem mexeu com ele de uma forma que a sua coragem se esvaiu. E para algumas pessoas, o álcool trás a coragem de volta.
Cap.15
Ao ouvir aquilo, eu simplesmente tremi.
-Do que você está falando ? - perguntei, agora ligeiramente desconcertado e ainda com o corpo dele sobre mim...
-Eu fui beber, mais uma vez, para ver se o álcool me dá uma luz... Eu tô me sentindo tão confuso, tão estranho... Eu não sei o que fazer Renato ! - eu só escutei calado – desde aquela noite eu... Não paro de pensar nisso, no que houve, em você... Eu quero paz na minha cabeça Renato, paz... - falou ele, colocando a cabeça sobre o meu ombro. Eu o abraçei naquele momento. Senti que ele estava precisando da minha ajuda. Conversaria com ele no dia seguinte, quando ele estivesse realmente sóbrio e pudesse falar as coisas com mais clareza.
-Calma, tá bom... Eu estou aqui para o que você precisar... - quando eu falei aquilo, ele me abraçou mais forte e assim ficamos por algum tempo. Até que o elevador abriu, no meu andar – vamos lá ?
-Vamos...
MINUTOS DEPOIS
Nós entramos na minha casa na madrugada pela primeira vez depois do que houve aquele dia.
-O André não está aqui, você pode dormir no quarto de hóspedes...
-Ok Renato. - ele se soltou de mim, e começou a andar... - Renato ?
-O quê ?
-Eu procurei um psicologo...
-Pra quê ?
-Estou me sentindo confuso... Igual... A você... - arregalei os olhos ao ouvir aquilo. De modo que fiquei desnorteado. E então vi ele caminhar meio que cambaleante até o quarto de hóspedes...
TEMPO DEPOIS
Antes de eu dormir, fui ver como ele estava. Abri a porta do quarto de hóspedes devagar, e quando abri percebi que ele já havia pegado no sono. Havia tirado a roupa e ficado só de cueca. Quando me aproximei, percebi que ele tinha tomado um banho, algo que confirmei vendo a bagunça que o banheiro dos hóspedes se encontrava. Voltei, olhei para ele...
-Porquê você mexe tanto comigo ein ? - me perguntava, olhando ele dormir. Ajeitei o cobertor que estava desajeitado, acariciei levemente a pele do rosto dele e então sai, com a certeza que a cada dia me apaixonava mais.
NO DIA SEGUINTE
Acordei cedo, como sempre fazia quando não tinha plantão pela madrugada. Fui até a cozinha, preparei o café com calma, até que ouvi passos pelo corredor. Quando fui olhar, era ele. Apenas com a camisa que vestia no dia anterior e uma cueca.
-Bom dia – falei, vendo ele se aproximar.
-Bom dia – ele retribuiu...
-Como está ?
-Bem... Na medida do possível... Me desculpa todo aquele teatro lá no restaurante, tá bom ? Vou tentar parar de beber...
-Você lembra é ?
-Sim... Eu lembro... - assim que o café saiu da cafeteira, coloquei um pouco para ele na xícara e entreguei.
-Aqui está...
-Obrigado...
-E agora que você está normal e mais calmo, pode me dizer o que era aquilo tudo que você estava dizendo no elevador...
-E o que eu estava dizendo no elevador ?
-Vai dizer que não se lembra ? Você acabou de dizer que lembra de tudo... Que história foi aquela de psicólogo ? - ele mexeu o café, o adoçando. Bebeu um gole, voltou com a xícara para o balcão. E então falou.
-Sim... Eu lembro... - falou, baixando a cabeça – eu procurei um psicólogo Renato... Porquê acho que gosto de homens... - falou, virando-se para me olhar... Foi um baque, como se um raio tivesse atingido a minha cabeça e eu perdido de repente parte da minha capacidade de reação. Eu não sabia o que dizer, o que fazer, o que pensar.
-Gosta de homens ? Mas... Como assim ?
-Desde o que aconteceu com a gente eu ando muito confuso Renato. Eu começei a perceber que eu realmente quis que acontecesse aquilo naquele dia. E isso me deixa confuso... Eu nunca tive contato com homem nenhum, mas... Buscando na minha memória, eu percebi que já reparei em alguns, de uma forma que homens héteros não gostam... Eu queria uma resposta que me tirasse dessa confusão mental... Você passou por isso ?
-Passei... Eu tive uma época em que ficava confuso. Em que queria respostas. Em que não sabia direito o que era nem o que sentia. Mas isso na época que eu era adolescente... - olhei para ele, e depois de alguns segundos vi uma lágrima escorrer dos olhos dele.
-Eu tenho tanto medo de tudo isso... Medo de ser algo que eu sempre abominei, do olhar das pessoas... - falou, vindo em sequência diversas lágrimas dos olhos dele – o que você acha disso ?
-Eu não sei Elias, quem tem que dizer o que você é, é você mesmo.
-Mas, na sua opinião...
-Você se sente igual a eu, não época que eu me descobri. Mas você gosta de mulheres. Pode ser que você seja bissexual...
-Eu não sei nem mais se gosto de mulheres... Você pode ter razão Renato...Eu tenho cada vez mais certeza que gosto de homens...
Continua
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