Na manhã seguinte, eu já estava na sala do primeiro tempo de Artes, devidamente uniformizada (minissaia jeans, camisa social verde azeitona, suspensórios e sapato bonequinha, uniforme que só era obrigatório quintas e sextas) agradecendo mentalmente ao cosmos pelo diretor ter tido a generosidade de ter inventado uma desculpa para o sumiço de Fabrizio e eu (para que eu não sofresse a pressão de ser o centro das atenções), debruçada na mesa de Lily Carl, a novata que tinha problemas em se enturmar que sentava bem em frente ao professor.
—... É sério, pode andar comigo, sei como é ser nova e como é difícil se adaptar – falei enquanto de canto via o professor entrar na sala e se sentar a sua mesa na parede oposta à da porta, bem atrás de mim, eu quase podia sentir seus olhos cravados na minha bunda, que apesar da saia curta, ainda muito bem coberta
—*Lo Profesor* está "secando" sua bunda – Lily falou com o espanhol entranhado e riu baixo
—É o efeito Menezes, puxei a minha parte brasileira da família, as mais lindas bundas do mundo – Ri tanto pelo fato do professor quanto de alegria por ela estar se soltando
—Ele vai acabar babando a mesa toda se continuar assim. *Y Y no estoy preparada psicológicamente para asistir a una clase con un profesor con su pene en la mano * – ela disse e eu tive que gargalhar
—Ah mas você ia adorar a visão – ri e pisquei pra ela
—Srt. Desperrout?
—Sim, "fessor" – Virei para ele sorrindo docemente, apoiada na mesa de Lily
—Ahn... – Ele pareceu surpreso com minha doçura, acho que de mim, ele esperava um palavrão ou dedo do meio bem dado – Se dirija a sua cadeira, por favor. Seus colegas já irão entrar – falou atordoado
—Ah OK – Mordi o canto do lábio e me sentei na cadeira ao lado, junto a parede, cruzando as pernas com a ênfase de uma dançarina de Cancam. Ele me olhou com aquele olhar de "Não faz isso comigo" que eu estava começando a gostar e suspirou quando os meu colegas começaram a chegar e se acomodar
—Bom Dia. Hoje vamos falar sobre os mestres da música clássica ou erudita. Alguém poderia citar alguns desses – interpelou, o professor. – Sim srt. Valdez
—Johann Sebastian Bach – ela falou mostrando um pouco de inteligência debaixo de tanto silicone. Seu olhar e sua expressão corporal diziam exatamente o que ela queria por ter respondido corretamente; Eu conti uma ânsia crescente na minha garganta, ela já havia tentado ficar comigo, e eu ri da cara dela, até parece que qualquer pessoa em sã consciência iria ficar com aquele poço esquisito de silicone e hidrogel
—Uhm certo. – o professor parecia lutar contra o impulso de revirar os olhos – Mais alguém sabe?
—Antonio Vivaldi, Mozart, Giuseppe Verdi... Basta ou cito todos que posso – falei beliscando a minha perna
—Não, é o suficiente srt. Athena. Creio que também saiba pelo menos um dos concertos
—Sim – me dirigi ao piano no fundo da sala...
—Senhorita, por que ainda está aqui? – aquela voz falou, enquanto eu sentia a presença daquele corpo atrás de mim
—Ahn? Ho-hoje é meu dia de organizar a sala, professor – murmurei, prendendo, em um rabo-de-cavalo, o cabelo ainda molhado pelo banho que eu tomei no chuveiro do vestiário após o treino no ginásio, me fazendo de assustada. Eu sei, cruel de minha parte deixar que ele ficasse com aquele peso na consciência, mas... Sei lá, acho que tinha um fetiche por essa situação.
—Ah, Por favor, se dirija à sala dos professores quando terminar, gostaria de falar com a senhorita – ele falou já saindo
—Okay.
Depois de terminar de arrumar a sala de aula, fui até a sala dos professores. Olhei o relógio na tela de meu celular, eram 18:30 PM. "Caracas, as aulas acabaram a três horas. Que porra eu fiquei fazendo durante TRÊS HORAS?" pensei suspeitando que Fabrizio já tinha ido embora, e caso não, pela hora, pude julgar que além dele, apenas o segurança, a bibliotecária e eu ainda estávamos no prédio.
—Srt. Athena? – Ouvi a voz vinda de uma das salas anexas
—Ah, sim – murmurei, indo para a sala sem importar em abaixar ou sequer abotoar minha blusa, que eu amarrei pelo calor, deixando a barriga e prate do meu sutiã preto a vista – Desculpa pela demora as partituras e os instrumentos estavam uma bagunça – falei, em um tom cansado. O observei na escuridão da sala cortada apenas pela pouquíssima luminosidade que entrava por uma pequena janela no alto da parede; ele parecia se fundir a cada sombra fazendo com que seus olhos se destacassem no breu como os de um felino na noite. Cacete, era lindo!
—Hã? Ah, sem problemas... Mas... – ele se levantou e parou frente a mim, apoiado na mesa, com os olhos fixos nos botões abertos de minha blusa. Ele realmente parecia tarado por meus peitos e eu adorava isso. Ele havia se trocado, o cheiro fresco do sabonete ainda estava nele, e parecia estar descalço – Ai meu Deus... Minha Santa Virgenzinha...
—Professor? Está passando mal? Ou está rezando? – eu tentei não rir
—Rezando. – ele confirmou – Eu te chamei aqui para pedir desculpas, de joelhos se for necessário, pelo que eu fiz, – ele suspirou e disse não mais alto do que um sussurro: – mas agora estou seriamente tentado a fazer tudo de novo...
—Hãh, professor... Espero que saiba que só não contei porque não quero atrapalhar a vida de ninguém, incluindo a minha. Não pretendo ficar marcada aos olhos de todos. E já que o senhor se empenha tanto em ficar me pedindo desculpas, eu o perdoo – falei fingindo não ouvir a última parte, esta que muito me interessava, e estendi a mão para cumprimenta-lo, em sinal de paz. Ele parecia mais atordoado do que antes, tanto que ao puxar a mão de volta, esquecera de soltar a minha, me fazendo ir de encontro ao seu corpo. O nó frágil que eu havia feito se desmanchara, deixando minha blusa aberta sobre os ombros, com apenas o sutiã e sua camisa separando pele de pele. Ele prendeu a respiração e eu o senti tremer bruscamente. Estava perdendo o controle, ele não queria, eu podia ver que ele estava enlouquecendo – Fabrizio...
Me ouvir chama-lo pelo nome só fez piorar seu estado. Seus olhos se ergueram para meu rosto e sussurrou...
—Desculpa...