Renato & Elias Cap.17

Um conto erótico de Gustavinho
Categoria: Homossexual
Contém 1346 palavras
Data: 28/06/2016 05:33:17

Cap.17

Quando ouvi aquilo, olhei para ele.

-Como assim ? - ele olhou para mim, olhou ao redor.

-Eu me apaixonei por um rapaz...

-Sério ?

-Humrum...

-Mas você já era gay antes ?

-Não... Na verdade eu sempre fui hétero a minha vida toda. Mas depois de algo que aconteceu, eu me vi apaixonado por ele sem conseguir explicar – aquele homem tinha uma história extremamente parecida com a minha. Eu precisava conhecer aquela história.

-Você não quer almoçar comigo ? E me contar essa história direito ? - ele riu.

-Mas a gente nem se conhece...

-Não importa... Eu só queria algumas respostas... Eu pago o almoço... Acredite, isso é muito importante para mim.

-Ok então... Você parece ser alguém confiável...

-Eu sou confiável... - ele sorriu ao ouvir aquilo.

TEMPO DEPOIS

Fomos para um restaurante que ficava bem perto do hotel, a pé mesmo... Estava razoavelmente lotado, mas foi possível sentar. Pedi um peixe, ele também. Após devolvermos o cardápio ele ficou me olhando.

-E então, o que você queria saber de mim ? - ele perguntou.

-Olha... Eu sei que pode parecer estranho... Nós mal nos conhecemos e eu querendo saber da sua vida particular... Você poderia me contar a sua história. Sei lá, se quiser esconder algo não importa...

-Não... É bom eu desabafar isso com alguém que não conheça. Me sinto mais livre pra contar... E você me inspira confiança, não sei porquê... Foi tudo ligeiramente simples, ou não, eu não sei explicar direito. Eu moro em Cabo Frio. Sou Advogado. Na faculdade, eu conheci um homem chamado Ricardo... Ele era um homem incrível. Logo de cara nos demos bem... Ele era extremamente sensato e honesto, era legal, inteligente e tinha um senso de humor incrível. Eu sempre busquei isso nos meus amigos, então nós acabamos nos tornando parceiros. E isso perdurou durante toda a faculdade. Sabe aquele amigo que você conta para todas as horas ? Era ele... - essa parecia a descrição do Renato – eu sempre tive um grande defeito, de ser extremamente festeiro, algo que eu herdei da minha adolescência e que só depois que tudo isso aconteceu que eu consegui perder. Ele sempre estava ao meu lado, me ajudando mesmo quando eu fazia burradas. Quantas noitadas, sem saber aonde eu ia parar, fui salvo por ele, completamente bêbado. Foi numa dessas noitadas que eu não sei o que deu em mim. Ele era bissexual e as vezes nós saíamos os dois com uma mesma mulher ou com duas, mas no mesmo quarto. Naquele dia, estávamos muito bêbados. Nós levamos duas mulheres para o motel, mas no auge da nossa bebedeira nem percebemos que elas foram embora. Ficamos os dois na cama, só de cueca e rolou um clima... Acabamos nos beijando. Eu queria transar e naquele momento não tinha noção de nada, tudo aconteceu. No dia seguinte, porém... Eu acordei com ele lá, do meu lado, nu. Assim como eu. Me lembrei de tudo. Num primeiro momento eu não sabia o que fazer. Meu primeiro impulso foi brigar com ele, botar a culpa nele, até bati nele. E no meio daquela briga ele disse que sempre foi apaixonado por mim. Aquilo mexeu comigo. Já do lado de fora do quarto, o arrependimento bateu, mas meu orgulho falou mais alto. Depois daquele dia eu não tive paz. Eramos sócios de um escritório de advocacia, eu não podia fazer nada, não podia fugir. Era o dia inteiro, a minha cabeça povoada de pensamentos relacionados a ele. Eu não conseguia parar de pensar nele um minuto que seja, no que aconteceu. Ficava confuso, porquê eu não era gay. Mas ao mesmo tempo, sempre que eu me lembrava daquilo eu ficava excitado e o meu eu queria mais. Além disso, eu comecei a sentir falta dele, uma falta descomunal. Nunca, nas outras vezes que eu briguei com alguém e me arrependi fiquei daquela forma. Perdi alguns casos e quando eu vi que aquilo tava prejudicando o meu trabalho, eu vi que era a hora de botar os pingos nos is. Porém, a vida foi mais rápida que eu.

-Como assim ?

-Ele morreu. Eu estava comprando flores para a nossa reconciliação quando me veio a notícia de que ele tinha falecido. Ninguém sabia o porquê. E eu não tive nem a chance de me despedir, ou de pedir desculpas pelo que eu fiz. Eu fui arrasado para o meu escritório e quando eu cheguei, tinha uma pasta em cima da minha mesa. Quando eu abri, tinham diversos papéis dentro. Eu percebi que eram exames médicos. Tinha nele uma tomografia do cérebro, e eu podia ver claramente um tumor. No final, uma carta. Nela ele se despedia e dizia que tinha pouco tempo de vida. Que um dia depois da nossa briga, ele havia descoberto o tumor e o médico disse que não adiantava mais fazer nada. Que ele não me contou porquê apesar de tudo sabia que eu gostava dele, senão não teria sido seu amigo por tanto tempo. Dizia que ele sairia do escritório, e deixava por escrito um documento autenticado aonde passava a parte dele no escritório para mim e que ele iria curtir o resto da vida que lhe restava. Não deu tempo, ele morreu antes... - ouvir aquilo tudo me deu uma dor no coração tão grande, mas tão grande que eu chorei.

-Eu sinto muito – falei, limpando os meus olhos.

-Obrigado... Eu vim para cá justamente tentando me distrair um pouco...

-Me desculpa então por estar te fazendo lembrar disso.

-Não tem problema, dizem por aí que a gente só se recupera das coisas se expor nossos sentimentos.

-Mas como você está agora ?

-Sem chão... Eu nunca achei que uma pessoa fosse fazer tanta falta na minha vida. E o que eu mais tenho raiva, é de que a última coisa que eu disse para ele, foi que eu o detestava. Quando na verdade eu o amava mais que tudo... - falou, chorando – mas diga, o que essa história triste pode representar para você ?

-A minha história é basicamente parecida com a sua.

-O quê ? Você perdeu o seu amor ?

-Não... Eu transei com o meu melhor amigo bêbado, e desde então estou confuso, desnorteado e cheio de dúvidas. Eu não era gay, ou pelo menos acho que não. Eu sempre fiquei com mulheres,apesar de alguns ligeiros olhares para os homens, mas eu nunca dei bola para isso, sempre foi um ponto fraco apenas...

-E você veio para cá para descobrir o que fazer ?

-Vim para tentar encontrar respostas, me descobrir. Saber o que eu sou de verdade, e o que eu sinto por ele. Eu briguei com ele também depois de lembrar da transa, mas nós fizemos as pazes, depois que eu vi que a amizade era mais importante.

-Pena que eu não percebi isso antes...

-E ele disse-me que é apaixonado por mim... Isso só complicou mais, me deixou mais confuso... Ele me faz tão bem... Você não tem noção...

-A primeira coisa que eu digo para você é... Esqueça o orgulho. Mande ele pra longe, pra baixa da égua, esqueça que ele existe. Ele só nos atrapalha nesse momento. Se você tiver que dizer algo, diga, sem medo. Vai ser melhor do que de repente chegar um momento que vai ser tarde demais. E... Não se engane. Se você sente algo por homens e por mulheres, você é bissexual, assim como eu me descubri ser.

-Você acha ? - ele sorriu.

-Quando eu estava assim como você, a coisa que eu mais me perguntava era... Mas porquê ? Se eu sempre gostei de mulheres apenas... A grande verdade é que puxando pela memória,e vi várias e várias vezes em que eu reparava nos homens e tentava esquecer, tentava esconder, porquê as pessoas não podiam pensar que eu reparava nos homens. Afinal só os gays reparam nos homens. Mas com a cabeça fresca, eu pude perceber que reparava neles tanto quanto nas mulheres, e que com toda a certeza do mundo eu sou bissexual – fiquei espantado.

-A sua história é incrivelmente parecida com a minha – então é isso ? Eu sou bissexual ?!

Continua

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Comentários

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Adorei o capítulo! Mto triste a história desse outro rapaz! Espero que Elias tome logo uma decisão!

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que história mais triste essa do lucas :'( ... agora qto ao elias parece que finalmente a ficha dele caiu neh, resta saber se ele irá seguir o conselho do seu mais novo amigo...

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